quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

MEDO


Insônia. Passava da meia-noite quando Antenor foi à sacada do seu apartamento que ficava no oitavo andar para fumar. A esposa dormia. Sentou-se, acendeu um cigarro e ficou ouvindo o murmúrio noturno da cidade. Algumas frenagens, buzinas e sirenes, sons da madrugada na cidade grande. Enquanto observava a fumaça se dissipando no ar pensava na vida. Já completara 53 anos em boa forma; a vida familiar era harmoniosa, a loja de peças permitia uma vida digna, o filho Rafael de 15 anos tinha boa saúde, bom aluno e não incomodava os pais. O que estaria faltando? O que lhe tirava o sono? Dívidas e inimigos sérios não faziam parte do seu mundo. Ficou remoendo dentro do cérebro perguntas e mais perguntas tentando obter respostas. Fumou mais um cigarro, voltou para seu quarto, acordou a mulher que bem dormia e perguntou: “Amor, você também tem medo da velhice?”

O NOME QUE SALVA


Era madrugada, estava eu parado numa esquina central esperando por um táxi. O céu todo forrado de estrelas, noite fria e bela. Nisso dois sujeitos se aproximaram e anunciaram: É um assalto! Não reagi, entreguei a carteira com documentos e dinheiro. Eles conferiram por cima o montante e pernas em ação. Logo depois eles regressaram, devolveram tudo e ainda por cima pediram desculpas. Um deles disse: “Desculpe o malfeito seu Evandro, pois para nós o senhor é uma autoridade. Uma boa noite!” Sem demora surgiu um táxi e fui para casa aliviado. Em tempo, meu nome é Evandro Capeta.

SUICIDA


Desgostoso da vida Amauri não queria mais viver. Decidiu dar um fim à sua existência que achava totalmente sem graça. A forca foi o meio escolhido. Mas ele tinha um desejo: queria se enforcar com uma corda verde-limão. Saiu pela cidade à procura de tal corda. Procura daqui, procura dali e nada. Passou dois dias procurando nas lojas do ramo e não conseguiu encontrar. Pesquisou na internet mundo afora. Procurou por ainda vinte e oito dias. Por fim resolveu enforcar-se com uma corda rosa-pink. Enforcou-se. No fim ficou um enforcado bonito, mas meio fresco.

A DOR É A ÚNICA POSITIVA- ARTHUR SCHOPENHAUER


Do mesmo modo que o rio corre manso e sereno, enquanto não encontra obstáculos que se oponham à sua marcha, assim corre a vida do homem quando nada se lhe opõe à vontade. Vivemos inconscientes e desatentos: nossa atenção desperta no mesmo instante em que nossa vontade encontra um obstáculo e choca-se contra ele. Sentimos ato contínuo tudo o que se ergue contra a nossa vontade, tudo o que a contraria ou lhe resiste: ou o que é mesmo, tudo o que nos é penoso e desagradável. No entanto, não prestamos atenção à saúde geral do nosso corpo, mas percebemos ligeiramente aonde o sapato nos molesta; não pensamos nos negócios e só nos importamos com uma ninharia que nos incomoda. Isto quer dizer que o bem-estar e a felicidade são valores negativos, e só a dor é positiva. É um absurdo acreditar o contrário; que o mal é negativo. Ele é positivo, porque se faz sentir. Toda a felicidade, todo o bem é negativo, e toda a satisfação também o é, porque suprime um desejo ou termina um pesar. Acrescentamos a isto que, em geral, nunca sentimos uma alegria maior que a que sonhávamos, e que a dor sempre a excede. Se quereis certeza das diferenças entre o prazer e a dor, comparem a impressão do animal que devora outro, com a impressão do devorado.

FUMANTE


Breno tinha ojeriza de cigarro. Ninguém podia fumar dentro e nem fora de sua casa, dentro do seu carro ou perto dele, mesmo se estivesse na rua. Na sua empresa não contratava fumantes, não os queria por perto. Caso visse um fumante na mesma calçada, atravessava. Mas o destino às vezes é cruel; pois o mimo de Breno, Sandra, filha única amada adorada da qual fazia toda e qualquer coisa para agradar, apaixonou-se por um fumante inveterado. Então agora vemos Breno, o detestador de fumantes no meio da fumaça da sala deixando limpo o cinzeiro do futuro genro e pitando seu cigarrinho também, afinal nada melhor que um cigarrinho para acalmar os nervos.

PÉS SUJOS


Fazia tempo que Noar não esfregava os pés. Preparou uma enorme bacia, sabão, água quentinha e uma boa esponja vegetal. Então Noar foi esfregando, esfregando e a sujeira saindo, saindo. Mais água quentinha, mais sabão, e esfrega, esfrega, e a sujeira saindo, saindo. Sem exagero, com o barro que saiu dos pés desse vivente, a Olaria do Zé Arnaldo fez dois mil tijolos, e o homem ficou tão leve que parecia um astronauta pulando na lua.

QUEM SOU EU?


Uma pequena luz surgiu e ele começou a ter consciência de si. Perguntas fazia sem ter noção de como aprendeu a fazê-las... Quem sou eu? Que lugar é este? O que estou fazendo aqui? O que é mãe? Onde está a minha mãe? Tenho pai? Quem é o meu pai? Tenho um nome? Qual será o meu nome? Apertado dentro da casa queria sair correndo, mas como correr se não tinha pernas, se estava dominado por cordas? Sentiu um pulsar de um coração, bem próximo, alguém o tirando do sufoco da casa, deixando-o menos apertado e sufocado. Viajou pelo ar e quedou-se dentro de um enorme lugar escuro, de cheiro um pouco azedo e viu que lá existiam outros como ele, mas silenciosos, não faziam qualquer movimento ou barulho. Na escuridão fazia mais perguntas , queria saber...Que cheiro é esse? Por que ninguém fala comigo? Deus existe? Por que este lugar é tão abafado? Quem é Madona? Estou desesperado, quero sair daqui! Impostos, o que são impostos? Jesus, cadê Jesus? Serei ateu? Por que tenho quatro furos no peito? As perguntas não cessavam e acabaram irritando um zíper de calça jeans que também estava no mesmo cesto de roupa suja. O zíper foi duro: ‘Cale-se imbecil! Você é apenas um botão de quatro furos que agora raciocina, vivendo sua vidinha miserável numa camisa de flanela xadrez! Basta!’

OFERECIMENTO


Mui longevo na vida, com expressão maltratadas pelo tempo, seguia Renato pela estrada poeirenta e vazia no final de uma tarde de verão. Na encosta do mato surgiu uma moçoila desconhecida na flor dos seus dezoito anos, que erguendo o vestido mostrou a entrada da gruta e todo o oferecimento do mundo, dizendo estar mais do que necessitada de um acasalamento. Renato parou, analisou e disse-lhe: “Vejo que és linda mulher, tanto de face como de corpo. Observo também tua educação e fineza pelas palavras bem pronunciadas que dizes, além da bondade de oferecer tanto tesouro a um bode velho. Mas te aconselho a seguir em frente, sendo das opções a atitude mais sábia, antes de acabar se enraivecendo com nós dois por causa de um brinquedo murcho”.

O PINTINHO DOUGLAS


O pintinho Douglas saiu do ovo e foi direto ao PROCON. Segundo ele os pais haviam prometido para ele uma existência como cisne, não como um reles pinto. Douglas não desejava viver como um comum, pois queria ser admirado como cisne. Cisne!!! Porém na instituição não teve como provar tal promessa, faltaram testemunhas, e foi então obrigado a viver como pinto. Pinto murcho, por sinal.

QUIETO E VIVO


Tirson chegou de madrugada, tomou banho, foi para o quarto e acendeu a luz. Na sua cama, ao lado de sua mulher dormia o Zecão Pavoroso com o revólver na mão. Zecão acordou e pediu o que ele queria. Tirson disse que veio ver se ele precisava de algo, talvez um suco ou uma cerveja. Pediu até se ele não queria trocar de travesseiro. O Pavoroso disse que só queria dormir, nada mais. Tirson pegou então um colchonete, apagou a luz e foi dormir no canil.

O PAÍS QUE EU QUERO

Justo. Apenas isso, justo.

FORA DE MODA por Alexandre Garcia. Artigo publicado em 08.02.2018

A economia está enfraquecendo a moda de falar mal do Temer. Agora é a constatação de que as pessoas já estão passando a comprar produtos mais caros no supermercado. Uma auxiliar administrativa, ouvida por O Globo disse que comprava carne moída e frango e agora já compra bife. Os produtos mais caros de alimentação tiveram alta de 17% nas vendas. Os de higiene e beleza mais sofisticados, venderam mais 28%; os melhores de limpeza tiveram as vendas aumentadas em 30%; os melhores azeites deixaram as prateleiras dos supermercados com mais rapidez: mais 17% nas vendas. Com a queda da inflação (que estava com dois algarismos e agora está abaixo de 3% ao ano) significou um ganho real de salários em 3,6%. Dois milhões de empregos já foram recuperados e os economistas esperam que a taxa de desemprego saia da dezena e volte para a unidade. O endividamento/inadimplência do consumidor vem caindo mês a mês.


Tem gente arriscando dizer que vivemos um segundo milagre econômico. Há dois anos, era a maior recessão da História; agora, a previsão de crescimento para o ano pode chegar a 3,5% do PIB. A indústria está retomando suas posições devagar, já que foi a que mais perdeu. A venda de carros novos em janeiro cresceu 23% em relação ao mesmo mês de 2017. E importante: vêm crescendo a produção de bens de capital, as importações e os investimentos estrangeiros de risco - tudo sinal de recuperação. Isso sem falar nos excelentes resultados superavitários do comércio exterior.

O que atrapalha é o déficit da Previdência; desequilíbrio e injustiça social no tamanho tão díspar das aposentadorias do setor público em relação aos demais brasileiros. Para cobrir o déficit, o governo federal se endivida de modo gigantesco. Dívida e déficit fazem desperdiçar com juros o dinheiro que poderia ser investido em serviços públicos, como Saúde, Educação e Segurança. Mesmo assim, com autorização do Congresso para o déficit chegar a 159 bilhões no ano passado, a equipe de Meirelles limitou o déficit de 2017 em 124 bilhões, enquanto a equipe de Goldfejn reduzia a inflação e os juros.

Gritar Fora Temer! já soa como alienação. Em geral quem grita não é o que quer Rodrigo Maia na presidência; é quem votou em Temer e aplaude o regime bolivariano. Um regime que afundou o país e faz com que milhares de venezuelanos famintos e doentes venham buscar abrigo no Brasil que emerge de um mergulho no caos econômico. O Brasil sobrevive a um regime parceiro de Maluf, Joesley, Eike, Odebrecht; que fazia clientelismo eleitoral com o bolsa-família e depois dava favores fiscais a capitalistas; seus operadores levaram muito dinheiro, como mostra a Lava-jato; governo de um partido que ainda hoje quer manter aposentadorias privilegiadas - e que se apresenta como esquerdista mas é fisiológico. E está fora de moda com o fora Temer.

• Publicado originalmente em SoNoticias

O PARAÍSO DE QUEM INFERNIZA por Percival Puggina. Artigo publicado em 07.02.2018



Imagine uma cratera lunar. Há milhões de anos, um meteoro bateu ali. Com o impacto, o solo afundou e, em torno dele, se ergueram as bordas, definindo um acidente topográfico com formato de circo romano. Por vezes, pensando sobre a atualidade nacional, as nossas instituições e a Constituição de 1988, fico com a impressão de que foram concebidas ali, nos degraus daquelas bordas escalonadas. Coisas do mundo da lua. Pois bem, você pode julgar esquisita ou imprópria a imagem, mas repito: é o que frequentemente me vem à cabeça quando observo as consequências da aplicação desse modelo institucional ao longo do tempo. Entre elas, uma separação de poderes que opera, prioritariamente, em benefício de cada um, e, secundariamente, em vista do interesse nacional. Dia a dia, um orçamento após o outro, tal arranjo nos trouxe às dificuldades do tempo presente.

Indo do geral para o particular. No Rio Grande do Sul, como se sabe, esses problemas são ainda mais graves. É fácil percebê-lo quando comparamos nossa situação com a de São Paulo, Paraná e Santa Catarina que têm um ritmo de desenvolvimento econômico e social superior. Há poucos dias, na Assembleia Legislativa gaúcha, as bancadas de oposição (petistas, comunistas e brizolistas) impediram a votação do Regime de Recuperação Fiscal ocupando a tribuna com discursos repetitivos, durante a totalidade do tempo das sessões. Enquanto assistia pela TV aquela estafante maratona regimental, percebi a terrível influência, entre nós, das forças políticas que se revezavam no microfone. Ela se tornou parte do diagnóstico da crise gaúcha. Enquanto nestas bandas o PT tem obtido as bancadas mais numerosas e já elegeu dois governadores, no restante da região foi mantido distante do poder. Jamais governou aqueles Estados. E note-se: no Rio Grande, a influência das correntes esquerdistas se produz quando no governo e quando na oposição, como está acontecendo nestes dias.

Na tentativa de impedir a votação do Regime de Recuperação Fiscal – o que para o Estado significa choro e ranger de dentes –, a oposição, liderada pelo PT, acionou o Poder Judiciário. Neste momento, a deliberação legislativa da matéria pela Assembleia gaúcha está barrada por liminar concedida por um desembargador do TJ/RS. Alegou ele, acolhendo as razões do pedido apresentado pela oposição, que faltou tempo para os trâmites regimentais da proposta nas comissões permanentes da Casa. Ora, o projeto foi apresentado em regime de urgência, possibilidade prevista no art. 62 da Constituição Estadual, exatamente para que os muitos meses desses trâmites fossem substituídos por um prazo máximo de 30 dias até a apreciação em plenário.

Enfim, a funesta conjunção de uma ordem institucional irracional com a forte persuasão de correntes políticas estatizantes, retrógradas e corporativas, transformou o Rio Grande do Sul num paraíso... Paraíso de quem se dispõe a infernizar a iniciativa privada, a geração de empregos e renda e o pagamento das contas de um Estado que não cabe mais na capacidade produtiva de sua gente.

PIERROT/COLOMBINA E GUARDIÃ DO GALINHEIRÃO

SPONHOLZ

SPONHOLZ

PF prende deputado João Rodrigues no aeroporto de Guarulhos


Supremo Tribunal Federal determinou na terça-feira (6) a execução imediata de pena do parlamentar, condenado a cinco anos e três meses de reclusão em regime semiaberto por fraude e dispensa de licitação.

G1

Contam nas redes que o Deputado João Rodrigues foi preso há pouco no Aeroporto de Guarulhos. Será?


APOLÔNIO


Apolônio é um cabrito montês que acreditava pular até a lua num salto só. Seus familiares e amigos o chamavam de louco. Subiu mais alto que pode e na hora apropriada pulou. Pois pulou tão longe que caiu sobre o cavalo de São Jorge que pastava tranquilo (Não me pergunte como, mas cavalo santo tem pasto, água e ar limpo na lua, é santo ora!) São Jorge na verdade já havia morrido, então Apolônio ficou por lá fazendo companhia ao bom cavalo. Não acredita? Observe descrente nas noites de lua cheia e verás a sombra do Apolônio passeando sobre o solo lunar.

ROTINA MINHA ROTINA


Anacleto gostava de rotina. Casa trabalho, trabalho casa. Sempre o mesmo caminho, o mesmo horário. Finais de semana de macarrão, churrasco e bunda no sofá. A simplicidade (ou como queiram chamar) de viver assim o agradava. Na semana do natal a esposa foi às compras e comprou um cartão da mega da virada. Deu para ele conferir no dia 2 de janeiro. Anacleto conferiu nos quadros da agência lotérica e viu que havia ganhado mais de R$ 100 milhões. Parou um pouco para pensar. Então foi no lixo da própria loteca e apanhou um cartão não premiado e o guardou no bolso. Na esquina tirou o isqueiro do bolso e meteu fogo no cartão milionário. Chegando em sua casa disse à mulher mostrando o cartão apanhado no lixo: “Não acertamos nenhum!”

GAZETA DO JOSENILDO IMPOSTO- NÃO HÁ QUEM AGUENTE!


A CNI divulgou estudo, em parceria com a Ernest Young, sobre o peso dos impostos para empresas: a média mundial é 22,9% contra 34% no Brasil. Apenas trinta países têm carga tributária superior a 30%.

CH

CORREIO ESTRÁBICO DE BARROS CASSAL- Gritos de "Lula, ladrão !", tiram do eixo os deputados do PT do RS


A oposição lulopetista na Assembleia do RS demonstra nervosismo extremo, todas as vezes que as galerias entoam o refrão "Lula, ladrão !". O deputado Jeferson Fernandes, PT, chegou a reclamar da tribuna:
 - Não admitimos ofensas ao nosso presidente Lula.

 O presidente dos deputados do PT é Lula, ladrão, com toda a honra, sim senhor.

Do blog do Políbio Braga