sexta-feira, 7 de outubro de 2016
SEM SOMBRA
Ele
tinha certa dificuldade em fazer amigos. Para dizer a verdade não tinha nenhuma
facilidade em se aproximar de alguém. Para uns era um grande chato, para outros
apenas um jovem profundamente melancólico. Algo que Joel não sabia era sorrir,
sempre taciturno, vivia para si. Naquela cidade não havia por certo pessoa mais
solitária e triste, sua única amiga era uma televisão de 20 polegadas que dele
não podia fugir. Do trabalho no banco para casa e nada mais. Não tinha
empregada em casa nem bichos para cuidar. Pensou num cachorro, mas logo
desistiu, não queria ter o trabalho de limpar sua sujeira. Teve sua tragédia
pessoal quando sua noiva o trocou por outra. Não reagiu, não lutou nem um
pouquinho para sair da tristeza, apenas entrou no baú dos solitários. E foi
assim que um dia sua própria sombra resolveu deixá-lo, abandonando um corpo
quase já sem vida. E quando o sol mostrava seu brilho e calor Joel caminhava
pelas ruas sem ter sequer a própria sombra por companhia.
O RETORNO DOS ESPELHOS
Anilda, 26 anos, morena, não que fosse feia, mas se achava. Sempre
se punha defeitos. Por este motivo certo dia mandou retirar todos os espelhos
da casa e pôs óculos escuros no marido. Só saía à rua disfarçada de homem, até
bigodes usava. Não tinha amigas, vivia reclusa por não ter autoestima. Na sua
cabecinha era a mulher mais feia do planeta. Passava os dias numa tristeza só.
Nem fazer compras lhe dava ânimo, coisa difícil de ser ver numa mulher. Porém
um fato ocasionou uma mudança radical na sua maneira de agir. Anilda tomava
banho numa tarde de maio quando o telhado do banheiro desabou, e junto dele
veio Amauri, o filho do vizinho de 15 anos. Com ela pelada na sua frente, ainda
assustado, ele confessou ser seu admirador, e que diariamente a espionava no
banho fazendo certos maroteamentos. Anilda ficou tão lisonjeada que nem mesmo
brigou com o menino, deu-lhe sim uma beijoca e o mandou para casa. Sentiu-se
uma gata, o sol voltou a brilhar no seu mundo. No mesmo dia mandou comprar
espelhos novos.
PROGRESSO
Não é
nostalgia
É constatação
Que não se
fazem mais infâncias na minha cidade como antigamente
A massa
cresceu
O espaço
sumiu
Os meninos de
hoje não tem mais seus campinhos de terra
Seus pés
encardidos
A bola
esfarrapada
As goleiras
de pau de construção
O progresso
chegou e levou embora o passado
Deixando
menos liberdade para correr e brincar
Porém mais
conforto e bem-estar.
Mentes obtusas
RODRIGO CONSTANTINO- REVISTA ISTOÉ
Quando eu era garoto, tinha uma divisão clara na escola entre o grupo dos inteligentes e aqueles mais obtusos. Estes nunca eram capazes de captar a ironia daqueles. Falo com conhecimento de causa: nunca fui inteligente, e ainda não sou. Mas me esforço bastante. E gostaria de compartilhar com os leitores algumas lições importantes que aprendi – ou assim acredito – com os sábios.
Comecemos pela tese de golpe no impeachment de Dilma. Um sujeito burro dirá que não houve golpe só porque a Constituição foi respeitada, as leis foram cumpridas e houve amplo direito de defesa. Poderão alegar que, para prevalecer a ideia de golpe, todos – Congresso, imprensa, Ministério Público, Polícia Federal e até STF – teriam de estar envolvidos. São limitados, tadinhos.
Meus mestres sábios explicaram que nada disso importa. Dilma era representante dos pobres e oprimidos, apesar do alto desemprego e da elevada inflação. Logo, derrubá-la é golpe e ponto final. Tudo não passou de uma vingança de Cunha, aquele que também caiu logo depois, pelo mesmo Congresso “sem moral”. As elites não suportam as conquistas sociais dos mais pobres, eis o fato. Por isso criticam tanto o socialismo. Basta ver como vivem bem os pobres na Venezuela.
As elites não suportam as conquistas sociais dos mais pobres, eis o fato. Por isso
criticam tanto o socialismo. Basta ver como vivem bem os pobres na Venezuela
Mas o golpe passou. E agora Temer, vejam só!, quer aprovar reformas estruturais, reduzindo os direitos dos trabalhadores. Seu governo quer flexibilizar as leis trabalhistas, que datam da era Vargas e foram inspiradas em Mussolini. Só alguém muito insensível pode desejar uma coisa dessas. Onde já se viu um trabalhador poder ter a liberdade de negociar diretamente com o patrão, sem ser obrigado a aceitar a incrível ajuda sindical?
“Nos países ricos”, um ser tacanho poderá responder. Nos EUA, na Alemanha e mesmo nos países escandinavos os trabalhadores não gozam dessa proteção sindical toda, não desfrutam das mesmas conquistas trabalhistas. Mas meus amados mestres explicaram: se esses países tivessem nossas leis trabalhistas rígidas, poderiam ser ainda mais ricos, tão ricos como nós! Poderiam ser até como uma Venezuela!
Há, ainda, a questão da previdência: o governo quer reformá-la só porque a conta não fecha e o rombo é crescente. Tenho pouca paciência para esses bitolados que adoram matemática. Se fossem mais inteligentes, saberiam que basta imprimir dinheiro para pagar as aposentadorias. E a inflação? Ora, basta congelar os preços depois. Vide, uma vez mais, o exemplo venezuelano.
Enfim, posso ser burrinho e não ter capacidade de compreender ironias, mas ao menos absorvi a inteligência dos meus professores marxistas. Impeachment é golpe, sindicatos são amigos dos trabalhadores e os rombos das aposentadorias são ilimitados. Ah sim: viva a Venezuela e Fora, Temer!
Quando eu era garoto, tinha uma divisão clara na escola entre o grupo dos inteligentes e aqueles mais obtusos. Estes nunca eram capazes de captar a ironia daqueles. Falo com conhecimento de causa: nunca fui inteligente, e ainda não sou. Mas me esforço bastante. E gostaria de compartilhar com os leitores algumas lições importantes que aprendi – ou assim acredito – com os sábios.
Comecemos pela tese de golpe no impeachment de Dilma. Um sujeito burro dirá que não houve golpe só porque a Constituição foi respeitada, as leis foram cumpridas e houve amplo direito de defesa. Poderão alegar que, para prevalecer a ideia de golpe, todos – Congresso, imprensa, Ministério Público, Polícia Federal e até STF – teriam de estar envolvidos. São limitados, tadinhos.
Meus mestres sábios explicaram que nada disso importa. Dilma era representante dos pobres e oprimidos, apesar do alto desemprego e da elevada inflação. Logo, derrubá-la é golpe e ponto final. Tudo não passou de uma vingança de Cunha, aquele que também caiu logo depois, pelo mesmo Congresso “sem moral”. As elites não suportam as conquistas sociais dos mais pobres, eis o fato. Por isso criticam tanto o socialismo. Basta ver como vivem bem os pobres na Venezuela.
As elites não suportam as conquistas sociais dos mais pobres, eis o fato. Por isso
criticam tanto o socialismo. Basta ver como vivem bem os pobres na Venezuela
Mas o golpe passou. E agora Temer, vejam só!, quer aprovar reformas estruturais, reduzindo os direitos dos trabalhadores. Seu governo quer flexibilizar as leis trabalhistas, que datam da era Vargas e foram inspiradas em Mussolini. Só alguém muito insensível pode desejar uma coisa dessas. Onde já se viu um trabalhador poder ter a liberdade de negociar diretamente com o patrão, sem ser obrigado a aceitar a incrível ajuda sindical?
“Nos países ricos”, um ser tacanho poderá responder. Nos EUA, na Alemanha e mesmo nos países escandinavos os trabalhadores não gozam dessa proteção sindical toda, não desfrutam das mesmas conquistas trabalhistas. Mas meus amados mestres explicaram: se esses países tivessem nossas leis trabalhistas rígidas, poderiam ser ainda mais ricos, tão ricos como nós! Poderiam ser até como uma Venezuela!
Há, ainda, a questão da previdência: o governo quer reformá-la só porque a conta não fecha e o rombo é crescente. Tenho pouca paciência para esses bitolados que adoram matemática. Se fossem mais inteligentes, saberiam que basta imprimir dinheiro para pagar as aposentadorias. E a inflação? Ora, basta congelar os preços depois. Vide, uma vez mais, o exemplo venezuelano.
Enfim, posso ser burrinho e não ter capacidade de compreender ironias, mas ao menos absorvi a inteligência dos meus professores marxistas. Impeachment é golpe, sindicatos são amigos dos trabalhadores e os rombos das aposentadorias são ilimitados. Ah sim: viva a Venezuela e Fora, Temer!
Minoria tripla Por Rodrigo Constantino

Fernando Holiday – Imagem de divulgação.
Na semana passada, contei a história de três pessoas que sofriam por pertencer à menor minoria de todas em suas respectivas áreas: aquela de liberais e conservadores em meios dominados pela hegemonia de esquerda. Agora vamos ver um caso concreto da política nacional.
O vereador mais jovem de São Paulo será Fernando Holiday. Ele recebeu quase 50 mil votos pelo DEM, numa campanha praticamente sem recursos. Holiday ficou conhecido por sua militância no Movimento Brasil Livre, que levou milhões às ruas defendendo o impeachment de Dilma. Fernando vive num “cafofo” em cima do escritório do MBL, onde trabalha. Sua cama é um colchão jogado no chão do pequeno espaço onde vive. Se a esquerda conta com verbas polpudas de sindicatos e até do especulador bilionário George Soros, os liberais do MBL dependem da doação voluntária de indivíduos.
Holiday, pelo conceito dos “progressistas”, representa uma minoria tripla: é pobre, negro e gay. Tinha tudo, portanto, para ser um símbolo dos movimentos de esquerda, que apelam para a vitimização na “marcha dos oprimidos”, clamando sempre por privilégios estatais. Mas ele não quer saber de nada disso, dessa agenda coletivista. Seu foco é a liberdade individual, e ele entende que, ao transformar as tais “minorias” em mascotes, a esquerda acabou prejudicando justamente os mais pobres. Sua mensagem é de superação, de responsabilidade individual, não a de um coitadinho que precisa das esmolas do governo para sobreviver. (…)
Clique aqui para ler o artigo completo.
INGÊNUO
“Ingênuo é o tipo de sujeito que acredita piamente que existe um sujeito chamado São Jorge morando na lua.” (Eriatlov)
ESSA MISTERIOSA REFORMA AGRÁRIA BRASILEIRA por Percival Puggina. Artigo publicado em 07.10.2016
Há cerca de 20 anos, visitei diversos assentamentos do Incra no sul do Rio Grande do Sul. Alguns tinham barreira no acesso. Ninguém podia entrar sem autorização e a autorização era negada a curiosos. Eu era exatamente isso. Os que visitei estavam praticamente inativos, sem aproveitamento. Quase não se percebia sinal de vida. Em um deles, porém, encontrei animais de pasto e vasta extensão cultivada, prenunciando generosa safra. Pertencia a uma família de vários irmãos, procedentes da região noroeste do Estado, que trabalhavam seus lotes em conjunto. Fui conversar com eles e perguntei o motivo do contraste em relação aos demais assentados. A resposta foi surpreendente - eles plantavam. No entanto, fariam a colheita e iriam embora porque a vizinhança era perigosa. À menor desatenção, eram roubados.
***
Os órgãos destinados à Reforma Agrária no Brasil operam com a terceira geração de servidores. As duas anteriores se dedicaram a fazer a reforma agrária e hoje se beneficiam da aposentadoria. Uma terceira vai tocando o trabalho, olhos no desenvolvimento de suas vidas funcionais. Nada haveria de extraordinário nisso. É o que acontece em todo o órgão público longevo e os órgãos públicos costumam ser longevos. Depois que o Estado abre uma porta ou um guichê, dificilmente essa abertura se fecha. O que torna incomparável a atuação dos órgãos de reforma agrária, hoje convergentes no Incra, é a constrangedora falta de dados sobre aquilo que é objeto de seu oneroso trabalho, oficialmente iniciado há 54 anos com a criação da Superintendência de Reforma Agrária.
Nesse "já longo andar", nosso país optou por ir na contramão da tendência mundial, que é de concentração das propriedades rurais para torná-las mais produtivas e eficientes, com ganhos de competitividade e rentabilidade. Essa tendência, natural e inevitável, reduziu a menos de 5% a população rural dos países desenvolvidos, inclusive nas potências agrícolas com as quais o Brasil compete. Resultado? Maior renda per capita no campo, aproximando-a da renda média do meio urbano.
Para atender a esse projeto de desenvolvimento com farol voltado para o século XIX, o Brasil dedicou à Reforma Agrária uma formidável extensão de terras. "Quantos milhões de hectares?" perguntará o leitor. Pois é, meu caro. Ninguém sabe! Pelo que encontrei enquanto tentava descobrir, trata-se de algo entre 40 e 80 milhões de hectares. Por outro lado, ninguém - ninguém mesmo! - sabe o que acontece nos assentamentos. As perguntas mais naturais da sociedade, que paga a conta da "reforma agrária" e os salários dos servidores ativos e inativos do Incra, não têm resposta. O que produzem essas dezenas de milhões de hectares destinados a resolver o problema social do campo pelo tão ambicionado projeto do MST e seus assentamentos? Os técnicos sequer arriscam palpite. Provavelmente se trata de insignificante fração do que poderia ser produzido se adequadamente aproveitado. Não é por acaso que o Incra aparece, mesmo nos levantamentos do próprio governo, como um dos principais responsáveis pelo desmatamento em certas regiões do país.
Até agora, o que de mais robusto se produziu com essa política foi o MST, com aquele extraordinário suporte que as organizações internacionais a serviço do comunismo dedicam aos que abraçam estratégias e pedagogias revolucionárias. Venderam caro - e, mesmo assim, parcela significativa da sociedade comprou - a ideia de que todo brasileiro nasce titular de um direito natural a receber dos demais um lote de terra para dela fazer o que bem entender, inclusive nada.
Ah, se fosse produtivo o que já se destinou para reforma agrária! Ah se não houvesse o MST, pedagogicamente, ensinado violência, desrespeito à lei e uma ideologia de primatas! Ah, se tivesse sido aplicado em educação junto aos excedentes do meio rural tudo que foi gasto para promover algo cujo resultado não se vê nem se conhece! O Brasil estaria num outro estágio de desenvolvimento socioeconômico, regido com maior racionalidade e paz.
TED THOMPSON- BADERNA NA NOITE
Já passava da meia-noite e o barulho infernal continuava na casa grande da rua. Além do som alto, muita gritaria e fogos. O bebê doente da senhora Renard chorava muito; o senhor Dalmo, octogenário, sofria dos nervos e toda aquela bagunça fora de hora causava nele um mal terrível; dona Ivete tentava ver um filme, mãos não conseguia ouvir o que diziam. A polícia foi chamada e apareceu uma vez quando os abusados pararam com o barulho para recomeçar depois. Deboche puro. As autoridades policiais não retornaram mais, mesmo após outros chamados. Então Ted Thompson recebeu um telefonema anônimo pedindo ajuda. Como? Sempre que passava por algum lugar e encontrava pessoas honradas deixava seu número caso precisassem. Foi o que aconteceu. Em quinze minutos estava ele em frente ao portão da arruaça. Como sabem Ted não iria conversar; conversar os vizinhos e policiais já haviam tentado. A baderna rolava frouxa embalada por drogas pesadas. Ted olhou para o ambiente, tirou suas conclusões e contou um, dois, três e sacou sua Magnum 44 arrebentando as caixas de som com duas granadas os três automóveis que estavam no pátio. Os malandros corriam como ratos para se esconder. Ted recarregou e passou fogo nas grandes luminárias e nas caixas de bebidas que estavam sobre o gramado. Dois boys revidaram atirando, azar deles, morreram no ato. Antes de sair Ted gritou para eles: “Acabem com isso! Mato todos se tiver que voltar aqui!” Então foi caminhando à parte escura da rua e sumiu antes da chegada dos policiais.
GARIMPEIRO URBANO
Ainda o sol
não nasceu
Sopra um
vento gelado pelas ruas da cidade vazia
Um solitário
de casaco puído e sujo caminha de olhos
no chão
Mãos trêmulas
nos bolsos
Lábios
rachados e boca seca
Procurando
pequenos alentos nas calçadas e sarjetas
Pois é um
garimpeiro urbano
Um garimpeiro
de moedas perdidas.
QUEM SABE SETENTA?
A carne não é
boa coisa
O sal nos
mata
O açúcar nos
mata
O carboidrato
nos mata
O ar está
impuro
A água
contaminada
Não sei como
ainda estou vivo
Descontado
todo exagero
Não viverei
para sempre
Deixe-me
viver setenta
Tendo alguns
momentos de prazer.
DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- MAOMÉ, ESPADA E CRISTO
Em 13 de maio do ano passado, a TV da Autoridade Palestina transmitiu o sermão das sextas-feiras do xeque Ibrahim Mudeiris. Seleciono algumas pérolas do mesmo:
"Com o estabelecimento do Estado de Israel, a nação islâmica perdeu-se em sua totalidade, porque Israel é um câncer que se espalha por todo o corpo da nação islâmica e porque os judeus são um vírus semelhante ao da AIDS, da qual o mundo inteiro sofre as dores. (...) Vocês vão descobrir que os judeus estão por trás de todos os conflitos civis deste mundo. Os judeus estão por trás do sofrimento das nações.
"Nós já governamos o mundo antes e por Alá há de chegar o dia em que o dominaremos totalmente de novo. Há de chegar o dia em que dominaremos os Estados Unidos. Há de vir o dia em que governaremos a Inglaterra e o mundo todo - exceto para os judeus. Os judeus não gozarão de uma vida tranqüila debaixo do nosso domínio, porque são traiçoeiros por natureza, como têm sido por toda a história. Há de vir o dia em que todas as coisas ficarão livres dos judeus - até mesmo as pedras e as árvores que foram feridas por eles. Ouçam o Profeta Maomé que lhes fala sobre o maligno fim reservado para os judeus. As pedras e as árvores desejarão que os muçulmanos exterminem todo judeu."
Alguns jornais do Ocidente noticiaram o sermão. Apesar do anti-semitismo e totalitarismo nele expressos, não houve escândalo maior na Europa e Estados Unidos. O pronunciamento do xeque foi absorvido como a manifestação de um fanático.
Terça-feira passada, o papa Bento XVI citou uma frase de um imperador do século XIV, Manuel II, o Paleólogo (1391-1425), dirigida a um estudioso persa: "Mostre-me então, o que Maomé trouxe de novo, e ali só encontrará coisas más e desumanas, como esta, de que ele determinou, que se propague através da espada a fé que ele prega".
Continua o Sumo Pontífice: "Após ter atacado deste jeito, o imperador argumenta, então, pormenorizadamente, porque a propagação da fé através da violência é absurda. Ela está em contradição com a essência de Deus e da alma. 'Deus não tem prazer no sangue', diz ele, e agir de forma irracional contraria a essência de Deus. A fé é fruto da alma, não do corpo. Quem, portanto, pretende conduzir alguém à fé, precisa da habilidade do bom discurso e de um raciocínio correto, mas não de violência e ameaça... Para convencer uma alma sensata, necessita-se não de seu braço, não de instrumentos de agressão nem de outros meios pelos quais se pode ameaçar alguém de morte ..."
O Islã todo eriçou-se mundo afora. Bento XVI foi comparado com Hitler e Mussolini. Egito e Marrocos chamaram seus embaixadores no Vaticano de volta para avaliar as declarações do papa. Na Caxemira, Índia, protestos são organizados diariamente. Na Cisjordânia, homens armados atacaram cinco igreja católicas. Na Líbia, religiosos afirmam que o insulto nos leva de volta à era das Cruzadas contra os muçulmanos, liderados pelos políticos e religiosos ocidentais. Na cidade de Gaza, na Palestina, duas mil pessoas saíram às ruas para protestar contra o papa. Sábado passado, iraquianos membros do Khaiech al-Mujahedin prometeram lançar ataques contra Roma e o Vaticano, em resposta às palavras de Bento XVI. "Juramos destruir sua cruz no coração de Roma. E que o Vaticano será golpeado e irá chorar por seu papa", anunciou o grupo, que qualificou Bento XVI como "cão dos cruzados".
Contra o Manuel, o autor da frase, não se ouve restrição alguma. No fundo, os mulás estão agindo como agitprops entrincheirados nas mesquitas e querem reproduzir o escândalo de fevereiro passado, das charges dinamarquesas. Ora, nem o papa nem o imperador disseram uma inverdade. O Islã tem se expandido pela espada e não por acaso Maomé era um guerreiro. Mais ainda: o papa não disse nada. Apenas citou um diálogo transcorrido há mais de seis séculos. Obviamente, os muçulmanos não teriam nenhum ganho político xingando o Manuel. Xingue-se então o Bento. Imagine-se o escândalo se o papa citasse Dante, que na Divina Comédia colocou Maomé no oitavo círculo do inferno, destinado aos semeadores de discórdia.
Ora, Maomé não conduziu os árabes à fé através da habilidade do bom discurso e de um raciocínio correto, mas exatamente pela violência e ameaça. Homem de guerra, o profeta liderou sete anos de sangrentas batalhas entre Medina, muçulmana, e sua cidade natal, Meca, cujos principais representantes eram pagãos. No transcurso de sua vida, Maomé comandou 27 expedições militares e organizou outras tantas, lideradas por seus subordinados. Quem não se rendesse ao Islã e pagasse o dízimo poderia ser roubado, escravizado ou morto pelos crentes.
Na batalha dos muçulmanos contra a tribo judaica de Bani Qurayzah, todos os homens foram condenados à morte e as mulheres e crianças à escravidão. Setecentos judeus foram decapitados com um golpe de espada e tiveram seus corpos jogados em valas. A matança durou o dia todo e o último grupo foi executado à luz de tochas. Quem entra em Meca, em janeiro de 630, não é um profeta imbuído de mensagens de paz, mas um Maomé conquistador à frente de um exército vitorioso. Maomé conseguiu, antes de sua morte, unificar praticamente toda a Arábia sob uma só religião, o Islã... a golpes de espada. Não bastassem estes episódios históricos, o Alcorão concita os muçulmanos em várias de suas suras a exterminar os infiéis. Se algum dia estes fatos não puderem ser mencionados no Ocidente sob pena de guerra santa, nesse dia o Ocidente terá capitulado definitivamente frente ao islamismo.
Bento XVI voltou timidamente atrás em sua declaração, dizendo-se desolado porque seus propósitos tenham sido vistos como ofensivos à sensibilidade dos fiéis muçulmanos. Ora, ofensivos não foram, a menos que se considere a História como calúnia. Por outro lado, Sua Santidade parece ter esquecido daquele Cristo que um dia disse: "eu não vim trazer paz, mas espada". A mesma espada que viajou junto com a cruz nas expedições dos conquistadores, a mesma que degolou cátaros e albigenses, a mesma que acompanhou os Cruzados em seus massacres no Oriente. Isso sem falar, é claro, na Inquisição, que obrigou os judeus da Europa, sob pena de morte, a converter-se ao catolicismo.
Isso sem falar que o Antigo Testamento começa com um pancídio, do qual só se salvam Noé e o seus. Jeová ordena Israel a matar os amorreus, heteus, ferezeus, cananeus, heveus, jebuseus, mais tribos do que massacrou Maomé. Coisas do livro antigo, dirão almas mais complacentes. Assim fosse. No Novo Testamento, no Apocalipse, o Cordeiro volta para exterminar o que sobrou da humanidade.
O monoteísmo surge da areia, diz Michel Onfray. As três grandes religiões contemporâneas nasceram no deserto. Não é de espantar que seus livros contenham prescrições bárbaras, que só serão amenizadas com o evento da urbe. Defendo a idéia de que estes livros antigos sejam preservados como documentos históricos, mas abandonados como corpus normativo de qualquer religião que se pretenda contemporânea.
Enquanto isso, graças a uma frase pronunciada seis séculos atrás, Roma encontra-se ameaçada pelo terror islâmico. É muita hipocrisia. Se os muçulmanos não manifestaram reprovação alguma à retórica belicista do xeque Mudeiris no ano passado, não têm hoje autoridade alguma para contestar a menção de Bento XVI a fatos históricos.
segunda-feira, setembro 18, 2006
"Com o estabelecimento do Estado de Israel, a nação islâmica perdeu-se em sua totalidade, porque Israel é um câncer que se espalha por todo o corpo da nação islâmica e porque os judeus são um vírus semelhante ao da AIDS, da qual o mundo inteiro sofre as dores. (...) Vocês vão descobrir que os judeus estão por trás de todos os conflitos civis deste mundo. Os judeus estão por trás do sofrimento das nações.
"Nós já governamos o mundo antes e por Alá há de chegar o dia em que o dominaremos totalmente de novo. Há de chegar o dia em que dominaremos os Estados Unidos. Há de vir o dia em que governaremos a Inglaterra e o mundo todo - exceto para os judeus. Os judeus não gozarão de uma vida tranqüila debaixo do nosso domínio, porque são traiçoeiros por natureza, como têm sido por toda a história. Há de vir o dia em que todas as coisas ficarão livres dos judeus - até mesmo as pedras e as árvores que foram feridas por eles. Ouçam o Profeta Maomé que lhes fala sobre o maligno fim reservado para os judeus. As pedras e as árvores desejarão que os muçulmanos exterminem todo judeu."
Alguns jornais do Ocidente noticiaram o sermão. Apesar do anti-semitismo e totalitarismo nele expressos, não houve escândalo maior na Europa e Estados Unidos. O pronunciamento do xeque foi absorvido como a manifestação de um fanático.
Terça-feira passada, o papa Bento XVI citou uma frase de um imperador do século XIV, Manuel II, o Paleólogo (1391-1425), dirigida a um estudioso persa: "Mostre-me então, o que Maomé trouxe de novo, e ali só encontrará coisas más e desumanas, como esta, de que ele determinou, que se propague através da espada a fé que ele prega".
Continua o Sumo Pontífice: "Após ter atacado deste jeito, o imperador argumenta, então, pormenorizadamente, porque a propagação da fé através da violência é absurda. Ela está em contradição com a essência de Deus e da alma. 'Deus não tem prazer no sangue', diz ele, e agir de forma irracional contraria a essência de Deus. A fé é fruto da alma, não do corpo. Quem, portanto, pretende conduzir alguém à fé, precisa da habilidade do bom discurso e de um raciocínio correto, mas não de violência e ameaça... Para convencer uma alma sensata, necessita-se não de seu braço, não de instrumentos de agressão nem de outros meios pelos quais se pode ameaçar alguém de morte ..."
O Islã todo eriçou-se mundo afora. Bento XVI foi comparado com Hitler e Mussolini. Egito e Marrocos chamaram seus embaixadores no Vaticano de volta para avaliar as declarações do papa. Na Caxemira, Índia, protestos são organizados diariamente. Na Cisjordânia, homens armados atacaram cinco igreja católicas. Na Líbia, religiosos afirmam que o insulto nos leva de volta à era das Cruzadas contra os muçulmanos, liderados pelos políticos e religiosos ocidentais. Na cidade de Gaza, na Palestina, duas mil pessoas saíram às ruas para protestar contra o papa. Sábado passado, iraquianos membros do Khaiech al-Mujahedin prometeram lançar ataques contra Roma e o Vaticano, em resposta às palavras de Bento XVI. "Juramos destruir sua cruz no coração de Roma. E que o Vaticano será golpeado e irá chorar por seu papa", anunciou o grupo, que qualificou Bento XVI como "cão dos cruzados".
Contra o Manuel, o autor da frase, não se ouve restrição alguma. No fundo, os mulás estão agindo como agitprops entrincheirados nas mesquitas e querem reproduzir o escândalo de fevereiro passado, das charges dinamarquesas. Ora, nem o papa nem o imperador disseram uma inverdade. O Islã tem se expandido pela espada e não por acaso Maomé era um guerreiro. Mais ainda: o papa não disse nada. Apenas citou um diálogo transcorrido há mais de seis séculos. Obviamente, os muçulmanos não teriam nenhum ganho político xingando o Manuel. Xingue-se então o Bento. Imagine-se o escândalo se o papa citasse Dante, que na Divina Comédia colocou Maomé no oitavo círculo do inferno, destinado aos semeadores de discórdia.
Ora, Maomé não conduziu os árabes à fé através da habilidade do bom discurso e de um raciocínio correto, mas exatamente pela violência e ameaça. Homem de guerra, o profeta liderou sete anos de sangrentas batalhas entre Medina, muçulmana, e sua cidade natal, Meca, cujos principais representantes eram pagãos. No transcurso de sua vida, Maomé comandou 27 expedições militares e organizou outras tantas, lideradas por seus subordinados. Quem não se rendesse ao Islã e pagasse o dízimo poderia ser roubado, escravizado ou morto pelos crentes.
Na batalha dos muçulmanos contra a tribo judaica de Bani Qurayzah, todos os homens foram condenados à morte e as mulheres e crianças à escravidão. Setecentos judeus foram decapitados com um golpe de espada e tiveram seus corpos jogados em valas. A matança durou o dia todo e o último grupo foi executado à luz de tochas. Quem entra em Meca, em janeiro de 630, não é um profeta imbuído de mensagens de paz, mas um Maomé conquistador à frente de um exército vitorioso. Maomé conseguiu, antes de sua morte, unificar praticamente toda a Arábia sob uma só religião, o Islã... a golpes de espada. Não bastassem estes episódios históricos, o Alcorão concita os muçulmanos em várias de suas suras a exterminar os infiéis. Se algum dia estes fatos não puderem ser mencionados no Ocidente sob pena de guerra santa, nesse dia o Ocidente terá capitulado definitivamente frente ao islamismo.
Bento XVI voltou timidamente atrás em sua declaração, dizendo-se desolado porque seus propósitos tenham sido vistos como ofensivos à sensibilidade dos fiéis muçulmanos. Ora, ofensivos não foram, a menos que se considere a História como calúnia. Por outro lado, Sua Santidade parece ter esquecido daquele Cristo que um dia disse: "eu não vim trazer paz, mas espada". A mesma espada que viajou junto com a cruz nas expedições dos conquistadores, a mesma que degolou cátaros e albigenses, a mesma que acompanhou os Cruzados em seus massacres no Oriente. Isso sem falar, é claro, na Inquisição, que obrigou os judeus da Europa, sob pena de morte, a converter-se ao catolicismo.
Isso sem falar que o Antigo Testamento começa com um pancídio, do qual só se salvam Noé e o seus. Jeová ordena Israel a matar os amorreus, heteus, ferezeus, cananeus, heveus, jebuseus, mais tribos do que massacrou Maomé. Coisas do livro antigo, dirão almas mais complacentes. Assim fosse. No Novo Testamento, no Apocalipse, o Cordeiro volta para exterminar o que sobrou da humanidade.
O monoteísmo surge da areia, diz Michel Onfray. As três grandes religiões contemporâneas nasceram no deserto. Não é de espantar que seus livros contenham prescrições bárbaras, que só serão amenizadas com o evento da urbe. Defendo a idéia de que estes livros antigos sejam preservados como documentos históricos, mas abandonados como corpus normativo de qualquer religião que se pretenda contemporânea.
Enquanto isso, graças a uma frase pronunciada seis séculos atrás, Roma encontra-se ameaçada pelo terror islâmico. É muita hipocrisia. Se os muçulmanos não manifestaram reprovação alguma à retórica belicista do xeque Mudeiris no ano passado, não têm hoje autoridade alguma para contestar a menção de Bento XVI a fatos históricos.
segunda-feira, setembro 18, 2006
DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- MINISTROS EM ECLÂMPSIA
O Mandalete para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e o Explicador-Geral da República, Tarso Hertz Genro, quase entraram em eclâmpsia com as revelações do último escândalo semanal protagonizado pelo PT, o da compra de dossiês. Garcia gritou com jornalistas, negando ter dito o que havia dito sobre seu xará, o ministro Marco Aurélio Mello. E Genro denunciou a manipulação da informação, ante uma reunião de prefeitos em Brasília:
"A veia democrática do povo brasileiro não permitirá que o resultado das urnas seja fraudado pela manipulação da informação, pela manipulação eleitoral e pela forma absolutamente arbitrária com que o governo vem sendo atacado.Esses prefeitos estão aqui para responder àqueles que, já derrotados nas urnas, querem melar o processo eleitoral, preparando a instabilidade política futura."
O Supremo Apedeuta e capo di tutti capi - por sua vez - acusa a oposição de golpista. A oposição não merece tal encômio. Foi inepta desde sempre em acusar o governo petista. Todas as acusações ao governo do PT - desde a affaire Waldomiro até este último escândalo dos dossiês - têm sua origem no PT ou na base aliada.
Se alguém quer golpe, desculpe-me o Apedeuta, é seu próprio partido.
sábado, setembro 23, 2006
"A veia democrática do povo brasileiro não permitirá que o resultado das urnas seja fraudado pela manipulação da informação, pela manipulação eleitoral e pela forma absolutamente arbitrária com que o governo vem sendo atacado.Esses prefeitos estão aqui para responder àqueles que, já derrotados nas urnas, querem melar o processo eleitoral, preparando a instabilidade política futura."
O Supremo Apedeuta e capo di tutti capi - por sua vez - acusa a oposição de golpista. A oposição não merece tal encômio. Foi inepta desde sempre em acusar o governo petista. Todas as acusações ao governo do PT - desde a affaire Waldomiro até este último escândalo dos dossiês - têm sua origem no PT ou na base aliada.
Se alguém quer golpe, desculpe-me o Apedeuta, é seu próprio partido.
sábado, setembro 23, 2006
A cirurgia para reduzir a impunidade
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Instituto Millenium- Sobre o “Não Voto” nas eleições
Autor: Nuno Coimbra Mesquita
Segundo dados preliminares do TSE, o número de votos brancos e nulos têm crescido nos últimos pleitos eleitorais, chegando a 13.7% dos votos nas últimas eleições. Somados aos eleitores que sequer compareceram as urnas para votar, o número muitas vezes superou o primeiro colocado em muitas cidades. Das 26 capitais brasileiras, em 21 os não votos superaram o primeiro colocado (em 11 delas) e o segundo colocado (em mais 10 cidades). Em capitais como São Paulo, Salvador e Curitiba o número total daqueles que “votaram em ninguém” superou o número de votos no primeiro colocado. No Rio de Janeiro esse número chegou a 42,5% e em Belo Horizonte a 43,1%. Em ambas as cidades esses números superaram a votação dos dois primeiros colocados somados.
Ainda que estes números possam parecer alarmantes, precisam ser vistos com certo cuidado. Em primeiro lugar, ainda que o número de pessoas que não expressaram preferência por nenhum candidato tenha aumentado este ano, os números também foram expressivos em anos anteriores. Assim, não é uma novidade que tenha havido vencedores das eleições com votações inferiores ao número total de abstenções, brancos e nulos. Em segundo lugar, é preciso diferenciar abstenções (quem não compareceu para votar) dos votos brancos e nulos.
Abstenção
Em relação ao primeiro grupo, pouco se pode dizer, pois há muitas razões possíveis para o não comparecimento às urnas. Desde quem realmente preferiu ficar em casa por não estar engajado no processo eleitoral (e optou por pagar uma multa simbólica para regularizar-se junto à Justiça Eleitoral), até quem estaria muito interessado em votar, mas por motivos diversos estava fora de seu domicílio eleitoral. Ou seja, não se pode aferir que a abstenção necessariamente signifique um desengajamento da política, ou a percepção da falta de opções em quem votar por parte do eleitor. Em relação ao segundo grupo, o dos brancos e nulos, estes sim de alguma forma representam alguma forma de desengajamento do sistema.
Em relação ao primeiro grupo, pouco se pode dizer, pois há muitas razões possíveis para o não comparecimento às urnas. Desde quem realmente preferiu ficar em casa por não estar engajado no processo eleitoral (e optou por pagar uma multa simbólica para regularizar-se junto à Justiça Eleitoral), até quem estaria muito interessado em votar, mas por motivos diversos estava fora de seu domicílio eleitoral. Ou seja, não se pode aferir que a abstenção necessariamente signifique um desengajamento da política, ou a percepção da falta de opções em quem votar por parte do eleitor. Em relação ao segundo grupo, o dos brancos e nulos, estes sim de alguma forma representam alguma forma de desengajamento do sistema.
Voto branco ou nulo
O eleitor que compareceu às urnas, mas votou branco ou nulo, de alguma forma preferiu não se posicionar. Diante das opções oferecidas, não se sentiu representado por nenhuma delas. Pode estar desengajado da disputa, não vendo diferenças entre os candidatos, ou pode também estar profundamente crítico da política, preferindo um voto de protesto. Para este eleitor ou eleitora, o argumento de votar no “menos pior” não o seduz, considerando todas as opções igualmente ruins.
O eleitor que compareceu às urnas, mas votou branco ou nulo, de alguma forma preferiu não se posicionar. Diante das opções oferecidas, não se sentiu representado por nenhuma delas. Pode estar desengajado da disputa, não vendo diferenças entre os candidatos, ou pode também estar profundamente crítico da política, preferindo um voto de protesto. Para este eleitor ou eleitora, o argumento de votar no “menos pior” não o seduz, considerando todas as opções igualmente ruins.
Em um cenário político crítico como o nosso – de uma crise com diversas dimensões (não só econômica e política, mas também a da corrupção) – o “não voto” também reflete uma crise de representatividade. Esta não é só brasileira, é verdade, mas também se mostra como um sintoma dos problemas enfrentados por nosso sistema político. O presidencialismo de coalizão – com regras eleitorais que estimulam a fragmentação partidária aliada à falta de lideranças políticas capazes de apontar rumos para a superação desses problemas – contribuiu para este crescente descolamento entre parte do eleitorado e a política. Assim, não se trata de brigar com o eleitorado quando este não se mostra interessado, pois cabe à política e a seus atores (políticos e partidos) buscarem e engajarem o cidadão.
Instituto Millenium- 27% das escolas no Brasil têm menos da metade dos professores com licenciatura
No Brasil, 27% das escolas têm menos da metade dos professores com licenciatura na disciplina que ensinam aos alunos. Isso quer dizer que, nestes colégios, a maior parte dos docentes não estudou na universidade para se tornar professor naquela matéria e também não fez curso de complementação pedagógica. Os dados fazem parte do resultado do “Enem 2015 por escola”, que foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nesta terça-feira (4).
Se consideradas as 100 escolas com as piores médias no Enem 2015, 68 não possuem nem metade dos professores com graduação ou curso na área em que lecionam. Já entre os 100 colégios com melhores médias, apenas seis têm menos da metade dos docentes com formação especializada nas disciplinas que ensinam aos alunos.
Nas duas instituições cujos alunos obtiveram as melhores notas médias no exame – Objetivo e Etapa III, ambos em São Paulo – todos os professores contratados têm licenciatura na área em que atuam.
De acordo com Maria Inês Petrucci Rosa, professora do departamento de ensino e práticas culturais da Faculdade de Educação da Unicamp, há duas explicações para o alto número de escolas que empregam profissionais sem licenciatura.
A primeira delas é que, em algumas regiões isoladas do Brasil, a distância das universidades e dos colégios faz com que seja mais difícil encontrar docentes com formação para dar aula. “A função de professores leigos acaba sendo recorrente. A região amazônica, por exemplo, tem vários problemas nesse sentido”, explica a professora. “O que as secretarias estaduais tentam é investir em educação à distância, para formar mais profissionais nestas áreas isoladas.”
A outra explicação apontada por Maria Inês é a desvalorização da carreira de professor. Mesmo em regiões urbanas, como São Paulo, onde há quantidade expressiva de formandos a cada ano, há funcionários das escolas sem licenciatura.
“Os professores especialistas não se sentem atraídos pela carreira. Percebem que não conseguem ter carga horária condizente com um salário que dê conta de sustentar a família”, diz Maria Inês. “Aí ocorre o sucateamento por desemprego. Um farmacêutico, por exemplo, está desempregado e se candidata para dar aulas de química, porque os professores especialistas não se sentem mais atraídos por essas vagas. Ou um advogado se candidata para aulas de português”, completa.
Prejuízos para a educação
Maria Inês reforça que, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, aprovadas em 2001, todo professor deve ter licenciatura para assumir a vaga em um colégio.
A medida provisória da reforma do ensino médio, decretada pelo Ministério da Educação no dia 22 de setembro, busca regulamentar que pessoas sem licenciatura, apenas com “notório saber” na área de conhecimento, possam desempenhar a função de docente.
Para a especialista, há um retrocesso. “Estão regulamentando a precariedade. Em vez de priorizar investimentos em educação, estão agindo como se tivéssemos que nos ajustar a essa situação com problemas”, diz.
Ela explica que ser professor não é apenas transmitir conhecimentos. “A habilidade de ensino é uma aquisição profissional. O professor é um agente social importante que conhece os processos didáticos, culturais e sociais de escolarização. Isso vem de instituições formadoras”, explica.
Maria Inês afirma que ter educação com qualidade expressiva exige que os profissionais sejam qualificados e estudem em uma instituição especializada, com currículo próprio – assim como o que ocorre nas áreas de engenharia ou de saúde. “O professor aprende, na licenciatura, a entender o que é infância, o que é juventude. Isso não ocorre de forma espontânea na sala de aula”, completa.
Soluções
A especialista afirma que as escolas com maior parcela de professores formados na área que lecionam têm mais sucesso nas avaliações porque costumam valorizar o corpo docente. “Muitas delas têm regime de contratação integral, com horas reservadas para estudos, trabalhos coletivos”, diz Maria Inês.
Para ela, se o contrato favorece que o professor possa se dedicar a apenas uma escola, sem precisar conciliar dois ou mais empregos, ele terá mais tempo para se preparar para as aulas e para conhecer a comunidade escolar – alunos e seus familiares. “Os professores precisam ter um patamar salarial condizente com o trabalho deles. Fazer uma pessoa assumir aulas em várias escolas ao mesmo tempo é o veneno da qualidade da educação”, completa.
Fonte: “G1”.
Nelson Rodrigues e mais Doutor Alceu
Diz o dr. Alceu que a Revolução Russa é "o maior acontecimento do século". Como se engana o velho mestre! O "maior acontecimento do século" é o fracasso dessa mesma revolução.
O dr. Alceu fala a toda hora na marcha irreversível para o socialismo. Afirma que a Revolução Russa também é irreversível. Em primeiro lugar, acho admirável a simplicidade com que o mestre administra a História, sem dar satisfações a ninguém, e muito menos à própria História. Não lhe faria mal nenhum um pouco mais de modéstia. De mais a mais, quem lhe disse que a Revolução Russa é irreversível?
(Nelson Rodrigues)
(Nelson Rodrigues)
DONO DO TEMPO
DONO DO TEMPO
Ano 3.050.
João saiu para o quintal e observou nuvens carregadas, céu escuro, prenúncio de
fortes chuvas. Foi até a máquina na sala
e contrariado viu que estava programada
para ambiente de chuvas
torrenciais. Trocou para o canal tempo
bom e um límpido céu azul surgiu sobre a residência. Gritou ”crianças,
podem brincar no quintal, não irá chover! Troquei de canal!
FALSO
O abraço do
falso
Não vem
montado numa carranca
É todo riso e
amabilidade
Inspira o
amigo de fé para que distenda os músculos
Para que
possam os punhais do crápula
Penetrar a carne sem muito esforço.
Humor ateu
Deus descobriu
que São Pedro estava cobrando um por fora para permitir a alguns sujeitos
entrar no céu. Deu bronca das bravas:
-Pedro, de
hoje em diante você está proibido de visitar o inferno brasileiro. Jeitinho
brasileiro, aqui ó!
Não creio
“Toda crença em Deus é baseada em fé, não em fatos, argumentos sólidos e realidade. Portanto não me serve. Há muito abandonei acreditar em fadas e duendes.” (Filosofeno)
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