quinta-feira, 18 de julho de 2019

VOLTAIRE-SEGUNDA CARTA de Amabed a Xastasid

SEGUNDA CARTA de Amabed a Xastasid 

Pai de meus pensamentos, tive tempo de aprender esse jargão da Europa antes que o teu comerciante baniano chegasse às margens do Ganges. O padre Fa Tutto continua a testemunhar-me sincera amizade. Na verdade, começo a crer que ele não se assemelha em nada aos pérfidos cuja maldade temes com tamanha razão. A única coisa que me poderia causar desconfiança é que ele me louva em demasia e não louva suficientemente a Encanto dos Olhos; parece-me, contudo, cheio de virtude e unção. Lemos juntos um livro de seu país, que me pareceu bastante estranho. É uma história universal na qual não se diz uma só palavra sobre o nosso antigo império, nem nada das imensas regiões de além do Ganges, nada da China, nada da vasta Tartária. Evidentemente, os autores, nesta parte da Europa, devem ser muito ignorantes. Comparo-os a aldeões que falam com ênfase das suas choupanas e não sabem onde é a capital; ou antes àqueles que pensam que o mundo termina nos limites de seu horizonte. O que mais me surpreendeu é que eles contam o tempo, desde a criação do seu mundo, de maneira inteiramente diversa da nossa. O meu doutor europeu mostrou-me um de seus almanaques sagrados, pelo qual os seus patrícios estão agora no ano 5.552 da sua criação, ou no ano 6.244, ou então no ano 6.940, à vontade.(4) Essa esquisitice muito me surpreendeu. Perguntei-lhe como podiam ter três épocas diferentes da mesma aventura. "Não podes ter ao mesmo tempo - disse-lhe eu - trinta, quarenta e cinqüenta anos. Como pode o teu mundo ter três datas que se contrariam?" Respondeu-me que essas três datas se encontram no mesmo livro e que, entre eles, se é obrigado a acreditar nas contradições para humilhar a soberbia do espírito. Esse mesmo livro trata de um primeiro homem que se chamava Adão, de um Caim, de um Matusalém, de um Noé que plantou vinhas depois que o oceano submergiu todo o globo; enfim, de uma infinidade de coisas de que nunca ouvi falar e que não li em nenhum dos nossos livros. Isso tudo nos fez rir, à bela Adate e a mim, na ausência do padre Fa Tutto: pois somos muito bem educados e muito
cônscios das tuas máximas para rirmos das pessoas na sua presença. Lamento esses infelizes da Europa que só foram criados há 6940 anos, quando muito; ao passo que a nossa era é de 115.652 anos. Muito mais os lamento por não terem pimenta, canela, cravo, chá, café, algodão, verniz, incenso, arômatas e tudo quanto pode tornar a vida agradável: na verdade a Providência deve tê-los negligenciado por muito tempo. Mas ainda mais os lamento por virem de tão longe, em meio a tantos perigos, arrebatar de arma em punho os nossos gêneros. Dizem que em Calicute, por causa da pimenta, cometeram crueldades espantosas: isso faz fremir a natureza indiana, que é muito diferente da sua, pois os seus peitos e coxas são peludos. Usam longas barbas, e seus estômagos são carnívoros. Embriagam-se com o suco fermentado da vinha, plantada, dizem eles, pelo seu Noé. O próprio padre Fa Tutto, por mais polido que seja, torceu o pescoço a dois franguinhos; mandou-os cozinhar numa caldeira e comeu-os impiedosamente. Esse bárbaro ato atraiu-lhes o ódio de toda a vizinhança, que só com muita dificuldade pudemos apaziguar. Deus me perdoe! Creio que esse estrangeiro seria capaz de comer as nossas vacas sagradas, que nos dão leite, se lho tivessem permitido. Ele prometeu que não mais cometeria assassínio contra os frangos, e que se contentaria com ovos frescos, leite, arroz, os nossos excelentes legumes, pistaches, tâmaras, cocos, doces de amêndoas, biscoitos, ananazes, laranjas e tudo o que produz o nosso clima abençoado pelo Eterno. De alguns dias para cá, parece mais solícito com Encanto dos Olhos. Chegou a fazer para ela dois versos italianos que terminam em o. Agrada-me essa polidez, pois sabes que a minha maior felicidade é que façam justiça à minha querida Adate. Adeus. Coloco-me a teus pés, que sempre te levaram pelo caminho reto, e beijo as tuas mãos, que jamais escreveram senão a verdade.

Tradução Nélson Jahr Garcia

FALSO

O abraço do falso
Não vem montado numa carranca
É todo riso e amabilidade
Inspira o amigo de fé para que distenda os músculos
Para que possam os punhais do crápula
Penetrar  a carne sem muito esforço.
“Ter alma é a ferramenta necessária para pagar o dízimo. Quem não possui alma está isento.” (Eriatlov)

ZÉ BOCHECHA

Zé Bochecha fazia jus ao nome. Antes de completar a maioridade já conseguia carregar nelas uma maçã, dois pêssegos, três bananas, três picolés no palito e um quilo de açúcar. Merreca , o grande traficante da Vila Uru viu futuro no menino e colocou-o para fazer entregas de pó no centro da cidade. Ninguém imaginava que por dentro daquelas bochechas transitavam drogas em grande quantidade. Deu certo e tudo andou nos conformes. Depois Merreca o usou para trazer quilos de farinha da Bolívia todos os meses. Zé melhorou de vida, comprou carro, casa e conseguiu inúmeras namoradas. Estava num vidão que só. Aí outros traficantes souberam do Bochecha e passaram a fazer proposta para ele mudar de lado. Muito dinheiro, muito mesmo. O olho cresceu uma enormidade e não demorou para pular da barca. Mas ele sabia das consequências, Merreca não iria deixar barato e não deixou. Dentro de um mês foram três tentativas de assassinato. Escapou por pouco. Bochecha apavorou , vendeu tudo e se mandou para Manaus. Hoje é pescador no Rio Negro, e usa as enormes bochechas para carregar iscas e peixes menores de dois quilos.

“A minha mãe pensa que sou louco. O meu pai tem certeza.” (Chico Melancia)


“Na fartura sempre faltam cadeiras na sala.”


“Onde está o meu cérebro? Cadê o Santana?” (Búlgara, a Rainha Louca)

“Quem anda com quem fede acaba pegando o cheiro.”


EM MUMBAI

Em Mumbai, um homem vai pular de um edifício. Corre um bom policial Hindu para acalmá-lo. 

"Não pule, pense em seu pai" grita para o homem, que responde: "Não tenho um pai, eu vou pular". 

O policial passa por uma lista de parentes, mãe, irmãos, irmãs, etc. Cada vez o suicida diz "não tenho uma”, e vai indo para saltar.

 Desesperado o policial grita:

"Não pule! Pense do Senhor Krishna"

 O homem responde: "Quem é esse?"

 Então grita o policial:

 "Pule já muçulmano! Você está bloqueando o tráfego!"

“Erro, mas não premedito.”


“O lado bom do PT E Deus são coisas que você nunca irá ver. Nem morto.” (Eriatlov)


DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- terça-feira, março 31, 2009 MENTIR OU NÃO MENTIR?

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- terça-feira, março 31, 2009 MENTIR OU NÃO MENTIR?

Mentir ou não mentir? – eis uma pergunta adequada para um 1º de abril. Se bem que as mentiras desta data são em geral inofensivas, têm mais o sentido de brincadeira do que a intenção de prejudicar alguém. Verdade que muitas vezes acabam prejudicando. A imprensa nacional – e particularmente a Veja – tiveram a reputação profundamente abalada por uma dessas piadas.

Aconteceu em 1983, quando a Veja endossou como verdade científica uma brincadeira lançada pela revista inglesa New Science. Tratava-se de uma nova conquista científica, um fruto de carne, derivado da fusão da carne do boi e do tomate, que recebeu o nome de boimate. Se a editoria de ciências visse esta notícia num jornal brasileiro, evidentemente ficaria com um pé atrás. Para a revista, a experiência dos pesquisadores alemães permitia “sonhar com um tomate do qual já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate. E abre uma nova fronteira científica".

Isso que a New Science dava uma série de pistas para evidenciar a piada: os biólogos Barry McDonald e William Wimpey tinham esses nomes para lembrar as cadeias internacionais de alimentação McDonald´s e Wimpy´s. A Universidade de Hamburgo, palco do "grande fato", foi citada para que pudesse ser cotejada com hambúrguer. Os alertas de nada adiantaram. Como se tratava de uma prestigiosa publicação européia, a Veja embarcou com entusiasmo na piada.

Azar do redator crédulo. 1º de Abril à parte, escritores e pensadores se dividem, alguns considerando a mentira necessária ao convívio humano, outros banindo-a para o rol dos vícios inaceitáveis. No Estadão de ontem, o psiquiatra Flávio Gikovate afirmava com todas as letras: ''A mentira é um instrumento da inteligência. As pessoas nem sempre gostam de ouvir a verdade". O que é verdade. Os partidários do “me engana que eu gosto” são milhões, haja vista a eleição de um operário analfabeto para a magistratura suprema da nação. Isso sem falar nas pessoas que mentem para si mesmas e acabam acreditando nas próprias mentiras.

Pode a mentira ser necessária? Sem dúvida, e há casos em que salva vidas. Os estudiosos propõem um exemplo: você está sentado no bar da esquina. Uma mulher, desesperada, passa correndo na rua e dobra à direita. Mal some de sua vista, surge um marido – ou animal semelhante – correndo de revólver em punho. E pergunta: você viu passar uma mulher correndo? Para que lado ela foi? Se você disser a verdade, provavelmente condenou a moça à morte.

Numa guerra, a mentira pode ser fundamental para uma vitória. O caso clássico é o de um falso major inglês que jamais existiu, mas cujo cadáver foi decisivo para a vitória contra os alemães na Segunda Guerra. Os aliados precisavam convencer os alemães que seu próximo objetivo não seria a Sicília. Conseguiram encontrar o corpo de um soldado que morrera de pneumonia, o que permitia sugerir a morte por afogamento.

Deram-lhe o nome de William Martin, oficial dos Fuzileiros Reais, forjaram papéis que simulavam sua identidade e largaram o cadáver numa praia de Huelva, Espanha, onde certamente seria encontrado pelos nazistas. Em seu uniforme foi inserida uma mensagem de Lord Mountbatten para o almirante da esquadra, Sir Andrew Cunningham. Uma frase sugeria que a invasão ocorreria na Sardenha. "Ele pode trazer consigo algumas sardinhas — aqui estão racionadas!".

No dia 19 de abril de 1943, oculto no compartimento de torpedos do submarino Seraph, o cadáver de William Martin foi discretamente jogado ao mar próximo à praia. O próprio Hitler caiu no engodo e concluiu que o ataque dos Aliados seria dirigido principalmente contra a Sardenha. Dividiu suas forças e os Aliados puderam entrar na Sicília em ritmo de passeio. William Martin, que jamais existiu, hoje é cultuado como herói na Inglaterra.

Há mentiras que são muito necessárias e toda guerra não passa de um festival de mentiras. A mentira, no caso, não foi exatamente um instrumento da inteligência humana, mas da Inteligência militar. É uma arma tão legítima - e geralmente mais eficaz - quanto um fuzil ou canhão. Mas não é disto que Gikovate fala, e sim das mentiras do dia-a-dia. Segundo o psiquiatra, a sinceridade pode às vezes ser uma coisa maldosa, agressiva. No que tem toda a razão. Digamos que você tenha uma amiga que não foi exatamente favorecida pelos deuses. Ela é decididamente feia. Ora, você não pode dizer isto. Vai magoar, e talvez profundamente, uma pessoa. Mas tampouco precisa dizer que é linda. Melhor calar a boca. Nesses casos, saio pela tangente. Se ela me pergunta sobre sua beleza, tenho resposta pronta: “Não existem mulheres lindas ou feias. Existem apenas mulheres mais abraçáveis ou menos abraçáveis”. O que não deixa de ser verdade.

Quando a mentira faz bem? – quer saber o entrevistador. “Quando é piedosa – diz Gikovate -. “Os médicos nem sempre contam para o doente terminal o real estágio da doença”. Aqui vou discordar do psiquiatra. Depende do paciente. Se se trata de um destes seres que viveram toda uma vida embalados por mentiras, é de fato uma crueldade revelar-lhe a única, a última e pior das verdades. Já para alguém que não teme verdades, por mais cruciais que sejam, parece-me desonesto ocultar-lhe a própria morte. A sonegação da verdade rouba-lhe a chance de deixar tudo pronto antes de partir, organizar seus papéis, testamento, vontades e informações finais. O que torna bem mais fácil a vida dos que ficam. De minha parte, na hora de partir, não quero perto de mim médico algum que partilhe da filosofia do Dr. Gikovate.

Quanto às mentiras do dia-a-dia, a meu ver existem as perfeitamente inofensivas e as absolutamente prejudiciais. Digamos que você está conversando com amigos e subitamente sentiu vontade de estar só. Se você manifestar este desejo, pode melindrar alguém que vai se julgar o motivo de sua vontade de estar só. Se disser que precisa ir em casa para fazer um trabalho urgente, não está dizendo a verdade. Mas tampouco está prejudicando alguém. Pelo contrário, está sendo gentil.

Mas há uma outra mentira do dia-a-dia, certamente a mais encontradiça em nossos dias, que me parece repulsiva. Volto mais tarde.
“Num litígio religioso é bom ouvir o conselho do diabo, pois ele trabalha tanto para evangélicos quanto para católicos e protestantes.” (Limão)

“Para espantar fantasmas e outros seres monstruosos nada melhor que a luz da mente.”


ABRINDO PORTAS

Tal é a carantonha
Que assusta quem por perto está
Não sei por que não tentam
Um cumprimentar alegre
Saber falar com licença
Por favor
Muito obrigado
Que não são chaves
Mas que abrem muitas portas.

SETENTA

Os certinhos não se cansam
A carne não é boa coisa
O sal nos mata
O açúcar nos mata
O carboidrato nos mata
O ar está impuro
A água contaminada
Não sei como ainda estou vivo
Descontado todo exagero
Não viverei para sempre
Deixem-me viver setenta
Tendo alguns momentos de prazer.

GARIMPEIRO URBANO

Ainda o sol não nasceu
Sopra um vento gelado pelas ruas da cidade vazia
Um solitário de casaco puído e sujo caminha de olhos  no chão
Mãos trêmulas nos bolsos
Lábios rachados e  boca seca
Procurando pequenos alentos nas calçadas e sarjetas
Pois é um garimpeiro urbano
Um garimpeiro de moedas perdidas.

MUI CORDIAL

O grande animal corre pela estrada
Na curva difícil tomba
O motorista jaz
A carga se dilacera
O povo cordial saqueia.

“Mao fez a revolução cultural para que todos os iletrados da China assim continuassem cegos até a morte.” (Eriatlov)

“Na Correia do Norte patriota é quem passa fome. Não vale para o ditadorzinho que por sinal está bem robusto.” (Eriatlov)
“Meu bisavô quando na escola foi abraçado por Stálin. Morreu aos 78 anos e ainda não havia conseguido tirar da pele o cheiro do porco.” (Eriatlov)

AI QUE CAI

Defender-se é um direito
Duro uma vida se perder
Mas o certo é quem procura acaba encontrando.


AI QUE CAI



Às vezes para acabar com o mal
E o reinado nauseante do mau
Faz-se necessário meter a motosserra na raiz.

AI QUE CAI


Muito menor que um anão
É o bronco
Que o julga pela sua altura.

MEDÍOCRES


MEDÍOCRES
Antigamente os medíocres
Preferiam o recolhimento e o anonimato
Hoje por incrível que pareça
Andam por aí fazendo prosélitos.

AI QUE CAI



Passa o dia o tal
Buscando vantagens indevidas
Mais tarde diante da TV chama todo político de ladrão.



AI QUE CAI



Sou um pombo
Estou na praça comendo milho
E observando tontos fanáticos por celular.

AI QUE CAI


Versos antigos adormecidos em velhos baús
São regulamente recolhidos por fantasmas
E murmurados nos ouvidos de jovens poetas.


INSPIRAÇÃO
Em frente à folha branca
Quando o forçar não resolve
Abro todas as portas da mente
E convido a inspiração para me dar um abraço.

A NOVA PAIXÃO DE ESTER


A NOVA PAIXÃO DE ESTER

 Josué, corretor de imóveis, falava muito e alto. Sujeito muito simpático alegrava ambientes em que chegava; irradiava muita energia, era convidado em muitos eventos. Sua mulher Ester, por sua vez boca murcha, diariamente o reprimia por isso. Dizia brava que iria colocar um botão para diminuir e regular seu tom de voz. Josué aborrecido por receber tantas reprimendas da esposa acabou emudecendo e morreu de tristeza dentro de alguns meses, para consternação de centenas de amigos e clientes. Mas a vida prega peças. Não se passou muito tempo e a jovem viúva ficou apaixonada perdidamente por outro homem que conheceu no velório do marido. Pensamento ligado nele vinte e quatro horas. Podemos afirmar que verdadeira paixão adolescente. Pobre Ester apaixonou-se antes de saber que o novo dono do seu coração era locutor de turfe e cantava pedras em bingo sem microfone.

SOCIALISMO


“ O socialismo é como um noivo muito mentiroso que tudo promete. Depois do casamento é que a verdade aparece. ” 

HITLER


“Adolf Hitler cometeu suicídio no seu quartel-general (o Führerbunker), em Berlim, a 30 de abril de 1945. Deveria ter feito isso quarenta anos antes.”

PARAÍSO


PARAÍSO 

Com uma trouxa nas costas a devota formiguinha Laura saiu da sua comunidade para conhecer o mundo de fora apesar dos protestos dos pais. Depois de perambular pelo jardim entrou numa bela casa e andando pela cozinha da mesma encontrou uma enorme montanha chamada açucareiro. Escalou a montanha para conhecê-la melhor e dentro dela deliciou-se com tanta doçura. Tomou então seu primeiro banho de açúcar. Radiante com sua descoberta imediatamente voltou para seus familiares e amigos para contar que o Pastor Euclides está certo quando diz que o paraíso existe. Ela sabe agora que e o paraíso está dentro daquela casa enorme e linda não muito distante de onde mora.

MIM


“Sou um sujeito tão simples quanto as sandálias havaianas. E também não solto as tiras. ” (Mim)

AINDA DILMA


“Dilma continua sendo o mais fiel retrato da imbecilidade contagiada pela soberba.”