sexta-feira, 7 de julho de 2017

SOBRE A HUMANA ESTUPIDEZ

JANER CRISTALDO

Há muitas coisas no mundo que não entendo. Uma delas é porque as pessoas adoram viajar todas nas mesmas datas. Por trás deste apagão de aeroportos, obviamente estão a greve dos controladores do tráfego aéreo - que ninguém, nem mesmo a imprensa, ousa dizer que é greve -, a inépcia da Anac e da Infraero, o overbooking das empresas. Mas não podemos deixar de lado a estupidez do ser humano. Por que razões todo mundo tem de viajar ao mesmo tempo?

Ora, direis, boa parte das gentes tem só aquele período para visitar os seus. Pode ser. Mas há uma outra boa parte que poderia viajar em outros dias. Alguns objetarão: mas é Natal. Nada disso. Natal pode ser o pico dos deslocamentos ensandecidos. Mas eles acontecem o ano todo. Cada feriadão, o rebanho desce ao litoral. Percursos que normalmente podem ser feitos em uma hora são feitos em cinco. Não tenho visto ninguém reclamar. Ao que tudo indica, o cidadão já aceitou os desconfortos do ano todo. Só chia quando dá atraso em aeroportos.

A estupidez é universal. Não é exclusividade do Brasil. Em toda a Europa, no começo da temporada oficial de verão, a carneirada se lança nas aerovias, ferrovias e estradas, sem preocupar-se com engarrafamentos. É a época ideal para os serviços de transporte entrarem em greve. Se alguém acha que os controladores do tráfego aéreo no Brasil estão sendo originais, em muito se engana. É que só agora descobriram que podem parar o país todo.

Nunca falta quem me pergunte: para onde vais neste feriadão? Não vou para lugar nenhum. Nada mais delicioso que um feriadão em São Paulo. Um milhão e meio de carros sai da cidade. Isto significa, por baixo, três milhões de paulistanos. Sampa se torna silente e provinciana. É o bom momento de passear, curtir bares e restaurantes. Se a cidade se torna palatável quando saem três milhões de pessoas, a conclusão que se impõe é que em São Paulo há pelo menos três milhões de pessoas a mais.

Não entendo. Há pessoas que buscam o verão europeu, quando a Europa está tomada por milhões de americanos, japoneses, brasileiros. Os preços, tanto de passagens como de hotelaria, sobem. Hotéis, praias e trens estão lotados. Viajar se torna desconfortável, quase uma tortura. Mas os turistas vão em bandos. Há uma espécie de compulsão: se todo mundo está partindo, por que estou ficando?

O verão tornou-se uma praga que empesta qualquer país onde ocorra. Enfim, honra a quem merece. Os turistas parecem ainda não ter descoberto o verão frio, isto é, o verão boreal. Não é desagradável viajar pela Escandinávia no verão. Desde que você assuma o conceito de um verão cujas temperaturas podem chegar a 0 grau.

Quando voltei da Suécia, lá pelos anos 70, uma jornalista deslumbrada me perguntou:

- Janer, tu que viajaste, que coisas lindas e maravilhosas descobriste em tua viagem?

Respondi:

- Descobri que a estupidez é universal.

Ela quase se engasgou com o microfone e me pediu para repetir. Repeti:

- Descobri que a estupidez é universal.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

QUANDO UM AMIGO SE VAI

Quando um amigo se vai
É uma estrela que se apaga
Mesmo não querendo
E procurando entender
A gente sofre
Mais doloroso ainda
É quando ele parte
Assim de repente
Surpreendendo a sua gente
E deixando tantos sonhos pelo caminho.

NADAS

Somos insignificantes para o universo
Um nadas diante do todo
Mas diante de alguns valores da sociedade humana
Alguns serem se embriagam na fonte da vaidade
E vão construindo pela vida castelos de areia
Que se desmancham com o sopro da morte.

TRISTEZA NO CIRCO

Era um circo pobrezinho
De parcos recursos e lonas rasgadas
Não tinha animais em jaulas
Nem mesmo um velho leão desdentado
Sobrevivia de espetáculos de lutas e palhaçadas
Mas era um circo alegre
Porém um dia o circo pobre
Além de pobre ficou triste
Seu artista principal foi morto num bordel
Numa incrível covardia
Meus olhinhos de criança
Viram quando saiu o cortejo
Acompanhado por dois palhaços
E nenhuma multidão.

E AGORA?

Passava ele os dias brincando de estar vivo
Deixando o tempo correr solto
Porém desesperou-se diante do vazio futuro
Quando percebeu que o trem da vida já havia passado.

MESTRE YOKI

“Mestre, o que o senhor pensa da Dilma?”
“Não tenho opinião sobre humanos nulos.”

SATANÁS FERREIRA

“Não sou mau. Só queimo o que Deus me manda.” (Satanás Ferreira)

ALEXANDRE GARCIA- Flechas de bambu

Na semana passada, uma turma do Tribunal Regional Federal que jurisidiciona a Vara de Curitiba, absolveu o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que estava condenado a 15 anos pelo juiz Sérgio Moro, sob o argumento que delação premiada sozinha não é suficiente para condenar. Nesta semana, uma turma do Supremo recebeu denúncia e tem que decidir se Fernando Collor vira réu na Lava Jato. Há pouco mais de 20 anos, depois de tirado da presidência, Collor foi absolvido no Supremo por falta de provas. Na ocasião, os juízes decidiram que notícia de jornal não basta para condenar.

Este é um país que não aprende com seus erros. Agora o Presidente da República está sendo denunciado com base na delação super-premiada de Joesley Batista. Menos mal que a Constituição submete antes a denúncia a um juízo político, na Câmara de Deputado. Faz justiça à natureza de uma denúncia que é mais política e menos jurídica, com “falta de tempo para melhor elucidar”. Nesses estranhos tempos, o juiz do Supremo, Ministro Marco Aurélio, nada encontrando na Constituição que desse poderes ao ministro Fachin sobre mandato de parlamentar, manda desconsiderar a suspensão do mandato de Aécio Neves, antes decretada pelo relator. No entanto, Marco Aurélio votou com os outros 10 ministros, quando o Supremo retirou o mandato de Eduardo Cunha. Tempos muitos estranhos de desindependência de poderes.

Por sua vez, Rocha Loures foi solto pelo relator Fachin. Estava em prisão preventiva, para não alterar provas nem pressionar testemunhas ou obstruir a Justiça. Agora foi solto. Então, se foi solto, por que foi preso? Aliás, estranha a maratona do ingênuo Rocha Loures: do Il Barista, no Shopping Vila Olímpia, foi para o Pecorino, e depois para o estacionamento do shopping; de lá foi para os Jardins, na Pizzaria Camelo, e de lá saiu com a mala de rodinhas - e sempre havia um fotógrafo filmando e registrando tudo. Será que ele avisou o fotógrafo aonde iria? Por que não foi a Polícia Federal que registrou as imagens, inclusive do dinheiro sendo posto na mala? Isso me deixa cheio de dúvidas.

Meus amigos lembram que herdamos de Portugal usos e costumes. Na tourada espanhola, o touro morre; na lusitana, o touro sai vivo da arena. Mas parece que hoje em dia, inspirados por matadores profissionais de bovinos, queremos ver sangue na arena. Um procurador trocou a companhia de Janot pela companhia de Joesley, para cozinhar um acordo filé-mignon, em que um único juiz do Supremo, o relator, homologa perdão judicial que dá alforria aos Batista, que cresceram exponencialmente nos governos Lula e Dilma, anulando o preceito constitucional de lesão ou ameaça a direito não pode ser excluída de apreciação judicial. E o Procurador-Geral, animado, garante que “enquanto houver bambu, lá vai flecha”. Trump não diria melhor. E a Presidente do Supremo, despendido-se do semestre, diz que “o clamor por justiça, da sociedade brasileira, não será ignorado pela corte”. Pilatos ouviu o clamor popular, soltou Barrabás e crucificou Jesus. Vivemos tempos muito estranhos, à sombra das flechas.

PÓCRATES

“Antes ser um burro anônimo que uma cavalgadura famosa.” (Pócrates)

NONO AMBRÓSIO

“De tanto a velha encher o saco resolvi cortar a grama do quintal. Sobrou para o SAMU.” (Nono Ambrósio)


MIM

“O Brasil não poderia dar certo mesmo. Começou com portugueses e índias peladas na praia. Tudo para um bacanal, jamais um país.” (Mim)

LEÃO BOB

“A maioria dos leões são católicos. Já as hienas são evangélicas. Dá para perceber pelo barulho que fazem.” (Leão Bob) 

JOSEFINA PRESTES

“Por muitos anos vivi entre padres e pintos. Na verdade muito mais pintos do que padres.” (Josefina Prestes)

FOFUCHO

“Não se fazem mais mulheres como antigamente.  Nem lasanhas.” (Fofucho)

LIMÃO

“A disputa dos nossos políticos para ver quem é o mais ladrão está muito acirrada. Tem até ladrão turbinado.” (Limão)

EULÁLIA

“A minha família é toda feita de vadios imprestáveis. A única que trabalhou fui eu. Deitada, é certo, mas trabalhei.” (Eulália)

ERIATLOV

“A gentileza deve ser usada para os bons e pacíficos. Para os brutos e maus o melhor bom dia é o cassetete.” (Eriatlov)


DEPUTADO ARNALDO COMISSÃO

“Sou um homem de muito valor. Saibam todos que eu não me vendo por pouco.” (Deputado Arnaldo Comissão)

CLIMÉRIO

“A estatura moral de um homem não se mede pelo tamanho dos chifres.”  (Climério)

CHICO MELANCIA

“Ainda na minha juventude meu pai quando viu em mim grande  interesse pelo trabalho na horizontal. Então me comprou uma rede.” (Chico Melancia)

BILU CÃO

“Fiquei doente e colocaram o dedo na minha bunda. Não gostei!.” (Bilu Cão)

AVÓ NOVELEIRA

“Em casa de espeto o ferreiro sempre é de pau.”

FILOSOFENO

“É necessário filtrar informações para preservar o próprio bem-estar. Notícias de sangue são irrelevantes.” (Filosofeno)