terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

CONTRABALANÇANDO


A cachorrinha da dona Cleusa saía todo dia de sua casa e ia elegantemente fazer seu cocô matinal na grama limpa e verde do vizinho. Reclamar ele reclamou, mas seus apelos foram em vão. Era um homem gentil, detestava discussões e intrigas. Digamos que era um cavalheiro. Com o tempo achou que o negócio tinha passado dos limites. Resolveu ele também comprar um animalzinho de estimação para contrabalançar. Não foi fácil, mas conseguiu. E assim toda manhã ele saía de casa com seu elefante de estimação para fazer cocô no belo gramado do vizinho.

Renato Sant'Ana - Criminalidade e sistema penal falido

Renato Sant'Ana - Criminalidade e sistema penal falido


               Duas notícias de 12/02/20 sintetizavam a falência de nosso sistema penal: seguiam desaparecidos há sete meses seis bandidos que, embora presos em flagrante com toneladas de droga, foram liberados; e o traficante mais perigoso do RS estava solto, havendo cumprido apenas pequena parte dos 74 anos de cadeia a que é condenado.
          Lembrando. Em 10/07/19, seis criminosos que guardavam um depósito com 4651 kg de Maconha foram presos em Porto Alegre pela Brigada Militar. Aí, na audiência de custódia, eles alegaram ter levado uns tapas da polícia. Bastou para que a juíza plantonista, Lourdes Helena Pacheco da Silva, considerasse ilegal a prisão, mandando soltar os rapazes...
          Horas mais tarde, instada pelo Ministério Público, outra juíza, Vanessa Gastal de Magalhães, mandou prendê-los de novo, porque não havia dúvida quanto à prática do crime e porque eventual excesso da polícia não os transformaria em inocentes - óbvio!
          Com a cortesia de praxe, repeliram o desvario da plantonista o comandante do 11° BPM, tenente-coronel André Ilha Feliú, que afiançou a lisura da operação policial, e o diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico, delegado Vladimir Urach. Para ambos, a extravagância da decisão obriga a polícia a trabalhar dobrado.
          Ah, mas a plantonista mandou os travessos darem as caras uma vez por mês no fórum, não saírem da comarca sem autorização legal, voltarem para a casa à noite e comprovarem endereço residencial. Mas eles não deram bola à doutora. E a notícia é que, há sete meses, eles estão foragidos.
          No segundo caso, a Brigada Militar deteve o traficante Juraci Oliveira da Silva (o Jura) portando uma pistola 9 milímetros. Aí se soube que ele estava solto, em que pese ter longa pena a cumprir por homicídio e tráfico de entorpecentes.
          Lembrando. Jura é apontado como o patrão do tráfico no Campo da Tuca, zona leste de Porto Alegre, e provável maior distribuidor de drogas na capital gaúcha. Em 1999, ele foi condenado a quase 30 anos de prisão. Em 2009, saiu da cadeia para o semiaberto (albergue prisional Pio Buck). E aproveitou para fugir. Só foi apanhado um ano depois, no Paraguai.
          De volta ao Brasil em 2010, foi para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC). E aproveitou para fazer parceria com José Carlos dos Santos (o Seco), que já estava lá. Seco se notabilizou por comandar espetaculares ataques a carros-forte e pela frieza com que matava para roubar. Juntos, eles passaram a planejar ações criminosas a serem executadas por seus comparsas nas ruas.
          Em 2015, Jura foi julgado por dois homicídios triplamente qualificados que ele ordenou de dentro da cadeia. E, mesmo reconhecendo a existência dos crimes e a autoria do réu, o júri o absolveu. Durante esse julgamento, ele admitiu que seguia comandando a venda de drogas de dentro da FASC. E não consta que haja deixado de ser o patrão do Campo da Tuca.
          Em 29/01/20, Jura foi de novo para o semiaberto por ter "conduta carcerária satisfatória" (sic!), mesmo acumulando condenação a 74 anos de cadeia. E foi novamente preso pela Brigada Militar em 12/02/20.
          É a realidade: um sistema penal incapaz de coibir a sanha daqueles que, sem escrúpulos nem compaixão, escolhem o caminho do crime. E como negar que esse quadro ficou imensamente mais grave nas últimas três décadas?
          Com a chancela da Constituição de 1988, vigora no país uma paródia da dispensável teoria de Luigi Ferrajoli, o dito "garantismo penal", que mantém um discurso de legitimação do crime e ignora dois pressupostos inelutáveis: (a) todo ato criminoso é uma escolha; (b) é função do Estado reprimir a criminalidade, vindo a proteção da sociedade muito antes do interesse do transgressor.
          Eis, em última análise, o reflexo da miopia hermenêutica que predomina nos cursos de Direito e faz a cabeça de novos juízes, promotores, advogados, etc. Sendo que poucos conseguem revisar as crenças adquiridas na faculdade e desenvolver um pensamento autônomo.

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

ESTUDANTE DE MEDICINA PRESA COM 20 KG DE COCAÍNA

Mulheres bandidas presas com 20 quilos de cocaína na BR 386. Uma delas estuda Medicina no Paraguai


Policiais rodoviários federais prenderam duas criminosas hoje à tarde, em Sarandi, no Norte gaúcho. 

Com elas os agentes encontraram mais de 20 quilos de cocaína, escondidos no tanque de combustível de um veículo Gol, com placas do Paraná.

O carro era conduzido pela filha do proprietário do automóvel, uma paranaense de 21 anos que estuda Medicina no Paraguai. 

A passageira catarinense de 19 anos é estudante do ensino médio. Os policiais suspeitaram da atitude da dupla durante a abordagem e realizaram uma fiscalização minuciosa. Ao verificarem o veículo, os agentes encontraram indícios de adulteração na tampa do tanque de combustível. Ao abrirem o reservatório, localizaram os tabletes de cocaína. As duas traficantes foram presas em flagrante e recolhidas ao presídio.


BLOG DO POLÍBIO BRAGA

SÍLVIO

SÍLVIO


O pensamento em fogo de altas labaredas. O vento forte, o mar revolto, sentado na ponta do trapiche um Sílvio sem forças. Suas lágrimas misturadas ao sal, o frio que doía bem menos que o tridente cravado em seu coração. Sem rumo, sem foco, sem nada, esperando o tempo ficar velho. Então acobertada por uma chuva formidável, veio navegando sobre uma onda brava uma bela sereia. Toda cheia de encanto e ternura carregou Sílvio em seus braços mar adentro, levando ele para o recanto da eterna mansidão.

DONA MEIGA

DONA MEIGA


Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era Dona Meiga. Vivia da lavoura e nas horas de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar entrando pra bala.

"Boca fechada não fala asneira e não engorda por comer moscas."


“ É fato que os canalhas possuem uma grande torcida. “


“”Todo homem que diz não ter preço é o mesmo que está em liquidação.”