sexta-feira, 31 de janeiro de 2020


Lula morreu e no inferno de cara encontrou um fofoqueiro. Ele confidenciou para Lula:
- Tem um engenheiro aqui que só te chama de Sapo Barbudo!

NO CARTÓRIO
O avô vai com a filha  registrar a neta, fruto do namoro com um conhecido marginal.
-Qual será o nome da menina?
-Dilma.
-Vilma?
- Não, Dilma, com D de desgraça.

SEM DÚVIDA UMA GRANDE BLOSTA

“Se existe verme mais nojento que a tal Gleisi Hoffmann eu desconheço. “ 

ALMA

“Alma é igual político honesto: pode até existir, mas ninguém consegue ver.” 

LEITOR

LEITURA- Pesquisa revela que brasileiro é o maior leitor mundial de prospecto de pizzaria

Dicionário de Humor Infantil- Pedro Bloch

FULANO- Pode ser qualquer pessoa. Beltrano, também. Cicrano também. Só que fulano não é beltrano, nem cicrano. Ou eu não entendo, ou sou muito burro.

FOME- É uma menina que, depois de comer, passa a língua no prato.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

CAFÉ DA MANHÃ

CAFÉ DA MANHÃ

O branco que dormia sereno sobre a mesa foi cortado ao meio. A faca com suas afiadas serras deslizou sobre a superfície cremosa e lambuzou o corpo partido com abundância. Feito o trabalho a bocarra cheia de dentes entregou-se a realizar seu intento com voracidade, deixando filhotes de creme espalhados pelos cantos dos lábios. O filho do trigo fora finalmente estraçalhado e no ato misturado ao creme saboroso. A grande batalha da fome estava vencida. A bocarra ainda sorveu de líquido negro fumegante e de bom odor antes o ato final.

MINICONTO- QUEM SOU EU?

QUEM SOU EU?

Uma pequena luz surgiu e ele começou a ter consciência de si.  Perguntas fazia sem ter noção de como aprendeu a fazê-las... Quem sou eu? Que lugar é este? O que estou fazendo aqui? O que é mãe? Onde está a minha mãe? Tenho pai? Quem é o meu pai? Tenho um nome? Qual será o meu nome? Apertado dentro da casa queria sair correndo, mas como correr se não tinha pernas, se estava dominado por cordas? Sentiu um pulsar de um coração, bem próximo, alguém o tirando do sufoco da casa, deixando-o menos apertado e sufocado. Viajou pelo ar e quedou-se dentro de um enorme lugar escuro, de cheiro um pouco azedo e viu que lá existiam outros como ele, mas silenciosos, não faziam qualquer movimento ou barulho. Na escuridão fazia mais perguntas , queria saber...Que cheiro é esse? Por que ninguém fala comigo? Deus existe? Por que este lugar é tão abafado? Quem é Madona? Estou desesperado, quero sair daqui! Impostos, o que são impostos? Jesus, cadê Jesus? Serei ateu?  Por que tenho quatro furos no peito? As perguntas não cessavam e acabaram irritando um zíper de calça jeans que também estava no mesmo cesto de roupa suja. O zíper foi duro: ‘Cale-se imbecil! Você é apenas um botão de quatro furos que agora raciocina, vivendo sua vidinha miserável numa camisa de flanela xadrez! Basta! “

PEQUENEZ

“A inveja aos vitoriosos é o que motiva um comunista. Todos devem ser iguais para que a sua pequenez não seja reconhecida.” 

PENSAR ANTES DE GOZAR DENTRO

“O povo é de amargar. Para fazer filhos não querem ajuda, mas para dar de comer aos barrigudos fazem um enorme drama e querem contribuição.” 

ESCOLHAS

“Somente um homem livre pode escolher entre o abismo ou o azul do céu. No comunismo a única opção é conformar-se com a mediocridade dos iguais.” 

ABÓBORAS

“Abóboras gigantes falam e conduzem abobrinhas. Há espaço na mídia para todos os tipos de quadrúpedes. Como esperar que o povo em geral melhore seu intelecto?” 

“O símbolo do governo do PT deveria ser uma teta.”


“Encontrei a mulher da minha vida. Eu encontrei. Mas ela não achou a menor graça em mim.” (Chico Melancia)


BAFO

O ébrio de todo dia
Exala um vapor azedo
Que inibe o abraço afetuoso
E coloca nos lábios do bem o medo
De conceder um beijo molhado
Ou mesmo seco
Pois ninguém gosta de beijar carniça
Nem mesmo seu arremedo.

MINICONTO- MALFEITORES

Há malfeitores de toda ordem que transitam no mundo para prejudicar outros e tentar viver na boa vida, embora às vezes percam anos da existência nos Spas dos governos. O caso é que na Rua das Américas mora a família dos Ribas Salustianos, larápios desde o ventre da santa mãe, onde irmãos gêmeos se roubavam entre si; dito então que ladrões do qual nada escapa, pavor de vizinhos e mesmo de alguns parentes. Pois conto que o vaga-lume Teodoro foi passear no quintal dos tais na tarefa de embelezar mais o mundo das noites junto da lua e das estrelas, porém teve o desprazer de sair de lá sem a sua lanterna na bunda. Os Ribas Salustianos são elementos da ralé e não perdoam nem mesmo bunda de vagalume. Barbaridade!

HAIKAI

Ele comeu meio quilo de leite em pó
E bebeu um litro de uísque
Depois disso tudo cuspiu bolinhas embriagadas.

“ Fui enganado muitas vezes. E olha, não foram os meus inimigos. “


“ Desconfie de homens que rotulam tudo e todos, esses são os piores. “


“Uma esposa ou marido nunca vem só. Sogra é um acessório obrigatório. ”


“ O Nada existe? Nada ficou sem resposta. Nada ficou de boca aberta. “


“Que ponto chegamos! Qualquer cu com orelhas agora é professor universitário. ”


“ Engolir sapo a gente engole, mas o STF é sapo venenoso. “


ANO 2250 D.C. NA SAVANA


ANO 2250 D.C. NA SAVANA

Há poucos dias foi inaugurado na savana o primeiro restaurante vegetariano. Os ex-carnívoros são os maiores clientes.
É noite de sábado.
Os jovens leões Joel e Ariel entram no estabelecimento e procuram uma mesa de canto para melhor observaram as novinhas peludas que frequentam o novo lugar da moda. Dão uma olhadela no cardápio e pedem um sanduba de brócolis com repolho refogado.
Numa mesa próxima a família de Irene Hiena lambe os beiços comendo rocambole de cinamomo ao molho de sassafrás. Apenas o pequeno Tito Hiena prefere uma mistura de folhas verdes ao bafo de alho.
 No lado de fora à sombra estão  Leonildo Leopardo e esposa, saboreando bife se soja à parmigiana com suflê de mandioca. Conversam sobre o tempo quente e os filmes que fazem sucesso na velha África. 
Adentram ao recinto rebolando suas enormes bundas Arno Rinoceronte e Adélia. O garçom já sabe o que vão querer: Gramíneas ao molho de jabuticaba e amoras ao rum.
Perto da janela da direita Gil e Guel guepardo saboreiam picanha de cactos e lembram do passado saudoso quando seus pais corriam pela  savana, caçando antílopes e veadinhos em dias ensolarados. “Pois é diz Gil, agora somos todos vegetarianos, para sempre.” Guel responde: “Por enquanto Gil, por enquanto. Parece que já estão dizendo por aí que brócolis têm alma.”

STÁLIN E AS BATATAS

Um trabalhador agrícola cumprimenta Josef Stalin e fala animadamente a seu líder de sua fazenda de batatas.
"Camarada Stalin, temos tantos batatas aqui que, empilhados uma em cima da outra, elas iriam atingir o caminho até Deus",.
"Mas Deus não existe", responde Stalin.

"Exatamente", diz o agricultor. "Nem as batatas."

 URSS OLD


Na Venezuela, na fila


Um homem venezuelano está esperando na fila para comprar frango, mas devido a restrições impostas por Maduro, a fila é muito longa e a demora é de horas. O homem perde a compostura e grita: "Eu não posso ficar  na fila mais, eu odeio Maduro, eu vou para o palácio presidencial, estou indo para matá-lo!"
Após 40 minutos, o homem retorna e faz a cotovelos seu caminho de volta ao seu lugar na fila. Um homem pergunta se ele conseguiu matar Maduro.

"Não", ele responde. "A fila era maior que essa."

O PT DE LULA E DILMA

Sob o sol da esperança o povo apoiou a construção prometida
Acreditando que era uma fortaleza
Mas seus tijolos velhos e podres
Dia após dia desmoronaram
Mostrando quão fraco e enganoso
Era o material desta obra calamitosa de monumental propaganda.

VIDA E MORTE

Na mesa da mãe natureza a vida e a morte se encontraram para um café.  A vida orgulhosa quis tirar uma casquinha e falou: ”eu sou mais importante que você, eu movo o mundo, fazem tudo por mim.” A morte retrucou:  ” Digo que todos se preocupam comigo todos os dias e quando  surjo todos choram. ”
 Nisso a mãe natureza  pôs as duas nos seus devidos lugares dizendo: “Tolas! Vocês se completam, uma está enlaçada a outra. A morte é  sempre dura e dolorosa, porém se vida fosse eterna, viveríamos num mundo de desperdício e loucura total. A morte é que torna a vida interessante e sua brevidade aguça o desejo do ser de deixar  marcada a sua passagem.”

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

RATOS NA CASA VAZIA


Os ratos foram aos poucos chegando, conhecendo o terreno e invadindo a casa vazia. Magrelos, vinham da casa de um aposentado da iniciativa privada. Encontraram as prateleiras da despensa abarrotadas de queijos e outras guloseimas. Quando viram àquela abundância chamaram também os tios e primos que estavam nos arredores. O proprietário fora generoso: havia saído de férias, mas deixou um bom rancho para eles. Naquele mês os ratinhos encheram seus buchinhos e ficaram gordos como patos. Festança todos os dias, alegria geral. Quando o dono da casa retornou seu gato ficou encantado com tantos ratos fofinhos. Em todos os cantos da casa estavam eles arrotando sem cerimônia. Os roedores de tão obesos não conseguiam mais correr e o bichano foi então papando todos com paciência. Eram tantos que até reservou alguns para comer no natal. Moral da história: Quem precisa correr para sobreviver não deve engordar.

A FILA

A FILA


A fila ultrapassava cinco quarteirões. O passante curioso perguntou para o último dos esperançosos:
-Fila para emprego?
-Não. Estamos pegando senha para no futuro entrarmos no paraíso.
O passante ficou atônito:
- É grátis?
-Não! Duzentos reais.
-Bem caro- falou o passante. - Acho que irei aguardar pela fila do purgatório.

MINICONTO- A NOVA PAIXÃO DE ESTER

Josué, corretor de imóveis, falava muito e alto. Sujeito muito simpático alegrava ambientes em que chegava; irradiava muita energia, era convidado em muitos eventos.   Sua mulher Ester, por sua vez boca murcha, diariamente o reprimia por isso. Dizia brava que iria colocar um botão para diminuir e regular seu tom de voz. Josué aborrecido por receber tantas reprimendas da esposa acabou emudecendo e morreu de tristeza dentro de alguns meses, para consternação de centenas de amigos e clientes. Mas a vida prega peças.  Não se passou muito tempo e a jovem viúva ficou apaixonada perdidamente por outro homem que conheceu no velório do marido. Pensamento ligado nele vinte e quatro horas. Podemos afirmar que verdadeira paixão adolescente.   Pobre Ester apaixonou-se antes de saber que o novo dono do seu coração era locutor de turfe e cantava pedras em bingo sem microfone.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

HAIKAI

Inseto esperto não aceita sapo como compadre
O mesmo vale para um regime democrático 
Que não deve ter comunistas por perto.

HAIKAI

Tudo está no seu lugar 

Menos a minha esperança 

Que está sem asas. 

SEM CARTAZ

“Estou sem cartaz até na terceira idade. Vou começar a pescar e a jogar dominó.” (Climério)

MESTRE YOKI

“Mestre, qual é a idade da sabedoria?”
“Não existe uma idade própria. Há burros jovens e burros velhos. Há os que muito aprendem cedo e existem também aqueles que já caindo aos pedaços nada aprenderam.”

A MÃE DE HITLER


“A mãe de Hitler, Klara Hitler (o nome de solteira era Klara Polzl), era prima em segundo grau do seu pai. Aí está o risco de se morar perto de parentes.” (Eriatlov)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

DONA MEIGA


Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era Dona Meiga.  Vivia da lavoura e nas horas de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar entrando pra bala.

ANA ANDROPOVA E ALEXEI ROMANOV


Moscou, Rússia. Ana Andropova, 40 anos, dona de casa, cinco casamentos, sem filhos, cinco vezes viúva, todos de morte natural. Alexei Romanov, agricultor, um homem bom, 42 anos, se achava também um homem de muita sorte e propôs casamento a Ana Andropova; não temia morrer cedo. Acontecido o entendimento sentimental e financeiro entres as partes, casamento realizado. Foram morar no campo e viveram felizes por mais de quarenta anos. Não tiveram rebentos.  Morreram de infarto no mesmo dia e hora, sem sofrimento. Ao limparem os corpos descobriram que os dois tinham um trevo de quatro folhas vivo e crescido no ouvido esquerdo.

SÍLVIO


O pensamento em fogo de altas labaredas. O vento forte, o mar revolto, sentado na ponta do trapiche um Sílvio sem forças. Suas lágrimas misturadas ao sal, o frio que doía bem menos que o tridente cravado em seu coração. Sem rumo, sem foco, sem nada, esperando o tempo ficar velho. Então acobertada por uma chuva formidável, veio navegando sobre uma onda brava uma bela sereia. Toda cheia de encanto e ternura carregou Sílvio em seus braços mar adentro, levando ele para o recanto da eterna mansidão.

APRESENTAÇÃO


O auditório estava lotado de homens de semblantes sérios, todos elegantemente vestidos, nenhum sem paletó e gravata. Bach deslizava pelas paredes e fazia sorrir àqueles corações que amavam a boa música.  O ar que se respirava no ambiente era o odor das boas virtudes, a paz interior que somente homens sem débito com Deus podem realmente expressar. Silêncio total quando Madame Junot subiu ao palco para mostrar a tão seleta e educada plateia as novas moçoilas do seu bordel de luxo.

CONTRABALANÇANDO


A cachorrinha da dona Cleusa saía todo dia de sua casa e ia elegantemente fazer seu cocô matinal na grama limpa e verde do vizinho. Reclamar ele reclamou, mas seus apelos foram em vão. Era um homem gentil, detestava discussões e intrigas. Digamos que era um cavalheiro. Com o tempo achou que o negócio tinha passado dos limites. Resolveu ele também comprar um animalzinho de estimação para contrabalançar. Não foi fácil, mas conseguiu. E assim toda manhã ele saía de casa com seu elefante de estimação para fazer cocô no belo gramado do vizinho.

VIAJADO “Já viajei tanto que conheço até países que não existem” (Chico Melancia)

MESTRE YOKI

"Os imbecis adoram barulho. Já os pensantes preferem o silêncio para melhor pensar. "

FILME

FILME
Muitos são os que dizem
Minha vida daria um filme
Na verdade toda vida daria um filme
Só não se sabe antecipadamente
Se filme bom ou ruim.

HAIKAI

O homem de bem
Trabalha e se cansa
Do seu lado o parasita suga e sorri em deboche.

HAIKAI

Tudo está no seu lugar 

Menos a minha esperança 

Que está sem asas. 

sábado, 25 de janeiro de 2020

MINICONTO - UNIDOS

Família unida, os Silva. Pai ladrão, mulher orelhuda, traficante e gananciosa, filhos instruídos pelo pai, de mãos grandes e distribuidores de talco. Atos ilícitos sem fim, justiça cansada. Família Silva sempre unida na bagaceira teve ontem seu último ato: foram todos enforcados. O ar da região mudou, o céu ficou mais azul e até as cordas foram guardadas sorrindo.

MINICONTO- OVO PETISTA

Um sítio no estado de Minas Gerais. Dentro da casa, sobre a mesa protegida por óleo de peroba havia uma cesta. Dentro da cesta, papéis macios. Sobre os papéis, um ovo. Dentro do ovo, um pinto. Dentro do estomago do pinto um petista envergonhado por ter berrado por meses “Lula Livre! ”.

HAIKAI

Para quem caminha na escuridão
Próximo de um abismo
Uma simples luz de vela pode ser a salvação.

HAIKAI

Na longa noite dos ansiosos
O amanhã nunca chega
E o sofrer se renova cada momento.

HAIKAI

O homem é um animal
Um animal que tem consciência de si
Nada especial no universo.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

POEMINHA- FOLHA VERDE

O vento tirou da árvore encorpada uma folha verdinha
Que ficou voando pra lá e pra cá ao seu sabor
Não sabia o vento
Que no canto da calçada do colégio municipal
Um grupo de formigas aguardava por ela
Fazendo  coro no nham nham nham!

CLIMÉRIO

"Sou tão bom que até Deus tem um retrato meu na parede da sala. " (Climério)

MINICONTO- TEMPESTADE

O manto da noite cobriu a cidade dos que não voltam e trouxe junto vento, chuva e granizo. Flores mortas que cobriam as casas seguiram o vento; as que ficaram foram despedaçadas. Depois a lua surgiu e iluminou os destroços de metal, plástico, madeira e cimento espalhados pelos estreitos corredores e becos. Um pássaro tardio na fuga jazia sobre o brilho do mármore no berço de um ilustre filho da terra. A cruz mestre tombou sobre velas apagadas e pequenos vasos que estavam sob seus pés. Sobrou apenas um miseravelzinho do qual o limo já tomava conta. Dois mendigos que dormiam num jazigo-hotel conseguiram sair ilesos, pois o dito fora construído com material de primeira e obrado por mãos de quem sabia o que estava fazendo, sendo que não havia goteiras tampouco corrente de vento. Estiveram bem seguros durante o evento da tempestade. Já pequenas árvores também foram vítimas e se deitaram sobre túmulos com que num abraço. Logo ao lado na cidade vida, na cidade barulho, na cidade luz, nada, nem mesmo um ventinho soprou naquela noite. Muitos tentaram explicar, mas ninguém convenceu. Alguns mentirosos criativos dizem ter visto a figura do demônio soprando sobre o cemitério as nuvens da tempestade. Dizem...

MINICONTO-OFERECIMENTO

Mui longevo na vida, com expressão maltratadas pelo tempo, seguia Renato pela estrada poeirenta e vazia no final de uma tarde de verão. Na encosta do mato surgiu uma moçoila desconhecida na flor dos seus dezoito anos, que erguendo o vestido mostrou a entrada da gruta e todo o oferecimento do mundo, dizendo estar mais do que necessitada de um acasalamento. Renato parou, analisou e disse-lhe: “Vejo que és linda mulher, tanto de face como de corpo. Observo também tua educação e fineza pelas palavras bem pronunciadas que dizes, além da bondade de oferecer tanto tesouro a um bode velho. Mas te aconselho a seguir em frente, sendo das opções a atitude mais sábia, antes de acabar se enraivecendo com nós dois por causa de um brinquedo murcho”.

MINICONTO- PÉS SUJOS

PÉS SUJOS

Fazia tempo que Noar não esfregava os pés. Preparou uma enorme bacia, sabão, água quentinha e uma boa esponja vegetal. Então Noar foi esfregando, esfregando e a sujeira saindo, saindo. Mais água quentinha, mais sabão, e esfrega, esfrega, e a sujeira saindo, saindo. Sem exagero, com o barro que saiu dos pés desse vivente, a Olaria do Zé Arnaldo fez dois mil tijolos, e o homem ficou tão leve que parecia um astronauta pulando na lua.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020


AÇOUGUEIRO QUADROS
“Senhora, cortei dois quilos de bife. Fi-lo, porque qui-lo é pouco!” (Mim)

MINICONTO- METAFORMOSE


Não importava o sol abrasador que torrava os miolos. Não importava o odor terrível que emanava daqueles latões de lixo, tanto que até urubus passavam por perto usando máscaras. Mas Demétrio não se importava; lá estava todos os dias mexendo em tudo, fedendo ele próprio mais que os restos ali depositados. Seu corpanzil há anos não sabia o que era uma carícia das águas que não fosse da chuva. Carregava moscas pelo rosto todos os dias, como se fosse um lotação de insetos, sendo algumas também embarcadas nas orelhas. Vivia, comia e dormia na imundície, lugar mais sujo impossível. O corpo adornado de perebas já nem se importava mais. Assim foi por muitos e muitos anos. Porém um dia acordou sentindo-se estranho, muito diferente. Olhou para algumas ratazanas com segundas intenções. Estava dentuço e peludo. Tinha agora os gostos de um rato, bigodes de rato, orelhas de rato, dentes de rato, enfim, transformara-se num rato. Ao contrário do caixeiro- viajante Gregor Samsa, de Kafka, o Demétrio rato estava feliz. E assim continuou vivendo por mais alguns dias até ser comido por um gato esfomeado.

MINICONTO - OS VELHOS E A VELA



O velho e velha Antiok resolveram sair de casa para visitar o grande amigo Sirtuk que estava acamado. Quando tinham dados poucos passos na rua a velha se lembrou que havia deixado a vela por apagar. Voltaram os velhos para apagar a vela e saíram. Novamente eram alguns passos porta afora e o velho disse que precisava voltar para pegar seu isqueiro. Voltaram. Sem precisar da vela o velho achou seu isqueiro. Nisso a velha percebeu que estava sem calcinha e acendeu a vela para procurá-la. O velho segurava a vela enquanto a velha procurava por sua calcinha. Achada e posta a calcinha o velho apagou a vela sem não antes tropeçar e derrubar a velha e a vela. De pé os velhos saíram deixando a vela no escuro. Mais tarde quando retornaram para casa os velhos perceberam que a porta havia ficado aberta. O velho disse que entraria sozinho por segurança, a velha ficaria na porta aguardando. O velho então entrou, mas não encontrou a vela para verificar como tudo estava. A velha ansiosa resolveu entrar para procurar pela vela também. A vela não foi encontrada, e não havia outra na casa. O caso é que a vela fora roubada, e o velho e a velha dormiram no escuro com saudade da prestimosa vela.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

INSTRUMENTOS

“Nem todos os instrumentos de corda me atraem. A forca, por exemplo, por ela não tenho nenhum entusiasmo.” 

DEPUTADO ARNALDO COMISSÃO


“Sempre fui meio ladrãozinho. E não culpo os outros por isso. É coisa que está no sangue.” (Dep. Arnaldo Comissão)


MINICONTO- O ASSALTO


Era quase meio dia.  A porta foi do escritório foi forçada e dois homens entraram de armas em punho. O mais alto gritou: É um assalto, todos para o chão! Severino sem tirar os olhos do texto que estava digitando berrou: Então entra de uma vez seu filho da puta, fecha essa porta que está entrando um vento frio, não quero pegar um resfriado!   O bandido mais alto tirou os óculos escuros e fez menção de atirar, mas ao ver quem era apenas balbuciou... papai! Pediu sua bênção e foi assaltar o escritório ao lado.

´MINICONTO- UM DIA DE CÃO


Nilson acordou estranho naquele dia. Saiu da cama sem vontade de caminhar, preferiu andar de quatro. No lugar de ir ao banheiro foi para fora e fez xixi no canto da casa. Após comer a ração do Totó fez um montinho no gramado lateral. Depois correu pelas ruas próximas perseguindo automóveis. Quando voltou para seu quintal foi pego pela esposa roendo um osso sobre a calçada. Ela foi para dentro e voltou com uma coleira nas mãos. Colocou o marido preso próximo da casinha, pôs água limpa e ração nova. Recomendou que não latisse para não perturbar os vizinhos. Isto feito tomou banho e foi às compras.

NO GOVERNO DILMA


“Falando sério. Não sou tão feio assim. Um pouco disso é marketing. Tem gente bem mais feia no Planalto, na Petrobras...” (Assombração)

HIPOCRISIA


 

“A hipocrisia é essencial ao convívio social. Você não diz para uma mãe que o bebê dela é feio. Pois à minha mãezinha disseram!” (Assombração)


terça-feira, 14 de janeiro de 2020

MINICONTO- MOSCA NA SOPA


Um homem taciturno entrou no restaurante e pediu sopa de cebolas. Logo que a sopa foi servida uma mosca pousou na sopa ainda quente. O taciturno então chamou o atendente e mandou levar a sopa embora. Disse que iria comer apenas a mosca, mas que pagaria pelo prato pedido. E mais não disse. No dia seguinte ele voltou e procedeu igualmente, aguardando pela mosca. O que se sabe depois disso é que todas as moscas que moravam no estabelecimento se mudaram no mesmo dia


MINICONTO- A CIRURGIA


Depois da cirurgia cerebral ele se encontra deitado na cama de ferro, imóvel sobre alvos lençóis. De hora em hora uma enfermeira vem para ver como ele se encontra. Observa sua pressão e sai. Na parede um quadro solitário da Santa Ceia faz companhia ao homem que dorme sedado. Sobre o criado mudo não há nada, nem mesmo um copo ou uma revista qualquer. O soro desce em lentas gotas e o rosto do enfermo aos poucos ganha cor. Lá fora, entre nuvens, aparecem pedaços do azul do céu. No canto esquerdo do quatro está largado um pequeno sofá marrom que aguarda para acolher uma visita qualquer. Já faz quatro horas que a operação foi realizada. O homem abre os olhos e se mexe um pouco. A enfermeira chega, ele pede: “Onde estou?” Ela fazendo um olhar de mãe diz que ele está no Hospital Samaritano, sofreu uma cirurgia para extirpar um pequeno tumor no cérebro e que correu tudo bem. “Tudo bem nada!” - diz ele. Sou o encanador, vim até aqui apenas para consertar um vazamento e acabei caindo no banheiro. E agora me acontece isso?”

CASCUDO

“A vida não é feita só de merengue. Às vezes é preciso limpar um cascudo.” 

CAIA A MÁSCARA


“O PT é igual àquele namorado canalha que só após o casamento mostra quem realmente é.” 

MARCIANOS

“Os comunistas no Brasil são de Marte. Possuem propriedades e aplicações em bancos. Não deveriam dividir tudo para não pregar moral de cueca em plena missa?” 

ABUTRES

“Eu também quero o bem do meu semelhante. Mas não à minha custa. Que labute o abutre!” 

NO VELÓRIO DE LUIZ INÁCIO


NO VELÓRIO DE LUIZ INÁCIO
Luiz Inácio morreu. No velório apareceu uma velhinha com uma sacola de comida e começa a colocar no caixão cenoura, tomate, alface, frango...
Um segurança disse:
-Senhora, por favor, pare com isso!
 A velha enquanto continua a colocar comida, responde:
-O que você quer? Que os vermes só comam este lixo?
(Mim)

22/01/2015

MINICONTO- A CABEÇA

Há gente esquisita transitando por todos os lados. Estava no lotação quando entrou um sujeito bem apessoado, cabelo aparado e barba feita. Sentou-se ao meu lado, ajeitou o nó da gravata, pigarreou e tirou a própria cabeça colocando-a de lado. Não é normal algo assim, porém somente alguns passageiros prestaram apenas atenção momentânea ao fato e depois trataram de cuidar das suas vidas. Antes do meu ponto ele desceu, porém deixando a cabeça no ônibus. Gritei para ele:

- Ei amigo, sua cabeça!

Desceu sem dar à mínima, vai ver que sem cabeça ficava surdo, algo lógico. A cabeça, ouvindo o barulho, abriu seus olhos sonolentos.

-Não ligue, é sempre assim, disse-me ela. Depois ele fica se perguntando onde estava com a cabeça. Toda segunda-feira me procura nos Perdidos e Achados. Já estou acostumada.

Bom, sendo assim, fiquei tranqüilo.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

MINICONTO- OS PISTOLEIROS


Lá nos cafundós do Mato Grosso, perto de onde o diabo perdeu suas cuecas, no final de uma estrada poeirenta e quase sempre vazia, moravam os irmãos Morais; Pedro 38, Paulo 35 e Batista 30. Eram solteiros e quando precisavam se aliviar visitavam o bordel da Zefa, em Feliz Natal. Os irmãos Moraes criavam porcos e matavam gente. Mais matavam gente que criavam porcos. Matavam gente perto, matavam gente longe. O importante era a paga. Quem morria só interessava pelo preço. Faziam tudo bem feito; a justiça nunca triscou neles. Mais de trinta estavam na conta, bons lucros às funerárias. Não tinham sentimentos, pouco se importavam em deixar filhos sem pai. Eram pessoas rudes e sem bons sentimentos. A vida era assim; um serviço e depois meses de armas guardadas. O tempo corre... certo dia chegou naqueles confins uma bela moça morena. Tinha brilho, belo sorriso e pernas roliças. Era quase noite e pediu um lugar para ficar. Com boas intenções eles acolheram a mocinha, acredite quem quiser nas tais boas intenções. Foi uma noite e tanto. Rolou muito sexo e cachaça entre o quarteto. Todos dormiram embriagados e exaustos. Quando clareou o dia ela foi embora antes mesmo dos irmãos acordarem.  Dela não mais se soube. Sumiu do mapa sem deixar marcas no chão. Os irmãos? Só se soube que após alguns meses morreram os três da tal doença do pinto podre.

MINICONTO- DIA RUIM



Ele acordou dentro do ataúde fechado. Acendeu o isqueiro e viu que relógio havia parado. Droga de relógio falsificado! Ninguém mandou fazer economia, ralhou consigo mesmo. Que horas serão? Dia ou noite? Apanhou uma bala de hortelã para dar um lustro no bafo, que estava horrível. Bateu o pó do smoking, fechou os botões e foi abrindo a tampa do caixão bem devagar. Percebeu que era noite e respirou aliviado. Foi à geladeira para tomar seu copo de sangue diário. Porra! Sangue azedo! Faltara energia, a geladeira estava descongelada. Cuspiu diversas vezes querendo tirar o gosto, mas por azar cuspiu em cima do sapato novo. Irado, transformou-se em morcego e saiu batendo asas rumo ao Banco de Sangue em busca do desjejum. E saiu esbravejando:
- Está uma merda ser vampiro! Mil vezes ser uma múmia!

MINICONTO- ALMOÇO DOMINICAL


A família do nobre doutor Epaminondas estava reunida para o tradicional almoço dominical. Um pouco antes de ser servido o almoço, Eduardinho, filho único do doutor Epaminondas com Dona Letícia pediu para falar:
“Serei breve, meus queridos familiares. Agora que completei dezoito anos assumo as rédeas da minha vida e do meu destino. Gostaria de comunicar a todos que sou gay. Peço que me entendam. ”
O Doutor Epaminondas que já estava em pé foi em direção ao rapaz e o abraçou dizendo:
“Meu filho, que alívio! Pensei que você fosse petista! ”


sábado, 11 de janeiro de 2020

OVO PETISTA


Um sítio no estado de Minas Gerais. Dentro da casa, sobre a mesa protegida por óleo de peroba havia uma cesta. Dentro da cesta, papéis macios. Sobre os papéis, um ovo. Dentro do ovo, um pinto. Dentro do estomago do pinto um petista envergonhado por ter berrado por meses “Lula Livre! ”.

RESERVA


“Tem gente que tem medo de viajar de avião. Eu tenho medo de que médicos mexam na minha área de lazer. Pinto e mãe não têm reserva. ” (Climério)

MINICONTO-BRINCADEIRA ANTIGA


Há sombras rondando a minha nova morada. Elas vêm todos os dias, sem hora determinada. São sombras silenciosas e rápidas, num piscar de olhos elas somem. Não tenho por elas nenhum sentimento, nem medo, nem amor. Saio do meu caixão, subo e me sento sobre um grande mármore escuro. O céu está limpo, consigo ver o sol, mas não o sinto. Vejo as sombras escondidas detrás de um jazigo. Grito para elas:
-Basta! Vocês já não me assustam mais! Agora sou apenas um fantasma como vocês!
Elas chegam até mim, se apresentam sorridentes e me contam como é a antiga brincadeira de assustar novos mortos. Digo, "estou dentro".

MINICONTO- VILA TRISTEZA


Na terra de gente triste, tristeza é o material que não falta. Pelas ruas de Vila Tristeza não se ouve sorrisos de crianças e o cantar dos passarinhos. Música é algo que não se escuta. Não se ouve também a bola quicar nos campinhos de terra e o alegre tagarelar das comadres no final de uma tarde de verão. Andorinhas não voam perto dela, temendo perder seu trinar. Na Vila Tristeza como o nome já diz, uma tristeza chorosa tomou conta de todos; até as flores são aborrecidas e sem cores. Um viajante que por ali passe, não receberá por certo um comprimento de bom dia ou um sorriso amável; apenas o frio distanciamento de seres que vivem num mundo estranho e sem nenhum calor humano. Quando a noite chega, todas as janelas e portas se fecham, o mundo coletivo que pouco existe durante o calor do sol deixa de existir por completo, é cada um por si. Na pequena vila impera o orgulho e todos são donos da verdade.                                                                                                       

MINICONTO- POR LIVRE OBRIGAÇÃO


Paulino corria pelo campo aberto e de vez em quando olhava para trás. O suor descia pelo rosto, os pés doíam, os dedos faziam força para fugir dos sapatos. O sol ardia na pele, as bochechas estavam em brasas. Uma pequena brisa amainava um pouco o mal-estar do calor. Quando subia uma pequena elevação pedregosa teve que esquivar-se de uma cobra cascavel. Adiante se deparou com um encontro de escorpiões, tendo que dar saltos acrobáticos para escapar ileso. Passou por uma cerca de fazenda e foi recebido a tiros pelos peões. Vomitou de medo e cansaço. Depois atravessando um milharal foi corrido por porcos do mato. Olhou para trás e viu à distância homens montados em velozes cavalos vindos em sua direção. Não demorou muito para desmaiar diante de um muro de pedra. Foi logo alcançado pelos cavaleiros, medicado e levado de volta à cidade. Após ser lavado, vestido e perfumado, foi entregue à noiva na porta da igreja.

MINICONTO- CANÁRIO DE ESTIMAÇÃO


Seu João Maria tinha um canário, o Dodô, que trinava maravilhosamente, era a mais pura alegria da casa, podíamos dizer que pertencia à família.  Num domingo em que João Maria foi à igreja, Renan o gato da mulher deu um jeito e pegou o Dodô. Penas, sobraram penas e nada mais. Seu João até pensou em matar o gato, mas não. Fechou ele na gaiola e disse:
- Agora canta desgraçado! Você só irá sair daí quando cantar igual ao meu amado canarinho.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

MEMÓRIAS DE MINHA INFÂNCIA- O TURBO DA SADIA EM CHAPECÓ


MEMÓRIAS- O TURBO DA SADIA EM CHAPECÓ

 Muitas e muitas vezes eu e meus amigos já estivéramos no aeroporto para acompanhar o pouso e decolagens dos teco-tecos. Porém havia grande expectativa quando foi noticiado que pousaria regularmente em nossa cidade um avião Turbo hélice da empresa Sadia. O ano preciso não lembro, creio que entre 1967 e 1968. A Sadia estava crescendo e deu um salto qualitativo padronizando sua frota com aeronaves de propulsão turbo hélice, cabine pressurizada e equipadas com radar metereológico. O modelo escolhido foi o "Dart Herald" - (asa alta). Assim agindo, a empresa adiantou-se cerca de cinco anos em relação as demais companhias brasileiras de aviação comercial. Então fomos (quase toda a gurizada da Vila Sapo-hoje Centro- Jardim Itália) para o aeroporto presenciar o grande evento. Ao lado da pista existia um outeiro, e de lá é que observávamos os pousos e decolagens que ocorriam. O responsável pelo aeroporto, Sr. Baccarin, não cansava de xingar quem insistia em se colocar dentro da pista. Recordo que ele gritava enfurecido: ”vocês não entendem português? ” E nós embalados pela ignorância: “ele diz falar português em vez de brasileiro! ”
Foi um dia e tanto quando este animal metálico pousou pela primeira vez em nossa cidade levantando poeira e cascalho da pista. Chegando em casa tínhamos história para contar para nossos pais. Foi sem dúvida um dia especial que ficou gravado em minha memória.

UMA VOZ DE CORAGEM


MINICONTO- INFARTO DO MIOCÁRDIO


Borda do Cafundó, três mil almas. No dia 15 de outubro de 2010 nasceu o primeiro filho de Jurema e Deodato. Ele escolheu o nome do menino, nome este que não saiu da sua cabeça deste que ouviu alguém falar no hospital da capital, quando o pai estivera internado: ‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’.
-Como? Perguntou perplexo o
Tabelião Amadeu.
-‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’.
-‘Infarto do Miocárdio’ não pode seu Deodato!
-Não pode, não pode por que seu Amadeu?
-Porque não é nome de gente, é um mal que acomete o coração!
-Não me interessa se é ou não é, é diferente, soa bem e eu quero!
-Mas seu Deodato, onde já se viu? Pobre do menino!
-Vai ver está com ciúme! Faça filho e meta nele o nome que quiser! O meu filho será ‘Infarto do Miocárdio Costa de Oliveira’ e o apelido dele será ‘Infartinho do Deodato’!

O tabelião andou de lá para demovê-lo da ideia e nada de conseguir. A tarde já findava e o Deodato não arredava o pé. E quando viu que o tabelião não iria mesmo registrar o Miocárdio não teve outra saída senão sacar da peixeira e do 38 que são dois tipos de muita argumentação. O menino foi registrado e seu Amadeu ganhou mais um afilhado.

MINICONTO- O HOMEM NU E A BARATA


Roberto dormia nu enquanto uma barata passeava sobre seu corpo. Ainda sonolento sentiu o toque de bicho nojento na sua pele e instintivamente mandou um tapa daqueles do vivente trocar de orelhas. Errou do bicho e acertou em cheio o próprio saco. Caiu da cama gritando de tanta dor. A barata estava rindo quando o corpo dele tombou sobre ela. Ploc! Ponto para o peludo com dor nos ovos.

MINICONTO- O MURO


Faz alguns anos na Vila Marta havia um terreno murado que aguçava a curiosidade dos moradores e passantes. O muro de mais de dois metros de altura todo caiado de branco era como se fosse um monumento daquele quarteirão. Uma enorme placa dizia: “Perigo. Muito cuidado! Não tente pular este muro! ” As gentes se perguntavam o que poderia existir de perigoso por detrás daqueles tijolos pintados de branco que sabiam não ter moradia. Bichos? Plantas venenosas? Canibais? Amigos falsos? Comunistas? Parentes do Lula? Então certo dia após uns goles uns gaiatos resolveram dar fim à curiosidade e pular o obstáculo. Uma escada foi colocada, e quando dois deles subiram no muro ele ruiu por completo. No chão, cheio de dores e machucados os dois observaram no meio do terreno uma pequena placa e nela escrito: “Eu avisei! ”

MINICONTO- O GRANDE TALENTO


Naquele dia Paulo resolveu mudar de vida. Já estava com trinta anos, o momento era aquele. Ou agora ou nunca! Tinha que ser, não dava mais para esperar. O plano estava feito, não mudaria de ideia. Iria sem falta procurar a TV local para mostrar o seu talento excepcional. A ansiedade foi tanta que quase teve um ataque.
Então foi. Entrou gritando no escritório da TV ALIANÇA: eu sou um pássaro, eu sei voar! Eu sou um pássaro, eu sei voar! Quero uma chance para mostrar! Todos pararam. Mais um louco, pensaram. Queria ele ser apresentado ao diretor artístico, sem perda de tempo. A secretária da presidência chamou os seguranças conforme determinou o diretor administrativo. Deveriam colocá-lo para fora do prédio. Ele não se deu por entregue. Antes da chegada dos brutamontes bateu os braços e saiu voando pela janela. Sorte dele que estava no térreo.

CASA ESCURA


Na minha rua há uma casa que chamamos de ‘CASA ESCURA’. Moram lá quatro seres, pais e filhos, que não gostam de luz. Não são maus, apenas tolos que vivem lambendo um tal de Senhor, que por sinal ninguém nunca viu. Faça inverno ou verão pouco se abrem as janelas e portas, e raras visitas só de alguns abençoados que também devem conhecer o tal de Senhor. Possuem da vida uma visão diminuta, mal enxergam a ponta do próprio nariz. São como morcegos vivendo na escuridão, respirando um ar cheio de bactérias, com medo da vida, não querendo conviver com os seres de diferentes tipos de fé. São isto sim adeptos do coitadismo explícito. Para eles os vizinhos não existem, Não há cumprimentos que a boa educação confere, existe sim fuga, luzes apagadas e silêncio, salvo se o visitante de momento trouxer nas mãos alguma doação. Os moradores da CASA ESCURA são os primeiros morcegos cristãos que conheço.

MAL


MAL

É o submundo
Vermes de foice e martelo invadem mentes
Mentem
E os homens não vacinados
São suscetíveis ao mal
Porém esses somente darão conta da doença terminal
Quando a cura não for mais possível.

DESERTO


Areia
Sol escaldante
Cansaço e sede
Caminhar lento
Animais peçonhentos
Passos em câmera lenta
Areia
Noite que congela
Num mar de estrelas
E imensa solidão no solo
O deserto não perdoa
Não é um lugar para fracos
Pois logo eles perecem.


MINICONTO-MEDO


Insônia. Passava da meia-noite quando Antenor foi à sacada do seu apartamento que ficava no oitavo andar para fumar. A esposa dormia. Sentou-se, acendeu um cigarro e ficou ouvindo o murmúrio noturno da cidade. Algumas frenagens, buzinas e sirenes, sons da madrugada na cidade grande. Enquanto observava a fumaça se dissipando no ar pensava na vida. Já completara 53 anos em boa forma, a vida familiar era harmoniosa, a loja de peças permitia uma vida digna, o filho Rafael de 15 anos tinha boa saúde, bom aluno e não incomodava os pais. O que estaria faltando? O que lhe tirava o sono? Dívidas e inimigos sérios não faziam parte do seu mundo. Ficou remoendo dentro do cérebro perguntas e mais perguntas tentando obter respostas. Fumou mais um cigarro, voltou para seu quarto, acordou a mulher que bem dormia e perguntou: “Amor, você também tem medo da velhice?”

“Marciano era um homem que tinha todos os defeitos do mundo. Queria mais. Então entrou para o PT.”


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

MINICONTO- BOCEJANDO


BOCEJANDO
Ricardo bocejava o dia todo. Mais ficava de boca aberta que fechada. Uma colmeia de certa abelha rara fez morada na sua bocarra e ele nem sentiu. Quando espirrava saía mel pelas narinas e orelhas. Não fosse um infarto que o acometeu ainda jovem teria se tornado um apicultor.

ESCOLHAS


Antenor chegou em sua casa e encontrou o boi do sogro sentado no sofá. No quarto estava a vaca da sogra deitada em sua cama. A esposa anta comia capim no quintal. Ele como responsável por suas escolhas foi se deitar sob árvore frondosa como um bom jumento.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

GENÉSIO E SATANÁS


GENÉSIO E SATANÁS

Já madrugada quando Genésio chegou em casa. Quando abriu a porta teve uma surpresa inusitada: o sofá estava em chamas, e sentado nele estava o próprio Satanás ouvindo Pablo Vittar. O monstro vermelho e quente disse:
-Calma, não se assuste. Estou aqui apenas tomando um fôlego. Logo estarei indo para Bariloche. Faz tempo que estou na Venezuela e já não suporto mais o bigodudo socialista. Aquela coisa imunda nem saco de diabo aguenta. Até eu por lá estava passando fome, remédio para meu reumatismo não existe. O povo se fodendo e rezando muito, sem chance de aumentar meu rebanho.
-Mas porque o senhor não leva ele para o inferno? -Perguntou Genésio.
Respondeu Satanás: É ruim, não é? Estou protegendo o desgraça para que não desencarne. Vou lá querer criar cobra no meu quintal? Agora vá dormir!

Genésio acordou pela manhã e observou que o sofá estava intacto e que Satanás havia partido. Nem cheiro de enxofre sentiu.

MICHEL, O TEMEI

Já concorre a Cara de Pau de 2020 o Michel Temer. Politiqueiro petulante!

UNIDOS


UNIDOS
Família unida, os Silva. Pai ladrão, mulher orelhuda, traficante e gananciosa, filhos instruídos pelo pai, de mãos grandes e distribuidores de talco. Atos ilícitos sem fim, justiça cansada. Família Silva sempre unida na bagaceira teve ontem seu último ato: foram todos enforcados. O ar da região mudou, o céu ficou mais azul e até as cordas foram guardadas sorrindo.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

FESTA DOS VERMES


FESTA DOS VERMES

Acontecia a grande festa anual dos vermes. Centenas de moradores de gentes e bichos. Música boa e comes e bebes. Alegria escancarada de todos os presentes. Na madrugada adentram o salão a Gleisi Hoffman e Lula. A música cessa, o riso cala e os presentes todos passam a vomitar. A festa acaba.

SÃO PEDRO E DEUS


São Pedro após ler as últimas barbaridades cometidas pelo Papa disse para Deus:
-Eu não falei para você que Papa argentino era uma furada! Sem demora ela canoniza o corno do Fidel Castro.

MINICONTO- HISTÓRIA MACABRA


HISTÓRIA MACABRA
Ano 2100. Mãe contando para os filhos história macabra.
“Naquele tempo sombrio meus amados filhos, o ar estava empestado por culpa de monstros horríveis que atormentavam a nação. Saídos das profundezas dos mais terríveis dos infernos eles nasceram para atormentar o povo honesto e trabalhador. Com suas capas esvoaçantes, cérebros eivados de pedantismo, eles vomitam escândalos na sala dourada outrora conhecida como sala da sapiência. Seres asquerosos, cheiravam a enxofre e vômito, mas quando se olhavam no espelho viam-se como príncipes e princesas encantadas. O bom povo sofreu anos com os ogros Gilmarpuzt; Celsopuff ;Toffoli Pof-Pof; Lewapig; Marcorélio e Deusnosacuda Weber. Não atacavam os poderosos, sua ira estava direcionada aos humildes e à boa justiça. Quanto sofrimento! Mas como não há mal que sempre dure um dia o povo descobriu a utilidade da corda. Foram dependurados, o sol raiou, a paz voltou à nação e seguimos para o belo futuro que hoje se apresenta. ”


MINICONTO- O DEFUNTO INDIGNADO

O DEFUNTO INDIGNADO

Morreu D. Inácio Gomes. Velório grande na comunidade. Coroas de flores de lotar estádio de futebol. Mas acontece que os Gomes não gostam dos Fagundes nem perto, nem longe, coisa centenária. Pois não é que até os Fagundes vieram prestar condolências ao falecido? Diante de tal afronta o defunto pulou do caixão e de dedo em riste disse: “Se é para ser velado até pelos Fagundes, eu não morro mais! ”- E dito isso saiu porta afora esbravejando contra tudo e todos.

MINICONTO- AO PÉ DO POÇO

AO PÉ DO POÇO

Ao pé do poço o Pedro Paulo pediu ao padre Primo a benção porque iria se jogar no poço. O padre respondeu que não daria benção porra nenhuma a um suicida ainda mais numa tarde em que também estava puto da vida com tudo e todos e que ele ainda iria para o inferno.  O padre resolveu ficar nu no pé do poço só para mostrar que maluco por maluco ele também era. E agora?   Tudo isso irritou profundamente Pedro Paulo que por fim disse que não iria mais se matar e que se tornaria um homicida. Dito isso jogou o padre no poço e partiu faceiro usando as calças novas do religioso.

SERVENTIA


SERVENTIA

Labutar num escritório
Nem pensar pelo tédio
Trabalho braçal
Achava pesado
Tentou ser cantor
Mas não tinha voz
Tentou ser ator
Porém não tinha talento
Então resolveu ser chupim de político
Trabalho que serve para qualquer jumento.

MINICONTO- OS CÃES

OS CÃES


Ouve um tempo na Grécia que os cães evoluíram, passaram a raciocinar, a ler, escrever e tomar consciência de si. O líder marcou um evento os seriam lançadas as bases na nova civilização baseada nos princípios caninos e não mais nos princípios humanos. A palavra de ordem era “Ossos sim, ração não!” O salão estava lotado, centenas e centenas de cães presentes ouvindo os grandes oradores dogsgrecos demonstrando como seria o novo mundo fruto das ideias guaipecanas. A danação do evento símbolo foi que dois gatos distraídos entraram no salão e aconteceu uma louca debandada de cães correndo atrás dos bichanos. Muitos morreram pisoteados, outros sufocados na ânsia de pegar os gatos. O líder olhou para um dos oradores e disse: “É, não estamos prontos à civilização.” Isso dito voltou a latir enquanto procurava um arbusto para urinar.