terça-feira, 3 de janeiro de 2017

JOÃO BABA

Jurunupanu, nordeste seco. Poeira dos infernos. Árvores secas, animais mortos de sede e água para o povo somente de caminhão pipa. Então o prefeito ouviu falar de tal João Baba que morava na região dos lagos, um desperdício. Trouxe o homem com um emprego bem remunerado na prefeitura para o setor de recursos hídricos. Pois deu certo. Em seis meses João Baba babou tanto que se formaram três rios em Jurunupanu, ninguém mais passou sede e os moradores até uma praia de água doce ganharam. Quando houve ameaça de enchente compararam um babador para o João e tudo se resolveu.

Quem sou eu?

Quem sou eu?
Melhor é perguntar  lá no bordel da Creusa.

SALSICHAS

Na praia
Cada corpo deve buscar o seu modelito
Mas há seres que não se enxergam
Pensam que ainda são palitos de picolés
Quando na verdade são  linguiças de sunga.

SAPO

Nem tigre
Nem leão
Hoje sou apenas
Um sapo gordo.

IMPACIENTE

Eu sou a solidão
A independência descontente
Que diante do errado não se cala
Que foge dos parvos e violentos
Que admira os mansos de boas intenções
E que diante de diplomados sem discernimento
Enclausura a ira no manto do silêncio.