terça-feira, 12 de junho de 2018

ENTRE QUATRO PAREDES


O Barão Helmes e a Baronesa estavam transando loucamente quando ele sofreu um infarto. Prontamente ela recorreu ao vibrador que descansava sobre o criado mudo. Enquanto o Barão morria ela conquistava mais um orgasmo. E mais não houve.

ANASTÁCIO E SATANÁS


Anastácio é muito forte, corajoso e adúltero. Na verdade mais forte que adúltero. Certa noite ao se levantar para ir ao banheiro foi interceptado no corredor pelo próprio Satanás, cuspindo fogo e dizendo com sua voz quente e rouca que veio buscá-lo. Anastácio deu-lhe um tranco e levou o dito até a cozinha. Lá tapou a boca do maldito com fita adesiva, colocou rolhas nas narinas e ouvidos. E para completar o serviço enfiou na bunda do safado uma espiga de milho. E perguntou para ele rindo: “E agora, cabron vermelho, vais soltar labaredas por onde?

TRANQUILO


Marcos é um sujeito muito tranquilo. É daqueles que em meio a uma tempestade acende um cigarro encostado num muro bambo.  Ao chegar em sua casa e se deparar com a mulher com outro homem na cama, não gritou, não prometeu matar; apenas vestiu o pijama, pediu licença e foi se deitar no meio deles. Dois minutos depois já estava roncando. O amante da mulher perdeu a tesão e foi embora.


GINA


Gina, dezoito anos, bela e frágil, meiga e prestativa. O pai Ernesto era um cavalheiro. A mãe Andradina uma caninana. Certa amanhã Gina acordou tossindo e vomitando pétalas de rosas. A mãe não se aguentou- “Ainda vomitasse dólares ou euros.” Gina morreu no outro dia, seu corpo exalava um maravilhoso perfume. Foi o velório mais cheiroso do mundo. Até hoje a ciência ainda não conseguiu uma explicação. Os pais de Gina ainda vivem. Ele, culto e aberto ao mundo; ela; caminhando pra lá e pra cá matando grama com cuspe.

PAUSA


O céu está muito azul. O vento frio que bate no meu rosto considero uma carícia. O alto lugar onde me encontro, entre pedras e grama verde, é um paraíso de paz. Nas árvores abaixo os pássaros iluminam ainda mais o dia com seus trinados. Fico de pé para melhor observar ao redor a beleza que me cerca. Mais à direita um menino cheio de energia pesca num pequeno açude. Pequenos pontos que vislumbro distantes são ovelhas no pasto. É muito bom ter esses momentos, pausa para os ouvidos, livres do estridente politicamente correto e da mesmice de broncos.

NÃO SE META


A ponte, o rio veloz lá embaixo, a névoa e o desejo de saltar. O homem salta, bate n’água, um barco que passava salva o suicida. O homem balança a cabeça, abastece de impropérios o pescador que o salvara, fica fora de si; queria mesmo morrer. O pescador não se faz de rogado: sacou do revólver e o matou com dois tiros. Pegou quinze anos por matar um suicida.

IRINEU


Irineu, maduro pacas, dois anos sem tomar banho. Ontem estava na calçada quando o caminhão do lixo passou e levou ele. Não gritou, não esperneou, apenas no seu rosto viu-se um risinho de satisfação.


MITOS


"Não importa o quão feliz me deixe, se não é verdadeiro, se não é real, muito obrigado. É assim que penso quanto aos deuses e mitos de todas as religiões."  — Francisco Saiz

PADRE


“Minha mãe queria que eu fosse padre. Tornei-me um podre.” (Climério)

FANTASMAS


Acobertados pelo manto da noite
Saem de suas moradas os fantasmas de todos os tempos
Para jogar pedras e bagunçar
A casa mente dos tolos.

OS BICHOS


Na floresta disse bem o orador papagaio
Somos felizes vivendo como bichos livres
Não temos governo
Não somos aprisionados por leis absurdas
Também não somos vítimas de impostos escorchantes
Que sustentam parasitas
Danem-se os racionais!


SONHAR


Acordar por acordar
Comer para viver
Isso todo animal faz
Agora pergunto
Para um racional
Com que sonhas tu?

INFELIZMENTE


“Infelizmente não é uma fábula: um sapo e uma anta detonaram o Brasil.” (Mim)

AMIGOS


“É o chamado efeito colateral. Quando o banco cortou o meu talão de cheques também perdi alguns amigos. Acho que eles eram mais amigos do meu talão.” (Climério)


DEFEITOS


“Todos os homens têm defeitos. Porém alguns só têm isso.” (Climério)

AVÓ NOVELEIRA


“Meu neto é muito querido.  Instalou  no meu celular o guap zape.”

AVÓ NOVELEIRA


“Langeri é a tal calcinha transparente com um fio que corre pela bunda?”


AVÓ NOVELEIRA


E diante do trabalho ao sol do sobrinho pedreiro diz minha avó noveleira:
“Fazer o quê? São os ovos do ofídio.”