segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

LIBERDADE AMEAÇADA

LIBERDADE AMEAÇADA

Lúgubres algozes de vidas
Covardes loucos preparados por mentes perturbadas no reino dos obtusos
Foram mãos de descerebrados que apertaram os gatilhos
E o crime bárbaro aconteceu na Cidade Luz
Então no palco da vida para espanto do livre pensar
A ignorância aplaudiu este ato de pé
Enquanto a liberdade de expressão gritava pedindo por socorro.


Quinto dos infernos

“Infelizmente não sei onde fica o quinto dos infernos. Gostaria de mandar para lá o Leonardo Boff e Tarso, o Genro. Quiçá na Correia do Norte?” (Eriatlov)

Marta Suplicy atacou de Marco Véio: tacou-lhe o pau!”

“Para a esquerda porra-louca até a merda de antiamericano é perfumada.” (Eriatlov)

JORNAL DA FELICIDADE- Inflação reduz para 0,71% rentabilidade da poupança em 2014

JORNAL DA FELICIDADE- Taxa de juros do cartão de crédito atinge maior nível em 15 anos

O BICUDO QUER SABER: Alguém já avisou Dona Dilma que suas lorotas não colam mais?

O BICUDO QUER SABER: Quando é que o Tarso Genro vai se mudar para o Irã?

O BICUDO QUER SABER: E o Rui Falcão? Vai tentar censurar a Marta Suplicy?

“O PT perdeu a vergonha e o país perdeu dinheiro.” (Eriatlov)

“Casa da Mãe Joana versão PT: Petrobras.” (Eriatlov)

IMB-Na França, tarifaço é abolido; na Inglaterra, governo destrói estrada privada

A proposta era o carro-chefe do programa de governo de François Hollande para chegar ao Palácio do Eliseu: um imposto de 75% para todos aqueles que têm renda superior a um milhão de euros
Era uma proposta que, diziam, iria trazer novos brios à social-democracia europeia, daria novo sustento ao estado de bem-estar social francês, e iria reduzir as crescentes desigualdades na pátria de Piketty.
O país passaria a ser uma referência planetária que o resto do mundo inexoravelmente acabaria sendo forçado a abraçar, após Reagan e Thatcher terem enterrado, ainda nos anos 1980, a prática de se aplicar altíssimas alíquotas máximas sobre a renda.
No entanto, a realidade foi semelhante à do bebê de Rosemary.  O hollandazo foi um completo fiasco: além de ter provocado um enorme êxodo fiscal (do qual o ator Gerard Depardieu se tornou o exemplo mais famoso) e de ter recebido reprimendas do Supremo Tribunal francês — que decretou, no final de 2013, que a alíquota era confiscatória e obrigou o governo a substituí-la por um equivalente imposto sobre as empresas com vencimentos anuais superiores a um milhão de euros —, conseguiu também fazer com que o próprio Hollande recuasse e revertesse sua reforma fiscal.
Assim, desde o dia 1º de janeiro de 2015, o hollandazo desapareceu do panorama tributário francês.  E quem fez o anúncio, com três meses de antecedência, foi o próprio primeiro-ministro Manuel Valls em Londres (isso mesmo, em Londres, a capital europeia que mais recebe refugiados fiscais da França).  Já o Ministro das Finanças, Emmanuel Macron, disse que tal tributação transformava a França em uma "Cuba sem o sol". [Nota do IMB: "curiosamente", tal notícia foi suprimida da mídia brasileira].
O fato é que a abolição desse tarifaço mal será sentida pelo Tesouro francês: a alíquota afetava apenas mil pessoas e proporcionava somente 250 milhões de euros a mais de arrecadação.  Para se ter uma ideia, 250 milhões de euros não representam nem 0,4% do déficit fiscal do governo espanhol de 2013, e não chegam nem a 0,05% de todo o gasto público da Espanha, que é um país mais pobre.
Em nenhum país ocidental os ricos arcam exclusivamente com os impostos; quem realmente fica com o grande fardo é a classe média.  Não há, em nenhuma sociedade, um número grande o bastante de ricos que possam custear sozinhos os gigantescos gastos efetuados pelos estados assistencialistas ocidentais.  A base do financiamento do gasto público é a agressiva tributação que, na prática, recai sobre as classes médias.
E, não por acaso, este foi o aspecto mais terrível do hollandazo: a anestesia tributária a que submetia o cidadão médio francês.  Com efeito, a França é um inferno fiscal notavelmente pior até mesmo que os países latinos europeus.  O cidadão médio francês aceita servilmente que o estado siga confiscando sua renda a mãos abertas simplesmente porque, acima de tudo, ele ingenuamente acredita que "os de cima" pagam muito mais do que ele próprio, que o sistema redistribui a renda com justiça e de maneira vertical, e que, no fundo, ele próprio é um dos beneficiados deste perverso esquema fiscal.
A realidade, no entanto, é exatamente oposta: os estados de bem-estar social são meros esquemas deredistribuição horizontal de renda.  Ao passo que as pessoas acreditam que vivem do confisco do dinheiro dos ricos, a realidade é que Pedro vive do dinheiro que rouba de Paulo e Paulo vive do dinheiro que rouba de Pedro. 
Um comportamento que não apenas é moralmente corruptor, como também é totalmente irracional, ineficiente e destruidor das liberdades mais básicas: em vez de termos total autonomia para gerenciar o dinheiro que ganhamos com o suor do nosso rosto e escolher em que iremos gastá-lo (seja para escolher a escola de nossos filhos, o tipo de cobertura de saúde que melhor nos serve, ou o tipo de cultura que realmente queremos consumir), somos obrigados a entregar uma larga fatia desse nosso suado dinheiro a uma penca de burocratas que juram estar tomando nosso dinheiro para nosso próprio bem, sendo que a verdade — já demonstrada na prática — é que eles irão utilizar nosso dinheiro com o intuito de majorar o bem-estar deles próprios e dos grupos de interesse (lobbies empresariais e de funcionários públicos) que os rodeiam.
Impostos sobre os ricos são uma medida populista que têm apenas um objetivo: ampliar a aceitação social de um sistema tributário profundamente injusto e anti-social.  Embora seja duvidoso que a estatista sociedade francesa dê uma guinada liberal — ainda que seu atual primeiro-ministro reconheça, sem meias palavras, que o governo extrapolou os limites do bom senso —, os defensores da liberdade devem torcer para que a extinção desse imposto sobre os ricos ajude outras pessoas a entenderem o básico: não vivemos à custa do estado; é o estado que vive à custa de todos nós.

Juan Ramón Rallo é diretor do Instituto Juan de Mariana e professor associado de economia aplicada na Universidad Rey Juan Carlos, em Madri.  É o autor do livro Los Errores de la Vieja Economía.
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1406998112049_wps_1_Mike_Watts_at_the_Kelston.jpgNo ano passado, o empreendedor britânico Mike Watts ganhou as manchetes dos jornais ao construir a primeira estrada privada e pedagiada da Inglaterra em mais de cem anos.  Recentemente, a estrada foi forçosamente fechada, e sua breve história nos fornece um triste (e, infelizmente, muito comum) exemplo de como o governo sabota empreendedores e ataca seus consumidores.
A história, resumidamente, é a seguinte: após a rodovia local (e estatal) ter sido destruída em fevereiro de 2014 por um deslizamento de terra, Watts e sua esposa utilizaram toda a sua poupança para construir uma pequena estrada de contorno que dava aos motoristas a opção de evitar um longo e custoso desvio por outras rodovias. 
Essa estrada privada e pedagiada se tornou um sucesso instantâneo, e Watts rapidamente começou a recuperar seu dinheiro investido cobrando £2 por veículo. (Por boa vontade, ele também permitia que vários veículos utilizassem sua estrada gratuitamente, dentre eles veículos de emergência).
No entanto, seu sucesso rapidamente atraiu a atenção do governo local, que imediatamente começou a sabotar o empreendimento.
Utilizando uma tática manjada e consagrada, os burocratas vieram a público questionar a segurança da estrada.  Mas após os próprios viajantes e usuários garantirem que ela era perfeitamente segura e confiável, o governo local (condado de Somerset) decidiu recorrer a medidas mais burocráticas, obrigando Watts a pagar £3.500 a título de impostos e também mais £25.000 a título de taxas de inspeção e de avaliações ecológicas.
Ainda assim, a estrada continuou atraindo um grande número de usuários que voluntariamente optavam por utilizar uma estrada pedagiada.  E atraiu também a crescente atenção da mídia mundial.
Cada vez mais constrangido pelo sucesso de Watts e pelo seu próprio fracasso, o governo local decidiu despejar uma quantia adicional de £660,000 (de um total de £2.66 milhões) para acelerar o recapeamento da rodovia danificada.
1406998896200_wps_5_The_Kelston_toll_road_See.jpgWatts ainda conseguiu manter sua rodovia aberta não obstante todos os obstáculos políticos que foram criados para lhe afetar.  No entanto, após um ano de tributações acintosas e injustificadas, e com a reabertura da rodovia pública (a qual ele próprio, ao criar a concorrência, obrigou o governo a acelerar), seu empreendimento deixou de ser lucrativo.  Segundo Watts, suas receitas ficaram £10.000 abaixo dos custos; só que, se não fossem todas as taxas e tributos que o governo local lhe aplicou, ele estaria com um lucro de £18.500. 
Ou seja, ele foi punido pelo governo por ter tido uma ideia empreendedorial boa demais.  Sua estrada não foi reprovada pelo mercado, mas sim pelo mundo político.  Isso apenas mostra que, no mercado, saber resolver um problema de maneira rápida e barata faz de você uma pessoa rica; na política, faz de você um alvo.
No entanto, não obstante todos os problemas que Watts teve de enfrentar, ele permanece confiante de que tomou a decisão correta: "As pessoas me perguntam se eu faria tudo novamente. E eu respondo que sim; faria tudo novamente!"
Seu otimismo deveria servir de exemplo, mas também ilustra um ponto importante: um forte espírito empreendedorial, e a ética de prestar um bom serviço aos seus semelhantes, não podem ser destruídos pela burocracia estatal.

Matt McCaffrey é professor de economia na Auburn University e editor do Libertarian Papers.

“O PT conseguiu me desmoralizar, logo eu, símbolo maior das peraltices corruptoras.” (Dep. Arnaldo Comissão)

“Vamos longe? Importa saber? O abismo está logo ali.” (Limão)

“Os vagabundos se aproximam da mesa só depois da galinha morta.” (Pócrates, o filósofo dos pés sujos)

OBAMA E DILMA AUSENTES

Ricardo Setti
Quem quer ser líder na luta contra o terrorismo tem que estar ao lado dos amigos e aliados quando eles passam por um péssimo momento.
Foi mais ou menos isso que disse, com absoluta razão, sobre a ausência do presidente Barack Obama na grande manifestação de hoje em Paris que contou com dezenas de governantes de diferentes países o analista político David Gergen, a um certo ponto da longa e esplêndida cobertura que a rede de TV norte-americana CNN tem dedicado aos atos terroristas praticados na França ao longo da semana e às manifestações de solidariedade à liberdade e à França, e de repúdio ao terrorismo.
Gergen, diretor do Centro para Liderança Pública da John F. Kennedy School of Government da Universidade Harvard, fala com a autoridade de seus títulos acadêmicos mas, sobretudo, a de quem serviu em diferentes posições a quatro presidente norte-americanos, o último deles o democrata Bill Clinton.
Aparentemente, num erro de julgamento, Obama deixou-se levar por considerações de segurança sopradas por seus assessores na área de segurança nacional, que agiram sem a visão de estadista necessária em tais momentos, e que se esperava que Obama tivesse.
Mas, feito o registro, vem meu perguntar não ofende: por que raios a presidente Dilma Rousseff não deu um pulo a Paris, onde bastaria permanecer poucas horas e participar do ato que encabeçou a gigantesca manifestação de 1,5 milhão de pessoas para o Brasil marcar pontos com as grandes nações do Ocidente? Para o Brasil mostrar claramente ao mundo sua postura a favor da imprensa livre e das liberdades públicas, e de repúdio ao terrorismo?
Sim, a presidente fez até mais do que os partidos de oposição, ao divulgar nota de repúdio a respeito dos atos de barbárie praticados por radicais jihadistas. Mas é pouco! Fico me perguntando se a presidente faltaria a uma marcha em solidariedade a algum dano que sofressem governos bolivarianos como o de Cuba ou da Venezuela.
Não desejo mal a ninguém, mas suponhamos que um atentado terrorista, digamos na Venezuela, provocado por ferozes adversários do caudilho Nicolás Maduro, tivesse matado vários jornalistas de um dos muitos jornais mantidos pelo governo bolivariano. Alguém duvida de que Dilma estaria lá, firme, solidária, ao lado de Lula, de Cristina Kirchner, de Evo Morales?
O Brasil esteve representado em Paris pelo embaixador junto à França, José Maurício Bustani.

MACACO, CUIDA DO TEU RABO! por Percival Puggina. Artigo publicado em 11.01.2015

São tantas as investidas do governo da União contra a autonomia dos Estados e municípios que já não as vemos como investidas nem como anomalias institucionais. Quando a presidente Dilma convidou José Eduardo Cardozo para o Ministério da Justiça, ela estava sinalizando para um agravamento dessa situação e para uma radicalização à esquerda em seu governo. O novo ministro pertence à nata do Foro de São Paulo, em cujas reuniões desfia sua oratória revolucionária. Por convicção política o ministro só pode ser partidário da centralização, do acúmulo de poder, da unidade de comando.
Não apenas o Ministério da Justiça operará com tais propósitos. Assim será, também, o conjunto do governo por imposição racional das políticas petistas. A democracia como vista por nós, cidadãos comuns, não é a mesma que o PT propõe. Para o partido governante no Brasil, a nossa democracia é burguesa, frágil e pronta para ser comida pelas bordas.
O senhor Cardozo, em recente entrevista ao Estadão, expôs seus projetos para a Segurança Pública, com destaque para a construção de uma estrutura permanente de colaboração das polícias estaduais com a federal. Editorial do mesmo jornal informa que o governo encaminhará ao Congresso um projeto de emenda à Constituição, ampliando o elenco de crimes em relação aos quais passaria a haver competência da União para intervir. No outro lado da cancha, garante o ministro, os Estados conservariam as prerrogativas atuais. Com as palavras de Sua Excelência: "Hoje não posso impor para a PM do Estado normas operacionais. Mas, se tiver uma competência concorrente, posso ter a União estabelecendo diretrizes gerais sem suprimir a possibilidade de os Estados tratarem do mesmo assunto".
Enquanto planeja uma nova maneira de intervir nas competências dos entes federados, o governo petista descuida do próprio rabo. Sim, porque existe um bom elenco de crimes constitucionalmente postos na alçada federal. Entre eles, estão os praticados por autoridades da República, que têm sido investigados com maior sucesso pela mídia nacional do que pelos órgãos federais incumbidos de fazê-lo. E vale lembrar ao ministro que também são de competência federal, entre outros, os crimes sempre bilionários contra o sistema financeiro, a lavagem de dinheiro, o contrabando e o descaminho. E lá também está o rabo do macaco estendido no meio da avenida.
Nas modernas democracias constitucionais, descentralização é um quase sinônimo de democratização. Pelo viés oposto, centralização é um quase sinônimo de autoritarismo, ou totalitarismo, ou tirania. É algo assim que está em curso no Brasil, de um modo escancarado. O governo da República se sente dispensado de disfarçar o caráter autoritário, totalitário ou tirânico de suas incursões pelas unidades federadas distribuindo dinheiro e brindes como se a vida nacional fosse um grande programa de auditório em que a falsa generosidade arranca abobalhados aplausos.

“Desconfie da seriedade do lugar onde só trabalham mulherões. Salvo se for um bordel de luxo.” (Climério)

“Quando os jumentos governam cedo ou tarde quem comerá alfafa é o povo.” (Mim)

O JABUTI ENGESSADO- Mercado prevê PIB menor e mais inflação no ano

O JABUTI NÃO RENOVA SUAS IDEIAS- Marketing e ideias velhas resumem pacote de Dilma contra a corrupção

Presidente reeleita defende medidas já propostas no passado e esquecidas no Congresso Nacional há uma década.

EXPLORADORES DE PARVOS

Há uma porta aberta no fim do corredor. O ambiente é convidativo, a energia do grupo contagia os novos chegados; cânticos e louvores são ouvidos e inflamam corações. A maioria dos presentes passa pela porta ciente que é dono da verdade futurista. Por livre vontade caem então no abismo da exploração cega da qual poucos voltam. Os louvores e valores continuam dando vida aos doutrinadores e exploradores de parvos.

“A tal sabedoria chinesa não os ajudou no controle da natalidade. Deduzo disso que os sábios fazem mais sexo que os comuns.” (Climério)

“Jamais capitular diante do mal vermelho. Sou um pássaro livre, pelo céu azul eu navego.” (Eriatlov)

“O pior inimigo é aquele que bem te conheces.” (Filosofeno)

“Penso, então duvido.”(Filosofeno)

“Ainda não descobri de qual time Deus é torcedor, já que todos os boleiros agradecem a ele por suas vitórias.” (Mim)

“Não dá para seguir os passos de um homem bom se ele caminhar sobre o asfalto. Salvo se ele andar com um saco de farinha no lombo.” (Filosofeno)

“Governo bom, sério e equilibrado o Brasil nunca teve. Sempre houve um rodízio dos mais ou menos. Mas agora resolveram esculhambar.” (Al Zen Aimer)

Rodrigo Constantino- A força das ideias: o pluralismo de Isaiah Berlin

As perguntas só são inteligíveis quando sabemos onde procurar as respostas.” (Isaiah Berlin)
Um dos grandes ícones do liberalismo foi sem dúvida o filósofo Isaiah Berlin, nascido na Letônia em 1909. No livro organizado por Henry Hardy, A Força das Idéias, constam diversos textos do autor sobre diferentes temas, desde uma autobiografia até análises do marxismo ou do Iluminismo. O título faz menção ao que o pensador sempre acreditou. EmDois Conceitos de Liberdade, de 1958, Berlin mencionou o poeta alemão Heine para lembrar que não se deve subestimar a força das idéias: “os conceitos filosóficos nutridos na quietude do escritório de um professor poderiam destruir uma civilização”. Eis o poder que ele depositava nas idéias.
Isaiah Berlin sempre respeitou a pluralidade de idéias, assim como a pluralidade de culturas, mas deixava claro não ser um relativista. Ele acreditava numa pluralidade de valores que os homens podem procurar, mas não acreditava numa infinidade de valores. O número de valores humanos seria finito, e esses valores seriam objetivos, ou seja, sua natureza e sua busca fazem parte do que significa ser humano. Todos os seres humanos devem ter alguns valores comuns, senão deixam de ser humanos. Por isso pluralismo não é relativismo: “os valores múltiplos são objetivos, parte da essência da humanidade em vez de criações arbitrárias das fantasias subjetivas dos homens”. Deve-se, portanto, respeitar os sistemas de valores que não são necessariamente hostis uns aos outros. Daí se segue a tolerância pregada pelos liberais.
Para Berlin, o inimigo do pluralismo é o monismo – “a antiga crença de que há uma única harmonia de verdades a que tudo, se for genuíno, deve se ajustar no final”. A conseqüência dessa crença é que aqueles que sabem devem comandar aqueles que não sabem. Trata-se da antiga crença platônica dos reis-filósofos, que tinham o direito de dar ordem aos outros. Os déspotas “esclarecidos” vão roubar da maioria as suas liberdades essenciais em nome do conhecimento superior que possuem. Se antigamente pessoas eram sacrificadas em nome de deuses, recentemente muitos foram sacrificados em nome de ídolos: os ismos. Socialismo, nacionalismo, fascismo, comunismo – os revolucionários adeptos dessas ideologias se julgam detentores da verdade absoluta, e acreditam que, para criar o mundo ideal que somente eles sabem o caminho, os ovos têm que ser quebrados, senão não se pode fazer a omelete. Os ovos acabam quebrados mesmo, como se verifica pelo rastro infindável de cadáveres sacrificados no altar dessas ideologias. Mas a omelete permanece infinitamente distante. Isso não importa para os fanáticos “donos da verdade”.
Um dos grandes legados do pensamento de Isaiah Berlin foi sua defesa da distinção entre liberdade negativa e positiva. Por liberdade negativa, ele entendia “a ausência de obstáculos que bloqueiam a ação humana”. Existe, claro, os obstáculos naturais, criados pelo mundo exterior, pelas leis biológicas ou psicológicas que regem os seres humanos. Mas sua preocupação estava centrada na falta de liberdade política, quando os obstáculos são criados pelo homem. O grau de liberdade depende então do grau em que cada um é livre para trilhar este ou aquele caminho sem ser impedido de agir desse modo por instituições ou disciplinas criadas pelo homem. Não é apenas a liberdade de fazer tudo aquilo que se aprecia, tampouco de atender todos os desejos existentes. O que ele tinha em mente era o número de caminhos que um homem pode trilhar, quer deseje trilhá-los, quer não. Esse seria o “primeiro dos dois sentidos básicos de liberdade política”.
O outro sentido central de liberdade é a liberdade para, ou seja, a pergunta de quem controla o indivíduo. A questão principal é se o próprio indivíduo determina suas ações, ou se segue ordens de alguma outra fonte de controle. A liberdade positiva, partindo do pressuposto que um determinado grupo sabe melhor o que cada indivíduo quer, pode levar a algumas das formas mais assustadoras de opressão e escravização.
Berlin combateu o determinismo também. Sua tese era de que existem duas razões principais para se defender a doutrina do determinismo humano. A primeira seria uma extrapolação das ciências naturais descobertas pelos cientistas. Muitos philosophes do século XVIII sustentavam isso. A questão não seria se os homens estão livres ou não de leis naturais, mas sim se sua liberdade se dissipa totalmente com elas. A segunda razão para crer no determinismo seria devolver a responsabilidade por muitas coisas que as pessoas fazem a causas impessoais. Assim, eximem-se de culpa. As pessoas não teriam como evitar seus erros. Isaiah cita como exemplo o marxismo, baseado num determinismo histórico, mostrando inclusive a contradição de se arriscar numa perigosa revolução quando o futuro já está determinado. Tanto risco assim apenas para tentar antecipar o que é certo faz sentido?
O filósofo trata de vários outros assuntos, mas o mais importante é ter em mente que Isaiah Berlin se mostrou sempre preocupado com o fundamento do conhecimento, apostando no potencial transformador das idéias. A busca do alicerce dos conceitos, enfrentando suas contradições, foi uma marca do pensador. Ele sugeria que o pensamento sistemático desempenha papel determinante na construção da vida em sociedade. A experiência seria peça crucial nesta construção, para que a abstração não condenasse os pilares da obra toda. Berlin era incapaz de se esconder por trás da opacidade do jargão ou de uma retórica pretensiosa. Para ele, a tarefa da filosofia era “desenredar e trazer à luz as categorias e os modelos ocultos em termos dos quais os seres humanos pensam, para revelar o que é obscuro ou contraditório neles, para discernir os conflitos entre eles que impedem a construção de modos mais adequados de organizar, descrever e explicar a experiência”. Em resumo, a meta da filosofia é sempre a mesma: “ajudar os homens na compreensão de si mesmos e assim operar na claridade, e não loucamente, no escuro”.
Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

Antonio Ribeiro- Paris, capital do mundo livre

A simbologia foi forte. Começou em uma praça chamada República e terminou em outra, a da Nação. Entre os dois pontos, mais de 1,5 milhão de pessoas caminharam por uma linha reta, o bulevar de 2,85 quilômemetros de distancia cujo nome honra a memória de Voltaire — reformista francês celebre pela defesa das liberdades individuais, direitos civis, destemido e habil com a sátira para fustigar a hipocrisia do clero e da nobreza durante o Iluminismo.
Nem quando foi libertada da ocupação nazista, menos ainda depois da conquista francesa da Copa de 1998, tantos — e diferentes — foram às ruas motivados pelo mesmo sentimento. Os que conheciam Charlie Hebdo, jornalzinho tinhoso de 45 mil exemplares por semana, os que nunca leram uma linha ou riram de suas caricaturas, os que nunca ouviram falar seu nome, se identificaram com ele. Bradavam uma palavra singela de significado imenso: “Liberdade”. Já escorreu muito sangue da espada e tinta da pena para entrega-la assim, na bandeja.
Até alguns corretos da política da hora que, não faz muito tempo, empunharam cartazes em que se lia “Sorry”, desculpando-se pela publicação das caricaturas de Maomé, hoje informavam de vários modos: “Je suis Charlie”. Poderiam ter  dito desta vez, “Pensei melhor, logo sou Charlie.”
O inédito não parou por aí. O cortejo foi encabeçado, logo atrás dos parentes e amigos das 17 vítimas do atentado terrorista, por mais de 50 chefes de estado. Estavam lá de braços dados François Hollande, Angela Merkel, David Cameron, Mariano Rajoy, Matteo Renzi. E também, contribuindo com a preciosidade do momento, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, o representante russo e o enviado ucraniano.
Muitos acharam que era uma temeridade reunir tantos quando ainda se sente odor de pólvora expelido pelas Kalachinikov dos terroristas. Finalmente, não houve nem um mísero incidente ou uma banalidade do cotidiano que irrita o parisiense, cujo estresse é tido como traço de identidade. (Talvez, vá lá, o tombo da primeira ministra da Dinamarca na escadaria do Palácio do Eliseu) O dispositivo policial parecia bem modesto para a envergadura do evento. Ou melhor, foi diluído na gigantesca massa humana. Ordeira e pacífica. O medo foi vencido com serenidade.
Mais cedo, François Hollande declarou que neste domingo invernal e ensolarado, Paris era o centro do mundo. Pode-se argumentar que o “presidente modesto” tenha exagerado na dose do tinto que regou o almoço para seus ilustres convidados. Mas é inegável que, pelo menos no senso figurado, Paris foi nestas 24 horas, a capital do mundo livre. Isso porque, mais uma vez, na prática, respondeu de forma exemplar à ameça terrorista. Ela também inédita e teimosa.
Assista vídeo exclusivo do Blog de Paris feito na manifestação: República atacada pelos corvos.
Por Antonio Ribeiro

Reynaldo-BH: ‘Eu sou livre!’

REYNALDO ROCHA
Quando sectários impostores abriram fogo contra os jornalistas do Charlie Hebdo, não tinham noção da intensidade do ato. As 12 vítimas sempre souberam. Os bárbaros atingiram o coração da LIBERDADE. Que desconhecem, mas sonham exterminar. No mundo civilizado, bilhões de corações e mentes enxergaram para além dos homicídios. Sentiram a necessidade da luta pela sobrevivência. Da discordância. Do avanço civilizatório. Da liberdade de expressão. E a resposta extrapolou a França da Igualdade, Fraternidade e Liberdade.
Não sou um terrorista de teclado. Mas o que houve em Paris tem parentesco com a tentativa de invasão do prédio da Editora Abril por fanáticos que rejeitam os fatos publicados por VEJA. Ou com a lei imposta pelo governo argentino para liquidar o grupo Clarín na Argentina e com a “cota oficial” de papel concebida para cercear a oposição.
Em fevereiro de 2014, 55 jornalistas foram agredidos nas manifestações de rua contra o governo venezuelano. Havia uma lista de jornalistas a serem assassinados na Europa. Por enquanto, aqui existe uma lista de profissionais que incomodam o PODER APODRECIDO que por ousarem fazer apenas jornalismo. A diferença é da intensidade. Somente e por enquanto. A prática já está em uso.
O mundo deu um BASTA! Que repercute em cada homem que preze a própria liberdade e do direito de conviver também com opostos.
O que importa — para além da dor causada pela brutalidade praticada, o assassinato sem sentido – é a raiz da intolerância. Para cada jornalista morto, há milhões de leitores privados da liberdade. Para cada matéria censurada (ou “controlada”), existem milhões de atos idênticos praticados às escondidas.
Nós, leitores, só podemos agradecer a cada jornalista independente. Em nome da cidadania. E do ser honesto, que era de regra e hoje é exceção.
Blogueiros de aluguel, pagos para escrever o que os donos ordenam, jamais seriam jornalistas de um Charlie Hebdo. Seriam charges de capa. Seus rótulos rasteiros não nos atingem. Sabemos dar valor à LIBERDADE.
Eu sou Charlie. Eu sou cristão. Eu sou agnóstico. Eu sou budista. Eu sou muçulmano. Eu sou de direita. Eu sou de esquerda. Pouco importa o que eu seja.
EU SOU LIVRE!

Oliver: ‘Anatomia de um imbecil’

VLADY OLIVER
Leonardo, o Bofe, não é Charlie. Je ne suis pas Charlie. Leonardo, o Bofe, é tão somente um cretino. Ele publica o texto de um padre teólogo que, se não me falha a memória, atende pela alcunha dele mesmo, o idiota. Ele condena os atentados, mas entre aspas. Ele xinga e esbraveja, apesar de ser da paz. Para esse cretino fundamental, os cartunistas não “mereciam” levar um tiro; eles mereciam “evoluir”.
E quanto aos atiradores? Estes não merecem “evoluir”, segundo sua ótica rasteira e vagabunda? Ou eles servem aos seus “propósitos” pacíficos armando guerra? Ele está constrangido. Mas com a VEJA e a Globo, que, segundo o deliquente senil — o upgrade do deliquente juvenil — atentam contra a verdade e a boa imprensa. Ele conheceu o “Pasquim de lá” de um forma bastante negativa, segundo o bravo. Porque republicou charges de um jornal dinamarquês “liberal-conservador”, em nome de uma tal de “liberdade de expressão”. Tudo entre aspas.
Foi esse o crime cometido pelas vítimas do terror — julgadas e condenadas à morte por um tribunal de exceção que o bode velho finge não ver. Mas tem mais… ACUMA? Mais o quê, cara pálida? O crime é esse? Ser “liberal-conservador”? Não serem seres evoluídos como os algozes que tangem em ferro, engordam e matam seu grupamento bovino? Nenhuma linha contra a violência e a barbárie do grupo, é evidente. Está preocupado, o bofe, é com as “charges de péssimo gosto” do Charlie. Com a “França dos excluídos”. Para o vagabundo, criminosas mesmo são as charges do jornal.
Dá pra entender a inversão de valores? Segundo o irado picareta o islã não pode ser banalizado como o catolicismo. Talvez por isso, pela rédea solta, que um carcamano se denomine “padre teólogo” e siga essa doutrinação rasteira e vigarista entre os cérebros baldios. Ninguém cassa a carteirinha de habilitação desse cretino? O vagabundo continua por aí a dirigir paróquias com essa desfaçatez? Segundo o padreco, a justiça deveria traçar uma linha enquadrando o Charlie… e a VEJA !!! Quanta meiguice. “Nem toda censura é ruim…”, sentencia o cavalgadura da teologia barata. Mas censura prévia não, que ela é burra.
Inteligente é ele, com sua visão contida nas viseiras do esquerdismo mais rampeiro. A comunidade é incômoda porque não se mistura. É incômoda porque não abandona sua identidade. Eu já vejo diferente, meu caro bofe. Ela é incômoda porque é encostada num barranco. Por que não larga as armas. Por que mata gente que, se não é inocente como você prega, NÃO ANDA ARMADA como a cambada que você defende. Eu entendo. Tem gente que não serve nem pra adubo. Vagabundo.