domingo, 10 de abril de 2016
A DEMOCRACIA DO GRITO por Guilherme Fiuza - Revista Época. Artigo publicado em 10.04.2016
Está em marcha um golpe de Estado no Brasil. A elite branca e reacionária quer cassar o legítimo direito de Dilma, Lula, PT e seus amigos continuarem desfalcando o país honestamente. Não passarão!
A resistência heroica já começou. Durante um espetáculo teatral em Belo Horizonte, o ator Claudio Botelho fez uma ironia com a lama que envolve presidente e ex-presidente – um “caco” no texto. O teatro desabou sobre o artista.
Boa parte da plateia passou a gritar o novo slogan das almas mais honestas do mundo (que por acaso vivem no Brasil): “Não vai ter golpe!”. No caso, nem golpe, nem peça. O elenco teve de sair de cena, expulso no grito. Claudio Botelho é um artista consagrado, produtor de alguns dos melhores musicais montados no país nas últimas décadas, e nunca tinha passado por isso.
Ato contínuo, o compositor Chico Buarque proibiu Botelho de usar suas músicas, neste e em qualquer outro trabalho futuro – isto é, se a resistência democrática permitir que haja futuro. A razão desse cataclismo foi simples: mexeu com Lula, mexeu com a patrulha do Lula. Aí os democratas prendem e arrebentam, como diria o general Figueiredo.
Perplexo, o herege Claudio Botelho declarou: “A gente conquistou a liberdade a duras penas. Já acabou?”.
Já, companheiro. A não ser que você seja bonzinho e não atrapalhe o conto de fadas do oprimido, que infla tantas reputações heroicas. Aí você pode falar o que quiser. Por que, em vez dessas citações subversivas, você não monta uma ópera sobre o maior palestrante do mundo? Que personagem épico da história universal já faturou quase R$ 30 milhões em palestras em pouco mais de três anos, estando os principais pagadores dessas palestras todos presos? O pagador de palestras – eis um bom título para a continuação de sua ópera.
Os democratas que estão defendendo com unhas e dentes o mandato limpo e exemplar de Dilma Rousseff são assim mesmo – gostam de ajudar o próximo a entender o que ele pode falar. Quando Cuba ainda não servia cafezinho para Obama, uma oposicionista do regime de Fidel esteve no Brasil para expor suas ideias. Mas precisou voltar à ditadura cubana para continuar a expô-las, porque no Brasil a democracia companheira não permitiu. Yoani Sánchez sabe bem o que Claudio Botelho passou, porque a claque democrata também a colocou no paredão – garantindo que ninguém pudesse ouvir sua voz, nem ela mesma.
Esse tipo de ação democrática é muito comum em regimes livres e humanitários como o Taleban e o Estado Islâmico. Botelho, por favor, mantenha a cabeça no lugar.
A democracia do cala a boca está lutando bravamente contra o golpe preparado pelo juiz Sergio Moro. Tudo estava funcionando muito bem, com as comissões sendo pagas em dia e ninguém roubando o pixuleco de ninguém, até que o juiz golpista apareceu. Os democratas não se conformam. O departamento de operações estruturadas da Odebrecht, em perfeita afinação com o filho do Brasil, distribuía renda farta aos brasileiros cadastrados. Como reagiu Renato Duque ao ser preso, “que país é este” onde a maior empresa nacional não pode encher de felicidade as almas mais honestas?
Moro é um invejoso. Provavelmente não se conforma por não ser dele a obra mais espetacular dos últimos 50 anos – a transformação do melhor ciclo econômico do país na mais grave recessão de sua história. Por isso esse juiz autoritário fica bisbilhotando as conversas de Lula: quer aprender como se monta uma ruína nacional.
Aí Sergio Moro suspende o sigilo das escutas que mostram “o Lula como ele é”, e todo um Brasil culto e republicano pula nos tamancos: não pode! Mas... Não pode por que, mesmo? Bem, pela lei, pode. O juiz criminal que identificar na difusão pública o meio de evitar uma manobra de obstrução de Justiça (Lula como ele é) pode, sim, suspender o sigilo das escutas por ele decretadas. Eis, então, o erro elementar desta interpretação: o que é a lei, diante dos direitos sagrados dos pobres milionários que mandam no Brasil?
Não é nada, de acordo com o primeiro mandamento da elite vermelha: quem não chora não mama. Aí é preciso concordar com os democratas de butique: se eles tiverem mesmo de parar de mamar, será um duro golpe. Deve ser desse golpe que eles andam reclamando por aí
Viés de alta
Diego Escosteguy, da Época, publicou que “o número (real) de votos certos ao impeachment, com o qual a turma de Temer trabalha, é 336”.
E:
"Com viés de alta"
Faltam apenas seis deputados para afastar Dilma Rousseff.
Os deputados entenderam que o impeachment é o único caminho que existe.
O Antagonista
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