segunda-feira, 19 de junho de 2017

SUSTOS

“Arrumei uma mulher mais feia do que eu. Ao acordar não sei quem se assusta mais.” (Assombração)

EMOTIVO

“Sou muito emotivo. Quando uma mulher bonita me joga um beijo eu desmaio.” (Assombração)

FUI SALVO

“Quando eu nasci a minha avó beata queria me exorcizar com solvente. Fui salvo por uma vizinha ateia.” (Assombração)

O que a Escola Austríaca é e o que ela não é - Steve Horwitz

O VELHO JOSÉ

O velho José já na casa dos setenta ficava em frente da casa vendo o movimento da rua. Viúvo e sem filhos, ali ficava para passar o tempo. E os dias foram se passando, os meses, os anos, e o velho José ali olhando o movimento sentado na sua cadeira de palha. Os vizinhos foram morrendo de velhice, casas demolidas e o seu José por ali observando o movimento. Com os anos chegaram os edifícios e novos vizinhos que desconheciam o idoso seu José, coisa de cidade grande e correria. Talvez por isso foi que demorou alguns anos  para descobrirem o esqueleto do seu José sentado na sua  cadeira, cigarro entre os dentes de sua caveira, ainda contando os automóveis que passavam pela rua.

TONTO

Ernesto chegou à porta, era madrugada, observou em volta e só então apertou a campainha. Ninguém apareceu. Olhou pela janela e não viu nenhum movimento. Bateu palmas, nada. Bateu na madeira, nada. Chamo e nada. Cansado de esperar encostou o litro de uísque na parede, ergueu o vaso e por sorte lá estava a chave reserva. Entrou. Ficou aliviado ao ver que finalmente estava em casa apesar do grande pileque. Nem percebeu quando o vizinho saiu pé por pé e nu pela porta dos fundos.

CERTEZA

A vida corre
A morte nos espera
Somos ínfimas partículas
Filhas longínquas da grande explosão
Então mesmo sabendo
O que nos aguarda no fim
Vivemos com pressa
Como se a morte
Fedorenta e fria
Não fosse nos esperar.

COMUNAS

Vislumbra-se no horizonte
O juntar das correntes vermelhas
Prontas para encarcerar corpos e ideias
Dentro da maligna utopia socialista
Diante da incerteza da liberdade
E de um porvir de esperança
Açoita-nos o medo
De um futuro que é passado
De horror e miséria.

VIVER

Viver é ter sonhos
Se os sonhos do ser estiverem enterrados
Vida já não existirá
Andará pela terra apenas um espectro
Esperando o tempo da vida passar.

OUTRO PAÍS

Uma mulher que vive na província de North Hamgyong volta para casa depois de um árduo dia no mercado aberto. Enquanto ela estava trabalhando duro, o marido passou o dia inteiro em casa, sonhando acordado. Assim que ela voltar para casa, eles começam a falar e o marido diz: "Querida, adoraria ir a algum lugar que nunca vi antes e fazer algo que nunca fiz antes. "

A esposa responde:  "Essa é uma ótima idéia. Vá para a cozinha e lave a louça! “

Stalin e Pedro O Grande encontram-se noutro mundo:

Stalin e Pedro O Grande encontram-se noutro mundo:
-           Diz-me Stalin, em que estado é que deixastes a Mãe-Rússia ?
-           A Rússia é uma grande potência, é temida e respeitada pelos seus inimigos, tal como tu antes de mim a deixastes.
-           E o exercito e a policia secreta?
-           Continuam fortes e poderosos.
-           E os batalhões dos Cossacos?
-           Em forma como dantes.
-           Muito bem! E as torres do Kremlin?
-           Estão em perfeito estado.
-           E a vodca ? Continua a 38 %
-           Não, agora está a 40% !
-           Então me explica lá uma coisa, será que por causa de dois miseráveis graus era necessário fazer aquela CARNIFICINA TODA !!!!

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SALVAÇÃO

"Só o torresmo salva." (Fofucho)

DEPRESSÃO

“É horrível. Eu sofro de depressão pós-prato.” (Fofucho)

VOLUME

“Quem me viu quem me vê, agora bem maior.” (Fofucho)


EXAME

“Resultado do meu exame de coração: Bacon 10 x Artérias 1.” (Fofucho)

VERO

“Antes morrer de indigestão que de fome.” (Fofucho)

DAS MASSAS

“Sou o homem das massas, dos molhos e de toda família que engorda e satisfaz.” (Fofucho)

NO CAPRICHO

“Tento de tudo para melhorar minha aparência. Pinto até as unhas dos pés de galinha.” (Eulália)

DANADA

“Na juventude fui muito de namorar. Quando um entrava pela frente o outro saía pelos fundos.” (Eulália)

O QUANTO É VELHO

“Para você ter uma ideia de quanto o meu marido é velho; ele foi alfabetizado escrevendo em papiro.” (Eulália)

AMANTE

“Meu amante só trabalha com pilhas novas.” (Eulália)

O RETORNO DOS ESPELHOS

Anilda, 26 anos, morena, não que fosse feia, mas se achava. Sempre se punha defeitos. Por este motivo certo dia mandou retirar todos os espelhos da casa e pôs óculos escuros no marido. Só saía à rua disfarçada de homem, até bigodes usava. Não tinha amigas, vivia reclusa por não ter autoestima. Na sua cabecinha era a mulher mais feia do planeta. Passava os dias numa tristeza só. Nem fazer compras lhe dava ânimo, coisa difícil de ser ver numa mulher. Porém um fato ocasionou uma mudança radical na sua maneira de agir. Anilda tomava banho numa tarde de maio quando o telhado do banheiro desabou, e junto dele veio Amauri, o filho do vizinho de 15 anos. Com ela pelada na sua frente, ainda assustado, ele confessou ser seu admirador, e que diariamente a espionava no banho fazendo certos maroteamentos. Anilda ficou tão lisonjeada que nem mesmo brigou com o menino, deu-lhe sim uma beijoca e o mandou para casa. Sentiu-se uma gata, o sol voltou a brilhar no seu mundo. No mesmo dia mandou comprar espelhos novos.

IRINEU

Irineu, maduro pacas, dois anos sem tomar banho. Ontem estava na calçada quando o caminhão do lixo passou e levou ele. Não gritou, não esperneou, apenas no seu rosto viu-se um risinho de satisfação.

Você tem um estadista no bolso do colete? Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 16 de junho/ 2017

 O que um bando de malfeitores petistas fez com a jornalista Miriam Leitão a bordo de um avião da Avianca no dia 3 de junho, num voo Brasília/Rio, pode vir a ser um favor ao Brasil. Grosseiros, violentos, ignorantes, sob o beneplácito de uma tripulação amorfa, os delegados petistas, embarcados em Brasília ao término de um Congresso do PT, ao encontrar Miriam Leitão entre os passageiros do voo que os levaria ao Rio, acharam que esse era o momento ideal para mostrar como pensam e agem os petistas diante da Imprensa. Comportaram-se com ódio, foram brutos em gestos, palavras e ações e demonstraram toda sua ignorância ao estender sua fúria à empresa onde Miriam trabalha há muito tempo. Crente que estavam punindo a Rede Globo, gritaram que “quando eles mataram Getúlio o povo foi lá e quebrou a Globo”. Tão politizados são os malfeitores fardados do PT que nem sabem que Getúlio Vargas matou-se em 1954. 

O ano do sacrifício de Getúlio Vargas não merecia ser esquecido tão depressa, logo pelo partido que se autodenomina do povo. A Avianca já sabemos o que fez. Nada. Ficou muda e calada durante o voo e, que eu saiba, está muda até hoje. Já o PT, ah! o PT. O que fez o PT com seus encantadores delegados? Publicou uma nota na qual lamenta o ‘constrangimento’ sofrido pela jornalista. E reclama que várias vezes “muitos integrantes do Partido dos Trabalhadores, inclusive esta senadora, já foram vítimas de semelhante agressão dentro de aviões, aeroportos e em outros locais públicos”. A nota é assinada pela senadora Gleisi Hoffmann, atual presidente do PT. A senadora petista omite mencionar que foi denunciada por receber um milhão de reais do esquema de propinas da Petrobras para a campanha de 2010, o que não justificaria ser agredida pela população brasileira em lugar algum, mas pelo menos fundamentaria o desagrado do povo com sua pessoa, ré que é em processo da Lava Jato. 


E por que eu acho que esse triste espetáculo dos malfeitores petistas poderia ser bom para o Brasil? Pelo simples, e talvez ingênuo motivo de que talvez assim os brasileiros não tenham medo da saída de Temer ainda este ano e que não se apavorem com a ideia de eleições antes de 2018. Acredito que todos os partidos se reúnam para pensar em nomes para lançar como candidatos. Unidos ou desunidos, sabem que o governo Temer está por um fio. Alguns, como os tucanos, acham que antecipar eleições é torcer pela vitória do Lula, o que os deixa muito assustados. Pois eu tenho para mim que o comportamento dos petistas nos mais variados espaços públicos – em palanques, ruas, praças e até em aviões – só faz diminuir a chance da candidatura do Lula. Precisamos cuidar do Brasil, escolher o que seria melhor para evitar que o país definhe. Vamos defender o Brasil, lutar para que as novas gerações possam ter um futuro tranquilo, sobrevivendo em paz e segurança sob a batuta de um estadista. Quem seria esse estadista? Aí é que está o busílis.

H.L. MENCKEN- A RESTAURAÇÃO DA BELEZA

A RESTAURAÇÃO DA BELEZA

 Os cristãos do tempo dos apóstolos eram quase exatamente como os de hoje – homens sem gosto ou imaginação, futriqueiros e grosseirões, mesquinhos e vulgares. Até quanto sabemos, sua adoração pública era completamente desprovida de qualquer senso de beleza e sua única preocupação era de salvar suas suposta almas. Assim não nos deixaram nada que merecesse ser preservado – nem uma única igreja, liturgia ou mesmo um hino. Os objetos de arte exumados das catacumbas são inferiores aos desenhos e estatuetas dos homens de Cro-Magnon. Toda a comovente beleza que adorna o cadáver do cristianismo, hoje em dia, só foi criada muito depois que os Pais haviam perecido. A fé já tinha séculos de velhice quando os cristão começaram a construir suas catedrais. Pensamos no Natal como um típico festival cristão, e sem dúvida o é; nenhum outro é tão respeitado pelas seitas cristãs ou tão rico em encanto e beleza. Bem, o Natal, como conhecemos, foi quase desconhecido da Cristandade do século XI, quando os restos de São Nicolau, originariamente padroeiro dos agiotas, foram trazidos do Oriente para a Itália. Durante todo este tempo, a Igreja Universal já estava em frangalhos por controvérsias e ameaças de cismas, enquanto a sombra da Reforma já aparecia bem à vista no Ocidente. As religiões – como os castelos, o pôr-do-sol e as mulheres – nunca atingem o seu máximo de beleza enquanto não são tocadas pela decadência. 

 -- 1920

Tira, põe, deixa ficar. Coluna Carlos Brickmann


Coluna Carlos Brickmann




Tira: Fernando Henrique, em notável artigo, pôs gasolina na fogueira: sugeriu que o seu PSDB deixe o Governo e que o presidente Michel Temer proponha eleições diretas antecipadas para a sucessão.




Põe: mas Temer já estava preparado para neutralizar a proposta. Seus emissários no Congresso lembraram que mais de 150 deputados enfrentam ações penais ou inquéritos; o mesmo ocorre com cerca de 30 senadores. Quem vai querer que o precedente seja aberto, justo com Temer?




Tira: Joesley Batista, em depoimento à Polícia Federal, reafirmou que entregou uma mala com R$ 500 mil ao então deputado Rocha Loures, da estrita confiança de Temer e por ele indicado para receber o dinheiro, uma propina para retribuir ao presidente benefícios recebidos do Governo. Seria mais uma bomba num Governo cuja base política se derrete.




Põe: mas Temer liberou R$ 50 bilhões do velho e bom BNDES para os Estados. Os governadores, encalacrados em dívidas, sabem que, se Temer cair, caem junto suas promessas. Trabalharão por ele (e, a propósito, agora já se sabe por que Maria Sílvia deixou o comando do BNDES).




Deixa ficar: para que a Câmara autorize uma ação penal contra Temer (investigado por organização criminosa, corrupção passiva e obstrução da Justiça), são necessários 342 votos. Se 341 deputados votarem contra Temer, a ação não poderá ser proposta. Se 172 deputados não comparecerem à sessão, Temer estará salvo. Quem tem de se esforçar para reunir votos, portanto, não é Temer: é o procurador-geral Rodrigo Janot.




Vida que segue




Agora, para Temer, o importante é mostrar que o Governo continua vivo. Escreveu um artigo sobre sua próxima viagem à Noruega e à Rússia (http://wp.me/p6GVg3-3vH), articula a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência, ou do que sobrou delas depois da negociação política. A menos que haja manifestações de rua ou delações que o atinjam diretamente, vai conseguir aprová-las. Os sindicatos tentam ir às ruas, não para garantir direitos, mas manter de pé o imposto sindical que os financia.




Palavras ao vento




A propósito, Fernando Henrique sabe que, a menos que o improvável aconteça, sua proposta não é realizável. Sabe que reformar a Constituição para convocar eleições diretas exige mais tempo do que o disponível até o fim do mandato de Temer. Sabe que conseguir 2/3 dos votos é difícil. E, apesar de seu prestigio, Aécio Neves e outros parlamentares de seu partido têm um compromisso maior do que com ele: com a própria sobrevivência.




Passando a limpo




Enquanto a Lava Jato e outras investigações atingiram um dos lados do espectro político, receberam apoio do outro lado. Enquanto atingiram, fora do alvo principal, pessoas dificilmente defensáveis, tudo bem. Mas agora, que estão em risco políticos das mais diversas tendências e empresários, há uma união contra as investigações. Oficialmente, todos são favoráveis à Lava Jato e congêneres, “aguardando serenamente a decisão a Justiça”. Na prática, é guerra: quando mais de 1/3 dos deputados e senadores estão ameaçados, não apenas politicamente, mas até de prisão, eles vão reagir.




A primeira iniciativa é suspender as ações penais contra senadores e deputados federais, medida prevista no artigo 53 da Constituição. Para que esta prerrogativa seja exercida, deve ser aprovada por maioria absoluta de deputados e senadores. Os parlamentares já atingidos, 1/3, são votos certos; quem não foi atingido mas sabe que pode ser deve votar também a favor.




Guerra total




A medida é impopular, todos sabem, mas é melhor se arriscar a perder uma eleição do que passar algum tempo hospedado em Curitiba. Ficar sem mandato a partir de 2019 é ruim, mas pelo menos será em liberdade, A medida, em princípio, só não entrará na pauta em duas circunstâncias:




1 – Se houver possibilidade de derrota. Nesse caso, os parlamentares que votassem a favor perderiam a popularidade sem vantagem alguma;




2 – Se surgir outra ideia eficiente, de menor custo político. Porque todos sabem que a grande maioria dos eleitores se revoltará com a sujeirada.




A voz do Planalto




Os articuladores da Presidência estão trabalhando para garantir mais votos contra as investigações. O jornalista Josias de Souza, em seu bom blog (https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/), conta que testemunhou o telefonema de um ministro de Temer a um parlamentar do PP, partido com 21 deputados atingidos pela Lava Jato. Cita: “Se a Procuradoria e o Supremo querem derrubar o presidente da República, imagine o que não farão com os parlamentares!”




É a batalha dos mandatos contra as togas.




As investigações




Atenção ao depoimento de Antônio Palocci. Tem novidades explosivas.




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MADURO NO CENTRO ESPÍRITA

Maduro vai a um centro espírita e, na sessão, consegue conversar com um primo morto. Maduro pergunta-lhe: - Primo, no próximo ano eu ainda vou estar no poder? 
- Sim, primo - responde o parente. 
 - E o povo vai estar comigo?
 - Não, primo. Vai estar comigo...

GOVERNO BOLIVARIANO

O governo bolivariano da Venezuela vai tomar todas as medidas para que nenhum venezuelano vá para a cama sem comer. 
Para isso acontecer irá recolher todas as camas.

NOVO RUSSO



Um novo russo escreve uma carta ao pai:

"...Pai, sou a unica pessoa que vai para a faculdade de carro. Todos os outros alunos vão de ônibus..."

A resposta do pai é a seguinte:

"Meu filho. Nem sempre é bom querermos ser diferentes dos outros. Compra um ônibus e anda como toda a gente."

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DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- Crônicas da Guerra Fria (23) O DRAMA DAS VIÚVAS

Florianópolis - Todo homem que nada espera após a morte - e entre estes me incluo - gostaria de ver, antes do último suspiro, algo surpreendente na História. Viagem à lua não vale, isto os ficcionistas já nos haviam antecipado. Ir a Marte seria um grande feito, mas como o bicho-homem já pôs esta idéia na cabeça, chegar lá é apenas uma questão de verbas e tempo. Uma nave espacial começa a sair do sistema solar? O fato é insólito, jamais o homem conseguiu lançar um objeto tão longe. Mas parece que vai levar alguns milhões de anos antes de aproximar-se da estrela mais próxima. Minha curiosidade revela-se inútil. Fora a face atormentada de Tritão, pouco nos disse a Voyager que pudesse surpreender-nos.

"Deus morreu, Marx agoniza e eu estou com gripe. Quel siècle!", escrevi outro dia, citando um colega francês. A frase surgiu no final dos anos 70, num daqueles lacônicos editoriais assinados, na primeira página do Monde. Se Deus morreu, seu cadáver continua insepulto. Se Marx agoniza, seus devotos o mantêm entubado e vegetando. Do século, só nos resta a gripe. Mas algo de novo parece estar germinando nas nações que um dia pretenderam escorar-se nas teorias do economista alemão. O marxismo - disse alguém algum dia, talvez eu mesmo - antes do final de século não passará de um verbete numa enciclopédia.

Pois destes dias, ao que tudo indica, estamos nos aproximando mais aceleradamente do que se poderia imaginar. As economias socialistas estão se esboroando por onde quer que existam. Bastou a Hungria pôr abaixo o muro que a separava da Áustria e lá estão 40 mil alemães orientais esperando visto para o Ocidente. Na RDA, as empresas já não sabem de quantos funcionários dispõem, pois quem saiu de férias provavelmente não voltará mais. Isso que a Alemanha Oriental é considerada uma das economias mais sólidas do bloco socialista.

"Eles têm mais para comer do que os poloneses, mais dinheiro do que os húngaros, vivem incomparavelmente melhor do que os russos, os ucranianos, os usbeques" - diz Monika Maron, escritora da RDA e refugiada na Alemanha Ocidental, em artigo para a Der Spiegel. "Mesmo assim, eles despencam nas cidades do lado de cá, fugindo em balões construídos do outro lado em fundos de quintal, atravessam a nado o gelado rio Elba, arriscam a travessia da fronteira austríaca, ocupam as embaixadas da Alemanha Ocidental. O famoso senso alemão de ordem deixa de ter validade quando cidadãos da Alemanha Oriental se empurram mutuamente diante dos poucos e pequenos buracos existentes no muro".

Nas fronteiras da Hungria com a Áustria, amontoam-se os carros abandonados pelos alemães orientais. Se considerarmos que quem tem carro em país socialista pode considerar-se um privilegiado, podemos ter uma idéia de como vivem os demais, que não pertencem à Nomenklatura. Isto que, para ter acesso a um carro, um cidadão da RDA precisa esperar 18 anos. Se tiver a lembrança de candidatar-se à compra de um aos 18 anos, tudo dando certo - o que nem sempre acontece - poderá recebê-lo aos 36.

Monika Maron nos relata a perplexidade de um operário que teve permissão para visitar Colônia. Após retornar à sua casa, sentado em meio a seus familiares, perguntava-se, balançando a cabeça: "Mas o que foi que nós fizemos? Por que estamos sendo castigados desta maneira? Afinal de contas, não foram todos os alemães que perderam a guerra?"

Quando até os privilegiados decidem votar com os pés, podemos imaginar o que sofre quem está sob as botas da Nomenklatura. Poloneses e húngaros já não querem nem ouvir a palavrinha mística, comunismo. Lituânia, Letônia e Estônia denunciam o pacto secreto que as entregou ao jugo de Stalin e reivindicam sua integração ao bloco ocidental. A Moldova recupera sua língua e as repúblicas muçulmanas ameaçam rachar pelo meio o império moscovita. Gorbachov, com suas tímidas iniciativas, tem hoje diante de si uma esfinge de duas cabeças: balcanização ou uma solução à la Pequim. Por qual delas optará, isto se não for antes limogé do Kremlin? Este desfecho, creio, será dado a mim e aos de minha geração assistir. Marx morreu. Que a terra lhe seja leve. E, por favor, viúvas: não me venham falar de Trotsky. Remember Kronstadt.

Comecei este comentário baseado em informações de véspera. Os jornais de hoje me informam que os fugitivos da Alemanha Oriental já são sessenta mil. Abandonaram tudo o que haviam conseguido amealhar em vida: casa, apartamento, móveis, carro. A televisão nos mostra os rostos vibrantes do que já conseguiram atravessar a fronteira austro-húngara, portando apenas a roupa do corpo. A pergunta mais corrente, nestes dias, quando dois alemães se encontram em Berlim Oriental é: "ainda aqui?"

Gorbachov tem em mãos uma oportunidade raramente concedida a um estadista em um século: acelerar a desunião soviética, declarar a bancarrota do império, permitir que os povos respirem*. Ingleses, espanhóis e portugueses tiveram de renunciar ao colonialismo. Por que constituiriam os russos exceção? Balcanização, urgente! Antes que a Nomenklatura reaja e o mande para a Sibéria. Antes que a Europa do leste seja submetida à tétrica paz da Praça da Paz Celestial. Estamos vivendo, sem dúvida alguma, um crucial momento histórico.

A Europa testemunha hoje o estertor de suas mais desvairadas utopias. Lástima não mais estarem entre nós homens como Camus, Gide, Orwell, Koestler, Raymond Aron. Foram caluniados, julgados e condenados em vida, pelo crime então imperdoável de denunciar as tiranias travestidas de humanismo. Pena não estarem vivos Sartre, Simone, Aragón, Neruda. Para pelo menos assistirem a débâcle da ideologia que norteou suas vidas.

O problema é que muitos outros continuam vivos, particularmente na América Latina, onde mesmo na era das comunicações os epitáfios costumam chegar com pelo menos uma década de atraso. Aconteça o que acontecer no império moscovita, nossa intelligentsia precisará ainda de mais algumas décadas para descontaminar-se.

Entre os muitos livros que deveriam ser traduzidos no Brasil - mas não o foram, dada a censura onipresente dos ditos intelectuais de esquerda - está Le Dieu des Ténebres, antologia que reúne depoimentos de escritores que um dia militaram nas fileiras de Moscou, para logo abandoná-las, ao intuir a essência totalitária do marxismo. O livro foi publicado em 1950, em Paris. Entre os vários depoimentos, transcrevo estes trechos do escritor italiano Ignazio Silone:

"A verdade é que minha saída do Partido Comunista constituiu para mim uma data muito triste, um grave luto, o luto de minha juventude. E eu venho de um país onde se porta luto por mais tempo que alhures. Não nos libertamos facilmente de uma experiência assim intensa como a vivida na organização comunista. Dela sempre subsiste qualquer coisa que marca o caráter pelo resto da vida. Vejam, aliás, como são facilmente reconhecíveis os ex-comunistas. Eles constituem uma categoria à parte, como os padres apóstatas e os ex-oficiais de carreira. Hoje, o número de ex-comunistas é legião".

Silone assinava tais declarações há quatro décadas. Como estamos na América Latina, e longa é a jornada de um fanático até o entendimento, passo de novo a palavra ao italiano:

"A luta final terá lugar um dia entre os comunistas e os ex-comunistas, disse certa vez a Togliatti. Esta afirmação deu lugar a diversas interpretações. No entanto, o sentido que eu lhe atribuía era simples. Será a experiência do comunismo, pretendia eu dizer, que matará o comunismo. Assim sendo, não excluo que o golpe de misericórdia lhe venha da Rússia. Que acontecerá quando os milhões de pessoas de retorno dos campos de trabalho forçado na Sibéria possam livremente falar?"

Silone enganou-se, ao que tudo indica, quanto aos milhões que voltariam dos gulags: raros foram os que de lá voltaram. Mas milhões são os que hoje querem fugir do imenso gulag comunista ou, pelo menos, transformá-lo em um mundo habitável.

Marx morreu, caríssimos. E luto está completamente fora de moda.

* A União Soviética morreu dois anos depois, aos 26 de dezembro de 1991.


(Porto Alegre, RS, 01.10.89)

SOCIALISMO REAL por Renato Sant'Ana. Artigo publicado em 17.06.2017



A notícia saiu no bem informado Site Diário do Poder. Um diretor da estatal venezuelana PDVSA (a Petrobras de lá), passou por Paris como um sheik. Na capital francesa, alheio à miséria que infelicita a Venezuela, hospedou se no hotel Four Seasons George V e, só em vinhos finos, gastou
uma obscenidade.

Em um canto da adega do hotel, aberta a visitação, ficaram dezenas de garrafas vazias de Petrus, um dos vinhos mais caros do mundo, todas esvaziadas pelo marajá bolivariano. A garrafa de Petrus custa no mínimo US$4 mil (equivalentes a R$13 mil). Mas ele entornou o que havia de mais caro: uma garrafa de Petrus magnum de R$120 mil. E, a julgar pela quantidade, não terá bebido sozinho: entre as garrafas vazias havia várias magnum (1,5 litro).

Que há de estranho? Nada. Em todos (TODOS!) os países em que se esboçou o socialismo é igual: luxo, ostentação, esbanjamento (do dinheiro dos outros!), eis a conduta típica da elite burocrática do socialismo. Nada de inusitado há, pois, em que um apaniguado do regime chavista haja
optado por hospedar-se no George V, cuja adega é tida por uma das mais completas do mundo, com mais de 50 mil garrafas consideradas "preciosidades".

Mas quem é o indigitado socialista? Por ora, ninguém saberá seu nome. O atencioso funcionário do Four Seasons George V conta a história, mas não revela quem é o privilegiado. A menos que o acaso favoreça a sagacidade
de algum jornalista, o nome desse agente da revolução bolivariana permanecerá como segredo do regime.


Aliás, o jornalista que desvendar a treta correrá o risco de levar uns tabefes. Em junho de 2015, o repórter Yasar Anter, da agência Dogan, flagrou Antonio Castro Soto del Valle (filho do ditador cubano Fidel Castro, socialista icônico) gozando férias como um potentado - alheio à
pobreza de seu país. Em Bodrum, na Turquia, aonde chegou em um iate alugado em Mykonos (charmosa ilha grega), Castro pagou, para seus 12 acompanhantes, cinco suítes de um resort cuja diária custava US$ 1 mil. Por causa do flagrante, o repórter acabou tomando porradas de um guarda-costas daquele príncipe da revolução cubana.

Afinal, o que é que vale, o socialismo real ou o do devaneio dos militantes? Até hoje, em todos os lugares, o socialismo manteve um padrão: liberdade de imprensa inexistente, poder concentrado nas mãos do partido único, população empobrecida, uma elite improdutiva que vive do bom e do melhor, e repressão violenta a quem questiona os abusos do regime. Daí, fica difícil saber se é sincera ou cínica uma declaração como, por exemplo, a da ex-deputada Luciana Genro, que diz que o socialismo não deu certo até hoje porque, segundo ela, "os outros" não entenderam o que Marx falou, mas vai dar certo quando o seu partido (Psol) assumir o poder. Ora, uma cinquentona com discurso de colegial...



* Psicólogo e Bacharel em Direito.


Postado por Jorge Serrão no Alerta Total
http://www.alertatotal.net/2017/06/socialismo-real.html