Políticos demagogos não têm nenhum interesse em melhorar a qualidade da educação no país, e o motivo é evidente: quanto mais ignorantes, mais fácil é apelar ao populismo e à compra de votos. Vender votos não é exclusividade dos pobres e ignorantes.
Sabemos que muitos vendem seus votos, seja por um benefício estatal qualquer, seja para preservar um cargo público. Mas é óbvio que os mais carentes cobram menos, e sai baratinho para os caciques políticos.
É o caso de Alagoinha, no Piauí, o município com maior quantidade relativa de analfabetos: mais de 40% do total da população. É uma situação trágica, que depõe contra nossa democracia:
“Isso é um desmantelo, é uma desgraceira”, diz o comerciante Antônio de Sá. “O povo aqui só vota em deputado e essas coisas por dinheiro.” A aposentada Helena Sobreira concorda com outras palavras. “Nas eleições, eles compram voto mesmo. Não é tijolo, não é dentadura, não. Eles dão é dinheiro.”
A compra de votos acontece em todas as regiões do Brasil. Foram 1.206 casos só na última eleição (2012). Em Alagoinha do Piauí, porém, esse crime eleitoral ganha contornos trágicos, afinal, a cidade é a recordista em analfabetismo do país. Antônio e Helena fazem parte dos 41,6% dos moradores de lá que não sabem ler nem escrever.
Exemplo disso, o município já teve um prefeito cassado por captação ilícita de sufrágio, nome técnico para o voto vendido. A notícia parece até um causo sertanejo: em 2009, Clodoaldo de Moura (PT) foi afastado e, como vingança, levou a chave da prefeitura com ele. A presidente da Câmara, que ficou como interina, teve que despachar várias semanas da calçada.
“Qualquer agradinho, R$ 30, R$ 40 já ajeita o voto de um sujeito”, resume Antônio a venda no varejo. O enredo da vida dele se confunde com a de outros “malucos véios sem nada”, como ele define os iletrados. Infância na roça, escola distante e descaso das autoridades e da família são o início da história, que se completa com a ineficiência dos programas estatais de ensino para jovens e adultos.
Bertold Brecht falava do “analfabeto político”, aquele alienado que não se interessava pelo assunto, ignorando o alerta de Platão: “A punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus”. Ou, na mesma linha, o alerta do historiador Arnold Toynbee: “O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam”.
Mas o Brasil, como vemos, está em estágio muito anterior ao do analfabetismo político. É um caso grave ainda de analfabetismo, ponto. E uma massa de analfabetos, de miseráveis, de ignorantes, é sempre um prato cheio para coronéis que abusam do voto de cabresto, que compram apoio em troca de uma dentadura, de uma esmola.
O PT, como sabemos, levou tal prática nefasta ao estado da arte, ao unificar sob o governo federal o Bolsa Família e mantê-lo como programa de governo em vez de estado. Agora, pode fazer terrorismo eleitoral, como vem fazendo, afirmando que se perder as eleições, os pobres e ignorantes correm o risco de perder os benefícios.
O sonho do PT é transformar o Brasil todo em uma Alagoinha. Que outro tipo de eleitor cai nas falácias toscas de que a autonomia do Banco Central tiraria a comida da mesa dos pobres? À medida que o eleitor tem mais educação, vota menos no PT. O partido adora a pobreza alheia, pois depende dela para viver.
Chávez conseguiu isso na Venezuela. É a garantia de manutenção do poder, enquanto o povo, cada vez mais miserável e ignorante, depende das esmolas estatais para viver e troca, “feliz” da vida, seu voto por uma dentadura ou trinta reais. Como fez Dilma com dona Nalva, usada pela campanha petista de forma abjeta. Para essa gente, vale tudo pelo poder!
Rodrigo Constantino