segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

TEMEI

Líquido temerário saboroso
Que absorve quem não o teme
Destruindo a vontade
De viver senão para ele
Faz do cérebro um visionário
De geniais soluções momentâneas
Destruindo a cada dia
A vida familiar
A vida profissional
Os sonhos do porvir
Transformando a realidade
Num imenso mar de desculpas.

DIOMEDES

As irmãs Ana e Anita brigavam pelo mesmo homem, o galã Diomedes. Ele avisou, elas não ouviram e continuaram brigando. Então no Dia de Finados ele fugiu com a sogra.

CAÇADOR

Ronaldo foi caçar na África e seu sonho era comer carne de antílope. O azar dele foi cruzar antes com um leão que tinha o sonho de comer carne humana.

TONTO

Dos tontos existentes Jessé sempre fora o mais tonto. Criador de homéricas tontices, sempre andando na corda bamba da vida, acabou um dia de tão tonto caindo fora do planeta. Vaga agora pelo espaço infinito Jessé, o tonto insuperável.

JOÃO BABA

Jurunupanu, nordeste seco. Poeira dos infernos. Árvores secas, animais mortos de sede e água para o povo somente de caminhão pipa. Então o prefeito ouviu falar de tal João Baba que morava na região dos lagos, um desperdício. Trouxe o homem com um emprego bem remunerado na prefeitura para o setor de recursos hídricos. Pois deu certo. Em seis meses João Baba babou tanto que se formaram três rios em Jurunupanu, ninguém mais passou sede e os moradores até uma praia de água doce ganharam. Quando houve ameaça de enchente compararam um babador para o João e tudo se resolveu.

OBSERVANDO

O canteiro central
Dois bancos com os pés no barro sob árvore robusta
O negro asfalto riscado de faixas brancas
Na sarjeta um copo descartável
Uma carteira de cigarros vazia
O poste de metal sem pintura que suspende o semáforo
O amarelo
O verde
O vermelho
Uma moça fofa atravessa a faixa com uma pasta verde nas mãos
Atenta ao perigo dos doidos e distraídos
Tantas coisas a se observar
Para sentir o todo vivo ou estático que compõe a paisagem do nosso lugar.

INGÊNUO

Navega nas nuvens do pensar
O ingênuo salvador do mundo de soluções simplistas
Crê ele ser possível mudar o homem apenas com boa vontade
Como também erguer fogueiras na floresta sem queimar madeira.

JULGAMENTOS

Via eu o mundo com os olhos da experiência daquilo que vivera
Tirando conclusões da percepção da minha janela
Então às vezes julgava  quem me é estranho
E era julgado também por quem não me conhecia
Tantos enganos e erros danosos
Acabaram por ensinar-me
Que se mesmo quem olha de perto pouco vê
O melhor que faz quem distante está é travar a língua.

“Há momentos para reflexões e flexões. Reflito bem, mas flexões é dor nas juntas.” (Nono Ambrósio)

“Estou beirando os oitenta. Minhas paixões agora são os analgésicos.” (Nono Ambrósio)

PERPÉTUA NÃO!

Não desejo para Lula prisão perpétua, mas  o tempo necessário no xilindró para que sua língua sofra encolhimento.

LULA

Lula já ultrapassou todos os limites fora da cadeia. Está na hora de dar discursos mentirosos atrás das grades.

Artigo, Carlos Brickmann - O barulho dos inocentes


Um fato há que reconhecer: tanto o presidente da República quanto o líder da oposição, mesmo vivendo no meio de toda essa sujeira que tanto nos assusta, mantêm intacta sua pureza. Lula conviveu dezenas de anos com José Dirceu, Delúbio, Marcelo Odebrecht, todos já condenados por corrupção, e proclama que é inocente, aliás nem sabia de nada; Temer presidiu o PMDB de Eduardo Cunha por quinze anos, teve convívio próximo com os seis ministros que se afastaram por problemas judiciais, admite ter recebido um empresário do ramo de doações ilícitas (que, na delação premiada, citou seu nome como captador de recursos) mas garante que não tratou disso com ele. É inocente, diz. Não mexia com essas coisas.

 É bonito saber que o ambiente depravado em que circularam com tanto êxito, sem saber que era depravado, não afetou sua inocência. Lula sustenta que o apartamento triplex e o sítio de Atibaia não são dele, que a propósito nem imaginava que os voos em jatinhos fossem algo mais que uma gentileza. Temer ofereceu um jantar ao empresário Marcelo Odebrecht em sua residência oficial de vice-presidente da República, o Palácio do Jaburu, após o qual a Odebrecht ficou R$ 10 milhões mais pobre. O delator Cláudio Melo Filho diz que o dinheiro foi para o caixa 2 (o que é confirmado por Marcelo Odebrecht). Temer explica que não, que todas as doações recebidas foram legais, nada de caixa 2.

 Aliás, o que é Caixa 2?

 Fique tranquilo

Estiveram no jantar do Jaburu o então vice-presidente Temer, o deputado Eliseu Padilha, Odebrecht, Cláudio Melo Filho. Como a conta foi paga pelo caro leitor, esta coluna informa que pode ficar tranquilo: Temer é pessoa cultivada, de fino trato, e com certeza comida e vinhos foram bons.

SPONHOLZ


MILLÔR- VOZES INAUDÍVEIS DO UNIVERSO

CORTINA DE FUMAÇA: REPORTAGENS SOBRE MENTIRAS NAS REDES SOCIAIS ESCONDEM A MAIOR MENTIRA DE TODAS

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 comentei aqui que esse papo de “pós-verdade” não passa de desespero da esquerda por ter perdido o monopólio da mentira. Ou alguém acha mesmo que Trump mente para vencer enquanto Obama falava a verdade? Ou alguém acha que Hillary Clinton, logo ela, é uma pessoa confiável e honesta?
Logo, todo esse bafafá sobre “pós-verdade” não passa de uma desculpa para atacar a direita, que vem crescendo no mundo. A esquerda, mentirosa até o último fio de cabelo, precisa criar a ideia de que “algo” mudou, e que está perdendo espaço porque vivemos na era das mentiras, ou da “pós-verdade”, como se antes, quando essa mesma esquerda mentirosa chegara ao poder, a política fosse um ambiente de muita honestidade.
Como desdobramento dessa conversa fiada, a grande imprensa tem feito reportagens sobre a disseminação crescente de mentiras nas redes sociais, e o Facebook, do democrata Mark Zuckerberg, entrou na onda, criando mecanismos (suspeitos) de filtro para apontar as supostas mentiras. Tudo balela, claro.
Eis o que esse esforço todo pretende esconder: o fato de que a mais mentirosa de todas é a própria grande imprensa, cuja cobertura das eleições americanas foi lamentável, patética, absurda, pois faltou análise e sobrou muita torcida. Leandro Ruschel coloca o dedo na ferida:
A grande mídia americana lançou a campanha sobre “noticias falsas” como uma cortina de fumaça. Eles fizeram a cobertura jornalística mais fraudulenta e desonesta da história dos EUA, demonizando Trump e tratando a criminosa Hillary como uma grande líder. Mais que isso, o Wikileaks revelou que 68 jornalistas dessa grande imprensa trabalhavam ativamente na campanha da democrata, chegando ao ponto de deixar o próprio comitê democrata editar matérias e passando perguntas de debates para Hillary com antecedência. Com as revelações do embuste e derrota completa, acusam os seus adversários de fazer exatamente o que eles fizeram. Lênin continua vivo e forte.
Nunca antes na história deste planeta a grande imprensa teve credibilidade tão frágil. E ela está chamuscada por culpa da própria mídia, desses “jornalistas” que mais parecem cheerleaders dos “progressistas”, que vivem numa bolha confundindo suas crenças pessoais com a realidade.
Ninguém vai negar que há muita porcaria nas redes sociais, claro. É ambiente livre em que qualquer um pode falar o que quiser, e por isso circula um monte de “notícia” falsa, de opinião radical, pura baboseira. Mas eis o ponto: em meio a essa enorme quantidade de lixo, há também muita análise séria, muita informação válida, e muita opinião corajosa, independente, realista.
Coisas que, infelizmente, vemos cada vez menos na grande imprensa. Por isso mesmo mais e mais gente migra para as redes sociais em busca de opiniões alternativas, para fugir de uma imprensa torcedora, enviesada, esquerdista. A mídia mainstream tem cavado sua própria cova. Se não mudar de postura, vai afundar.
E aproveito para perguntar: onde está a Fox News do Brasil?
Rodrigo Constantino

POR QUE É PREOCUPANTE A DEVOÇÃO DA DIREITA LIBERAL-CONSERVADORA A ENÉIAS CARNEIRO?

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Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal
“(…) defende um Estado forte, técnico e intervencionista, um Estado que se preocupe realmente com a nação e que não seja propriedade de um grupo de políticos.”
“(….) que o presidente da República não seja um títere, não seja um boneco levado de um lado para o outro na dependência de quem está à sua direita ou à sua esquerda.”
Outra coisa (diferente da liberdade de imprensa) é a absoluta falta de responsabilidade com que a imprensa se comporta atualmente. Por exemplo, cito de modo claro: na capa de uma revista aparecem as três figuras magnas do país – Sua Excelência, o presidente da República; Sua Excelência, o presidente do Congresso; Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal Federal – vestidos como pessoas do sexo feminino em uma dança. A revista se chama ‘Revista Veja’. Eu não entendo que lucro, que vantagem a nação tem com isso. (…)”
“(…) o modelo de natureza macroeconômica que foi utilizado lá (no Peru) repete os ecos da ventania neoliberal que assola o continente sul-americano.
“A sua Excelência o senhor Fernando Henrique é o representante legítimo das multinacionais no país. (…) É um homem que defende um processo neoliberal que estraçalhou a Argentina – e temos outros exemplos, muitos.”
“As empresas, todas estão perdendo, só as muito grandes que não perdem. As empresas médias, pequenas, todas estão perdendo. Não há estímulo nenhum para o investimento, em produção nenhuma. Então, quando eu digo ‘intervencionista’, eu digo isso com firmeza querendo dizer o seguinte: vai intervir mesmo, contra esse monstro cuja cabeça está lá fora, no G7. Não sei qual deles, é um conjunto, o senhor sabe, harmônico, que funciona ali no Norte, na pax borealis, e os tentáculos estão aqui dentro, com os vendilhões da pátria aqui dentro.”
Sobre Fidel Castro, “Perguntaram-me quem eu admirava no exterior. Eu disse, pela personalidade forte, pelacoragem de enfrentar o monstro.”
“O senhor Getúlio Vargas era um homem preocupado com a nação, sem dúvida. Estou elogiando um aqui. (…) Se para o senhor é extremamente elogiável um presidente que é um boneco, se o senhor gosta disso, eu respeito sua tese, o que está nos seus esquemas. Eu não penso assim.”
“Vamos para homens de personalidade forte que me impressionaram. (…) Meiji (1852-1912), imperador do Japão de 1967 a 1912, em cujo governo o país conheceu grandes transformações. (…)” Questionado sobre Meiji ter sido um absolutista, respondeu: “Sim, isso é irrelevante. Getúlio Vargas foi ditador e depois foi eleito, o que provou que o povo ou queria ou desejava.
“Eu sou totalmente – eu não, o nosso partido é totalmente favorável ao monopólio do petróleo, das telecomunicações, e seria também ao do aço, só que o aço não adianta mais, já venderam.”
Creio que essa lista de citações já seja o suficiente. Elogio a ditadores – particularmente Getúlio Vargas, o que eu, como lacerdista tardio, tenho arrepios intragáveis em constatar – e menosprezo do fato de que não são constitucionalmente legítimos, monopólio de petróleo e telecomunicações, Estado intervencionista, tecnocracia, incômodo com sátiras na imprensa (lembramos que, na época do Império, mesmo as coisas mais horrendas ditas sobre o imperador D. Pedro II não eram censuradas), ataque ao “neoliberalismo” destrutivo e às “grandes potências” do G7 (só faltou falar em imperialismo)… Um pacote de ideias que sempre combati, ao lado do qual jamais estive e, por coerência, jamais poderia estar, independentemente do nome que as ostentasse.
Mas não foi um petista ou um comunista quem disse essas coisas. Foi o médico cardiologista e sargento na Escola de Saúde do Exército, presidente do hoje extinto Partido de Reedificação da Ordem Nacional, Enéas Carneiro (1938-2007), em sua entrevista para o programa Roda Viva, em 1994, como candidato à presidência da República. Usuário eficaz da norma culta do Português, pessoa de formação muito respeitável no campo médico-científico, Enéas conquistou popularidade no Brasil do final do século passado pelo seu discurso de defesa do orgulho nacional, pela ordem, pelo progresso, pelos valores, com promessas grandiosas como a bomba atômica, e pela sua fala histriônica, repetindo “Meu nome é Enéas” nos poucos minutos de que dispunha na propaganda eleitoral.
Deixo algumas premissas claríssimas diante do que falo – ou mais ainda, do que acabo de DEMONSTRAR: não tenho nenhum questionamento moral à pessoa do já falecido Enéas Carneiro. Muito ao contrário. Respeito sumamente as suas intenções, que reputo como sérias e honestas; o PRONA ocupava o último lugar em casos de corrupção e, tal como seu líder e ícone maior, era um partido autêntico, transparente quanto à sua ideologia e à sua agenda.
O que eu questiono é assumir Enéas como ícone, por parte da recente onda de redespertar de movimentos liberais e conservadores (de inspiração burkeana, enfocada na prudência e no gradualismo de transformações). Parece-me evidente que tal atitude resulta de uma incongruência de princípios desprezada em função da carência de referências amplamente reconhecidas. Carlos Lacerda, o grande tribuno udenista, governador da Guanabara, pontuou que, guardadas as devidas proporções, o lacerdismo poderia ser visto como uma projeção, no tempo, da pregação democrática e civilista de Rui Barbosa. Por analogia, o liberalismo e o conservadorismo, no Brasil, poderiam ser trabalhados, em diálogo com suas raízes nacionais, como projeções, no tempo, das mesmas correntes que vicejavam no período monárquico, chegaram a ter algum espaço na República Velha (com Campos Sales e Rodrigues Alves, por exemplo) e que atravessaram o país na oposição através de alas importantes da UDN.
Mas Enéas? A agenda do presidente do PRONA não tem correspondência com o que defendemos. Seu apreço pela centralização de poder, pelo incremento do Estado e das prerrogativas do presidente da República, o faz hostil até às reformas saudáveis e privatistas – com todas as incongruências que sabemos que tiveram – dos governos do PSDB com Fernando Henrique Cardoso. Nem mesmo à privatização das telecomunicações ele seria favorável. Como poderia um liberal aplaudir isso? Não poderia tal agenda, assumindo o poder, ser muito mais destrutiva economicamente que a dos tucanos? A corrupção que ele combatia, com toda a justiça, não é facilitada pelo incremento estatal que ele também defendia? Enéas e o PRONA poderiam ser vistos, com muito mais coerência, pelo mesmo raciocínio que empreendemos acima, como uma projeção do Positivismo republicano, do Varguismo (enaltecido por ele próprio aqui) ou do Integralismo; em suma, como uma manifestação do Nacionalismo altamente pronunciado, muito mais do que do Patriotismo equilibrado.
Por experiência, já que já insinuei estas críticas em um dos meus primeiros artigos, sei que haverá os fãs de Enéas que se chatearão com textos como esse. Só posso dizer que eu os respeito, como respeitaria o próprio Enéas, como proponentes de uma corrente de pensamento dentro do jogo de discussão democrática. Só vejo com preocupação que, na falta de uma representatividade estabelecida, a direita liberal-conservadora dissemine a devoção a certos ícones que não se casam com seus fundamentos gerais. Apenas, por uma questão de coerência, é preciso deixar claro que Enéas repudiaria uma grande parcela das nossas teses. Nada mais justo, e nem um pouco agressivo ou desproporcional, que manifestemos, também nós, as nossas discordâncias, e firmemos a nossa posição.
Nota: Publicado originalmente no site Sentinela Lacerdista com o título:  Por que tenho minhas diferenças com Enéas Carneiro?

NA FARMÁCIA

Na juventude quando a gente entrava na farmácia com aquela cara de anteontem, franzindo a testa e arqueando as sobrancelhas para o farmacêutico, ele já sabia:

“Então teu tio pegou gonorreia novamente? Venha aqui atrás que vamos dar uma injeção nele!” 

“Não sou um bom ouvinte. Não consigo desabafar nem mesmo comigo. “(Climério)

“Na juventude fui sacristão. Gostava de comer hóstias com ketchup.” (Fofucho)

UNICÓRNIO

Num sonho Dilma encontrou um unicórnio que feliz se alimentava. Inicialmente surpresa disse: Saia do meu sonho, você não existe! Não acredito em lendas! O unicórnio replicou: E você Dilma, existe?

ESCURIDÃO

Rildo abriu uma porta dentro de um barracão abandonado na região do porto de Santos e caiu num lugar escuro abarrotado de entulhos, onde transitavam fantasmas, espíritos maus, pensamentos torpes e anacrônicos, superstições das mais diversas, milagres, astrólogos e videntes. Estar naquele lugar dava a impressão de carregar um peso fardo nas costas, além da visão prejudicada e da mente confusa. Conseguiu achar o celular que havia perdido na queda e iluminando o ambiente observou uma placa que dizia: HABITAT DA MAMA IGNORÂNCIA. Ágil como um gato Rildo saiu depressa daquele lugar para a luz do sol.

O SONO DO SONSO

O sono do eleitor sonso
É um sono pesado
E quase sempre quando o sonso acorda do seu sono
A vaca já foi para o brejo.

BRASIL, CASO DE POLÍCIA por Percival Puggina. Artigo publicado em 15.12.2016



Há poucas semanas, li sobre achados do INSS através do pente-fino que vem passando nos auxílios-doença que paga. Há falecidos que todo mês removem suas lápides para comparecer ao caixa. Há licenças de 15 dias que se prolongam por anos. Há gravidez de risco que persiste quando o nascituro já está alfabetizado. Mas esses são casos extravagantes. Contemplando todo o cenário, já recaem suspeitas sobre 80% dos benefícios de auxílio-doença previdenciário e auxílio-doença acidentário que vêm sendo pagos!

É mais ou menos dessa época, também, a notícia de que o MPF, cruzando dados de diversas fontes oficiais mediante ferramentas de inteligência, encontrou "perfis suspeitos" de irregularidades em mais de 870 mil beneficiários do Bolsa Família que teriam recebido indevidamente um valor total estimado de R$ 3,3 bilhões.

Nem o ambiente acadêmico, onde os recursos da mente sobressaem os reclamos do corpo, escapa às tentações da corrupção se o risco for baixo, a pena incerta e o processo criminal ardilosamente longo. Recentemente, a Operação PHD da Polícia Federal prendeu professores universitários e servidores ligados a um programa de pós-graduação em Saúde Coletiva na UFRGS.

Além de quantos se dedicam ao crime organizado nas suas expressões mais "profissionalizadas" - tráfico de drogas, roubo de automóveis e de cargas, contrabando, descaminho, abigeato, entre outras - existem na vida social milhões de pessoas dedicadas a ganhar o pão, o bolo e, melhor ainda, a charlotte française, com o suor do rosto alheio. A vitrine das corrupções possíveis atende as mais variadas expectativas. Do Bolsa Família supérfluo, ao pixuleco milionário. São operações relativamente fáceis porque o governo é meticuloso na receita e negligente no gasto.

As melhores notícias destes anos de cofres saqueados e raspados nos vêm de Curitiba, onde uma força-tarefa que opera junto à 13ª Vara da Justiça Federal, sem padrinhos e sem compadres, mostra denodo incomum no combate à corrupção dos hierarcas da República.

Falta-nos, agora, uma força-tarefa para, com igual vigor, agir contra as fraudes praticadas por multidões. Ali estão os eleitores que, por serem dados a desonestidades de pouca monta, não se importam de eleger e reeleger corruptos notórios e notáveis. Pessoas condenadas por tais práticas deveriam ter direitos políticos suspensos, tanto quanto é determinado em lei para políticos sentenciados. Quanto menor o número de eleitores corruptos, menor será, por certo, o número de criminosos eleitos.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

GAZETA DO CHUCRUTE DE MONDAÍ- Odebrecht diz que deu R$ 30 milhões de propina para chapa Dilma-Temer

INVASORES DESENHISTAS

Surgiram desenhos nos trigais e milharais em Tongoland. Apressados determinaram que fossem extraterrestres que vieram a brincar. Especialistas chegaram da capital do estado para dar seu parecer. Jornais estampavam manchetes, havia até gente que dizia ter vistos homenzinhos verdes nos campos. Rádios fizeram alarde; talvez uma possível invasão alienígena se aproximava? Beatas acenderam velas e realizaram novenas, crianças desenharam monstrinhos de mil tipos dando cara aos visitantes. Um tarado afirmou ter feito sexo com uma alienígena no próprio milharal, coisa de louco. O comércio faturava em cima dos motivos desenhistas invasores. Enquanto isso tudo acontecia, Anselmo e Jonas, dois velhos bem humorados e espertos, caíam na gargalhada já planejando onde iriam aprontar com seus desenhos.

“Posso não ser lá muito inteligente. Mas ninguém me engana duas vezes.” (Climério)

IGREJAS DE NEGÓCIOS

Igrejas de negócios. Elas proliferam como ratos, a cada dia novas surgem com nomes esdrúxulos. Fiéis contribuintes, ordeiros, uma benção. O povo ingênuo caia na lábia, lavagem feita, bolso abarrotado. Igrejas de negócios, no lugar do altar um caixa eletrônico.

“Fossem trigais os esquerdistas imbecis o Brasil não precisaria importar farinha.” (Mim)

E AÍ ACONTECE

O pai está em fuga
A mãe dança animada no bailão
O bebê chora solitário na cama
O cão ladra pela madrugada
Enquanto a responsabilidade se ausenta.

“De tanto a velha encher o saco resolvi cortar a grama do quintal. Sobrou para o SAMU.” (Nono Ambrósio)

“É horrível. Eu sofro de depressão pós-prato.” (Fofucho)

“Mãe normalmente não acha filho feio. Mas a minha votou que sim duas vezes.” (Assombração)

COMUNISMO

Estado de direito torto morto
Melhor dormir no relento
No gramado mato adentro
Não ficar em casa esperando pela visita desgraçada
Dos mandados do tirano
Que te trazem algemas de presente pela madrugada.

ADAMASTOR

Metido ele sempre fora, não pedia licença para ninguém. Então Adamastor chegou ao bar na tarde de sexta-feira e bebeu todas. Quando quis beber também a dos outros tomou um tiro.

“Quer saber quem sou eu? Pois consulte o Serasa e saberá”. (Climério)

“Tenho todos os defeitos do mundo. E não satisfeito ainda pego alguns dos vizinhos.” (Climério)

“Meu atual emprego é de maquinista de trem fantasma. Assustar os outros é muito divertido.” (Assombração)

“Sou tão feio que só ando de costas.” (Assombração)

“Sou muito emotivo. Quando uma mulher bonita me joga um beijo eu desmaio.” (Assombração)