quarta-feira, 30 de novembro de 2016

HUMOR ATEU

ATHEUS-NET

HUMOR ATEU

Vida após a morte
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CAMELO

O homem santo disse: “É mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus. Pois o teimoso camelo Anselmo tentou, tentou e não conseguiu passar no buraco da agulha. Furioso mandou o homem santo à merda e que fizesse bom proveito da agulha costurando uma nádega na outra.

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- segunda-feira, abril 28, 2008 SOBRE NEUROCIÊNCIA

De Paris, recebo:

Prezado Janer,

Há alguns meses, sou leitor assíduo do seu blog, visitando-o sempre com muito prazer e atenção. Sua cultura caudalosa, seus argumentos precisos, sua escrita elegante e bem humorada muito me cativaram. Sem dúvida, seu blog é o meu preferido. Leio-o diariamente. Aprecio, em especial, seus textos sobre religião, nos quais você mostra todo seu conhecimento sobre a Bíblia e a história da ICAR.

Como você, tive rígida educação cristã, embora nas hostes da igreja protestante. Essa formação me saturou e me encheu de deformidades existenciais. Hoje, aos 31 anos, vou tentando me libertar do peso dessa tradição, o que me é tremendamente difícil, dado a muitas amarras, principalmente familiares. Mas isso é assunto para outra conversa...

Escrevo-lhe para conversar sobre um dos seus textos recentes, em que você criticou as neurociências, qualificando-as de “charlatanismo” e associando-as a alguém como “o parlapatão Lair Ribeiro, guru do Collor”. Esse seu texto muito me surpreendeu; confesso que não esperava uma opinião tão obtusa vinda de você. Assim, permito-me lhe escrever para lhe expor porque não concordo com sua posição.

Chamo-me Leonardo, sou médico neurologista e, há dois anos e meio, moro em uma cidade na qual você mesmo habitou durante um período de sua vida: Paris. Cá estou justamente para me aprofundar nessa área do conhecimento.

Criticar as neurociências por causa de Lair Ribeiro é tão razoável quanto depreciar toda a literatura universal por causa do Paulo Coelho. As neurociências são dos mais palpitantes domínios científicos atualmente. Trata-se de uma vasta área do conhecimento, sendo um espaço de convergência de diversos saberes: a neurofisiologia, a neurofarmacologia, a neuroradiologia, a psicologia cognitiva, a psicologia experimental, a neuropsicologia, a psiquiatria, entre outros. Os objetos de estudo e as aplicações práticas das neurociências, são, evidentemente, tão amplas quanto as ciências que as compõem. Há muitas frentes de trabalho; em uma vertente mais clínica, há os neurocientistas que se dedicam ao diagnóstico e tratamento de doenças neurológicas (como a doença de Alzheimer). Em uma outra linha, estão os que investigam os mecanismos neurobiológicos de diferentes processos cognitivos, envolvidos, por exemplo: na apreensão do meio que nos rodeia (processamento de estímulos visuais, por exemplo); na nossa vida relacional (o julgamento moral, o comportamento social); no fundamento da consciência (redes neurais de memória, em seus diversos tipos).

Por causa dessa última via de trabalho, as neurociências tangenciam questões filosóficas, o que foi abordado por neurocientistas de renome, como António Damásio, John Ledoux, Jean Pierre Changeux. No Brasil, o jornalista (bacharel em filosofia) Hélio Schwartsman, da Folha de São Paulo, freqüentemente usa descobertas neurocientíficas para debater questões filosóficas.

Na verdade, aproximei-me das neurociências justamente por me interessar por essa interface com as ciências humanas. A propósito, escrevi um artigo que foi publicado na revista “Arquivos de Neuropsiquiatria” (órgão da Academia Brasileira de Neurologia), em que discuto, à luz de alguns conceitos da neuropsiquiatria, alguns aspectos comportamentais do príncipe Míchkin, personagem de Dostoievski em “O Idiota”. Caso se interesse, envio-lhe o texto com o maior prazer.

Descobertas das neurociências têm lançado luz sobre o entendimento de comportamentos humanos extremamente complexos, como a religiosidade, a agressividade, as compulsões.

Não há nada de charlatanismo nisso. Há, sim, cientistas dedicados que trabalham honesta e duramente – como o brilhante brasileiro Miguel Nicolelis –, batendo-se por compreender determinadas questões, cujas respostas podem beneficiar milhões de pessoas que sofrem de distúrbios neuropsiquiátricos em todo o mundo.

Espero que esses modestos argumentos lhe sejam um estímulo para perceber as neurociências como um importante e precioso canteiro de obras da ciência moderna, e não como pretexto para gananciosos se locupletarem com um blá-blá-blá pseudo-científico.

Como vi no seu blog que, em breve, você viajará à Europa, teria o imenso prazer em convidá-lo a tomar um café em Paris, caso passe por aqui. Meu studio está bagunçado (acabei de me casar), mas, se precisar de um lugar para “pousar” (incluindo, é claro, sua pequena malinha de 20 quilos), estamos à disposição, é só avisar...

Um grande abraço, com apreço,

Leonardo de Souza


Meu caro Leonardo:

a história de uma bióloga especializada em neurociência citando Fernando Pessoa, em uma pretensa crítica a ateus, deixou-me irritado e me deixei levar pela hybris. Nada contra Pessoa. É meu poeta de cabeceira. Mas penso que não se pode misturar ciência com poesia. Ocorre que charlatães estão empunhando a neurociência com a mesma aisance com que outros empunham a física quântica, que hoje está virando uma espécie de auto-ajuda. Envie-me seu ensaio sobre o príncipe Michkin. Mais duas semanas, espero estarmos discutindo estas questões em torno a um bom Cahors em algum bistrô de Paris.

À propos: minha malinha não é de vinte quilos. Mas de oito. Estarei no Sully-Saint Germain, rue des Écoles. Celebraremos a bonne chère aux environs.

DO PESSOA

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
“Alguns dizem que não tenho humor. Errado. Eu não tenho é o bom, já o mau-humor me sobra.” (Limão)
“Às vezes a morte faz nobre aos olhos do povo muitos homens que não valem um cuspe.” (Limão)
“Grandes homens nascem em todos os países, sem distinção. E podemos afirmar que belas porcarias também.” (Eriatlov)
“Os medíocres para encontrar um caminho na vida precisam de luz alheia.” (Eriatlov)
“Meu pai já comeu muitos estrangeiros. Diz ele que os ingleses são apetitosos, porém um pouco duros. Já os franceses são macios, mas o odor da carne é forte.” (Leão Bob)
“A maioria dos leões são católicos. Já as hienas são evangélicas. Dá para perceber pelo barulho que fazem.” (Leão Bob)
“Não tenho amigos ricos. Deve ser por essa minha cara de pedinte.” (Chico Melancia)
“Rio porque gosto da vida. E só não rio mais por causa de unha encravada, das doze facadas no peito e de um furúnculo que tenho na bunda.” (Chico Melancia)
“Minha tia Bete não andava bem, falava coisas estranhas. Foram ver ela tinha outro por dentro.” (Chico Melancia)

GRANDE TALENTO

Naquele dia Paulo resolveu mudar de vida. Já estava com trinta anos, o momento era aquele. Ou agora ou nunca! Tinha que ser, não dava mais para esperar. O plano estava feito, não mudaria de ideia. Iria sem falta procurar a TV local para mostrar o seu talento excepcional. A ansiedade foi tanta que quase teve um ataque. Então foi. Entrou gritando no escritório da TV ALIANÇA: eu sou um pássaro, eu sei voar! Eu sou um pássaro, eu sei voar! Quero uma chance para mostrar! Todos pararam. Mais um louco, pensaram. Queria ele ser apresentado ao diretor artístico, sem perda de tempo. A secretária da presidência chamou os seguranças conforme determinou o diretor administrativo. Deveriam colocá-lo para fora do prédio. Ele não se deu por entregue. Antes da chegada dos brutamontes bateu os braços e saiu voando pela janela. Sorte dele que estava no térreo.

DIA RUIM

Ele acordou dentro do ataúde fechado. Acendeu o isqueiro e viu que relógio havia parado. Droga de relógio falsificado! Ninguém mandou fazer economia, ralhou consigo mesmo. Que horas serão? Dia ou noite? Apanhou uma bala de hortelã para dar um lustro no bafo, que estava horrível. Bateu o pó do smoking, fechou os botões e foi abrindo a tampa do caixão bem devagar. Percebeu que era noite e respirou aliviado. Foi à geladeira para tomar seu copo de sangue diário. Porra! Sangue azedo!Faltara energia, a geladeira estava descongelada. Cuspiu diversas vezes querendo tirar o gosto, mas por azar cuspiu em cima do sapato novo. Irado, transformou-se em morcego e saiu batendo asas rumo ao Banco de Sangue em busca do desjejum. E saiu esbravejando: 

- Está uma merda ser vampiro no Brasil!

CARO AMIGO COVEIRO

Caro amigo coveiro,
Hoje sou um esqueleto que descansa faz muito no cemitério desta Graça Maior. Não quero mais ficar aqui, cansei desta vida solitária, desejo sair correndo por aí para sentir novamente o ar puro; ouvir o murmúrio das ruas; o perfume das mulheres; o cantar dos pássaros e ver a chuva fresca caindo do céu. Antes de ser um monte de ossos dei duro na vida para conseguir minhas coisas, só eu se io quanto trabalhei. Muitos sacrifícios eu fiz para preparar meus filhos para uma vida digna e honesta. Agora fiquei sabendo que a moleza está grande aí fora, tem um tal bolsa-família que anda sustentando milhões de vadios. Já consegui liberação de São Pedro para voltar ao mundo dos vivos, mas antes preciso de uma bolsa assim, para ficar numa boa. Sou o 743 do Setor F. Meu nome é Setembrino Gomes, 17/02/1939. Peço que fale com gente do governo e dê uma força para este amigo oculto de tantos anos. Grato.

O DIVINO IMPERADOR

O Divino Imperador, cheio de pompa e cercado por duas centenas de guardas caminhava pela Avenida Imperial próximo do povo. Nas esquinas e praças, estátuas e fotos do ungido celestial. Sorria e acenava para seus súditos, adornado de diamantes e ouro; era adorado como um deus, todos se curvavam diante da sua presença. Naquele dia quando pisou nos primeiros degraus que o levariam ao palácio real o inusitado aconteceu: o Divino Imperador soltou gases e não foi só isso: cagou-se todo! No meio da multidão um republicano não se conteve e gritou: “Divino que nada! Cagou-se! Humano, demasiado humano!” Foi enforcado.

MEDO

Insônia. Passava da meia-noite quando Antenor foi à sacada do seu apartamento que ficava no oitavo andar para fumar. A esposa dormia. Sentou-se, acendeu um cigarro e ficou ouvindo o murmúrio noturno da cidade. Algumas frenagens, buzinas e sirenes, sons da madrugada na cidade grande. Enquanto observava a fumaça se dissipando no ar pensava na vida. Já completara 53 anos em boa forma, a vida familiar era harmoniosa, a loja de peças permitia uma vida digna, o filho Rafael de 15 anos tinha boa saúde, bom aluno e não incomodava os pais. O que estaria faltando? O que lhe tirava o sono? Dívidas e inimigos sérios não faziam parte do seu mundo. Ficou remoendo dentro do cérebro perguntas e mais perguntas tentando obter respostas. Fumou mais um cigarro, voltou para seu quarto, acordou a mulher que bem dormia e perguntou: “Amor, você também tem medo da velhice?”

O QUE É O ESTUDO

Cléber ordenhava vacas, elas não gostavam, pois ele tinha mãos ásperas. Quando ele chegava perto elas ficavam inquietas. Suas mãos duras machucavam os mamilos das amigas. O patrão observou a situação e então comprou luvas para ele e o problema foi resolvido. Cléber também tinha seguidamente arranhados no pênis. Nunca mais os teve. Olhava para a caixa de luvas sobre o armário e dizia para si: “Veja só o que é o estudo.”

RENOVAÇÃO

Manuel, setenta e cinco anos. Morava ele numa chácara em lugar ermo. Viúvo, um filho só e morando no estrangeiro. Não tinha telefone, TV e nem vizinhos. Gostava de viver assim, amigo da solidão. Nunca ficou doente, não ia ao médico. Naquela noite repousava ao entardecer na cama quente. Fora das cobertas o frio era intenso. Na madrugada o corpo quente foi ficando frio e finalmente gelou. O defunto ficou abandonado na cama por alguns dias, ninguém sentiu sua falta. Ou melhor, o gato Bidu sentiu, mas também morreu logo, não de frio, mas de fome. Sem visitas, quem achou o cadáver do velho e levou um grande susto foi o funcionário do banco que lá foi, triste ironia, para renovar seu seguro de vida.

SEGREDO

O fim da noite chegava e com ele o cansaço de mais uma jornada de trabalho. O dia todo um entra e sai de gente no urbano. O motorista estacionou o ônibus, ajeitou o cabelo e desceu. O cobrador que o acompanhava também desceu do coletivo. Tomaram banho e trocaram de roupa . Ficaram eles um bom tempo admirando a lua, rainha no céu estrelado. Depois saíram de mãos dadas para o merecido descanso, tendo apenas uma velha coruja como testemunha.

Noite. Uma rua solitária na periferia. Um gato malhado salta entre os telhados enquanto cães ladram ao vento. O excesso de lixo saltou para fora das latas e escorreu pelo chão de terra. Baratas passeiam fugindo dos pés dos meninos que brincam de bola na via. Mães e irmãs mais velhas chamam para dentro os garotos de pés encardidos. É hora do banho e do jantar. Crianças recolhidas, já é tarde, agora chegam automóveis com ocupantes que procuram nas esquinas pelos empresários do pó. A lua e as estrelas observam o movimento. Dinheiro para cá, pó para lá. Negócio feito lá e vão os loucos em busca de alucinações, enquanto os empresários da farinha perigosa contam as notas. O inferno para ambos os lados é logo ali.

RS- Só PT, PSDB e PDT do RS votaram em massa na proposta que ataca a Lava Jato

Estes são os deputados gaúchos que votaram a proposta que criminaliza juízes e procuradores. A proposta, na prática, é um ataque direto a operações como a Lava Jato. Não é uma anistia ao caixa 2, o que destruiria a Lava Jato, mas é um ataque direto a juizes e procuradores, intimidando-os desde agora.

Afonso Hamm PP, Não
Afonso Motta      PDT, Sim
Alceu Moreira     PMDB, Sim
Bohn Gass, PT, Sim
Cajar Nardes, PR, Não
Carlos Gomes, PRB, Sim
Covatti Filho, PP, Não
Danrlei de Deus Hinterholz, PSD, Não
Darcísio Perondi, PMDB, Sim
Giovani Cherini, PR, Sim
Heitor Schuch, PSB, Não
Henrique Fontana, PT, Sim
Jerônimo Goergen, PP, Não
João Derly, REDE, Não
Jones Martins     PMDB  PmdbPen     Sim
José Fogaça, PMDB, Não
Jose Stédile, PSB, Não
Luis Carlos Heinze, PP, Sim
Luiz Carlos Busato, PTB, Não
Marco Maia, PT, Sim
Marcon, PT, Sim
Maria do Rosário, PT, Sim
Mauro Pereira, PMDB, Sim
Nelson Marchezan Junior, PSDB, Sim
Onyx Lorenzoni, DEM, Não
Paulo Pimenta, PT, Sim
Pepe Vargas, PT, Sim
Pompeo de Mattos, PDT, Sim
Renato Molling, PP, Sim
Sérgio Moraes, PTB, Sim


Total Rio Grande do Sul: 30 votos 

Políbio Braga

LÍNGUA

Língua solta
Língua que age por conta
Língua selvagem
Urge domar a língua
Para que ela não saia da boca de maneira impulsiva
E sim somente autorizada pelo pensar.

SOLIDARIEDADE

Astronautas da Estação Espacial Internacional observaram um fenômeno. O planeta do espaço visto azul ontem estava verde e branco. E os rios e mares aumentaram de volume tal enormidade das lágrimas que chegaram. E continuam chegando.

BEM DISTANTES DOS NOSSOS QUINTAIS

Nuvens de ignorância estão sobre o planeta
Despejando tempestades de intolerância
Que atingem minorias indefesas

Elas acuadas
Passam os seus dias no limite do desespero
Temendo por si e seus filhos

Pequenas vítimas de mentalidades cavernosas
Que ainda sobrevivem em nosso século

Desejam estes broncos a unicidade do pensar
Todos deverão crer nos seus espantalhos
Ou a morte sem piedade

Em nosso país
Ainda temos a Anta
Que defende tais bárbaros

Valha-me sabedoria
De espantar para longe essa quadrúpede
E manter esses cérebros merdinos
Bem distantes dos nossos quintais.






INQUIETUDE

Mar
Campo
Serra
Floresta
Cerrado
Deserto
Cidade grande
Cidade pequena
Vila
A verdade é que nenhum lugar é bom
Quando não se está em paz.

PELANCAS

A beleza sofre a ação do tempo
E é saudável aceitar esta verdade
Pois apesar dos esforços da medicina estética
Um dia as pelancas vencem.

JUSTO

Mentes estranhas que navegam no nada
Braços abertos para o firmamento
Esperando cair manjares de sultões
E tesouros intocados pelo suor
Do azul dia do céu
Dos confins das galáxias na noite
Minha mente se recusa
A participar desta torpeza
Pois o que tomo sem esforço para mim
Amanhã fará falta a outrem.

A ESPERTEZA

A esperteza saiu a passear pelo mundo
Dando tombos nos incautos
Enganando homens de bem
Porém o tempo
Que é senhor da verdade
Avançou sobre ela
Tirando suas vestes
E mostrando para o mundo
Seu espírito imoral.

O SUICÍDIO DE UM PARLAMENTO por Percival Puggina. Artigo publicado em 30.11.2016

Na madrugada desta quarta-feira, 30 de novembro, o parlamento brasileiro suicidou-se moralmente num acesso de fúria contra tudo e contra todos. Do alto de suas gravatas, deputados federais urravam ódio nos microfones. Eles odiavam seus colegas probos, indignavam-se, numa indignação despida de dignidade, ante bons exemplos. E aplaudiam comparsas. Condutas íntegras faziam explodir sentimentos primitivos. Nada, porém, trazia mais espuma à boca e sangue aos olhos do que a atividade de policiais, promotores e magistrados. Tais funções, um dia, poderiam apontar crimes e sinalizar o rugoso caminho da cadeia.
Que país é esse - pensava o Parlamento suicida - onde não mais se pode roubar em paz? Como obter mandato para servir ao povo em nobre atividade sem tomar dinheiro desse mesmo povo? Que mal atacou nossa gente, outrora dócil e tolerante, para levá-la às praças clamar contra meus negócios? De onde saiu essa corruptofobia? Tudo isso pensava e contra tudo isso vociferava o Parlamento enquanto o elevador da arrogância ascendia ao topo das torres gêmeas. E, dali, a queda livre até o solo.
Não se diga que o finado ainda emite sinais vitais. Com efeito, coração bate, pulmões respiram, aparelho digestivo digere. Mas está morto. Morto como um peso morto. É um traste, esse suicida moral. Nós assistimos tudo! Como não atestar, então, seu óbito? O Antagonista resume assim, no rescaldo da madrugada:
• crime de responsabilidade para juízes e procuradores,
• prisão por desrespeito às prerrogativas dos advogados,
• criminosos não terão de devolver a fortuna acumulada com propinas,
• tempo de prescrição continuará com réu foragido,
• partidos não poderão ser punidos pelo roubo.
Estas medidas, que favorecem a Frente Parlamentar da Corrupção, ou Orcrim, no relato de O Antagonista, foram aprovadas pelos partidos com estas proporções:
• PCdoB 100% pró-ORCRIM.
• PT: 98% pró-ORCRIM.
• PRB: 95% pró-ORCRIM.
• PDT: 87,5% pró-ORCRIM.
• PR: 83% pró-ORCRIM.
• PMDB: 82% pró-ORCRIM.
• PP: 81% pró-ORCRIM.
• DEM: 71% pró-ORCRIM.
• PSD: 61% pró-ORCRIM.
• PSB: 57% pró-ORCRIM.
• PSDB: 24% pró-ORCRIM.
Domingo, dia 4 de dezembro, estaremos nas avenidas e praças do Brasil como testemunhas do que aconteceu e protagonistas dos princípios e valores que em algum momento, ali adiante, haverão de prevalecer. Há que cumprir o dever moral da persistência! Covardes e inúteis seremos se jogarmos a tolha ante cadáveres morais.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

LEZÍRIA

A chuva amainou 
Então o rio bravo murchou 
E voltou para seu leito 
Deixando a lezíria úmida 
Aproveitando o sol da tarde.

OH, MUITO OBRIGADO!

A verdade é que tal agradecimento aconteceu
Pois Alberto era um sujeito distraído
Que vivia no mundo da lua
Fato é que ao ser apresentado à mulher de um amigo de longa data
Disse até com certo enfado
Oh, muito obrigado!

NA FILA

Estou na fila
Uma multidão comigo
Do lado de dentro do balcão
Está uma tartaruga tomando cafezinho
Em conversas  de comadre
Com a preguiça companheira.

CALDEIRÃO DE MÁGOAS

O rio segue seu curso entre calmarias e corredeiras
Intrépidos o navegam enfrentando toda sorte de obstáculos
Dores psíquicas e físicas fazem parte da jornada
Às vezes eles caem
Mas retornam para navegar
Enquanto isso na margem do rio da vida
Os abocanhadores de facilidades
Atiram pedras
E cozinham no caldeirão da inveja
Todas as mágoas possíveis
Aos vencedores.

O PORRE DA DULCE BEATA

A Dulce beata
Tomou um porre na quermesse
E ouve lá quem dissesse que era paixão por um sacerdote
Por sinal um rapazote
A Dulce com o porre foi ficando de língua solta
E jogou para cima suas ferramentas orais
Derrubou na igreja flores e castiçais
E acabou até ofendendo um compadre
E no larga e segura
Tirou sua calcinha
E foi se sentar no colo do padre.

CLIMERIANAS

"A minha primeira mulher era muito feia. Tão feia que fomos pra lua-de-mel num carro funerário." (Climério)

“Bons são os outros. Eu sou apenas mais ou menos.” (Climério)

"São tantos bandidos que já tem gente pegando senha e ficando na fila para ser assaltado." (Climério)


“Os únicos sujeitos seguros no Brasil são os bandidos em prisões de segurança máxima.” (Climério)

“Chorar em velório é fácil. Duro é doar um rim.” (Climério)


“Meu casamento mais duradouro é com as dívidas. Estou nas bodas de ouro.” (Climério)


“Antigamente quando me chacoalhavam caíam moedas dos bolsos. Agora caem invólucros de bala de banana e clipes achados na rua. .” (Climério)


“Sou muito distraído. Certa dia andei manco o dia todo. Pensei que era gota, mas na verdade tinha perdido o salto de um dos sapatos.” (Climério)

Senado aprova por ampla maioria a PEC do Teto dos Gastos Públicos

O Senado  aprovou por 61 votos contra 14 a PEC do Teto dos Gastos Públicos. A PEC ainda irá a uma segunda votação, dia 13. Depois disso, caberá a promulgação por parte do presidente Michel Temer. O Senado ignorou os criminosos protestos lulopetistas e comunistas desta noite. O presidente Michel Temer deu nova demonstração de enorme força política e parlamentar.

Do Blog Políbio Braga

William Waack explica o Brasil

RODRIGO CONSTANTINO- ANTES LIVRE DO QUE MAL GOVERNADO


blog


Há quem justifique os assassinatos, as prisões e as torturas no país do agora oficialmente morto Fidel Castro dizendo o seguinte: “A ilha tem índices de educação e saúde melhores do que os países capitalistas”. Suponhamos que tais índices não sejam apenas os dados fornecidos pelo Partido com o estrito rigor científico de costume; suponhamos, portanto, que sejam índices amparados na realidade. Isso justificaria cinco décadas de ditadura e atentado aos direitos mais elementares? Muitos acreditam que sim. Eu acredito que não.
Mesmo quem não admite o argumento liberal de que a liberdade tem valor absoluto, deveria admitir que na relação entre governantes e governados a liberdade é valor que não se pode negociar. Mais do que isso: trocar a liberdade por benesses estatais, reais ou imaginárias, é assumir – de vez – a condição de escravo.
As paixões políticas são curiosas doenças que nos fazem aceitar no atacado o que não aceitamos no varejo. Se um militante é agredido pela polícia numa democracia liberal, ele esbraveja com mil indignações. Ele vira um novo Cristo, crucificado no asfalto. O mesmo militante, tornado Judas, para quem as execuções castristas são acidentes de percurso perfeitamente razoáveis.
Justificar o governo cubano (ou qualquer outro) e desculpar seus déspotas em nome de um suspeitíssimo sucesso em alfabetização e saúde pública é tão digno de louvor quanto acreditar que manter uma mulher em cárcere privado seja atitude legítima, valorosa, desejável até, diante do fato de que, bem, o marido lhe dá comida, abrigo, calor humano, demasiado humano.
Em suma: antes livre do que mal governado.
Comentário do blog: além de questionar a fonte das estatísticas cubanas, o próprio regime ditatorial fechado, o autor poderia também ter lembrado que Cuba já tinha índices melhores antes de Fidel. Cuba tinha um dos melhores padrões de vida da América Latina na época, ao contrário do que diz a propaganda comunista. Fidel piorou e muito os indicadores sociais cubanos, que são, certamente, adulterados para melhor pelo regime.

ROSA

A vida é como uma rosa
Tem a flor bela e colorida
E tem os espinhos que machucam.