“Hoje ao acordar não conseguia lembrar mais o nome da Nona. Ainda bem que na televisão falavam do Instituto Butantã. Lembrei-me na hora: Cobralina!” (Nono Ambrósio)
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
O NOME DA NONA
“Hoje ao acordar não conseguia lembrar mais o nome da Nona. Ainda bem que na televisão falavam do Instituto Butantã. Lembrei-me na hora: Cobralina!” (Nono Ambrósio)
MOSCA NA SOPA
Um homem taciturno entrou no restaurante e pediu uma sopa de cebolas. Logo que a sopa foi servida uma mosca pousou na sopa ainda quente. O taciturno então chamou o atendente e mandou levar a sopa embora. Disse que iria comer apenas a mosca, mas que pagaria pelo prato todo. E passou a voltar todos os dias para pedir o mesmo. E nada falava além do essencial. O que se sabe é que em poucos dias todas as moscas que moravam no estabelecimento trataram de dar no pé, ou melhor, bater asas para bem longe. O cliente na ausência delas deixou de frequentar o estabelecimento.
A CABEÇA
Há
gente esquisita transitando por todos os lados. Estava no lotação quando entrou
um sujeito bem apessoado, cabelo aparado e barba feita. Sentou-se ao meu lado,
ajeitou o nó da gravata, pigarreou e tirou a própria cabeça colocando-a de
lado. Não é normal algo assim, porém somente alguns passageiros prestaram
apenas atenção momentânea ao fato e depois trataram de cuidar das suas vidas.
Antes do meu ponto ele desceu, porém deixando a cabeça no ônibus. Gritei para
ele:
-
Ei amigo, sua cabeça!
Desceu
sem dar à mínima, vai ver que sem cabeça ficava surdo, algo lógico. A cabeça,
ouvindo o barulho, abriu seus olhos sonolentos.
-Não
ligue, é sempre assim, disse-me ela. Depois ele fica se perguntando onde estava
com a cabeça. Toda segunda-feira me procura nos Perdidos e Achados. Já estou
acostumada.
Bem,
sendo assim, fiquei tranquilo.
A CIRURGIA
Depois da cirurgia ele se encontra deitado na cama de ferro, imóvel sobre alvos lençóis. De hora em hora uma enfermeira vem para ver como ele se encontra. Observa sua pressão e sai. Na parede um quadro solitário da Santa Ceia faz companhia ao homem que dorme sedado. Sobre o criado mudo não há nada, nem mesmo um copo ou uma revista qualquer. O soro desce em lentas gotas e o rosto do enfermo aos poucos ganha cor. Lá fora, entre nuvens, aparecem pedaços do azul do céu. No canto esquerdo do quatro está largado um pequeno sofá marrom que aguarda para acolher uma visita qualquer. Já faz quatro horas que a operação foi realizada. O homem abre os olhos e se mexe um pouco. A enfermeira chega, ele pede: “Onde estou?” Ela fazendo um olhar de mãe diz que ele está no Hospital Samaritano, sofreu uma cirurgia para extirpar um pequeno tumor no cérebro e que correu tudo bem. “Tudo bem nada” diz ele .-“Sou o encanador, vim até aqui apenas para consertar um vazamento e acabei caindo no banheiro. E agora me acontece isso?”
MONTEIRO
Monteiro está sentado à beira do abismo. Suas pernas balançam no ar chutando bolas invisíveis. Não se encontra mais consigo mesmo, é o dia de maior desespero. Olha para suas mãos calejadas, suas unhas sujas de terra e grita silenciosamente se tudo que fez valeu a pena. Retira do bolso da camisa e relê o telegrama que trouxe a notícia da morte de seu filho único. O punhal é cravado de novo, mais fundo. Não suporta. Basta. Deixa seu corpo pesado cair no abismo em busca da leveza da vida sem dor.
A MORTE DO HOMEM MAU
Heitor morreu num tiroteio com a polícia. Homem mau, ave de desgraças e dor. A família foi avisada e providenciou o velório. Terminada a cerimônia de poucos presentes, já noite, o caixão foi levado e deixado na praça da cidade. Antes da meia-noite chegaram os vermes para dar conta do corpo. Estavam usando máscaras protetoras, pois saibam todos que dependendo do corpo até mesmo os vermes sentem náuseas.
PÉ DE CEDRO
Conto para vocês que na minha outra curta vida eu fui um pé de cedro. E aí a desgraça de estar perto do tal Leonardo. O asqueroso Frei Boff falava comigo todos os dias, uma verdadeira tortura aquela barba suja roçando em mim. Preferi morrer e nascer de novo. Hoje sou cacto feliz.
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