sábado, 5 de julho de 2014

LAMA E DESERTO

Leonel Brizola estava em Natal (RN), em campanha para presidente. No palanque, o candidato do PDT abusava de figuras de linguagem:
- O Brasil está no atoleiro e precisa de alguém para tirá-lo da lama. Nesse dia Brizola parecia estar sem ideias e repetia, exaustivamente, que o Brasil estava “atolado na lama”. Um bêbado que assistia a tudo, sempre há um deles em comícios, gritou impaciente:
- O senhor, afinal, é candidato a presidente ou a trator?
Como estava mesmo sem inspiração, Brizola levou um bom tempo respondendo à provocação.
DP

Poeminha

ELA DISSE ADEUS

Passos na calçada na noite fria.
Cabisbaixo ser sem rumo
Troca de lado na avenida
Como se bêbado estivesse.
Vê movimento à sua volta,
Porém não distingue ninguém.
Na retina dos seus olhos
Há somente uma figura
Ali colada pela força da paixão.
Ele é quase um fantasma na madrugada
Digerindo em suas entranhas um adeus.
Nos seus olhos brilham lágrimas contidas
Sua pele está gelada
Seu coração está em chamas.
Mas seus ouvidos estão atentos ao telefone
Querendo mais do que nunca
Ouvir um chamado dela
Pedindo para ele voltar.
Como nada acontece
Ele abraça um poste
E libera suas lágrimas para o mundo
Enquanto no céu a lua o observa entristecida.

“Sou ateu, graças a Deus! (Climério)

“Uma boa dose de cultura é vacina contra charlatães.” (Filosofeno)

“Quebrado e carente, parentes ausentes.” (Mim)

Sou muito ruim em matemática. Posso dizer que sou um pequeno jumento. Meu cérebro é só imaginação. Tenho mais medo da matemática que da morte.

Outro mau exemplo de longevidade é Fidel Castro. Deveríamos estar comemorando o cinquentário da sua morte, mas o múmia ainda vive para atazanar a liberdade do seu povo.

Vida longa às vezes não quer dizer nada.Vejam só o Sarney,quase duzentos anos fazendo merda. Putz!

Nem todo dia acordamos bem humorados. Mas os outros não têm culpa.

“Parei de beber depois que durante um porre beijei uma vaca pensando ser uma vizinha minha.” (Climério)

“Os humanos são imbecis. Exageram no consumo de álcool num dia para no outro morrer de dor de cabeça.” (Bilu Cão)

O povo não deveria temer o capeta, esta figura inexistente. Deveria é temer os religiosos, seres que mexem nas suas cabeças e bolsos.

“Quando menino cantei uma vizinha. Ela topou. Sem saber o que fazer, corri! “ (Mim)

“Quando eu conto ninguém acredita. Eu tinha boas notas em Religião. Vai ver é porque não existiam aulas de impropérios.” (Mim)

“Tenho a boca suja. Minha mulher já tentou de tudo. Agora está experimentando uma mistura de thinner com soda.” (Mim)

“Algumas pessoas rezam para ir para o céu. Eu rezo para que nunca falte pudim.” (Mim)

Adoro frutos do mar. Porém os frutos do meu bolso não permitem que usufrua das delícias dos frutos do mar. Arre!

Gordo é fogo! A pipoca já é calórica, aí a gente acrescenta bacon para dar aquele sabor diferenciado.

Devemos ser parcimoniosos na bebericagem de refrigerantes. Mas o sujeito que não gosta de Coca-Cola e Guaraná deve ficar mesmo no chá de Carrapicho.

"Ser mãe às vezes é apodrecer onde deveria ser um paraíso. Tem gente que complica." (Mim)

Feios como eu não gostam de espelhos. Os sustos devem ser para outros.

Yoani Sánchez- Como Chipre é longe !

Como Chipre é longe !

YOANI SÁNCHEZ, La Habana | 03/07/2014
Ontem num ônibus, no calor do verão e na longa espera prévia da parada, dois homens comentavam o seu incômodo em voz alta. “Estou certo que não acontece em Chipre!”, dizia um para o outro e uma gargalhada percorreu o ônibus. Referia-se a um monólogo do humorista Nelson Gudín que se converteu num fenômeno viral nas redes alternativas de distribuição de audiovisuais. O ator encarna um bêbado que se queixa, entre outros muitos absurdos, do espaço que a mídia nacional utiliza para contar os problemas de outras nações, enquanto silenciam os nossos. A velha técnica do “cisco no olho alheio…” que constitui um dos pilares da imprensa oficial cubana.
O desemprego, a corrupção, os enfeites econômicos e o mal estar social… Em Chipre foram, em várias ocasiões, tema de debate e análise por vários participantes do Mesa Redonda. Para sustentar o axioma de que “lá fora é o inferno e aqui o paraíso”, o impopular programa televisivo deu ênfase especial às dificuldades atravessadas por este estado membro da União Européia. Dedicou-lhe tanto tempo e tantas reflexões que o personagem interpretado por Gudín acaba se perguntando: “Ah… Eu não sabia que nós vivíamos em Chipre?” A frase sarcástica quase passou a ser uma divisa em nossas ruas.
Basta que um funcionário atrase um trâmite para que uma voz irônica se ouça: “Este, com certeza, vem de Chipre”. Aquela senhora que ficou sem trabalho devido aos ajustes econômicos “na melhor hipótese é cipriota”, afirmam seus conhecidos com malícia. Nem falar das prateleiras vazias pelo desabastecimento que “não deve ser em Havana, mas sim em Nicósia”, como afirmava uma cliente frustrada faz uns dias. “Neste ritmo vamos conhecer mais sobre os antagonismos entre gregos e turcos que sobre nossos próprios problemas nacionais”, também afirmava um professor universitário frente aos seus alunos.
Por obra e graça dos ideólogos do jornalismo oficial, nossas preocupações principais já não têm o formato de uma Ilha do Caribe, mas sim dessa outra em um ponto longínquo do Mediterrâneo e onde todos os problemas se concentram.
Tradução por Humberto Sisley

"Se nada é para sempre, temos que concluir que nada é imortal." (Pócrates, o filósofo dos pés sujos)

Brasil foi conivente com envio de forças venezuelanas à Bolívia

Em 2007, a Venezuela sobrevoou o espaço aéreo brasileiro para enviar soldados e viaturas militares para ajudar a Bolívia a massacrar protestos populares. Como os governos boliviano e venezuelano são ideologicamente afinados com o brasileiro, o caso foi abafado. Parte dessa história aparece em um relatório confidencial do Ministério da Defesa do Brasil. O texto narra a visita de militares e do ministro da Defesa Nelson Jobim à Venezuela entre 13 e 14 de abril de 2008. O documento faz parte de um pacote de 397 arquivos surrupiados do sistema de e-mails do Itamaraty e disponibilizados na internet por hackers, em maio passado. Segundo o relatório, após desembarcarem em Caracas, os representantes brasileiros se reuniram na manhã do dia 14 na casa do embaixador Antônio José Ferreira Simões para acertar os ponteiros antes do encontro com o chanceler Nicolás Maduro, hoje presidente da Venezuela. Cada aparte dos presentes foi registrado no papel. Em determinado momento, o general Augusto Heleno, comandante militar na Amazônia, perguntou se os demais sabiam de aviões Hercules C-130 que transportavam tropas venezuelanas para a Bolívia. O embaixador Simões interveio: “Uma denúncia brasileira de presença de tropas venezuelanas na Bolívia pode piorar a situação”.
Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet, no iPhone ou nas bancas.

“Se for para estudar e continuar ignorante, não enxergando o mundo de maneira horizontal, o melhor é ser gazeteiro e pegar no pesado.” (Pócrates)

“Na juventude somos gatos. Na meia-idade gaviões. Na velhice somos provadores de pílulas.” (Mim)

“Temos demais partidos e confiança neles de menos.” (Mim)

Você jogou bolitas? Eu também. Já está pagando o Consórcio Funerário?

Muito antigo. Sou do tempo que a gente só ia ao dentista para arrancar os dentes ruins e colocar chapa.

GAVIÃO DEPENADO- Comecei a me dar conta que o tempo havia passado quando adolescentes começaram a me chamar de ''TIO"

É O MARIDO TRAÍDO VENDENDO O SOFÁ- SP- Aprovado projeto de vagão só para mulher em trens e metrô

Obra de engenharia desaba e tira vidas. Poderia ser uma tragédia maior. Serão punidos os responsáveis? A brazuca corre e o povo dorme, como vem fazendo há muito tempo.

O Estado é uma mãe rica para alguns dos seus filhos que mamam em abundância. Para os demais é uma madrasta que atrapalha e que cobra impostos exagerados.

Que fim levou a esquerda honesta?

Recebo de um amigo um texto de um esquerdista lacaniano atacando a “nova direita”, inclusive minha pessoa. Trata-se de um relato um tanto inocente, à primeira vista, sobre a suposta decadência dos representantes da direita. Ele conta como seu avô, homem pelo visto sábio, tentava lhe incutir os valores e o hábito da leitura de autores de direita, como Paulo Francis e Roberto Campos, que ele chama de Bob Fields, termo pejorativo usado pela esquerda nacionalista.
Simulando uma suposta nostalgia em relação a esta direita mais nobre, o autor diz: “Havia ainda outro lado da direita liberal. Sua capacidade de erudição, seu gosto cultivado e seu exercício da ilustração. Independente do sentido aristocrático ou popular deste tipo de virtude, ela não vinha sem alguma humildade, característica daqueles que sabem o tamanho do problema que se está a enfrentar”.
Quer dizer que a “nova direita” não tem humildade? Mas se esta é a premissa básica para toda a proposta liberal de descentralização de poder e redução do estado, uma vez que não somos clarividentes ou incorruptíveis para substituir um processo de ordem espontânea envolvendo bilhões de agentes! Vai ver humildade tem a esquerda que clama sempre por mais poder, para tutelar os outros, controlar cada detalhe da economia, “cuidar” do povo por meio do paternalismo.
Após fazer concessões aos mortos, que não podem mais incomodar com respostas e novos textos, o lacaniano passa ao presente com todo o seu fel:
Gostaria que meu velho avô Colin voltasse para este mundo, apenas para ver ao que se reduziu o pensamento de direita e quiçá dar-me razão, pelo menos uma vez, senão em vida, depois da morte. Talvez ele tenha prenunciado os novos tempos quando em um de seus últimos gestos renunciou à revista Veja dizendo que aquilo tinha virado propaganda de remédio aplicada à política. Quando leio Reinaldo Azevedo, Olavo de Carvalho, Diogo Mainardi, Rodrigo Constantino e os chamados neoconservadores eu me pergunto: o que aconteceu com a tênue, mas boa, tradição da direita ilustrada brasileira? Que fim levou o pessoal que realmente acreditava nas ideias de Milton Friedman, que queria discutir Ayn Rand ou que, no geral, tinha teses para interpretar o Brasil? 
Algo me diz que seu avô iria, ao contrário, puxar sua orelha lacaniana! Eu, um “neoconservador”? Não sei se o sujeito sabe, e se não sabe deveria pesquisar um pouco melhor antes de acusar os demais: tenho um livro inteiro só sobre Ayn Rand! Tenho vários artigos sobre Milton Friedman, e estou trabalhando para traduzir novamente um de seus clássicos para o português. Que fim levaram aqueles que defendem o liberalismo clássico? Ora, continuam na ativa, lutando contra certos lacanianos que casaram Marx com Foucault!
Mas eis onde o homem quer realmente chegar: blindar as críticas ao PT, partido bolivariano que ameaça nossa própria democracia. Ele diz, atacando-me diretamente com a questão da “paranoia” com o logo e ignorando tudo aquilo que o PT faz abertamente para misturar estado com partido:
Gostaria de dizer para meu velho avô: olha aí, aquilo deu nisso. Mas não é verdade. Há uma espécie de erro de continuidade neste filme onde, de repente, aparece um pessoal dançando uma espécie de “Lepo Lepo” sanguinário contra o PT. Uma espécie de macarthismo retórico contra tudo o que cheire, pareça ou suporte a projeção vermelha. É uma turma que surge do nada, fantasiada de Capitão Nascimento, dizendo coisas que nem o Maluf do “estupra, mas não mata” seria capaz de dizer. Há uma fratura de gerações na direita, que de repente deu a luz a espécimes mutantes capazes de argumentar que o “2014” escrito em vermelho no logotipo da Copa do Mundo só pode ser uma propaganda subliminar da esquerda. Se o poder perdeu a vergonha, a reflexão de direita sobre o poder transformou a crítica em pichação. 
Então quer dizer que apontar insistentemente que o PT representa o atraso, o autoritarismo, o bolivarianismo, a ameaça socialista em nosso país, não passaria de um “macarthismo”? Ele, o lacaniano, é o moderado, pois entende que o PT tem seu lado positivo e que seus inimigos são “radicais” e “paranoicos”? Como se não bastasse, o psicanalista passa para o ataque aos currículos:
Ninguém viu, ninguém sabe como chegaram esses sujeitos a posições de reputada representação em grandes diários, revistas, canais de televisão ou blogs correlatos. Passagem pelo governo, partido ou qualquer outro órgão politicamente formativo: nenhuma. Experiência com movimentos sociais, terceiro setor ou com grandes corporações: desprezível. Reputação acadêmica da moçada: zero. Aliás, para esta turma, a academia deveria ser extinta, privatizada, vendida como ferro velho, ou comprimida e coada antes da floculação tendo em vista a extração vendável de pigmento vermelhiforme.
Reputação acadêmica: zero! É por isso que Luiz Felipe Pondé tem pós-doutorado no exterior? João Pereira Coutinho, conservador de boa estirpe que, com a minha idade, tem uma bagagem cultural de dar inveja no mais ancião dos anciões, não tem respaldo acadêmico? Reinaldo Azevedo não tem cultura? Diogo Mainardi não é culto nem tem humor? De onde o rapaz tirou isso? Da falta de capacidade de combater… argumentos? Precisa mentir assim? Quem teria cultura e refinamento, seu colega de editora Emir Sader? Mas, não satisfeito, ele aumenta o tom:
Da antiga indignação liberal, ainda que com a típica arrogância dos vencedores, que não obstante entendiam-se como guardiões da virtude, não sobrou mais que a raiva dos impotentes. Leia-se: a cólera esbravejante dos que acreditam que possuem mais poder do que realmente têm. Antes a velha direita cheirava a dinheiro e gostava de dizer-se acima de esquerdas ou direitas, pois era tão somente contrária à vulgaridade. Ao que a velha esquerda respondia com “o meu partido é um coração partido”. Hoje, denunciam, reagem e latem como caçadores baratos de celebridade. E o sentimento basal é de vergonha alheia. Com uma direita destas quem precisa de esquerda?
Raiva dos impotentes? Isso tudo é medo do nosso crescimento, de perder a hegemonia de esquerda? Cólera dos que acreditam que têm mais poder? Mas se repetimos para quem quiser ouvir que somos uns poucos gatos pingados contra uma horda poderosa e cheia de recursos estatais? Com uma esquerda dessas, quem precisa de direita? Mas como o ataque ad hominem não pode parar, já que faltam argumentos, o lacaniano continua:
Esta direita está mais para os ovos poché de minha avó do que para o Rush Limbaugh de meu avô. São quadrados, ásperos e chatos como uma torrada queimada. Os ovos são moles e espalham tudo com qualquer furinho à toa. Mas o pior é que ainda não entenderam que não é para sentar em cima do moedor de pimenta.
Chatos? Então falta humor a esse time? Poxa, com a quantidade de texto irônico que tenho, talvez até elogiando um sábio como ele? Com tantas ONGs que já criei para expor o ridículo das bandeiras esquerdistas? Um esquerdista acusar um conservador de falta de humor chega a ser… cômico!
A acusação de que é a direita que empobreceu o debate nacional é no mínimo pérfida, quando vemos o que a esquerda vem fazendo há décadas, rotulando, difamando, segregando, apelando para todo tipo de estratagema. Ignorar que foi o próprio PT quem conseguiu reduzir tudo a uma espécie de Fla x Flu, de nós contra eles, insistindo em uma retórica sensacionalista em vez de debater ideias e propostas, é algo que apenas a má-fé pode explicar.
Talvez seja esperar demais de um “pensador” que assina a orelha de um livro de Slavoj Žižek, aquele malucão que tenta resgatar Marx em pleno século 21. Talvez seja demais cobrar coerência de alguém que coordena um projeto de pesquisa com Vladimir Saflatle, do PSOL. A pesquisa, aliás, é sobre patologia do social. Estou mais interessado na patologia individual mesmo. Acho que Christian Dunker daria uma boa cobaia…
Como diria José Guilherme Merquior, que nem era de direita, mas sim um “liberal social”, e cuja erudição ninguém teria a coragem de quesionar: vamos parar de “lacanagem”!
PS: Sempre me questiono que tipo de gente ainda cai nessa ladainha toda típica de esquerdistas que simulam um respeito pela “antiga direita” que era, em sua época, difamada da mesma forma que a atual direita. Há que ser muito ingênuo para cair nesse truque de “moderação” seletiva.
Rodrigo Constantino