sábado, 20 de maio de 2017

SÍLVIA, A LESMA

Silvia era uma lesma madura grudenta nojenta que vivia solitária num quintal minado de folhas caídas. Podemos dizer que vivia sem problemas. Porém um dia aconteceu de ver-se num espelho quebrado e ficou horrorizada com sua aparência. Entrou em parafuso.  No ápice do desespero acabou por suicidar-se entrando dentro de um saleiro.


MUNARO

Munaro era um homem pequeno que se tornou triste. Viúvo recente, não tinha mais prazer na vida. A depressão foi tomando conta do pequeno corpo dele; os remédios não o ajudaram. Por fim, no último domingo ele deu cabo da vida se enforcando num bonsai.

TRAÇO

A traça solteira pegou uma caneta e fez um traço. Pronto, arranjou um marido.

DESAFOROS

Nemésio é um homem mui bravo que não leva desaforos para casa, de jeito nenhum. Deixa os desaforos sempre na casa da sogra.

ANASTÁCIO E SATANÁS

Anastácio é muito forte, corajoso e adúltero. Na verdade mais forte que adúltero. Certa noite ao se levantar para ir ao banheiro foi interceptado no corredor pelo próprio Satanás cuspindo fogo e dizendo com sua voz rouca que veio buscá-lo. Anastácio deu-lhe um tranco e levou o dito até a cozinha. Lá tapou a boca do maldito com fita adesiva, colocou rolhas nas narinas e ouvidos. E para completar o serviço enfiou na bunda do safado uma espiga de milho. E perguntou para ele rindo: “E agora, cabra vermelho, vais soltar labaredas por onde?

SONHOS

Heraldo foi dormir cheio de sonhos. Acordou com a cama infestada de formigas.

OLAVO

Olavo sempre descontente, bufando infeliz pelos cantos, bebendo e jogando. Com trinta e cinco anos não havia ainda se encontrado; lugar algum era o seu lugar. Nada estava bom, azedume para dar e vender.  Finalmente aos quarenta anos ele se encontrou, porém não deu certo, pois aí ele já era outro. Foi assim que Olavo morreu caduco.

PERU INÁCIO

Dezembro estava chegando e o peru Inácio não queria morrer. Rezava que rezava para ser poupado nas festas de natal e novo ano. Já não dormia mais, sua angústia era visível. Suas colegas galinhas tentavam consolá-lo dizendo que a vida é mesmo assim; hoje uns e amanhã outros. O galo médico receitou até um ansiolítico. O padre Bode João rogava-lhe que tivesse esperança. Inácio olhava para o ceú azul e não sentia nenhuma alegria, sua única visão era ele bem bronzeado sobre uma farta mesa, rodeado de arroz, saladas e de pessoas embriagadas. O caso é que dezembro chegou e o bom Inácio foi ao forno. Ficou bem moreninho como ele mesmo imaginara; sem dúvida um belo peru. As galinhas amigas agora rezam por sua alma orientadas pelo Bode João.

UM HOMEM, UMA CADEIRA

Um homem, uma cadeira. Vinte anos se passaram.  Um homem, uma cadeira, um cargo. Um homem, uma cadeira, muitos conchavos, muitas mordomias e desvios. Uma cadeira, uma bunda colada, um sindicalista. Pois foi necessária uma junta médica para destronar o sacripanta. E houve choro e ranger de dentes, também presentes algemas e um delegado. Restou uma cadeira vazia aguardada por nádegas ansiosas.


“O nosso país é comandado muito mais por excrecências do que por excelências.” (Limão)
“Acho que está na hora de mudar. Que tal cédula de papel e candidatos eletrônicos programáveis?” (Limão)
“É pelo andar da carruagem que se conhece os cavalos e que as costas ficam doloridas.” (Limão)
“Para deixar de ser um nada é necessário se esforçar bastante. É preciso deixar uma marquinha sua nesta vida.” (Limão)

“Tem gente que acha que sentado no sofá criando bunda vai chegar a algum lugar.” (Limão)


E NÃO ADIANTA CHORAR

O Brasil está assim que tá
E não adianta chamar a mãe
O melhor que se faz é abandonar certas bandeiras
E olhar com mais atenção para o passado dos homens que ganharão sua confiança em 2018.

O ASCENSORISTA

Naquele fim de tarde de sexta-feira o elevador dois do Edifício Gimenez estava lotado, inclusive com um padre e dois pastores evangélicos. Silêncio entre os presentes e ninguém notou o novo ascensorista que hora se apresentava. O elevador subia e descia e não parava em nenhum andar. Interpelaram o trabalhador que disse estar com um pequeno problema que logo seria resolvido. Por alguns minutos ninguém reclamou, mas depois... Após muitas indas e vindas reclamações, o elevador parou num andar não visualizado no painel, a porta se abriu e todos caíram diretamente no fogo do inferno. O ascensorista era o próprio Satanás Ferreira que resolvera começar o final de semana com uma brincadeirinha, digamos, bem quente.

HERBERT E A MORTE

Herbert era um grande mágico. Tão bom que por mais de uma centena de oportunidades enganou a morte quando ela veio para buscá-lo. Foram tantas vezes que a morte desistiu de levá-lo, cansou-se. Desde então Herbert vaga pelo mundo sem descanso. Aquilo que poderia ao olhar superficial ser uma dádiva, tornou-se um fardo duro de carregar. Herbert ainda vaga por aí, saturado da vida, esperando que a morte reconsidere.

A ASSOCIAÇÃO DOS MALUCOS REUNIDOS DO BRASIL

A Associação de Malucos Reunidos do Brasil convida seus membros para o primeiro encontro nacional da entidade que reunirá todas as categorias de malucos. Informamos de antemão que não será permitido no evento que doidos se façam de normais, com isso constrangendo os demais membros. Informamos também que baba ovos de trigais e milharais desenhados como se fossem por ETs serão corridos, pois é um evento de malucos e não para pessoas com dificuldade de raciocínio. O encontro será em local incerto e não sabido em data que não será divulgada, pois tememos a infiltração de normais e de loucos não assumidos.

Assinado: O presidente anônimo


“Sou muito emotivo. Quando uma mulher bonita me joga um beijo eu desmaio.” (Assombração)
“Algumas mulheres lindas saem comigo somente para realçar ainda mais as suas formosuras.” (Assombração)


“As beldades só fogem de feio pobre.” (Assombração)
“Antes feio livre que bonito encarcerado. Corrupção, estou fora!” (Assombração)
“Estou uma mulher mais feia do que eu. Ao acordarmos não sei quem se assusta mais.” (Assombração)
“Lá em casa não temos o bom, o mau e o feio. Só o feio.” (Assombração)
“Quando eu nasci a minha avó beata queria me exorcizar com solvente. Fui salvo por uma vizinha ateia.” (Assombração)
“Feio serei até morrer. Mas quero ver se escapo da pecha de burro.” (Assombração)

ESTÁ DE MATAR

Ter uma horinhas de sossego, pois a política está de matar. E luz que é bom no fim do túnel, só de velas.