“Dos amores passados é sempre mais saudável se lembrar dos beijos que das guampas.” (Climério)
domingo, 11 de março de 2018
RATOS
Os ratos atacam a família. Os ratos atacam o bolso
dos cidadãos. Os ratos atacam o ensino de qualidade. Os ratos bloqueiam a porta
que leva ao futuro e à modernidade. Os ratos roem as bases das instituições
democráticas. Os ratos urinam e defecam sobra a Constituição. Os ratos têm
muito espaço na mídia, não deveriam ter, pois já sabemos e estamos cansados de
tanto rói e rói. Ou destruímos os ratos ou eles destruirão o pouco que nos
resta.
CONFINS
Casinha de sapê nos confins.
-Toc!Toc!
-Quem bate?
-Dias Toffoli.
-Valha-me Deus! Antes fosse a morte!
O CONSELHO DOS SÁBIOS
2.099. Os homens mais sábios do planeta se reuniram em Genebra na Suíça para decidir qual deles era o mais sábio para presidir o conselho que governaria o planeta terra dali por diante. Todos se apresentaram como candidatos e fizeram suas explanações dando mostras de suas ideias. Após um mês de árduos debates ainda não haviam encontrado um nome de consenso e quando a palavra “burros” foi dita no plenário. Acendeu-se uma chama de ira e todos se engalfinharam com sangue nos olhos usando facas e estiletes, já que armas de fogo eram proibidas. Não sobrou um só dos sábios vivo. Dona Cleusa que cuidava do cafezinho tomou posse da cadeira presidencial vazia dizendo: É cum eu!
MARIA
Maria
não queria João, queria Paulo. O pai de Maria não queria Paulo, queria
João. Maria mulher objeto desejava ter amor,
voz, vida, luz, liberdade. A mão pesada dos costumes desceu sobre Maria que
soluçava pelas noites geladas na solidão da cama, desenhando no chão de areia
pássaros livres, tentando resignar-se com seu destino e aceitar o determinado
pelo pai. Porém algo dentro dela era mais forte, pois corria por suas veias o
sangue da insubmissão e do desejo de todos os mortais de ser feliz. Os dias de
Maria eram de tristeza, sabendo que o futuro lhe reservava a mesma vida
inglória de diversas outras Marias de sua aldeia. Então quando teve certeza que
nada mudaria o contrato acertado da troca de uma mulher por cabras e algum
dinheiro, foi ao rio. Lá calmamente se deixou levar pelas águas, entrando num
transe de paz, conquistando a liberdade tão almejada.
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