domingo, 26 de abril de 2020
Poeminha -Para Dilma,com ironia
Dilma
Quando você partir
Irei sentir saudade
Da tua calma e serenidade
E tão contagiante alegria
Mas o que ficará para sempre na memória minha e do povo
Serão seus feitos na economia.
VALE PARA MUITOS GOVERNADORES
“O Governo rotineiramente abusa do seu poder. Isso não é uma observação particularmente profunda. Mas, mesmo que ela não elimine a justificação para a existência do governo, deveria nos tornar mais céticos ao avaliar programas estatais expansivos e regulamentações restritivas.” Doug Bandow
IGUAIS
O Brasil é mesmo diferente. Todos são iguais perante a lei, dizem. Pois eu acho que iguais como os nossos não encontraremos em lugar nenhum.
HAIKAI
Vermes públicos
Locupletam-se e sugam nossas forças
Até a completa esqualidez dos contribuintes.
Locupletam-se e sugam nossas forças
Até a completa esqualidez dos contribuintes.
DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- domingo, fevereiro 24, 2008 SOBRE MEU DOMINGO
Aos sábados e domingos, minha rotina começa em um dos botecos de meu bairro, o Prainha. Simpático, quase um clubinho, não tem nada demais. Mas sempre há um bom chope e uma boa caipira. Dedico uma ou duas horas à leitura de imprensa de fim de semana, que sempre é mais farta que a imprensa da semana. São os únicos dias em que uso celular. Permaneço em estado randômico, à espera de com quem vou almoçar.
Bueno, estava hoje eu em meu boteco, já havia lido o Estadão e começava a folhear a Veja, cuja capa é um dos grandes momentos do jornalismo nacional: sob a silhueta de Fidel, a manchete: JÁ VAI TARDE.
Tarde mesmo. Foi quando fui abordado por uma pesquisadora.
- Você leu o Estadão?
- Li.
- Achou eficaz a publicidade das casas Bahia?
Que casas Bahia? Eu não havia visto nada. Ela abriu meu jornal. Só no primeiro caderno havia cinco páginas com anúncios de cinco colunas das ditas casas. Juro: eu não havia visto nenhum.
- O que você achou do anúncio do novo Subaru?
Que Subaru? Alguma nova espécie de sanduíche? Seja como for, eu não achava nada porque nada havia visto. Ela abriu de novo o jornal. Havia anúncio de página inteira. Fiquei então sabendo que se tratava de um carro. Ela continuou me interrogando, entre outras coisas sobre a CVC, uma agência de turismo. Tinha anúncio de página inteira, mas eu também não o havia visto. Em todo caso, a CVC eu sabia o que era. Faz turismo de massa, junta em pacotes essa brasileirada infame com espírito de rebanho e os joga em cruzeiros animados pelo Roberto Carlos ou similares. Sim, a CVC eu conheço – respondi –. Tanto que jamais viajarei por ela.
Não vejo publicidade em jornais. Nem na Internet. Não é que não queira ver. É que não vejo mesmo. É como se os anúncios permanecessem em um ponto cego de minha visão. Todo o dinheiro que as empresas investem em publicidade, pelo menos no que a mim diz respeito, é dinheiro jogado fora. Par contre, certos pequenos detalhes de uma reportagem me atingem com força.
Por exemplo, um artigo de Sérgio Augusto sobre o Kosovo. Sempre leio todos os cronistas de um jornal, e particularmente os medíocres. Do Sérgio Augusto, sempre desconfiei de sua erudição arrogante. Como também sempre desconfiei dos jornalistas que assassinam ou mutilam o pronome reflexivo. Até já pensei em criar uma Associação de Defesa do Pronome Reflexivo. Lá pelas tantas, o articulista brande um estranho conceito, que jamais consegui entender, o conceito de albaneses étnicos. Ora, que pode ser um albanês étnico? Albanês não é uma nacionalidade? Nunca me constou que os albaneses constituíssem uma etnia. Mesmo se assim fosse, que distinguiria os tais de albaneses étnicos dos demais albaneses?
Desconfio que o articulista esteja pretendendo referir-se aos albaneses muçulmanos. O que ocorreu nos Bálcãs – e está ocorrendo agora no Kosovo – no fundo foi uma guerra entre católicos, católicos ortodoxos e muçulmanos. Em Mitrovica, o rio Ibar não separa exatamente sérvios e albaneses. Mas católicos ortodoxos e muçulmanos. Isso de albanês étnico é eufemismo ditado pelo políticamente correto.
Mas a máscara do erudito articulista cai mesmo é mais adiante. É quando escreve: “Meses depois, Gelbard confraternizava-se com líderes do Elk”. Ora, que uma cronista social escreva “confraternizava-se”, até que entendo. Cronistas sociais são uma praga do jornalismo e geralmente recrutados entre semi-analfabetos. Que um jovenzinho oriundo da ECA assim maltrate o pronome reflexivo, também entendo. Nos cursos de jornalismo hoje ideologia tem preponderância sobre a gramática. O que não se entende é como um velho jornalista – da época em que ainda se escrevia corretamente – grafe “confratenizava-se”.
Os anúncios de página inteira dos jornais, nem os enxergo. Mas uma flexão destas me fere na alma. Na página seguinte, numa reportagem de Flávia Guerra sobre uma escritora iraniana, esta barbaridade que aos céus clama justiça: “Ela devia usar roupas que jamais marcassem o quadril e o hijab (o véu sagrado que zela pelo recato das mulheres muçulmanas)”.
Sim, o hijab pode zelar pelo recato das mulheres muçulmanas. Mas das muçulmanas árabes. E Marjane Satrapi, a escritora em questão, é persa. Persas não usam hijab. Persas usam chador.
Fosse eu editor, jornalistas que grafam “confraternizava-se” ou que atribuem o hijab às iranianas, primeiro receberiam uma advertência. Em caso de reincidência, olho da rua.
Bueno, estava hoje eu em meu boteco, já havia lido o Estadão e começava a folhear a Veja, cuja capa é um dos grandes momentos do jornalismo nacional: sob a silhueta de Fidel, a manchete: JÁ VAI TARDE.
Tarde mesmo. Foi quando fui abordado por uma pesquisadora.
- Você leu o Estadão?
- Li.
- Achou eficaz a publicidade das casas Bahia?
Que casas Bahia? Eu não havia visto nada. Ela abriu meu jornal. Só no primeiro caderno havia cinco páginas com anúncios de cinco colunas das ditas casas. Juro: eu não havia visto nenhum.
- O que você achou do anúncio do novo Subaru?
Que Subaru? Alguma nova espécie de sanduíche? Seja como for, eu não achava nada porque nada havia visto. Ela abriu de novo o jornal. Havia anúncio de página inteira. Fiquei então sabendo que se tratava de um carro. Ela continuou me interrogando, entre outras coisas sobre a CVC, uma agência de turismo. Tinha anúncio de página inteira, mas eu também não o havia visto. Em todo caso, a CVC eu sabia o que era. Faz turismo de massa, junta em pacotes essa brasileirada infame com espírito de rebanho e os joga em cruzeiros animados pelo Roberto Carlos ou similares. Sim, a CVC eu conheço – respondi –. Tanto que jamais viajarei por ela.
Não vejo publicidade em jornais. Nem na Internet. Não é que não queira ver. É que não vejo mesmo. É como se os anúncios permanecessem em um ponto cego de minha visão. Todo o dinheiro que as empresas investem em publicidade, pelo menos no que a mim diz respeito, é dinheiro jogado fora. Par contre, certos pequenos detalhes de uma reportagem me atingem com força.
Por exemplo, um artigo de Sérgio Augusto sobre o Kosovo. Sempre leio todos os cronistas de um jornal, e particularmente os medíocres. Do Sérgio Augusto, sempre desconfiei de sua erudição arrogante. Como também sempre desconfiei dos jornalistas que assassinam ou mutilam o pronome reflexivo. Até já pensei em criar uma Associação de Defesa do Pronome Reflexivo. Lá pelas tantas, o articulista brande um estranho conceito, que jamais consegui entender, o conceito de albaneses étnicos. Ora, que pode ser um albanês étnico? Albanês não é uma nacionalidade? Nunca me constou que os albaneses constituíssem uma etnia. Mesmo se assim fosse, que distinguiria os tais de albaneses étnicos dos demais albaneses?
Desconfio que o articulista esteja pretendendo referir-se aos albaneses muçulmanos. O que ocorreu nos Bálcãs – e está ocorrendo agora no Kosovo – no fundo foi uma guerra entre católicos, católicos ortodoxos e muçulmanos. Em Mitrovica, o rio Ibar não separa exatamente sérvios e albaneses. Mas católicos ortodoxos e muçulmanos. Isso de albanês étnico é eufemismo ditado pelo políticamente correto.
Mas a máscara do erudito articulista cai mesmo é mais adiante. É quando escreve: “Meses depois, Gelbard confraternizava-se com líderes do Elk”. Ora, que uma cronista social escreva “confraternizava-se”, até que entendo. Cronistas sociais são uma praga do jornalismo e geralmente recrutados entre semi-analfabetos. Que um jovenzinho oriundo da ECA assim maltrate o pronome reflexivo, também entendo. Nos cursos de jornalismo hoje ideologia tem preponderância sobre a gramática. O que não se entende é como um velho jornalista – da época em que ainda se escrevia corretamente – grafe “confratenizava-se”.
Os anúncios de página inteira dos jornais, nem os enxergo. Mas uma flexão destas me fere na alma. Na página seguinte, numa reportagem de Flávia Guerra sobre uma escritora iraniana, esta barbaridade que aos céus clama justiça: “Ela devia usar roupas que jamais marcassem o quadril e o hijab (o véu sagrado que zela pelo recato das mulheres muçulmanas)”.
Sim, o hijab pode zelar pelo recato das mulheres muçulmanas. Mas das muçulmanas árabes. E Marjane Satrapi, a escritora em questão, é persa. Persas não usam hijab. Persas usam chador.
Fosse eu editor, jornalistas que grafam “confraternizava-se” ou que atribuem o hijab às iranianas, primeiro receberiam uma advertência. Em caso de reincidência, olho da rua.
DEIXA COMIGO!
Barata, bicho nojento, asqueroso, filho da imundície, neto da dona lixo, pulga encravada nos pés do demônio. Barata que anda pelos esgotos, pelas paredes da casa, procurando migalhas e motivando caçadas. Apareceu na vista é feito um alvoroço, pega que pega, é veneno, chinelo e tudo mais. Observando a correria num cantinho no marco da porta, lixando unhas e olhando de soslaio, uma bela e robusta lagartixa berra: “Deixa comigo!”
Barata, bicho nojento, asqueroso, filho da imundície, neto da dona lixo, pulga encravada nos pés do demônio. Barata que anda pelos esgotos, pelas paredes da casa, procurando migalhas e motivando caçadas. Apareceu na vista é feito um alvoroço, pega que pega, é veneno, chinelo e tudo mais. Observando a correria num cantinho no marco da porta, lixando unhas e olhando de soslaio, uma bela e robusta lagartixa berra: “Deixa comigo!”
O ENJOADO
Morador da Vila Zulu, Paulinho chega da escola e pede uma laranja. A mãe:
-Não temos laranja!
-Mamão?
-Não temos!
-Presunto tem?
-Não!
-Mortadela?
-Também não!
-Pão?
-Não!
-Arroz?
-Não!
-Salame?
-Não!
-Bolachas?
-Não!
-Pão seco?
-Neca!
-Não temos nada para comer nesta casa?
-Temos sim! Você é que é enjoado! No forno temos lagosta ao molho branco, bobó de camarão e costeletas de carneiro ao molho de tomate. Na fruteira há tâmaras, damascos, abricós e um pouco de chokecherry. Na despensa há Caviar Almas e outros. Por favor, largue mão de enjoamentos!
OLAVO
Olavo sempre descontente, nojento, bufando infeliz pelos cantos, bebendo e jogando. Com trinta e cinco anos ainda não havia se encontrado; lugar algum era o seu lugar, todos eram um lixo. Nada estava bom, azedume para dar e vender. Finalmente aos quarenta anos ele se encontrou, porém não deu certo, pois seu eu também já não era o mesmo. Acabou em suicídio.
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