Romarinho, seis anos, era um menininho frágil, porém ninguém imaginava que fosse exageradamente frágil. Pois no seu primeiro dia na escolinha um coleguinha berrou no seu ouvido e ele explodiu. Juntaram os caquinhos, como se de porcelana fosse, o Romarinho.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
ROMARINHO
Romarinho, seis anos, era um menininho frágil, porém ninguém imaginava que fosse exageradamente frágil. Pois no seu primeiro dia na escolinha um coleguinha berrou no seu ouvido e ele explodiu. Juntaram os caquinhos, como se de porcelana fosse, o Romarinho.
DONA MAYSA
Chico Melancia ouviu falar que Dona Maysa tinha mãos mágicas, curava enfermidades, inclusive psicológicas. A consulta era trinta reais, uma pechincha para quem sofria, pois diziam pelas ruas que era cura na certa. Chico não tinha problemas de saúde, e os familiares estranharam quando ele pediu à irmã que obtivesse uma vaga para ele. No dia e hora aprazado o cliente entrou na sala da quase santa e foi direto com ela: “Dona Maysa, paguei a consulta, porém não tenho nada, meu problema é dinheiro”. Então sacou do bolso um volante da mega e pediu para ela marcar os seis números.
PRECOCIDADE
Precocidade é isso. João Carlos de dez anos chegou da escola, jogou a mochila no sofá e disse aos pais: Tenho um segredo para contar! Os pais olhando um para o outro: Conte-nos! Então disse: sou casado faz um bom tempo. Os pais não deram importância e tudo ficou por isso. No dia seguinte ele chegou da escola trazendo a mulher e dois filhos.
O PORCO DO MATO
O porco do mato conseguiu fugir dos caçadores não sem antes levar um tiro. Em disparada fuga foi perdendo sangue até cair enfraquecido numa clareira. Os urubus começaram o reconhecimento de preparação para o almoço. O porquinho olhava para o céu e na mente antecipava seu final melancólico. Mas prometera para seu pai que lutaria até o fim em qualquer circunstância e foi o que fez. Na porta do último suspiro engoliu uma boa dose de estricnina e partiu da vida, não sem antes dar um pequeno sorriso carregado de sarcasmo.
O INVENTOR
Carlotto era inventor. Inventou a lâmpada que não acende para poupar energia; inventou o ralador que não rala; a maquina de fatiar que não fatia e o espremedor que não espreme. Também criou a famosa caixa de joias que só se abre por dentro; uma vez fechada, babau! Ontem fez a demonstração da sua última invenção: o ventilador nuclear supersônico. Funcionou. Tanto funcionou que arrancou sua cabeça e derrubou o prédio onde morava. Uma perda lastimável para a ciência nacional. E como!
O AMIGO
Loreno vivia só numa casinha num local distante de tudo. Arrumou um cão para ter companhia. Depois de algum tempo o cão morreu. Loreno então conseguiu um gato. Depois de algum tempo o gato também morreu. O homem não tinha sorte com os animais, todos morriam logo. Depois do gato teve uma ovelha; uma coruja; um jabuti; uma jaguatirica; um veado campeiro; duas codornas; um papagaio; um macaco prego; uma arara e por fim arranjou como bom amigo um homem perdido que na sua casa bateu pedindo ajuda. Não demorou um ano Loreno morreu. O amigo? O amigo continua bem vivo. Tomou posse da casa e vive ainda por lá, já beirando os oitenta anos. Não tem bicho nenhum, só uma potranca quarenta anos mais nova.
QUE FAÇA DE TUDO
Desde que ele era jovem Madalena, mãe de José, dizia: “Quando for para casar, arrume uma mulher prendada que saiba fazer de tudo, de tudo.” A vida foi passando e José procurando a tal mulher para ser sua companheira, sempre se lembrando dos conselhos da mãe. A verdade que falar é fácil, encontrar tal mulher muito difícil. Foram várias e nada. Pois José já tinha completado quarenta anos na solteirice quando na boate da Iracema Vesga conheceu Maricota Perna-Grossa, a dita cuja que sabia fazer de tudo e mais um pouco, mas não exatamente o tudo que pensava sua sogra. E quem pensava que não daria enganou-se, pois deu casamento na igreja, de véu e grinalda, Iracema Vesga de madrinha, Madalena bicuda e o putedo de folga comemorando o casamento da colega.
APOLÔNIO
Apolônio é um cabrito montês que acreditava pular até a lua num salto só. Seus familiares e amigos o chamavam de louco. Subiu mais alto que pode e na hora apropriada pulou. Pois pulou e caiu sobre o cavalo de São Jorge que pastava tranquilo (Não me pergunte como, mas cavalo santo tem pasto, água e ar limpo na lua, é santo ora!) São Jorge já havia morrido, então Apolônio ficou por lá fazendo companhia ao bom cavalo. Não acredita? Observe descrente nas noites de lua cheia e verás a sombra do Apolônio passeando sobre o solo lunar.
CIDADE GRANDE
“MINHA HISTÓRIA NA CIDADE GRANDE- Cheguei, vi e já comprei a passagem de volta.” (Climério)
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