quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A CONTORCIONISTA

Giselda é uma contorcionista sensacional, não há na parecido com ela no planeta. Então treinando para um novo número em sua casa conseguiu entrar numa caixa de fósforos; dureza total, quase ficou presa. Sair depois ela saiu, mas já faz um mês que anda com a cara nos pés e as nádegas no lugar do rosto. Nunca vi ninguém ganhar tantos ois e beijos na bunda.

CAMELO

O homem santo disse: “É mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus. Pois o teimoso camelo Anselmo tentou, tentou e não conseguiu passar no buraco da agulha. Furioso mandou o homem santo à merda e que fizesse bom proveito da agulha costurando uma nádega na outra.

CAÇANDO PATOS

Ano 2550 DC. Romualdo e Peter saíram no domingo para caçar patos. Os bichinhos faceiros se deliciavam na grande lagoa quando os caçadores chegaram. Os bichos alçaram voo e eles meterem bala. Aí foi que aconteceu um fato novo que mudou a história de todas as caçadas de patos. Chegaram por detrás deles dois patos de terno e gravata que se apresentaram como advogados. Os eles largavam as armas ou seriam denunciados e presos. E ainda ameaçaram: E saibam vocês, o juiz do condado também é um pato. Acho que dá perpétua! Foi assim que acabaram os domingos de caçadas de patos.

“Começou o ano de 2017 e nada mudou, continuo feio como dantes.” (Assombração)

E AÍ ACONTECE

O pai está em fuga

A mãe dança animada no bailão

O bebê chora solitário na cama

O cão ladra pela madrugada

Enquanto a responsabilidade se ausenta.

A CALCINHA

 Claudio ansiava por chegar em casa e arrancar de vez a calcinha da esposa. Tarado? Não foi o caso. Claudio passou o dia com a dita atolada no rego numa situação incômoda. Aí é que você observa a importância de gavetas de roupas íntimas separadas e de não se vestir no escuro.

“Larguei dos carboidratos, mas continuo a ser perseguido por torresmos e trufas escandalosas.” (Fofucho)

EM BUSCA DA PAZ

 Omar ajoelhado ao pé da montanha clamava de braços abertos ao senhor: “Senhor meu Deus, tenho sofrido tanto! Traga-me paz senhor!” O viajante Gabriel que dormia em paz na sombra de uma pequena caverna não gostou de ser incomodado pela gritaria; então rolou uma pedra que veio a matar Omar, pois atingiu a cabeça. Gabriel olhou para baixo e berrou: “Não sou Deus, mas consegui a tua paz! Agora que os abutres se regozijem!”

ADEUS MUNDO CRUEL

Mauro não era propriamente um homem a quem podemos emblemar de bem com a vida. Casamentos desfeitos, bons empregos perdidos, duas sociedades em que fora passado para trás. Naquele dia saíra para procurar emprego e voltando para casa sem nenhuma novidade encontrou ela vazia. A mulher partira levando a mobília também. Ele foi então até o banheiro, levantou a tampa do vaso e se atirou dentro. Espremeu-se bem e com muito esforço conseguiu puxar a cordinha da descarga. Adeus mundo cruel!

TÚMULO DADO

Finados. Nicanor visitando uns e outros no campo santo quando se deparou com o próprio túmulo; nome, a data de nascimento e foto batiam, era ele. Pagou dez reais para o coveiro fazer uma abertura, entrou dentro, deitou-se e mandou fechar. Falou para o coveiro: “Já que está pronto preciso aproveitar não se ganha um túmulo assim de graça, ainda mais com tampo de puro mármore. Faça o favor de avisar os meus familiares que morri.” Calou-se e partiu desta vida feliz, pois para um sovina até na morte é preciso economizar.

O QUARTO

 Genivaldo veio do interior do Ceará para morar em São Paulo. Arrumou um quarto para morar que na verdade não era nem um terço. Para conseguir abotoar a camisa ele precisava sair para o lado de fora ou nada feito. Dormir e sonhar nem pensar; o sonho ficava  na rua em frente. Arranjou uma namorada, mas ele namorava  dentro e ela no sereno ou na chuva. Genivaldo ficou um mês e se cansou daquele cubículo. Aborreceu-se e foi morar dentro de uma caixa de fósforos. De graça.

FOLHA DO GUAIPECA DE DIAMANTINO- Gleisi é líder do PT no Senado

Acho que se for candidato o povo elege o Fernandinho Beira-Mar. Será ele mesmo pior que essa turma?

CORREIO DO BAGUAL DE HORIZONTINA- RENAN QUER SER MINISTRO

Que tal? Pediu para ser nomeado Ministro da Justiça. A falta de vergonha ultrapassou todos os limites.

DONA EUFRÁSIA

Já viúva, Dona Eufrásia (62) não era mole. Dava laço e tiro em qualquer marmanjo, não tinha medo de tamanho e nem de cara feia. Atirava também como poucas. Quando Neco engravidou a filha Jurema e não quis casar Eufrásia deu um jeito. Quebrou ele a pau e fez o bonito se casar com ela, a sogra. Criaram o menino na mesma casa , porém o assanhado só se deitava com a velha. Mais tarde Jurema arrumou um marido e trouxe ele para morar sob o mesmo teto. Pois Neco teve que aturar a sogra até ela morrer aos oitenta e cinco anos. Longa pena. Isso sem contar que a cada trimestre tomava uma tunda da velha para bem lembrar-se da sem-vergonhice.

O CAÇADOR

 Ronaldo foi caçar na África e seu sonho era comer carne de antílope. O azar dele foi cruzar antes com um leão que tinha o sonho de comer carne humana.

ALCEU LAGARTO

 Alceu Lagarto ainda novo, muito sossegado sobre a pedra-mor observava ao redor procurando alimento. Lambeu os beiços e correu atrás de um pequeno besouro vermelho que ligou seu motorzinho extra para poder fugir dele. A mãe do lagarto que acompanhava suas traquinagens berrou da porta da toca: “Basta Alceu, hoje não é dia de comer proteína! Se o seu pai ficar sabendo irá ter bronca. Venha, o macarrão está na mesa!”.

“Somente pisando sobre passos alheios não se faz um novo caminho.” (Filosofeno)

“A felicidade é um troféu que troca de mãos.” (Filosofeno)

“Não se doma o bicho conhecimento sem esforço. “ (Filosofeno)

“Às vezes a solidão nos obriga a uma convivência difícil.” (Filosofeno)

Do Baú do Janer Cristaldo- domingo, março 26, 2006 CHE RESSUSCITA DO LIXO

Em fevereiro de 2004, comentei Adeus, Lênin, este belo filme de Wolfgang Becker, raridade nestes dias de salas inundadas por bestsellers para consumo de pobres de espírito. O drama gira em torno de uma cidadã da antiga Berlim Oriental, que caiu em coma um pouco antes da queda do Muro. Só sai do coma alguns meses depois, quando Berlim é uma cidade só. Para evitar que a mãe tenha algum infarto com a nova realidade, seu filho remonta o apartamento com os trastes da era socialista, que nesta altura já haviam sido jogados a um depósito. Toma o cuidado de fechar janelas e eliminar rádio e televisão. Dada a insistência da mãe em ter um aparelho de TV, o rapaz passa a produzir noticiários com um amigo cineasta, no melhor estilo da finada Alemanha Oriental. Ele produz uma RDA que não mais existe, para consumo da mãe em convalescença.

Um rápido detalhe, talvez despercebido aos olhos de muitos, mexeu comigo na ocasião: entre os trastes da era antiga, que o filho recupera de um depósito de objetos inúteis para manter a mãe na ilusão de que nada havia mudado, está um pôster do Che Guevara. No filme de Becker, que reproduz uma Alemanha de 1991, Che é ícone jogado ao lixo. Neste nosso país incrível, justo naqueles dias em que eu escrevia a crônica - isto é, treze anos após a queda do Muro - estava sendo ultimado Diários da Motocicleta, de Walter Salles, idílico panegírico ao assassino que tem no currículo, entre outros feitos, ter tornado Cuba um dos países mais pobres do continente, que só não é o mais o pobre porque ainda existe o Haiti.

Vi e revi o filme mais duas ou três vezes. Num destes sábados, dia 18 passado, encontrei-o na programação do Telecine. Vou deliciar-me de novo, pensei, com este irônico relato da derrocada da barbárie. Quando acabou o filme, senti uma lacuna em meu prazer. Não havia visto o momento em que o pôster do Che é retirado do lixo. Imaginei que talvez tivesse ido à cozinha ou ao banheiro e perdido a cena. Decidi então rever meu passado recente. Eu havia visto o filho retirando da parede a foto de Honecker, quando o campeão de tiro na nuca renuncia. Havia visto o rapaz repondo na estante um livro de Anna Seghers. Até ali não havia levantado do sofá. A cena do pôster teria de estar antes da chegada da mãe ao apartamento. Não estava. O episódio fora cortado.

Denunciei o fato neste blog e recebi mensagens de pessoas que também não haviam visto a cena. Leitores incrédulos preferiram rever o filme, que seria reprisado na madrugada de terça-feira, dia 21. Sentei-me de novo ante a telinha e confirmei: a cena de fato fora cortada. Quando a mãe volta, em rápidos fotogramas vê-se o pôster reposto na parede de cabeceira da cama. Che ressurge do lixo, mas a cena em que foi retirado do lixo nos foi subtraída. É como se sempre estivesse estado naquela parede e jamais tivesse sido jogado ao lixo. A direção do Telecine - escrevi então - deve ter julgado a imagem por demais chocante para o público brasileiro.

Leitores que também curtiam o filme me alertaram: haviam-no visto em DVD e nada da cena do pôster no lixo. Para conferir, peguei um DVD na locadora. De fato, o filme estava censurado no próprio DVD. Quem julgou a imagem por demais chocante para o público brasileiro foi a distribuidora. Mas pode o Telecine distribuir um filme mutilado, só para agradar as viúvas do socialismo? A meu ver, tem a obrigação de reprisar, para o público brasileiro, o filme sem cortes.

Em pleno ano da graça de 2006, dezessete anos após a queda do Muro, quinze anos após a dissolução da União Soviética, temos ainda stalinistas de plantão preservando a imagem de um bandoleiro internacional a serviço do comunismo. Da mesma forma que Stalin mutilava fotos, para impor aos povos sua falsificação da História, mais de meio século depois da morte de Stalin temos neste Brasil censores mutilando filmes para salvar a imagem de Guevara. Se o filho da militante produzia uma RDA inexistente para manter sua mãe na ilusão de um mundo socialista, os distribuidores de Adeus, Lênin produzem um filme distinto do filme original, para manter o mito idílico de um apparatchik de gatilho fácil e sem escrúpulos.

Não por acaso, na Bolívia, Guevara é cultuado como San Ernesto de la Higuera. La Higuera é a aldeia onde Che foi preso. Um monumento ao assassino e um memorial na antiga escola são as principais atrações turísticas da área. Depois do filme de Walter Salles, a aldeia passou a fazer parte da "Ruta del Che". Eficaz intermediário entre Deus e os seres humanos, o novo santo já tem operado milagres.

Associada a causas nobres, a imagem do Che pode circular. Na terça-feira passada, 21 de março, está presente na primeira página da Folha de São Paulo, numa foto de alunos de uma escola municipal em Itaquera, São Paulo. Discreto, como convém aos santos, Che está no canto inferior direito da foto, na capa de um caderno escolar. A reportagem sequer fala do guerrilheiro. Apenas denuncia o fato de que a escola está situada acima do forno da padaria de um supermercado. O Che, você engole sem perceber.

Dois dias depois, na quinta-feira, no mesmo jornal, em página interna, uma homenagem mais evidente. Em uma foto de indígenas equatorianos protestando contra as negociações para um tratado de comércio com os EUA, lá está de novo o Che, glorioso, sobressaindo da foto, como que liderando o protesto. Como se o homem que levou um país à miséria econômica tivesse qualquer autoridade para liderar protestos contra tratados comerciais.

Já não basta termos de ver na televisão uma deputada dançando para saudar a vitória da corrupção, já não basta vermos o Estado petista assestando toda sua máquina contra um pobre caseiro, temos ainda de consumir gato por lebre e engolir as mentiras piedosas de stalinistas instalados em distribuidoras de filmes. Nestes dias, quem quiser ver o filme na íntegra, terá de viajar a Paris, Berlim ou Roma. Enfim, a países onde Che já teve o destino que sempre mereceu, a famosa lata de lixo da História. Como fazíamos na época da ditadura militar. Quem podia, viajava à Europa para ver bom cinema. Quem não podia ir à Europa, ia a Montevidéu ou Buenos Aires. Neste sentido, os cidadãos de Santana do Livramento eram privilegiados, bastava atravessar a Calle Internacional e assistir ao filme em Rivera.

Não por acaso, um filme como La Palombella Rossa, de Nanni Moretti, jamais passou no Brasil. Estava muito perto da queda do Muro, as chagas das viúvas ainda continuavam abertas. East Side Story, produção alemã de 1997, dirigida por Dana Ranga, cineasta romena que vive em Berlim, saudado pela imprensa americana como um dos melhores da década, passou quase clandestinamente em uma sala no Rio, outra em São Paulo. A crítica, nem um pio.

Hoje, a censura é mais sutil. O filme passa. Mas que nenhuma blasfêmia seja feita aos sagrados ícones do hagiológio das esquerdas.
UMA DAS CENAS
CENSURADAS
EM "ADEUS, LÊNIN"

O FIM DA ESPÉCIE

 No ano de 3.100 DC uma epidemia de ebola dizimou a população do planeta. Salvaram-se do fim Joana e Marcel, mas a raça humana deixou de existir logo depois, pois Joana era lésbica e Marcel gay. Os dois de comum acordo resolveram não colaborar com a continuação da malvada espécie. E eu só estou contado esta história porque sou um macaco.

PREFERÊNCIAS

 Dinorá era uma mulher madura que adorava garotinhos assados, fritos, ensopados, grelhados, de todo jeito enfim. Apesar de todos os crimes não foi pega pela polícia e sim por um garotinho que gostava de mulheres maduras fritas, assadas etc.

ESCURIDÃO

Há muita escuridão lá fora
Refugio-me indignado na casa da luz das mentes
É onde me assossego.

“Reumatismo, bico de papagaio, gota e nervo ciático. O nono já está comendo anti-iinflamatório de colher.” (Nono Ambrósio)

“A nona está gastando trezentos contos por mês em perfumes e cremes. Mas banho que é bom, nada!” (Nono Ambrósio)

“Comprimidos, comprimidos... Tomo um comprimido para dormir e outro para poder acordar.” (Nono Ambrósio)

DEVORADO

Mozarte Ribas, gabaritado aluno participante do Enem, colocado entre os primeiros na lista reversa, estava em frente ao seu PC na madrugada escrevendo a história da sua vida que começava assim: “Minha mãe me ganhou no hospital municipal quando meu pai tava viajando pra fora e ela tava sozinha, porque minha avó tava trabalhano noutra cidade tumem.” Quando terminou de escrever o tumem aconteceu o créu! Ele foi devorado pelo Micro Leão Dourado.

PREGUIÇA

PREGUIÇA

Acordando hoje com dois quatis nas costas
Exaltando a siesta mexicana
Lembrei-me da história do sujeito
Que de preguiça morria de fome na cama

Foi então que alma boa
Ofereceu-lhe vida afora
Arroz com casca em qualquer demanda
Para aplacar sua fome a qualquer hora

Sabendo disso o sujeito
Do arroz com casca e não cozido
Agradeceu do vivente a nobre  fidalguia
Mas que ante o trabalho da descasca
A boa morte preferia.

JULGAMENTOS


Via eu o mundo com os olhos da experiência daquilo que vivera
Tirando conclusões da percepção da minha janela
Então às vezes julgava  quem me é estranho
E era julgado também por quem não me conhecia
Tantos enganos e erros danosos
Acabaram por ensinar-me
Que se mesmo quem olha de perto pouco vê
O melhor que faz quem distante está é travar a língua.

A ILHA DIVIDIDA

 Existia no Pacífico uma ilha dividida entre homens bons e homens maus. Volta e meia os maus matavam um homem bom e a vida seguia seu curso. Porém com o tempo os bons foram todos mortos e só restaram os maus. Passaram então os maus a se matarem entre si e no fim de tudo não sobrou ninguém para apagar a luz.

COMO O CÉREBRO CONTROLA O CORPO

Auditório do Centro Convenções Everest lotado para ouvir o americano Dr. Paul King sobre o tema COMO O CÉREBRO CONTROLA O CORPO. No horário marcado o cientista não havia chegado ao evento. O apresentar comunicou o público: “ Senhora e senhores pedimos escusas pelo atraso. O doutor King no trajeto do hotel até o nosso evento teve um desarranjo e se borrou todo. Dentro de instantes estará aqui para demonstrar a todos como o cérebro controla o corpo.

O GATO JOEL

O gato Joel era supersticioso. Lia o horóscopo antes de sair de casa; de maneira alguma passava sob escadas. Andava pelas ruas arrastando trinta e quatro amuletos da sorte, entre eles uma pata de coelho. Em frente de cemitérios e igrejas fazia o sinal da cruz três vezes. Mesmo com todas essas garantias teve vida curta o nosso querido Joel. Ao desviar de uma escada encostada num obra em construção deu de cara com um Pitbull nervoso e adeus tia Chica.

IMPREVISÍVEL

Nós não dominamos a vida
Ela nos domina
Mesmo quando bem pensado escolhemos um rumo
Pode a força do imprevisível nos tirar do caminho.

INVASORES DESENHISTAS

 Surgiram desenhos nos trigais e milharais em Tongoland. Apressados determinaram que fossem extraterrestres que vieram a brincar. Especialistas chegaram da capital do estado para dar seu parecer. Jornais estampavam manchetes, havia até gente que dizia ter vistos homenzinhos verdes nos campos. Rádios fizeram alarde; talvez uma possível invasão alienígena se aproximava? Beatas acenderam velas e realizaram novenas, crianças desenharam monstrinhos de mil tipos dando cara aos visitantes. Um tarado afirmou ter feito sexo com uma alienígena no próprio milharal, coisa de louco. O comércio faturava em cima dos motivos desenhistas invasores. Enquanto isso tudo acontecia, Anselmo e Jonas, dois velhos bem humorados e espertos, caíam na gargalhada já planejando onde iriam aprontar com seus desenhos.

O NOVO HUMANO

 A raça humana foi exterminada por Deus. Resolveu ele iniciar com um novo modelo. Fez a mulher de barro, soprou e para ela deu vida. Uma formosura! Depois tirou um pedaço da bunda da beleza e fez o homem. Tudo pronto analisou suas obras e disse para um anjo que o acompanhava: ”Acho que agora vai!”

SEM PRESSA

Enquanto mente lúcida e corpo em pé 
Não há pressa para entrar naquela cidade 
Onde para morar entram todos deitados e quietos 
Mesmo os inconformados.

O OUTRO LADO

Não é arrogância e nem presunção
Apenas convicção
Que para o corpo morto
Existe sim o outro lado
Que é o lado de dentro do caixão.

O HOMEM VERDE

 Paulo ouviu uns barulhos estranhos vindo quarto da sua irmã e resolveu olhar pelo buraco da fechadura. Viu lá dentro ela amassando e beijando de língua um homem verde. Correu chamar os pais para ver. Quando eles chegaram os amassos continuavam, mas agora num homem amarelo. O sujeito havia amadurecido e a família não achou nenhuma graça.

CINETÁFIO PARA MAO

 O dirigente comunista Xiao Chen, notável bajulador, mandou construir na sua vila um cinetáfio para o grande ditador Mao. Pronto o brilhante, um milhão de pombos deram o ar da graça e defecaram no monumento, pondo-o ao chão com o peso do cocô. Depois de tudo como não foi possível pegar os pombos a polícia pegou o mentor da obra e o fuzilou sem maiores delongas.

MARCIO CARACOL

 No último dia do ano Márcio Caracol resolveu ver os festejos humanos tão aguardados de perto. Viu tantas coisas absurdas que entrou em depressão, voltou para dentro de sua casinha e não saiu mais nem para comer.

PARAÍSO

 Com uma trouxa nas costas a devota formiguinha Laura saiu da sua comunidade para conhecer o mundo de fora apesar dos protestos dos pais. Depois de perambular pelo jardim entrou numa bela casa e andando pela cozinha da mesma encontrou uma enorme montanha chamada açucareiro. Escalou a montanha para conhecê-la melhor e dentro dela deliciou-se com tanta doçura. Tomou então seu primeiro banho de açúcar. Radiante com sua descoberta imediatamente voltou para seus familiares e amigos para contar que o Pastor Euclides está certo quando diz que o paraíso existe. Ela sabe agora que e o paraíso está dentro daquela casa enorme e linda não muito distante de onde mora.

“Ministro que pega carona com políticos e empresários; têm preço.” (Eriatlov)

SEMPRE ELES

SEMPRE ELES

Quando surge uma luz no fim do nosso túnel
Eles entram pela urnas
Eles a roubam
Eles nos cansam.