sexta-feira, 10 de abril de 2015

A patrulha dos doutrinadores marxistas

Publiquei um desabafo de um aluno da PUC aqui, cansado da doutrinação ideológica de militantes disfarçados de professores, e a carta teve enorme repercussão. Milhares de curtidas e compartilhamentos por parte daqueles que se sensibilizaram com o rapaz, pois sabem como essa doutrinação ideológica campeia em nosso país, mesmo nas universidades particulares.
Mas claro que houve reação do lado de lá também. Afinal, é uma patota organizada, seguindo os passos de Gramsci há décadas, e disposta a lutar ferozmente, a fazer o “diabo” para não perder sua hegemonia no sistema de ensino brasileiro. É um dos mais importantes pilares do avanço socialista por aqui.
Por isso a turma organizada já saiu em defesa da professora, transformada em vítima de uma direita raivosa e autoritária. Ela teria sido “agredida” pelo “blogueiro da Veja”, sendo que o texto sequer é de minha autoria, e sim de um aluno dela cansado de “aprender” sobre a importância do MST em vez de ter aula de Direito.
O mais canalha em seu discurso é que usam um princípio caríssimo aos liberais para se protegerem: o pluralismo de ideias. Numa inversão pérfida dos fatos, defendem-se alegando que a direita quer impedir a manifestação de opinião divergente, e que universidade é local para o aluno ser exposto a todo tipo de ideia mesmo, incluindo a socialista. Quem nega isso?
Óbvio que se trata de um estratagema que procura desviar a atenção justamente para o fato de que esta esquerda se nega a praticar o pluralismo. Ora, ninguém está falando que uma professora não pode falar do MST ou mesmo convidar um membro do MST para uma palestra, ainda que isso seja realmente estranho em aulas de direito, principalmente se tiver um viés favorável aos invasores que desrespeitam o direito básico de propriedade.
O que se acusa é exatamente o fato evidente de que esses “professores” jamais trazem aos seus alunos o outro lado. Trata-se de um monólogo, de um viés escancarado, de puro proselitismo. O contraditório raramente é estimulado. O que esses “professores” fazem é campanha partidária e ideológica disfarçada (ou nem tanto) de aula. E isso é, inclusive, crime!
A reação afetada da patota é hipócrita, pois seletiva. Os mesmos que se protegem atrás do argumento do pluralismo subiriam em suas tamancas se um professor chamasse um “milico” para defender o regime militar, por exemplo. Ou se um professor convidasse Jair Bolsonaro para uma exposição e houvesse claro clima de intimidação aos oponentes.
Um peso, duas medidas: a marca registrada dos canalhas. O “pluralismo” de ideias que pregam é da boca para foca. Não aceitariam jamais o mesmo sendo feito do outro lado. Gozam de um salvo-conduto, pois são os “progressistas” que, afinal, desejam a “justiça social”, e por isso podem chamar até mesmo bandidos para “palestrar” em faculdades privadas, alegando depois que estão somente apresentando pontos de vista diferentes aos alunos.
São, em português bem claro, pulhas. Mas são esses pulhas que, infelizmente, dominam o ensino no Brasil há décadas. Poderia ter um resultado diferente?
Rodrigo Constantino

Fernando Gabeira: ‘Bye bye Dilma’

Publicado no Estadão
FERNANDO GABEIRA
Domingo é dia. De novo. O governo respondeu mal. Ele joga com o tempo. Sabe que é difícil manter tanta gente na rua quando sem um resultado tangível. É um cálculo válido para período de estabilidade e crescimento. O Brasil em crise é um fio desencapado. As manifestações não conseguiram ainda seu objetivo: Fora Dilma.
No entanto, Dilma já não está tão dentro como antes. A iniciativa política foi arrebatada pelo PMDB. O ajuste econômico é conduzido pelo liberal Joaquim Levy, que o negocia com o Congresso Nacional.
O debate sobre o ajuste tem conteúdo para ser discutido dias seguidos. Quase todos concordam que um ajuste adequado levará o Brasil de novo ao crescimento. Mas poucos se perguntam sobre o crescimento. Será que vamos reunir forças para um novo voo de galinha? Retomar o crescimento significa entupir os lares de eletrodomésticos e carros, exaurir os rios de forma irresponsável?
Mesmo para um voo de galinha as perspectivas não são boas. Teremos energia para o crescimento em 2016? Nossas estradas suportam um aperto econômico – elas que foram devastadas pelo tempo e pela corrupção? Todos se interrogam para onde estamos indo. Marchar para uma euforia consumista e, depois, cair na depressão torna a política econômica uma nova droga.
O escritor Frei Betto usou a imagem do filme Good Bye Lenin! para expressar o espanto de alguns eleitores de Dilma: é como se dormissem com a vitória de sua candidata e acordassem com a de Aécio Neves, seu adversário. Esse filme de Wolfgang Becker é bem lembrado porque conta a história de uma comunista fervorosa de Berlim oriental que ficou oito meses em coma e acordou depois da queda do Muro. E o esforço do seu filho era para mascarar os traços do capitalismo e evitar que ela se chocasse com o movimento da História.
Good Bye Lenin!, na minha opinião, não exprime apenas a perplexidade dos eleitores de Dilma. Ele exprime a perplexidade de toda a esquerda, que deveria estar acordando de um grande sonho e se espantar com o mundo, como a comunista de Berlim ao ver um imenso anúncio publicitário do outro lado da rua. Seria como se um cubano acordasse na Costa Rica ou um venezuelano nos supermercados do Peru, algo tão diferente. Nesses anos em que o Muro de Berlim caiu, muitos continuaram em coma, ou protegidos das mudanças no mundo real.
Isso não teria tanta importância se a esquerda não fosse para o poder com uma parte das ilusões. Ela confundiu partido com Estado e capitalismo de leis implacáveis com seus sonhos socialistas.
Não deveria. Marx estudou muito para explicitar essas leis. Nem sempre acertou, mas as estudou profundamente e jamais apoiaria um enfoque apenas consumista. Não porque Marx fosse da elite branca. Mas porque saberia que a conta seria cobrada na frente.
Hoje a conta está sendo cobrada. Dormiu-se com a promessa do paraíso, acorda-se numa realidade inequívoca: tanto Dilma como Aécio seriam obrigados a algum tipo de ajuste.
A confusão entre governo e poder, entre partido e Estado acabou arruinando uma experiência, finalmente, dinamitada pela corrupção.
Uma esquerda no governo não poderia comprometer-se a fundo com Cuba e Venezuela. Ainda que admirasse os dois modelos, o que é um alto grau de miopia, deveria levar em conta uma posição nacional.
Uma esquerda no governo deveria abster-se de levar o capitalismo a um outro sistema, mas, sim, tirar o melhor proveito de suas potencialidades e reduzir seus impactos negativos. O capitalismo pode alcançar altos níveis de inovação e criatividade, como nos Estados Unidos, ou mesmo uma respeitável rede de proteção, como na Escandinávia.
Não vejo como transitar do capitalismo para outro sistema econômico, exceto através da decadência e destruição de seus alicerces. E isso nem na Venezuela vai acontecer. O sonho bolivariano encarnou num homem que esmaga os opositores e conversa com passarinhos. Quando vão despertar? Quando encontrarem Nicolás Maduro cantando salsas e merengues nas pizzarias do seu bairro?
Bye Bye Dilma não é apenas o acordar de um sonho eleitoral. E um sono de 12 anos – de pouco mais de 25 anos se contarmos da queda do Muro de Berlim. O projeto não se perdeu apenas pela questão ética. Seus passos estão intensamente discutidos no escândalo do petrolão e outros que se espalham como tanques em chamas.
Mas os fins, quais eram mesmo os fins? Para onde é que nos levavam?
Dentro do País vivemos a crise do populismo econômico. Lá fora, nossa importância diplomática foi dramaticamente reduzida.
Não dói somente ver Dilma e o PT se comportarem como se nada de errado tivesse acontecido. Dói também ver a perspectiva de um grande esforço fiscal desaguar numa visão de crescimento de novo insustentável, tanto econômica como ambientalmente.
A Califórnia passou por mil desafios, abrigou a indústria de cinema e da informática, e agora se vê diante da necessidade de se reinventar. E muitos perguntam se conseguirá, como das outras vezes. A crise hídrica é grave por lá. No Brasil nem sequer nos colocamos a ideia de uma primeira reinvenção. E a crise hídrica é grave por aqui.
Toda vez que falam “vamos fazer o ajuste fiscal, voltar a crescer”, tenho um calafrio. De novo, um voo de galinha na economia e na política?
Seria necessário rever o caminho. A visão puramente eleitoral é sempre punida pelas leis do capitalismo. Não há espaço para uma esquerda monocrática que confunde suas ideias com o interesse nacional, que julga aproximar-se do socialismo, mas avança para o colapso econômico.
Essa esquerda dormiu abraçada numa bandeira vermelha e acordou com a multidão em cores verde e amarelo. Se acordou, finge que está dormindo.

JABOEJO- jabuti com caranguejo- FMI prevê retração de 1% da economia brasileira em 2015

“Todo otário paga um preço pelo não pensar.” (Mim)

“Amigo Pedro, sinto dizer, mas sobre aquela pedra deveríamos ter erigido um bordel. A safadeza seria bem menor.” (Deus)

Delírio

DELÍRIO

Aranhas na parede do quarto
Jason de máscara e facão na porta
Esqueletos no armário
Zumbis sob a cama
Sangue nas torneiras...
O passageiro contumaz da viagem etílica
Agora segue num passeio delirante
Com passagem só de ida
Pedindo com urgência um esquife para se deitar.


“Collor caiu por um Fiat Elba. Pois agora roubaram dos brasileiros uma Fiat inteira e os ladrões boquirrotos falam em golpismo.” (Mim)

COISA BURRA

COISA BURRA

Meu pavor demais antigo
Formidável megera das letras de superfície
Sabedoria para inglês ver
Pois você é uma coisa burra
Que explode os testículos do mais tolerante dos homens
Com suas ideias anacrônicas e impostos astronômicos
Com seus trinta e nove ministérios transformados numa Torre de Babel
Ou talvez num bordel
Visto o nome dos empossados
Que sorriem quando fotografados
Debochando dos desgraçados
Que pagam por suas orgias.


O BICUDO QUER SABER: Alguém já avisou Dona Dilma que suas lorotas não colam mais?

“O PT perdeu a vergonha e o país perdeu dinheiro.” (Eriatlov)

“Casa da Mãe Joana versão PT: Petrobras.” (Eriatlov)

Bosteando o Mundo



Sai de casa o rapagão a passear com o seu cão
Sai senhora com sua cadelinha
Saem de mãos vazias
Sem pás ou sacolinhas
Prontos para bostear o mundo
Nas calçadas
Nas esquinas
Nos gramados dos canteiros centrais
Fazendo pisar na bosta canina
Todo adepto de caminhada
Que se torna sem querer
Um feliz proprietário
De um calçado fedorento.


Difícil Entender


Tantas coisas boas
O homem com sua evolução e inteligência construiu
Aprimorou a convivência e a tolerância
E inumeráveis maravilhas mais
Porém ao ler algumas notícias do dia
Do que no mundo atualmente ocorre
Pergunto para meu cão:
Retornamos às trevas?

"Nunca estou só. Sempre ando acompanhado por uma leva de comprimidos." (Nono Ambrósio)

O ANTAGONISTA- Pobres e abandonados carteiros

É de dar pena a situação dos carteiros e demais funcionários dos Correios que nada têm a ver com o PT. Com o seu fundo de pensão, o Postalis, na lona, depois que petistas roubaram o seu patrimônio por meio de "investimentos" em empresas sabidamente podres, os representantes dos Correios batem à porta das lideranças dos partidos na Câmara dos Deputados, para tentar arrancar alguma providência.
Os coitados só são recebidos dignamente na liderança do PPS, que os aconselhou a tentar recolher assinaturas para uma CPI dos Fundos de Pensão na Câmara, pressionando mais por estados do que por partidos. O PPS até fez estatísticas de quais deputados de cada unidade da federação estariam mais propensos a ajudar. Mas a conclusão geral é que uma CPI só sairia se houvesse clamor popular. O Antagonista sugere uma greve geral por tempo indeterminado.
Trabalhadores roubados, traídos e abandonados por um partido que se autodenomina dos trabalhadores -- como não sentir pena? E raiva? E desprezo?

RESPINGOS DA PATUDA- Cem dias sem rumo: o trágico segundo mandato de Dilma

Não fiquem aborrecidos, pois só faltam 1360 dias...Melhor que eles (PT) até mesmo o governo da Bostolândia.

“Literatura de qualidade filtra nossos ouvidos contra ideias sem fundamento.” (Filosofeno)

“Bons tempo em que eu comia ração ou ossinhos com carne após os churrascos. Agora só recebo arroz dormido com banha.” (Bilu Cão)

“O assistencialismo deve ser mínimo. Cuidar de doentes, crianças e idosos, o resto meter no estudo e no trabalho. Como eu já disse, país rico é país sem moleza.” (Mim)

“Os governos deveriam ter apenas o tamanho suficiente para atrapalhar quem produz.” (Eriatlov)

“Sou filho de um pastor alemão. Mas nunca aprendi a rezar.” (Bilu Cão)

“As armadilhas são colocadas nas trilhas sem espinhos.” (Filosofeno)

Quadrinha da Obtusa

Aqui na terrinha
É descalabro sobre descalabro
E a gerentona obtusa
Jamais enxerga o próprio rabo.

FRALDAS EM CHAMAS- Lava Jato chega à Caixa e ao Ministério da Saúde- Agências de publicidade contratadas pelo ministério e pela Caixa Econômica Federal davam 10% do faturamento a empresas de André Vargas

RÁDIO GAIOLA DÁ BOAS VINDAS PARA ANDRÉ VARGAS

O BRACINHO LEVANTADO FOI PRA CHAVE! Operação Lava Jato: PF prende André Vargas e Luiz Argôlo

VEJA
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira a 11ª fase da Operação Lava Jato, batizada de "A Origem". Os ex-deputados federais André Vargas (ex-PT-PR) e Luiz Argôlo (SD-BA) estão entre os presos, de acordo com a TV Globo. Assessores dos dois políticos também foram detidos.
Vargas e Argôlo foram os primeiros parlamentares flagrados pela Polícia Federal em conversas nebulosas com o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do petrolão, a partir de interceptações telefônicas autorizadas pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba.
Cerca de oitenta policiais federais foram mobilizados para cumprir 32 mandados da Justiça Federal no Paraná: sete de prisão, nove de condução coercitiva e dezesseis de busca e apreensão no Paraná, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
A pedido da PF, Moro decretou o sequestro de um imóvel de alto padrão em Londrina.
A nova fase da Lava Jato foi deflagrada após o Supremo Tribunal Federal remeter à primeira instância inquéritos que tramitavam na corte por envolver suspeitos com foro privilegiado. As investigações apuram os crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude a procedimento licitatório, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e tráfico de influência que teriam sido praticados por três grupos de ex-agentes políticos.
Além das fraudes na Petrobras, houve desvios em outros órgãos públicos federais, segundo a PF.
(da redação)

QUE MILAGRE PROMETEU TEMER PARA LEVAR O PSB A IMPLODIR A CPI DOS FUNDOS DE PENSÃO ?

DO BLOG DO Polibio Braga 

Seis senadores retiraram assinaturas da CPI dos Fundos de Pensão, que havia sido protocolada pela senadora Ana Amélia e o senador Aloysio Nunes (SP): 

Ivo Cassol, Romário, Lidice da Mata, Roberto Rocha, João Capiberibe e Fernando Bezerra Coelho. 

São todos do PSB, portanto da oposição,

Restaram apenas 26 assinaturas, numero insuficiente para o prosseguimento da CPI, que agora será arquivada

Não vazou o tipo de argumento que usou o vice-presidente Michel Temer na reunião com a bancada dos socialistas, mas o caso cheira a reaproximação, como a entrega de um ministério para o PSB. 

FOI MINHA AVÓ!- Dilma diz ter certeza que sua campanha não recebeu 'dinheiro de suborno'

Em entrevista à 'CNN en Español', a presidente diz que as contas de sua campanha foram aprovadas pelo tribunal eleitoral.

“Nós leões não beijamos muito. Nosso bafo não motiva.” (Leão Bob)

LEANDRO NARLOCH- Mito: “Os adolescentes cometem menos de 1% dos homicídios do Brasil e são 36% das vítimas”

Ainda não sei qual é a minha posição sobre a redução da maioridade penal. Concordo que há um problema de impunidade de adolescentes violentos, mas o projeto parece mais uma manifestação do mesmo populismo penal que motivou a lei do feminicídio. O que eu sei é que os dois lados da discussão precisam ter mais cuidado com os números e argumentos que apresentam.
Nas últimas semanas, o Globo, a Folha de S. Paulo, o Diário de S. Paulo, a revista Exame, o portal Terra, a edição impressa de Veja e quase todas as ONGs e políticos contrários à redução disseram que menos de 1% dos homicídios no Brasil são cometidos por adolescentes. A Folha reproduziu o dado num editorial e em pelo menos dois artigos, de Vladimir Safatle e Ricardo Melo.
Havia razão para publicar a porcentagem, pois ela parecia vir de órgãos de peso – o Ministério da Justiça e o Unicef. Acontece que a estatística do 1% de crimes cometidos por adolescentes simplesmente não existe. Todas as instituições que jornais e revistas citam como fonte negam tê-la produzido.
O MITO DO 1%
Numa nota contra a redução da maioridade, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) reproduziu a estimativa e deu a Secretaria de Direitos Humanos como referência. Mas a Secretaria de Direitos Humanos diz que nunca produziu uma pesquisa com aqueles dados.
O Congresso em Foco, hospedado pelo UOL, afirma que “segundo o Ministério da Justiça, menores cometem menos de 1% dos crimes no país”. Um punhado de deputados e sites do PT diz a mesma coisa. Mas basta um telefonema para descobrir que o Ministério da Justiça tampouco registra dados de faixa etária de assassinos. “Devem ter se baseado na pesquisa do Unicef”, me disse um assessor de imprensa do ministério.
Seria então o Unicef a fonte da estimativa? Uma reportagem do Globo de semana passada parece resolver o mistério: “Unicef estima em 1% os homicídios cometidos por menores no Brasil”. Mas o Unicef também nega a autoria dos dados. Fiquei dois dias insistindo com o órgão para saber como chegaram ao valor, até a assessora de imprensa admitir que “esse número de 1% não é nosso, é do Globo”. Na reportagem, o próprio técnico do Unicef, Mário Volpi, admite que a informação não existe. “Hoje ninguém sabe quantos homicídios são praticados por esse jovem de 16 ou 17 anos que é alvo da PEC.” Sabe-se lá o motivo, o Globo preferiu ignorar a falta de dados e repetir a ladainha do 1%. O estranho é que o Unicef não emitiu notas à imprensa desmentindo a informação.
Também fui atrás da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, mas nada: o governo paulista não produz estimativas de faixa etária de assassinos, somente de vítimas. Governos estaduais são geralmente a fonte primária de relatórios sobre violência publicados por ONGs e instituições federais. Se o estado com maior número absoluto de assassinatos no Brasil não tem o número, é difícil acreditar que ele exista. Resumindo: está todo mundo citando uma pesquisa fantasma.
Na verdade, uma estatística parecida até existiu há mais de uma década. Em 2004, um pesquisador da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo lançou um estudo afirmando que menores de idade eram responsáveis por 0,97% dos homicídios e 1,5% dos roubos. Foi assim que nasceu a lenda do 1% de crimes cometidos por adolescentes.
Mas a pesquisa de 2004 tropeçou num erro graúdo. Ao calcular a porcentagem, os técnicos dividiram o número de menores presos por homicídio pelo total de homicídios no estado. Sem ligar para o fato de que em 90% dos assassinatos a identidade dos agressores não é revelada, pois a polícia não consegue esclarecer os crimes.
Imagine que, de cada 100 homicídios no Brasil, apenas oito são esclarecidos, e que desses oito um foi cometido por adolescentes. Seria um absurdo concluir que apenas um em cada cem homicídios foi praticado por adolescentes. Um estatístico cuidadoso diria que um em cada oito crimes esclarecidos (ou 12,5%) foi cometido por menores de idade.
Adotando esse método, os números brasileiros se aproximariam dos de outros países. NosEstados Unidos, menores praticaram 7% dos homicídios de 2012. No Canadá, 11%. Na Inglaterra, 18% dos crimes violentos (homicídio, tentativa de homicídio, assalto e estupro) vieram de pessoas entre 10 e 17 anos. Tem algo errado ou os adolescentes brasileiros são os mais pacatos do mundo?
Sim, tem algo errado: a estatística.
O MITO DOS 36%
Há ainda outro malabarismo. Pesquisas sobre causas de morte de adolescentes mostram que, dos jovens que não morreram de causas naturais, 36% foram assassinados. Muita gente está usando essa porcentagem para uma afirmação bem diferente: a de que os adolescentes são 36% das vítimas de homicídio no país. Tiraram a porcentagem de uma frase e a colocaram em outra. O número real é bem menor. Em São Paulo, jovens entre 15 e 19 anos são 9% das vítimas. Se dividirmos em partes iguais, os mortos com 15 a 17 anos são 5,4% do total.
Até mesmo o Unicef concorda com o número mais modesto. A entidade diz que 33 mil brasileiros entre 12 e 18 anos foram assassinados entre 2006 e 2012. O total de homicídios nesse período foi de 350 mil, segundo o Mapa da Violência. Dá 9% de menores de idade no total de vítimas. É estranho ver o Unodc, também da ONU, repetir o mito de que 36% das vítimas de homicídio são adolescentes. É a ONU contradizendo a própria ONU.
A FALHA DO ARGUMENTO
Alguém pode dizer que o número de jovens homicidas continua baixo. Mesmo se for 1% ou 10%, a redução da maioridade não resolveria muita coisa. Acontece que os brasileiros entre 15 e 18 anos são, segundo o IBGE, 8% da população. Afirmar que adolescentes respondem por uma pequena parte dos crimes faz parecer que eles não são culpados pela violência do país, quando provavelmente são tão ou um pouco mais violentos que a média dos cidadãos.
Não há aí nenhuma novidade. Quem já passou pela adolescência sabe que essa é a época da vida em que mais nos sujeitamos a brigas, perigos e transgressões. Não é preciso ser um grande estudioso do comportamento humano para concluir que a juventude é a época de fazer tolice.
Além disso, a estatística compara uma faixa etária muito estreita – jovens entre 15 e 17 anos – com uma muito ampla – qualquer adulto com mais de 18 anos. É claro que o segundo grupo vai ficar com o maior pedaço. Mas se confrontarmos faixas etárias equivalentes, a violência é similar. Brasileiros entre 35 e 37 anos também são responsáveis por uma pequena porcentagem de assassinatos. Deveríamos deixar de condená-los, já que a prisão deles não resolveria o problema de violência no Brasil? Não, claro que não.
Os opositores da redução da maioridade penal ainda têm uma boa lista de razões para lutar contra o projeto de lei. Argumentos não faltam. O que falta é cuidado com os números.
@lnarloch

“Aqui na savana não tem perdão. Turista distraído é refeição.” (Leão Bob)

“Uns sujeitos melhoram com o tempo. Outros entram para o PT.” (Eriatlov)

“Petista é um sujeito que tem rabo. Mas não o vê.” (Mim)

E como diz minha avó noveleira quando quer dar força para alguém: “A esperança é a última que morde.”

E como diz minha avó noveleira aos domingos pela manhã: Quem hoje irá fazer a salada de magnésia?