domingo, 31 de março de 2019


TED THOMPSON- O MENINO MALTRATADO

Ted, cinquenta anos, ex-fuzileiro, industrial do ramo alimentício, milhões de dólares em patrimônio, sem família, desejo de fazer justiça, matador de bandidos. Sem morada fixa, viajava fazendo justiça. Seu contato com o mundo dos negócios era sua amiga e secretária Lena.  Certo ou errado, assim é Ted Thompson, filho de inglês e mãe brasileira. Bandido ele não perdoa, mata.

Um menino sozinho chorava sentado no banco da praça Minerva em São Paulo. Ted aproximou-se dele e pediu se poderia sentar-se ao seu lado. O garoto de oito anos chamado André aquiesceu e então começou a conversar com ele. Foi aos poucos ganhando a confiança do jovenzinho que desabafou sobre o que o fazia chorar. O pai batia nele e na mãe sem qualquer motivo. A mãe não o denunciava por medo de represálias e precisava trazer dinheiro para casa todos os dias, sendo que fazia o trabalho de diarista. O pai não trabalhava.   Quando o dinheiro era pouco a mãe apanhava e ele também por tentar defendê-la.  Ted pediu onde morava e foi com ele até lá. A mãe apareceu no portão toda feliz ao ver o filho, pois já estava preocupada. Beijou e abraçou com carinho o filho amado. O marmanjo também saiu da casa já de cinto na mão dizendo aos gritos que iria arrebentá-lo de pancadas por sair sem avisar. Ted ergueu a mão e pediu calma, pois o menino estava traumatizado. O pai mandou que fosse cuidar da sua vida se não quisesse encrenca. Não sendo dos mais tolerantes, TED entrou chutando o portão sem pedir licença e desceu a mão no malandro sem dó. O safado entrou na casa e voltou armado com uma faca, babando de ira. Ted mandou a mãe levar o menino para dentro e quando ele passou ao lado do miserável levou um soco no rosto. O menino caiu, sangrando pelo nariz.  Ted avançou e tomou a faca do brutamonte, deu-lhe mais uns bons socos e prevendo um final trágico para o menino e sua mãe, terminou por enforcar o asqueroso com o próprio cinto. Tirou do bolso um adesivo e colou na testa do defunto: “Ted Thompson, o terror dos maus esteve aqui. ” Saiu do local e seguiu seu caminho. Na mesma noite seus homens estiveram na casa para cuidar de tudo e dar ao menino e a mãe uma boa casa, uma mesada e estudo pago para o menino.


BICHO DA GOIABA

Era uma vez um bicho da goiaba que nasceu para ser bicho da goiaba não outra coisa, pois preenchia todos os requisitos físicos e psicológicos, mas por problemas desconhecidos não queria ser bicho da goiaba de jeito nenhum. Certo dia fugiu da goiaba, apanhou um besouro táxi e foi para dentro da casa de uma senhora que fazia tricô. Andou para lá e para cá até penetrar num novelo de lã que pensou ser um enorme pêssego. Seu sonho era ser um bicho do pêssego até amadurecer, procriar, morrer e ir para o céu.  Morreu de fome solitariamente o bicho da goiaba que sonhava ser um bicho do pêssego. Mas pelo menos tentou.


JEAN

Jean rapaz; Ele não estuda,  não trabalha, não projeta o futuro, vive apenas o presente aprisionado por pesadelos e fantasmas. Caiu no poço da desgraça faz tempo, não consegue sair. Grita ”meu pai me ajude, minha mãe me ajude! ”   Porém onde eles estão não podem mais ouvi-lo e os amigos de outrora estão na mesma situação de desespero; presos ou então mortos. Encostado numa calçada imunda, fedendo a suor reciclado no próprio corpo, entre uma crise e outra compra uma pedra.  Consegue o alívio que dura pouco, o sofrimento retorna dobrado. Assim são os seus dias de vedador. Não há luz, somente escuridão-sofreguidão.  Mas ele quer não quer continuar assim.  Fácil foi entrar nesse labirinto de perdição, difícil é encontrar a porta de saída quando a força maior do vício não deixa. Algumas mãos já passaram pela sua frente oferecendo ajuda e foram enxotadas. Uma pena; a vida de Jean está ficando sem tempo.


O INVENTOR

Carlotto era um inventor engenhoso.  Inventou a lâmpada que não acende para poupar energia; inventou o ralador que não rala; a máquina de fatiar que não fatia e o espremedor que não espreme. Também criou a famosa caixa de joias que só se abre por dentro; uma vez fechada, babau! Ontem fez a demonstração da sua última invenção: o ventilador nuclear supersônico. Funcionou. Tanto funcionou que arrancou sua cabeça e derrubou o prédio onde morava. Uma perda lastimável para a ciência nacional. E como!



O AMIGO

Loreno vivia só numa casinha num local distante de tudo. Arrumou um cão para ter companhia. Depois de algum tempo o cão morreu. Loreno então conseguiu um gato. Depois de algum tempo o gato também morreu. O homem não tinha sorte com os animais, todos morriam logo. Depois do gato teve uma ovelha; uma coruja; um jabuti; uma jaguatirica; um veado campeiro; duas codornas; um papagaio; um macaco prego; uma arara e por fim arranjou como bom amigo um homem perdido que na sua casa bateu pedindo ajuda. Não demorou um ano Loreno morreu. O amigo?  O amigo continua bem vivo. Tomou posse da casa e vive ainda por lá, já beirando os oitenta anos. Não tem bicho nenhum, só uma potranca quarenta anos mais nova.