LUCAS BERLANZA- INSTITUTO LIBERAL
Antes de qualquer coisa, trago mais algumas reflexões sobre os últimos acontecimentos que nos jogaram naquele que é talvez o estágio mais confuso da enorme crise que vivemos.
Em primeiro lugar, importa entender que não existem soluções mágicas e uma sociedade deve perseguir, não o Paraíso, mas a configuração de poderes e interesses que se choquem e controlem uns aos outros – os pesos e contrapesos. No Brasil, todos os poderes estão bastante combalidos moralmente, uns mais do que outros; nesse jogo, incluímos também a imprensa. Por que dizemos isso? Pelo seguinte: setores da direita estão disseminando que há interesses claros da Globo e da JBS – inclusive suspeita por se beneficiar da turbulência no mercado decorrente do estardalhaço político-midiático que ajudou a gerar – em fazer barulho e derrubar Temer, interesses supostamente ligados aos do PT e de Lula (muito embora estes últimos passem longe de estar ilesos nas delações da JBS). Ressaltaram também estranhezas na conduta de Janot e dos procuradores de Brasília.
Tudo isso pode ser verdade e, se for, que se apure e todos sejam punidos; deduzir disso, porém, que Temer é inocente, é vão. Numa sociedade doente, de interesses doentes, seus pesos e contrapesos também acabam sendo doentes, mas nem por isso deixam de levar a efeito essa função. Eduardo Cunha nos ajudou a derrubar Dilma Rousseff, acolhendo o pedido de impeachment. Hoje, seja qual for o motivo que tiver levado à delação ou à divulgação midiática, o presidente da República, chefe de Estado e de Governo em um sistema presidencialista, foi pego em flagrante e está moralmente maculado com evidências consistentes contra ele. Em qualquer país civilizado, ele se retiraria, para o bem nacional. É mesmo um utilitarismo questionável em seus próprios termos acreditar que sua permanência seja mais interessante. Mantenho: Temer deve sair.
Reconheço, é claro, que NENHUMA escolha que o país faça nesse momento está isenta de riscos. A permanência de Temer em um governo que corre riscos de sangrar tende a ser prejudicial ao país. As eleições diretas, que já condenamos e seguiremos condenando, representam uma alteração constitucional por casuísmo que é interessante para a narrativa dos petistas, usando o slogan das “Diretas Já” como se estivéssemos saindo do regime militar dos anos 80. É uma tentativa de armação para proteger o maior canalha que já governou este país, Lula, do peso da justiça.
A melhor solução de todas, em nossa opinião, e que defendemos, é a retirada de Temer o mais depressa possível e a realização de eleições indiretas, conforme manda a Constituição. Contudo, também aí, é claro, contando com os congressistas deploráveis que temos, há riscos potenciais; nada que, frisamos, nos convença a abandonar os limites constitucionais, única maneira que ainda temos de nos agarrar a alguma normalidade e buscar alguma previsibilidade. Haveria condições de, usando os meios de que dispomos, sob a forma de redes sociais e movimentos organizados, pressionar nossos políticos para que não elejam um presidente comprometido, quer nas investigações da Lava Jato, quer com os interesses que pretendem travá-la.
Assistimos à última edição do programa Painel, de William Waack, da Globo News. Um dos convidados foi José Eduardo Faria, pós-doutor em Direito e especialista da FGV de São Paulo. Com respeitável e lúcida participação ao longo de todo o programa, ele deu uma escorregada feia na reta final. Disse que o candidato ideal a ser encontrado para eleições indiretas seria uma “reserva moral” da nossa classe política, sem menções na Lava Jato, algum estadista experimentado que não tivesse mais ambições de poder notórias e que pudesse conciliar o nosso Congresso com uma agenda sensata de reformas. Tendo sido perguntado quem seria essa figura mítica e que nos parece impossível de ser encontrada, ele consentiu em admitir o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Só pode ser piada. Em primeiro lugar, porque FHC tem algumas citações na Lava Jato, embora a maioria das irregularidades associadas a seu nome já possa estar criminalmente prescrita. Em segundo lugar, porque não é possível, em plena evidência dos escombros em que se encontra a Nova República, alçar ao poder novamente um senhor que tem totais ligações com a consumação da identidade assumida por essa fase de nossa trajetória política. Uma figura que volta e meia se apieda dos infames protagonistas contemporâneos de nosso drama, a ponto de sair em defesa de Lula e ser a personificação mais perfeita da pusilanimidade no combate ao histrionismo do partido da estrela vermelha. A personificação mais perfeita do PSDB, atingido em cheio nas últimas delações, o ícone de um Brasil que, a despeito de seus acertos – que existiram -, deve acabar. Deixem, pois, que acabe.
segunda-feira, 22 de maio de 2017
INSTITUTO MILLENIUM- OBRIGADO ,LULA E DILMA- JOÃO LUIZ MAUAD
Os liberais costumam dizer que Lula e Dilma já fizeram mais pelo liberalismo de Pindorama que todos os grandes liberais, brasileiros e estrangeiros, cujos vastos ensinamentos parecem muito pouco diante das políticas desastradas, dos desmandos e das falcatruas daqueles dois ex-presidentes petistas.
Cientes disso, várias cabeças coroadas do esquerdismo tupiniquim continuam a defender os governos petistas com unhas e dentes, mesmo diante de tantas evidências e provas, não só dos crimes da dupla, mas de suas políticas intervencionistas e inflacionistas. Alguns atribuem tal postura ao fanatismo, mas estão enganados. Os caras de pau que ainda defendem os governos do PT estão, na verdade, lutando por algo que lhes é muito mais caro que a imagem de um partido ou político.
Para essa gente, todas as esperanças e sonhos de um mundo mais justo dependem dos resultados de determinados processos políticos e instituições. E o Estado é a principal ferramenta para a construção desse mundo melhor. Por isso, ele deve ser protegido, guardado, defendido e celebrado. A verdade revelada segundo a qual o Estado não é um mal necessário, mas o grande provedor e a fonte de todas as coisas boas que a humanidade pode construir, deve ser mantida a todo custo.
Os mandarins da esquerda tupiniquim têm pelo menos 50 anos de trabalho incessante e fartos recursos investidos na construção e exaltação do status moral elevado do Estado. Tal imagem deve ser resguardada a todo custo, sob pena de enormes prejuízos à causa. Assim, quaisquer eventuais falhas ou desvios de rumo devem ser considerados meros retrocessos temporários.
Por outro lado, o menor sinal de algum sucesso deve ser proclamado com campanhas de marketing exaustivas. O cidadão comum, despido de ideologia, deve ser submetido constantemente a homilias implacáveis sobre a santidade essencial do setor público. Não é por mero acaso que o senso comum do brasileiro médio esteve tão impregnado da crença nos direitos grátis, como se o Estado fosse capaz de prover algum produto ou serviço sem antes tomar os respectivos recursos da própria população.
O que Lula e Dilma fizeram em prol do liberalismo foi muito mais do que simplesmente reduzir o tamanho do Estado, sonho de 11 em cada dez liberais. Isso virá a reboque, assim espero. O que eles fizeram foi algo ainda mais aterrorizante, pelo menos do ponto de vista dos ideólogos da esquerda, que ainda insistem em defendê-los: eles arruinaram o dogma do Estado benevolente e provedor e, assim, desacreditaram suas santas instituições. Hoje, o cidadão brasileiro olha para o Estado e seus representantes com imensa desconfiança.
A História já demonstrou de forma cabal que o velho sistema de comando e controle estatal não pode durar para sempre, seja pela própria ineficiência do setor público, seja pela voracidade dos seus agentes e protegidos. O problema é que as sociedades muitas vezes demoram demais a perceber isso, e talvez este seja um dos papéis mais importantes que a Operação Lava-Jato está, ainda que involuntariamente, representando neste grande drama da vida brasileira. E é precisamente por isso que sua atuação tem levado os partidários do esquerdismo empedernido a atacá-la de forma tão dura e implacável, tentando defender o indefensável, justificar o injustificável, na esperança de manter viva uma ideologia zumbi.
Fonte: “O Globo”
LUTERO
Lutero era um
homem muito mau. Na comunidade onde morava ninguém gostava da sua pessoa; nem
cães e gatos. A família idem. Era pura bandidagem e maldade. Quando morreu somente o caixão foi ao velório.
Até a mãe passou à tarde num bailão da terceira idade.
ACONTECEU EM CUBA
No silêncio
do cemitério ouviram-se gritos: tirem-nos daqui! Tirem-nos daqui!- O vigia
passou a procurar de onde vinham e demorou um bocado para localizar. Descobriu
que era do túmulo de um feroz dirigente comunista cubano que os gritos
provinham. Rapidamente tirou a tampa do caixão e para sua surpresa uma
enormidade de vermes pularam fora do esquife pedindo educadamente um lugar para
vomitar.
DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- terça-feira, janeiro 17, 2006 SCHOPENHAUER E U2
Ontem, a temperatura em São Paulo foi de 33,9º. O que não impediu que milhares de pessoas se acotovelassem sob a canícula, desesperadas, em busca de um ingresso para o show do tal de U2. Houve quem esperasse 48 horas na fila. O mesmo está ocorrendo no Rio. Que se pode esperar desta massa inculta?
Dizia Schopenhauer: "A soma de barulho que uma pessoa pode suportar está na razão inversa de sua capacidade mental".
Dizia Schopenhauer: "A soma de barulho que uma pessoa pode suportar está na razão inversa de sua capacidade mental".
O FUTURO EM JOGO por J.R. Guzzo. Artigo publicado em 21.05.2017
(Publicado na edição impressa da Exame)
Qual a importância que terá para os brasileiros, daqui a um ano ou um ano e meio, a agonia política desesperada dos dias de hoje? E lá, entre maio e outubro de 2018, que estará sendo decidida a questão verdadeiramente essencial: o que o Brasil pretende ser não no próximo mandato presidencial ou no seguinte, mas em que tipo de país seus cidadãos vão viver no futuro, e por muitos anos. O primeiro interrogatório do ex-presidente Lula pelo juiz Sérgio Moro, as ameaças que suas tropas fazem todos os dias à Justiça, a derrama sem limites de mentiras que definem o debate político de hoje - tudo isso estará longamente esquecido e o jogo para valer, a eleição presidencial de 2018 entrará em sua fase realmente decisiva. Os eleitores vão resolver, então, se o Brasil continuará sendo uma colônia do século 18, saqueada sistematicamente por uma máquina pública a serviço de escroques, ou se tem a aspiração de tentar algum outro futuro.
Nos dois mandatos de Lula e nos dois de Dilma Rousseff, o último deles interrompido por seu impeachment e sucedido por um bando de políticos atordoados, sem autoridade e com medo de tudo, o Brasil do atraso, da trapaça política e do roubo permanente ao Erário viveu seu grande momento na história deste país. Ameaçado agora como nunca foi antes, vai fazer de tudo para continuar agarrado ao cofre público. Se a coisa for por aí, pode-se deixar de fora qualquer esperança. Os últimos dias são uma amostra do que o bloco dos parasitas, da intolerância ao ponto de vista alheio, da adoração ao “Estado” quer fazer com o Brasil. Chamam a si próprios de forças “progressistas”, “populares” e “de esquerda” e assim são considerados pela mídia em geral e pela ciência social vigente. Chamam todos os demais de “fascistas”. Não são nada disso - como não são malfeitores sociais, maus brasileiros ou inimigos da democracia os que têm pontos de vista diferentes dos seus. Hoje em dia, mais do que nunca, a separação verdadeira é entre os que precisam mandar numa máquina pública cada vez maior, mais invasiva e mais cara, para sobreviver, prosperar e acumular privilégios; e os que trabalham para manter o bem-estar dos primeiros, pagando em impostos 40% ou mais do que ganham.
Tudo a que se assiste agora são os primeiros movimentos da guerra política que vem aí no próximo ano. O campo “popular-progressista” sabe que não vai sobreviver sem Lula na presidência da República. Não tem absolutamente ninguém que disponha de 1% de sua capacidade eleitoral e de sua liderança; corre o risco de tornar-se irrelevante no Brasil durante anos a fio. Lula, por sua vez, sabe que, se não for presidente, não será mais nada - e terá de passar o resto da vida metido com a pilha de processos por corrupção que tem contra si, numa luta miserável para ficar fora da cadeia. Para se salvar, entretanto, ele precisa vender ou jogar para frente as questões penais a que responde no presente momento; do contrário não poderá ser candidato. É nisso que se concentra tudo o que interessa hoje ao Brasil e ao seu futuro. O cidadão poderá fazer considerável economia de seu próprio tempo se esquecer toda essa conversa de braveza indignada que ouve diariamente ao lado de Lula. O ex-presidente não vai mandar “prender” ninguém se voltar ao cargo que tinha. Não vai fazer caravana nenhuma “pelo Brasil afora” para juntar o povo em sua defesa. Não está em “julgamento político” - não quando em todos os processos que tem contra si não é acusado de nenhuma ideia, discurso ou proposta, mas, sim, de atos concretos de corrupção a serviço de empreiteiras de obras públicas. Não levou multidões a Curitiba para enfrentar “o Moro” em seu interrogatório.
Todos os problemas de Lula se resumem a ganhar prazo para não ser condenado antes de validar sua candidatura e, depois, convencer a maioria dos eleitores a lhe entregar de novo o Brasil, que virá junto com a Petrobras, as empreiteiras e tudo o mais que se sabe. São problemas dele e de todos.
UFA!
Amanhece. Abro
a janela do quarto e olho para o céu. Entres nuvens vermelhas vejo Lula, Dilma,
Renan e Temer cavalgando nus em unicórnios desdentados, seguidos de perto por
urubus cuspidores. Forço beliscões sem dor e exclamo:
-Pronto!
Morri e estou no inferno!
De susto caio
da cama e acordo. Ufa!
SERVIDOR TARTARUGA
Há exceções à
regra
Faz-se justo
dizer
Mas o
contrato de estabilidade
Gera um
conforto inútil
E faz
proliferar como salmonela
O
descompromissado servidor tartaruga.
FANTASMAS
Acobertados
pelo manto da noite
Saem de suas
moradas os fantasmas de todos os tempos
Para jogar
pedras e bagunçar
A casa mente
dos tolos.
E AÍ ACONTECE
O pai está em
fuga
A mãe dança
animada no bailão
O bebê chora
solitário na cama
Um cão ladrão
pela madrugada
Enquanto a
responsabilidade se ausenta.
TIRANIA
Estado
de direito torto morto
Melhor
dormir no relento
No
gramado ou mato adentro
Não
ficar em casa esperando pela visita desgraçada
Dos
mandados do tirano
Que
te trazem algemas de presente pela madrugada.
SEMPRE ELES
Quando surge
uma luz no fim do nosso túnel
Eles entram
pelas urnas
Para roubar a
nossa esperança
O mal não
cessa
Renova-se o
ciclo da torpeza
Mesmo entre
nomes diferentes
Eles sempre
nos cansam.
CHEGA DE CONVERSA MOLE
Politiqueiros
safados
Poupem meus
ouvidos de tantas mentiras
Da lida que
praticam já os conheço bem
E sei por
quem e porque ladram diante dos microfones
Tudo pelo
poder e para o poder
E do legítimo
interesse dos familiares
Que se
locupletam pouco importando a dor alheia.
CIRROSE
No embalo de todos os dias
À embriaguez ele não renuncia
O corpo abre os olhos
Já pedindo glicose
Ou mesmo por uma nova dose
Enquanto pacientemente espera pela
cirrose.
MEDIEVAIS
Muitos são os
estúpidos
Inocentes
quase sempre os escolhidos
O trânsito
está repleto de medievais
Urrando e
prontos para machucar.
DESESPERANÇA
O pote da
desesperança está aberto
O chapéu do
desalento cai sobre os que pensam com clareza
Que país
Que país de
sanguessugas!
H.L. MENCKEN- QUOD EST VERITAS?
Todas as grandes religiões, afim de escapar do absurdo, têm de incorporar um
pouco de agnosticismo em seus programas. Apenas o selvagem, seja o da selva
africana ou o de uma tenda evangélica, finge saber exata e completamente a vontade e
as intenções de Deus? “Quem sabe o que se passa na mente de Deus?”, perguntou
Paulo aos romanos. “Quão inescrutáveis são os seus desígnios e seus caminhos depois
de encontrados!” “É a glória de Deus esconder o que quiser”, disse Salomão. “Nuvens
e trevas o cercam”, disse Davi. “Nenhum homem pode descobrir a obra de Deus”,
disse o Pregador. Donde a diferença entre as religiões é a diferença entre seus
conteúdos relativos de agnosticismo. A fé mais satisfatória e extasiante é quase
puramente agnóstica. É a que confia absolutamente, sem professar saber
absolutamente nada.
--
1918
1918
GRANDE FELICIDADE
É possível construir o comunismo em Israel?
-- Pode. Mas o que um país tão pequeno vai fazer com uma felicidade tão grande?
SELIN
A CONSTITUIÇÃO, ACIMA DOS DIGNOS E DOS INDIGNOS por Percival Puggina. Artigo publicado em 20.05.2017
Se o Diabo veste Prada, as esquerdas vestem Armani, consomem caviar, têm penthouses na Flórida e triplexes no Guarujá. Curiosamente, porém, lhes são atribuídas importantes virtudes na relação com os ocupantes dos mais miseráveis porões da vida social. É um fenômeno real: não é o pobre que precisa da esquerda; é a estratégia e o projeto político da esquerda que precisam do pobre na sua pobreza. Duvida? Vá a Cuba e à Venezuela e depois nos conte. A aparente empatia entre a esquerda e a pobreza não se compara à que une seus mais poderosos representantes aos donativos, mesadas e jatinhos disponibilizados pelo "capitalismo" de compadrio, construído com dinheiro do condomínio Brasil, ou seja, com o dinheiro de nossos impostos. Enquanto faz juras de amor aos pobres, pisca o olho e vai para a cama com os mais inescrupulosos bilionários.
A conversa entre Michel Temer e Joesley Batista faz lembrar muito, mas muito mesmo, certas gravações colhidas em grampos com pessoal do PCC. Ouvindo a confusa loquacidade do empresário, construindo frases de um modo meio cifrado, a gente fica à espera do momento em que vai chamar Temer de "mano". E este se comporta como tal, embora alguém do PCC tivesse, ligeirinho, percebido a armação e dado uma curva no escandaloso encontro.
O presidente caiu como um pato em pleno voo e a crise política instalou-se no mais inoportuno dos momentos, quando o país começava a se aprumar para uma gradual emersão desde as profundezas da pior crise de nossa história econômica. Quem perde com essa nova enxurrada de lama? Há quem, feliz da vida, diga que perde a base do governo, que perdem os "golpistas". Eu vi essa expressão nos rostos de diversos parlamentares quando a notícia da gravação chegou ao Congresso Nacional. De fato, embora quase todos os que observei tivessem contas a acertar com o mesmo STF, a nova situação os excitou positivamente. "Enfim, uma notícia boa!" - pareciam dizer.
Boa? Eis onde quero chegar. Nas horas subsequentes, ocorreram manifestações. Pontos de concentração, em várias capitais do país, pintaram-se de vermelho. Era marcante o tom político, partidário e militante que caracterizava quem a elas afluiu. A atitude, as bandeiras, as faixas e cartazes funcionavam como carteiras de identidade do público presente. O povo, aquele que "vive e move-se por vida própria", na feliz definição de Pio XII, estava em casa, chocado, desolado, porque inteligentemente presumiu as penosas consequências daquelas revelações. O povo sabe que fora, acima e além das mesquinharias políticas, é ele quem perde. Ele perde sempre que o espírito público é comprado e o interesse nacional, vendido.
É hora de prestar atenção a quem tenha atitude responsável, esteja pensando no Brasil, na imagem do país, nas necessárias reformas, na retomada do crescimento em favor dos desempregados, dos endividados, dos jovens da geração nem-nem. É uma boa oportunidade, também, para monitorar e, em 2018, varrer da cena políticos corruptos, demagogos, populistas, oportunistas. E como os temos!
Nesta quadra amargamente pedagógica da vida nacional resta-nos a Constituição. Silenciosa, ela se ergue acima dos dignos e dos indignos. Há que segui-la, sem casuísmos, para a necessária substituição do presidente, forçada ou voluntária, repudiando quem queira aprofundar a crise e convulsionar ou parar o país.
________________________________
* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- quinta-feira, junho 29, 2006 RICOS E GENEROSOS VERSUS POBRES E MALANDROS
Neste Brasil em que ser milionário é pecado mortal, as grandes fortunas do mundo são vistas como algo demoníaco. Imagine então ser bilionário. Ocorre que nem todos os bilionários são mesquinhos como os milionários Maluf ou Pitta, que correm a proteger seus milhões em bancos cúmplices no Exterior. Bill Gates, por exemplo, é visto entre nós como um reles vilão, criador de um soft proprietário, que seria imposto ditatorialmente a todos os usuários da Internet. Os jornais brasileiros são avaros em notícias sobre a fundação Bill e Melinda Gates, dirigida pelo próprio e sua mulher. Que acaba de receber um aporte de 24 bilhões de euro do também bilionário Warren Buffet. A notícia, encontrei-a em um editorial do jornal espanhol El País. A fundação Gates dispõe agora de 48 bilhões de euro para ações sociais no mundo todo. A cifra equivale, mais ou menos, ao que os Estados Unidos destinam anualmente aos países subdesenvolvidos. Entre os principais propósitos da fundação estão a redução da pobreza, a luta contra as doenças, particularmente a Aids e a poliomielite, o apoio à planificação familiar no Terceiro Mundo, a defesa do aborto e a oposição à proliferação do armamento nuclear. Claro que alguns desses itens não agradarão à Igreja Católica, que prefere ver milhões de indianos, africanos e latino-americanos chafurdando na miséria mas prolíficos, aidéticos mas sem preservativos. Segundo o jornal sueco Aftonbladet, já há padres chamando Warren Buffet de "Dr. Mengele filantrópico".
Ao contrário do que se poderia esperar destes magnatas do capitalismo, eles se opõem à isenção tributária sobre as heranças e são partidários da meritocracia. As estimativas, diz o jornal espanhol, situam em mais de 250 bilhões de dólares o que cidadãos e instituições privadas doam anualmente nos Estados Unidos sob o conceito genérico de filantropia e obras de caridade.
Aqui no Brasil, um presidente da República, inculto mas malandro, usa dinheiro público para reeleger-se. O programa social do governo extorque do contribuinte 62 reais por mês, em média, para dar esmolas a 21% dos domicílios brasileiros. A três meses das eleições, o Supremo Apedeuta, aumentou no último mês em 1,8 milhão o número de famílias beneficiárias do Bolsa-Família, que melhor seria chamado de Bolsa-Reeleição. Até 2005, o programa contemplava 8,7 milhões de pedintes. Este ano, será estendido à pior praga urbana que empesta as grandes cidades. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, até 15 mil moradores de rua receberão o benefício. Não será de espantar que, nos próximos anos, vejamos multidões optando por morar na rua para receber o Bolsa-Reeleição. "Fazer política para pobre é uma coisa muito prazerosa", disse Lula. Particularmente quando esta política é feita com os sofridos ganhos do contribuinte.
Esta demagogia caudilhesca trará danos letais ao futuro do país. Daqui para frente, qualquer político que tenha em seus planos acabar com esta esmola nociva e humilhante, jamais será eleito. A esmola estatal veio para ficar.
Ao contrário do que se poderia esperar destes magnatas do capitalismo, eles se opõem à isenção tributária sobre as heranças e são partidários da meritocracia. As estimativas, diz o jornal espanhol, situam em mais de 250 bilhões de dólares o que cidadãos e instituições privadas doam anualmente nos Estados Unidos sob o conceito genérico de filantropia e obras de caridade.
Aqui no Brasil, um presidente da República, inculto mas malandro, usa dinheiro público para reeleger-se. O programa social do governo extorque do contribuinte 62 reais por mês, em média, para dar esmolas a 21% dos domicílios brasileiros. A três meses das eleições, o Supremo Apedeuta, aumentou no último mês em 1,8 milhão o número de famílias beneficiárias do Bolsa-Família, que melhor seria chamado de Bolsa-Reeleição. Até 2005, o programa contemplava 8,7 milhões de pedintes. Este ano, será estendido à pior praga urbana que empesta as grandes cidades. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, até 15 mil moradores de rua receberão o benefício. Não será de espantar que, nos próximos anos, vejamos multidões optando por morar na rua para receber o Bolsa-Reeleição. "Fazer política para pobre é uma coisa muito prazerosa", disse Lula. Particularmente quando esta política é feita com os sofridos ganhos do contribuinte.
Esta demagogia caudilhesca trará danos letais ao futuro do país. Daqui para frente, qualquer político que tenha em seus planos acabar com esta esmola nociva e humilhante, jamais será eleito. A esmola estatal veio para ficar.
MESTRE YOKI
“Mestre, qual
é a idade da sabedoria?”
“Não existe
uma idade própria. Há burros jovens e burros velhos. Há os que muito aprendem
cedo e existem também aqueles que já caindo aos pedaços nada aprenderam.”
ENCHICLETADO
Naquele tempo
os clientes de banco ficavam em pé nas filas.
Parado na
fila do banco e vestindo um casaco amarelo surrado, um homem ruivo aguardava
com impaciência para ser atendido pelo caixa. Apertava suas mãos e fazia ritmo
com o pé direito.
O primeiro na
frente voltou-se silenciosamente e olhou para ele severamente como que pedindo
"tenha paciência". Mas ruivo mastigava um palito de fósforo e bufava
como um touro bravo. Será que iria perder o trem?
Assim
como o vento que sopra de repente, sem mais nem menos tirou do bolso um
cotonete usado e o cravou nas costas da primeira pessoa que estava na sua
frente.
O homem
atacado gritou desesperado e caiu desmaiado. O guarda do banco presenciou o
ataque e reagiu prontamente. Tirou da boca um chiclete que mascava e o arremessou
contra o bandido com força arrancando parte do crânio. O assassino tombou,
disse algumas palavras sem nexo e morreu assim, cercado de pessoas silenciosas
e devidamente enchicletado.
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