quarta-feira, 27 de maio de 2020

"Ser infeliz é fácil: Basta viver de comparações."


A GALINHA E O URUBU

Uma galinha viu-se só num lugar ermo e seco, e por falta d’água e alimento foi definhando. Estando quase desfalecida ainda lutava para viver quando percebeu que um urubu aguardava sua morte. Gritou com todas as forças restantes:
“Irmão de cor, ajude-me!”
“Irei ajudar-te irmãzinha!”- disse o urubu.
“Que fareis irmãozinho?”
“Irei te comer vestida.”- E atracou-se nela sem tirar as penas.

CÍRCULO INFERNAL

CÍRCULO INFERNAL

Dez horas da manhã, segunda feira. Entro num bar para tomar café, e lá num canto de pouca luz estava um homem ainda jovem, bem vestido bebericando sua cerveja acompanhada por goles de aguardente. Sem estabelecer julgamento fico pensando na dura dependência e no sofrimento que causa a si mesmo uma pessoa dominada pelo vício. Sim, pois quem bebe nesta hora numa segunda-feira senão um viciado? Como será que passa as demais horas do dia? Como será no trabalho? Como está sua relação com os familiares? A esposa não estará cansada de aturar o santo bafo de todos os dias? Será que têm filhos? E eles, como reagem? Só sei que o vício causa decadência e tristeza. A vontade é superior à inteligência, portanto todo cuidado é pouco para não entrar nesse círculo infernal.

Polícia Federal prendeu o prefeito e o secretário da Saúde de Rio Pardo, RS

De acordo com o MP, são 129 medidas judiciais para serem cumpridas na Operação Camilo, que conta com a participação da Polícia Federal, Ministério Público do Rio Grande do Sul

O prefeito de Rio Pardo e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp), Rafael Barros, PTB, juntamente com o secretário de Saúde, Augusto Pelegrini e com o procurador do município, Milton Coelho, foram presos preventivamente na manhã desta quarta-feira.

Segundo informado pelo Ministério Público (MP), uma força-tarefa apura crimes de fraude à licitação, peculato, corrupção passiva, organização criminosa, ocultação de bens, crime de responsabilidade e desobediência na prefeitura e no hospital regional daquele município.

Políbio Braga

“Há momentos para reflexões e flexões. Reflito bem, mas flexões é dor nas juntas.” (Nono Ambrósio)

JULGAMENTOS

Via eu o mundo com os olhos da experiência daquilo que vivera
Tirando conclusões da percepção da minha janela
Então às vezes julgava  quem me é estranho
E era julgado também por quem não me conhecia
Tantos enganos e erros danosos
Acabaram por ensinar-me
Que se mesmo quem olha de perto pouco vê
O melhor que faz quem distante está é travar a língua.

CORONEL OLIVEIRO

Oito horas da manhã. O suicida subiu na torre da igreja e de lá ameaçava se jogar. O povo foi chegando, se aglomerando e comentando. Uns diziam “se jogue!” outros gritavam “Não faça isso!” O tempo foi passando e que diante da grande dificuldade ninguém conseguia subir na torre para tirar o homem. Havia risco para os policiais. Onze e meia da manhã e o homem por um fio, agarrado nos braços de Santo Antônio. O Coronel Oliveiro ia passando e foi saber a causa da balbúrdia. Inteirado dos fatos, sacou do revólver e derrubou o potencial suicida, que a chumbo foi para o outro lado. Coronel Oliveiro olhou o corpo estirado na calçada e disse- “Aí está um homem que conseguiu o que queria. Queria morrer, pois está morto!” E foi para o almoço, pois a barriga já estava roncando.

“Encontrei a mulher da minha vida. Eu encontrei. Mas ela não achou a menor graça em mim.” (Chico Melancia)


FOLHA VERDE

O vento tirou da árvore encorpada uma folha verdinha
Que ficou voando pra lá e pra cá ao seu sabor
Não sabia o vento
Que no canto da calçada do colégio municipal
Um grupo de formigas aguardava por ela
Fazendo  coro no nham nham nham!

BAFO

BAFO

O ébrio de todo dia
Exala um vapor azedo
Que inibe o abraço afetuoso
E coloca nos lábios do bem o medo
De conceder um beijo molhado
Ou mesmo seco
Pois ninguém gosta de beijar carniça
Nem mesmo seu arremedo.

TEMPESTADE

O manto da noite cobriu a cidade dos que não voltam e trouxe junto vento, chuva e granizo. Flores mortas que cobriam as casas seguiram o vento; as que ficaram foram despedaçadas. Depois a lua surgiu e iluminou os destroços de metal, plástico, madeira e cimento espalhados pelos estreitos corredores e becos. Um pássaro tardio na fuga jazia sobre o brilho do mármore no berço de um ilustre filho da terra. A cruz mestre tombou sobre velas apagadas e pequenos vasos que estavam sob seus pés. Sobrou apenas um miseravelzinho do qual o limo já tomava conta. Dois mendigos que dormiam num jazigo-hotel conseguiram sair ilesos, pois o dito fora construído com material de primeira e obrado por mãos de quem sabia o que estava fazendo, sendo que não havia goteiras tampouco corrente de vento. Estiveram bem seguros durante o evento da tempestade. Já pequenas árvores também foram vítimas e se deitaram sobre túmulos com que num abraço. Logo ao lado na cidade vida, na cidade barulho, na cidade luz, nada, nem mesmo um ventinho soprou naquela noite. Muitos tentaram explicar, mas ninguém convenceu. Alguns mentirosos criativos dizem ter visto a figura do demônio soprando sobre o cemitério as nuvens da tempestade. Dizem...