quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

“Falam mal da segunda-feira, mas é no domingo que o exagero estraga a nossa saúde.” (Mim)

“Eu deveria caminhar mais. Mas desanimo quando vejo tanto gordo caminhando.” (Fofucho)

“Meu pai era um homem realista. Nunca esperou nada de mim.” (Climério)

“Minha mãe queria que eu fosse padre. Tornei-me um podre.” (Climério)

“Por enquanto só estou malhando o cérebro.” (Fofucho)

Rodrigo Constantino- O lápis: uma “milagrosa” conquista da humanidade

“Se o indivíduo busca satisfazer seu próprio interesse num contexto de respeito à propriedade privada e às trocas efetuadas no mercado, estará fazendo o que a sociedade espera que ele faça.” (Mises)
Uma das obras mais famosas do criador da Foundation for Economic Education (1946),Lenonard Read, é “I, Pencil”. Um trabalho curto, de linguagem simples, mas com uma mensagem brilhante. A obra ganhou maior visibilidade através da divulgação pelo Nobel em economia, Milton Friedman. Tentarei passar pelos principais pontos da obra, de forma simplificada.
Peguem um lápis simples, aquele ordinário pedaço de madeira, com uma grafite em uma ponta e uma borracha presa a um metal na outra extremidade. Utensílio comum, familiar a todos aqueles que sabem escrever e ler. Esse simples objeto, que ninguém parou para refletir sobre suas nuanças, contém mais informação do que se imagina. Sua estória é interessante, e ele contém mais mistério que muitos acontecimentos naturais, apesar de todos o tomarem como algo dado e pronto. O lápis simboliza uma “milagrosa” conquista da humanidade, justamente por ser tão complexo e simples ao mesmo tempo, sem falar da incrível utilidade.
Em primeiro lugar, será que o lápis é tão simples mesmo? Talvez seja espantoso, mas nenhum indivíduo da Terra sabe como fazer um lápis! Da mesma maneira que ninguém consegue avançar muito em sua árvore genealógica, seria impossível nomear e explicar todos os antecedentes do lápis. Sua família começa de fato numa árvore. Mas daí em diante, imagine todas as pessoas envolvidas nas infinitas habilidades de fabricação do aço e as máquinas necessárias para fazê-lo, nas minas de minério necessário para a grafite, em todos os mecanismos de extração, logística, residência para os trabalhadores etc. A lista seria infindável, pois estamos falando de todo o processo evolutivo da humanidade. O lápis é somente o produto final após um longo processo produtivo, envolvendo milhões de pessoas e séculos de progresso.
Agora ficou mais claro que ser humano algum é capaz de produzir sozinho um simples lápis. Na verdade, milhões de indivíduos tiveram participação em sua criação, sendo que ninguém sabia muito mais que outros no processo. Trata-se de um acúmulo de informações infinitas, onde ninguém sozinho foi capaz de influenciar muito mais em know-how que qualquer outro, se contemplado a totalidade do processo desde os primórdios.
E agora vem o mais importante: esses milhões de indivíduos envolvidos indiretamente e inconscientemente nesse processo não sabiam ex ante da criação final do lápis. Estavam apenas lutando para trocar seu pequeno conhecimento específico pelos bens e serviços que demandavam. A criação do lápis não havia sido planejada, ela simplesmente ocorreu! E por trás dessa bela criação estava nada mais que os desejos individuais de cada pessoa, mesmo que o produto final seja de uma utilidade incrível para a humanidade.
Há na criação do lápis uma total ausência de um master mind, um idealizador ou criador único que teria concebido sua idéia. Na verdade, o que “fabricou” o lápis foi uma “mão invisível”, e isso o torna tão misterioso. Da mesma forma que ninguém pode fazer uma árvore, ninguém poderia fazer um lápis sem esta “milagrosa mão invisível”. E o lápis não passa de uma combinação de milagres, sendo que a árvore, zinco, cobre, grafite e outras coisas naturais não são mais extraordinários que a configuração da criativa energia humana. Os esforços individualistas de cada agente acabam sendo uma grande criação coletiva da humanidade, que não precisou ser imposta por uma cúpula de sábios.
Uma vez cientes desse “milagre” que é a criação de um simples lápis, fica mais claro porque é tão importante salvarmos a liberdade individual. Precisamos deixar essa “mão invisível” atuar, sem grosseiras intervenções de um centro de poder, leia-se governo. Através dos interesses individuais de cada ser humano, que utilizará seu conhecimento limitado naturalmente, teremos automaticamente arrumado a humanidade num criativo e produtivo padrão em resposta às necessidades e demandas de cada um. Para isso é condição sine qua non a existência da fé em pessoas livres, não em um “messias” clarividente. O capitalismo liberal é a organização espontânea da sociedade, diferente da tentativa imposta de cima para baixo, do socialismo.
Quando o governo assume o monopólio de diversas atividades, as pessoas passam a assumir, sem questionamento, que essa tarefa seria impossível de ser realizada de forma livre pelos indivíduos. A razão é evidente: cada um reconhece que não seria capaz de realizar aquela tarefa sozinho. Mas nós já sabemos disso, e o que torna um processo factível não é seu conhecimento individual, mas sim o somatório de milhões de pequenos conhecimentos. Basta confiar nos indivíduos, e dar liberdade para eles. O resultado será muito mais eficiente.
Compare-se isso com o que aconteceu na antiga União Soviética. A Gosplan, um dos infinitos aparatos estatais do Partido Comunista, tinha a árdua tarefa de administrar o preço “justo” de milhares de itens, incluindo diversas commodities. Eram inúmeros modelos econométricos super complicados, tentando prever a oferta e demanda ao mesmo tempo que fixando o preço. Isso é simplesmente impossível. Conseguiram fixar o preço artificialmente e limitar a oferta devido a falta de incentivo à produção, mas não terminaram com a demanda, natural do homem. O resultado foi uma escassez generalizada, levando a população ao desespero. Tudo isso por tentarem controlar um processo que deveria ser natural.
Todo tipo de planejamento rígido focando no futuro distante estará fadado ao insucesso, por basicamente dois motivos: 1) a natureza não é constante, mas está em pleno avanço e mutação; 2) nem mesmo se fosse possível juntar todo o conhecimento disponível hoje em um único indivíduo, ele seria capaz de antecipar tais mutações. Agora imaginem juntar apenas o conhecimento de umas dezenas de burocratas para definir o futuro de toda uma nação! O caminho correto para o progresso da humanidade pode ser encontrado na criação de um simples lápis: deixar que a “mão invisível” faça seu milagroso trabalho. *
* Em How the West Grew Rich, Nathan Rosenberg e L. E. Birdzell mostram que a principal causa da riqueza ocidental reside na difusão de poder, na sua descentralização, permitindo que houvesse autonomia, diversidade e experimentação dos novos produtos. Os incentivos que recompensam os acertos e punem os erros foram fundamentais, assim como esta liberdade de experimentar o novo. O processo eficiente de organização exige adaptações, através das tentativas e erros. O planejamento central é justamente o oposto disso, tornando o processo rígido. Seu apelo deriva, além do fator corrupção, de sua simplicidade, persuadindo os políticos que acreditam ter descoberto uma fórmula mágica para o crescimento. Um motivo xenófobo se faz presente também, com a idéia de que os estrangeiros não poderão lucrar com o desenvolvimento nacional. No entanto, o fracasso do planejamento central é inevitável, pois o sistema econômico passa a ser como uma máquina sem vida, sem a capacidade interna de mudar, se adaptar, crescer e moldar seu próprio futuro. O crescimento depende dessas características, possíveis num organismo vivo que reage a incentivos e conta com a flexibilidade adequada para se adaptar.
Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

Instituto Liberal-“Minha Formação”: o legado de Joaquim Nabuco

De Lucas Berlanza

Quando se vê defrontado pela crise moral e institucional de nossos tempos, o cidadão brasileiro realmente interessado nos rumos do país se vê carente de referências nacionais de valor. A descaracterização mal-intencionada de nosso passado, promovida em materiais didáticos e pregações políticas rasteiras, é a grande culpada por isso. O Brasil, ainda belo e admirável aos olhos, mas sofrendo os extremos efeitos de um processo de anos de propositada confusão e imoralidade, já foi berço de gigantes, de figuras extraordinárias, de que não podemos esquecer. Nas páginas de “Minha Formação”, seu livro de memórias e reflexões, podemos penetrar a intimidade de um dos maiores brasileiros de todos os tempos: Joaquim Nabuco (1849-1910).
O diplomata, político e jurista, formado na Faculdade de Direito do Recife, deixou para a posteridade, além do legado inquestionável da campanha abolicionista – cumprindo papel fundamental na eliminação de uma das mais tristes páginas da história brasileira, a escravidão –, em que se portou como incansável guerreiro da liberdade, as páginas que expressam sua genialidade e permitem dividir com os patriotas de hoje as preocupações do construtor de ontem. Afinal, tal como José Bonifácio e outros valorosos nomes, Nabuco é um construtor do Brasil. Construtor de uma realidade, de um país onde as mais diversas etnias passam a conviver sem uma sujeição de amparo legal de umas perante as outras – ainda que as medidas de nosso atual governo tentem promover divisões artificiais -, e construtor de um sonho – um sonho ainda não realizado, de fazer do Brasil uma nação avançada, próspera e consciente de si. “Minha Formação”, que reúne anotações de Nabuco sobre sua trajetória de vida até 1899, é um livro que não apenas informa. Ele inspira, emociona, faz o leitor se sentir motivado por viver no mesmo torrão em que uma alma como aquela deu seus luminosos primeiros passos.
Politicamente, Nabuco se define como um “liberal inglês”. “Quando entro para a Câmara” diz ele, “estou inteiramente sob a influência do liberalismo inglês, como se limitasse às ordens de Gladstone; esse é em substância o resultado de minha educação política: sou um liberal inglês – com afinidades radicais, mas com aderências whigs – no Parlamento brasileiro; esse modo de definir-me será exato até o fim, porque o liberalismo inglês, gladstoniano, macaulayiano, perdurará sempre, será a vassalagem irresgatável do meu temperamento ou sensibilidade política”. Em um cenário nacional monárquico dividido em dois grandes partidos, os chamados Partido Conservador e o Liberal, Nabuco esteve no primeiro e terminou a vida pública no segundo, e teceu considerações elogiosas a figuras de ambas as legendas.
Ao ler as páginas de “Minha Formação”, a experiência é em alguns aspectos similar à de ler “Reflexões sobre a Revolução na França”, de Edmund Burke, a quem Gladstone, referenciado por Nabuco, muito apreciava; ambos são confessos monarquistas, sem avançar em que determinadas formas empíricas de governo sejam essencialmente superiores a outras, mas compreendendo a importância da prudência, da adequação de princípios abstratos às experiências históricas e realidades concretas de cada povo e lugar.  E Nabuco conhecia bem o espírito anglo-saxônico, fornecendo observações bastante pessoais sobre a Inglaterra e os Estados Unidos.
Nas linhas de Nabuco sobre a Família Real, como no famoso trecho de Burke a respeito da rainha de França, encontra-se o mesmo cavalheirismo, a mesma elegância, o mesmo “romantismo” que, particularmente, nos parece, a despeito de qualquer limitação que possa ter, algo sedutor e comovente. A mesma aversão a radicalismos destrutivos e ânsias por rupturas bruscas, típica do que alguns convencionaram chamar de conservadorismo político moderno, dá as caras em ambos. Isso motivou Nabuco a se manter sempre afastado dos anseios republicanos que insuflaram algumas correntes de sua geração.
Qualquer que seja a nossa visão sobre tudo isso, porém, o abolicionismo é maior que qualquer outro elemento em sua vida. Ele próprio reconhece que “a feição política tornar-se-á secundária, subalterna, será substituída pela identificação humana com os escravos e esta é que ficará sendo a característica pessoal, tudo se fundirá nela e por ela. Nesse sentido é a emancipação a verdadeira ação formadora para mim, a que toma os elementos isolados ou divergentes da imaginação, os extremos da curiosidade ou da simpatia intelectual, os contrastes, os antagonismos, as variações de faculdades sensíveis à verdade, à beleza, que os sistemas mais opostos refletem uns contra os outros, e constrói o molde em que a aspiração política é vazada, e não ela somente, a inteligência, a imaginação, os próprios sonhos e quimeras do homem”. Libertar os escravos, tornar todos os habitantes do Brasil efetivamente seus cidadãos, tornou-se a causa da vida de Joaquim Nabuco. Com sua elogiosa oratória, sua bagagem cultural vasta e sua sensibilidade notável – e, nas páginas de “Minha Formação”, entramos em contato com um pouco de cada uma -, ele foi até o Vaticano se encontrar com o papa para pedir um manifesto contra a escravidão, o que relata em detalhes.
É imperioso revolvermos os porões do passado e encontraremos a ordem liberal sendo defendida por grandes figuras de nosso país, que conhecemos apenas de nome e, muitas vezes, são mencionadas e homenageadas por cultistas de totalitarismos e extremismos que jamais contariam com seu aplauso. Joaquim Nabuco é nome de ruas, é figura retratada em quadros e estátuas. No dia 2 de junho deste ano, foi inscrito no Livro dos Herois da Pátria. Uma das pouquíssimas atitudes positivas de nossa atual mandatária do Executivo, cujo nome não mencionaremos por julgarmos que não merece constar de um artigo em homenagem a um verdadeiro homem público, com todas as letras e “pingos nos is”. Nabuco faz parte do norte que precisamos revisitar, da inspiração que precisamos resgatar para colocarmos a bandeira verde e amarela em seu devido destino, em sua legítima direção.
Deixemos esse grande baluarte nacional da liberdade nos brindar com uma perfeita síntese de sua própria vida:
“Qualquer que seja a verdade teológica, acredito que Deus nos levará de algum modo em conta a utilidade prática de nossa existência e, enquanto o cativeiro existisse, estou convencido de que eu não poderia dar melhor emprego à minha do que combatendo-o. Essa vida exterior, eu sei bem, não pode substituir a vida interior, mesmo quando o espírito de caridade, o amor humano, nos animasse sempre em nosso trabalho. A satisfação de realizar, por mais humilde que seja a esfera de cada um, uma parcela de bem para outrem, de ajudar a iluminar com um raio, quando não fosse senão de esperança, vidas escuras e subterrâneas como eram as dos escravos, é uma alegria intensa que apaga por si só a lembrança das privações pessoais e preserva da inveja e da decepção.”
Pequenos que somos, que vejamos nessas palavras uma exortação para agir. Por pouco que façamos em nome da liberdade e dos bons princípios, intenso nos é o ganho, qualquer que seja a nossa crença, pelo menos para que nossos descendentes não nos vasculhem no passado e digam: eles nada fizeram. Joaquim Nabuco fez. E nós, faremos?

CARROSSEL DO ZECA DIABO- Pacotão com 13 ministros tem Cid Gomes na Educação e Wagner na Defesa

Kassab, Kátia Abreu, Eduardo Braga, Aldo Rebelo e Eliseu Padilha também estão na lista.
Lei mais...http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/dilma-anuncia-pacotao-de-ministros-jaques-wagner-vai-para-defesa-e-berzoini-para-comunicacoes