Lá nos
cafundós do Mato Grosso, perto de onde o diabo perdeu suas cuecas, no final de
uma estrada poeirenta e quase sempre vazia, moravam os irmãos Morais; Pedro 38,
Paulo 35 e Batista 30. Eram solteiros e quando precisavam se aliviar visitavam
o bordel da Zefa, em
Feliz Natal. Os irmãos Moraes criavam porcos e matavam gente.
Mais matavam gente que criavam porcos. Matavam gente perto, matavam gente
longe. O importante era a paga. Quem morria só interessava pelo preço. Faziam
tudo bem feito; a justiça nunca triscou neles. Mais de trinta estavam na conta,
bons lucros às funerárias. Não tinham sentimentos, pouco se importavam em
deixar filhos sem pai. Eram pessoas rudes e sem bons sentimentos. A vida era
assim; um serviço e depois meses de armas guardadas. O tempo corre... certo dia
chegou naqueles confins uma bela moça morena. Tinha brilho, belo sorriso e
pernas roliças. Era quase noite e pediu um lugar para ficar. Com boas intenções
eles acolheram a mocinha, acredite quem quiser nas tais boas intenções. Foi uma
noite e tanto. Rolou muito sexo e cachaça entre o quarteto. Todos dormiram
embriagados e exaustos. Quando clareou o dia ela foi embora antes mesmo dos
irmãos acordarem. Dela não mais se
soube. Sumiu do mapa sem deixar marcas no chão. Os irmãos? Só se soube que após
alguns meses morreram os três da tal doença do pinto podre.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
MINICONTO- DIA RUIM
Ele acordou
dentro do ataúde fechado. Acendeu o isqueiro e viu que relógio havia parado.
Droga de relógio falsificado! Ninguém mandou fazer economia, ralhou consigo
mesmo. Que horas serão? Dia ou noite? Apanhou uma bala de hortelã para dar um
lustro no bafo, que estava horrível. Bateu o pó do smoking, fechou os botões e
foi abrindo a tampa do caixão bem devagar. Percebeu que era noite e respirou
aliviado. Foi à geladeira para tomar seu copo de sangue diário. Porra! Sangue azedo!
Faltara energia, a geladeira estava descongelada. Cuspiu diversas vezes querendo
tirar o gosto, mas por azar cuspiu em cima do sapato novo. Irado,
transformou-se em morcego e saiu batendo asas rumo ao Banco de Sangue em busca
do desjejum. E saiu esbravejando:
- Está uma
merda ser vampiro! Mil vezes ser uma múmia!
MINICONTO- ALMOÇO DOMINICAL
A família do
nobre doutor Epaminondas estava reunida para o tradicional almoço dominical. Um
pouco antes de ser servido o almoço, Eduardinho, filho único do doutor
Epaminondas com Dona Letícia pediu para falar:
“Serei breve,
meus queridos familiares. Agora que completei dezoito anos assumo as rédeas da
minha vida e do meu destino. Gostaria de comunicar a todos que sou gay. Peço
que me entendam. ”
O Doutor
Epaminondas que já estava em pé foi em direção ao rapaz e o abraçou dizendo:
“Meu filho,
que alívio! Pensei que você fosse petista! ”
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