sexta-feira, 15 de setembro de 2017
FUMANTE
Breno tinha ojeriza de cigarro. Ninguém podia fumar dentro e nem fora de sua casa, dentro do seu carro ou perto dele, mesmo se estivesse na rua. Na sua empresa não contratava fumantes, não os queria por perto. Caso visse um fumante na mesma calçada, atravessava. Mas o destino às vezes é cruel; pois o mimo de Breno, Sandra, filha única amada adorada da qual fazia toda e qualquer coisa para agradar, apaixonou-se por um fumante inveterado. Então agora vemos Breno, o detestador de fumantes no meio da fumaça da sala deixando limpo o cinzeiro do futuro genro e pitando seu cigarrinho também, afinal nada melhor que um cigarrinho para acalmar os nervos.
HOMEM SANTO
Jesuíno era um exemplo de homem bom. Com certeza não houve nunca houve no planeta homem mais santo. Não carregava chifres, carregava pombas brancas na cabeça. Era só paz e amor, e I Love You. Fazia boas ações todos os dias e rezava como um jumento beato, desgastando rosários vida afora. Mas quando morreu Jesuíno não conheceu o paraíso. Pelo bom currículo São Pedro o mandou ao inferno para dar aulas de tolerância ao capeta.
O VELHO EREMITA
O velho eremita tentou mudar os homens de sua comunidade por anos seguidos. Foi infeliz no seu projeto. Desiludido subiu numa grande árvore e disse que somente desceria de lá quando os homens da sua vila fossem menos astutos e canalhas. Pois a grande árvore morreu e virou petróleo; o velho eremita também. Caso contrário ele ainda estaria lá, esperando pela mudança.
SÍLVIA, A LESMA
Silvia era uma lesma madura grudenta nojenta que vivia solitária num quintal minado de folhas caídas. Podemos dizer que vivia sem problemas vivendo entre outros nojentinhos. Porém um dia aconteceu de ver-se num espelho quebrado e ficou horrorizada com sua aparência. Entrou em parafuso. No ápice do desespero acabou por suicidar-se entrando num saleiro.
O PREGADOR
Renato tinha apenas dezoito anos quando saiu a pregar pelo mundo. Pregou em muitos lugares. Nos campos e cidades ele pregava. Pouco descansava, o trabalho de pregar lhe dava enorme satisfação. Mas infelizmente deixou de pregar por força maior antes mesmo dos trinta anos. Aconteceu que acabaram os pregos e também o dinheiro para comprar mais.
O CONSELHO DOS SÁBIOS
2.099. Os homens mais sábios do planeta se reuniram em Genebra na Suíça para decidir qual deles era o mais sábio para presidir o conselho que governaria o planeta terra dali por diante. Todos se apresentaram como candidatos e fizeram suas explanações dando mostras de suas ideias. Após um mês de árduos debates ainda não haviam encontrado um nome de consenso e quando a palavra “burros” foi dita no plenário. Acendeu-se uma chama de ira e todos se engalfinharam com sangue nos olhos usando facas e estiletes, já que armas de fogo eram proibidas. Não sobrou um só dos sábios vivo. Dona Cleusa que cuidava do cafezinho tomou posse da cadeira presidencial vazia dizendo: É cum eu!
APRESENTAÇÃO
O auditório estava lotado de homens de semblantes sérios, todos elegantemente vestidos, nenhum sem paletó e gravata. Bach deslizava pelas paredes e fazia sorrir àqueles corações que amavam a boa música. O ar que se respirava no ambiente era o odor das boas virtudes, a paz interior que somente homens sem débito com Deus podem realmente expressar. Silêncio total quando Madame Junot subiu ao palco para mostrar a tão seleta e educada plateia as novas moçoilas do seu bordel de luxo.
LEOCÁDIO
Salta! Pula! A multidão reunida no centro da cidade ansiosa aguardava lá embaixo pelo último ato do suicida. Finalmente ele se jogou do telhado. Os mais sensíveis fecharam os olhos antes do choque fatal. Então antes de espatifar-se no chão Leocádio abriu suas belas asas e alçou voo para navegar sob o resplandecente azul do céu. Antes contornou e fez um rasante mostrando a língua para os abutres que pediam por sangue.
PREGUIÇA
Acordando
hoje com dois quatis nas costas
Exaltando a
siesta mexicana
Lembrei-me da
história do sujeito
Que de
preguiça morria de fome na cama
Foi então que
alma boa
Ofereceu-lhe
vida afora
Arroz com
casca em qualquer demanda
Para aplacar
sua fome a qualquer hora
Sabendo disso
o sujeito
Do arroz com
casca e não cozido
Agradeceu do
vivente a nobre fidalguia
Mas que ante
o trabalho da descasca
A boa morte
preferia.
MUI CORDIAL
O grande
animal corre pela estrada
Na curva
difícil tomba
O motorista
jaz
A carga se
dilacera
O povo
cordial saqueia.
GARIMPEIRO URBANO
Ainda o sol
não nasceu
Sopra um
vento gelado pelas ruas da cidade vazia
Um solitário
de casaco puído e sujo caminha de olhos
no chão
Mãos trêmulas
nos bolsos
Lábios
rachados e boca seca
Procurando
pequenos alentos nas calçadas e sarjetas
Pois é um
garimpeiro urbano
Um garimpeiro
de moedas perdidas.
ABRAÇO
Em frente à
folha branca
Quando o
forçar não resolve
Abro todas as
portas da mente
E convido a
inspiração para me dar um abraço.
ADOTE QUE É MANSO
É monstro de ódio mal-educado e já sem
freios
Tudo o que palavra demonstra
Mas o torpe grita indignado
Que ele é assim por que
Ninguém o quer
Ninguém o ama
Assim age o torpe para que você se
sinta culpado e o adote
Você o adote
Pois ele não o quer na sua casa
Tampouco sentado à sua mesa
Muito menos aconchegado na própria
cama.
FAZ BEM
Sentado sossegado numa escada entre
jardins
O cão amigo no colo
Flores de todas as cores diante dos
olhos
Quase silêncio
E observando um colibri navegando
inquieto
Isso tudo faz tão bem que até minhas
orelhas sorriem.
CÃO CREMADO
“Quando
morrer gostaria de ser cremado. Não estou preparado mentalmente para
viver-morto num cemitério para cachorros.” (Bilu Cão)
FICO CONSTRANGIDO
“Caso
o meu dono não leve a sacolinha eu não faço cocô fora de casa. Fico constrangido.”
(Bilu Cão)
COMPETITIVO
“Nunca fui
muito competitivo. O único título que ganhei da infância foi o de Maior Comedor
de Sorvete Seco.” (Fofucho)
DISCOS-VOADORES
“Eu acredito
em discos-voadores. Não foram eles que trouxeram para o planeta o sagu?”
(Fofucho)
MÁQUINA
“Deveríamos ter por aqui uma máquina para lavar corruptos. Eu entraria nela e sairia limpinho.” (Deputado Arnaldo Comissão)
DEPUTADO ARNALDO COMISSÃO
“Meus filhos sabem que têm um pai ladrão. Sou um desonesto assumido, não fico contando lorotas de que sou honesto como certos tipos fazem.” (Dep. Arnaldo Comissão)
CONDE DRÁCULA
“Quando o professor perguntou quem é o presidente da Romênia eu não vacilei: Conde Drácula. Zero!” (Chico Melancia)
SANTANDER
Já perdeu mais de cem mil clientes. Imagem arranhada. O Banco Santander bem poderia ter ido dormir sem essa confusão toda. Lembro também da demissão da analista a pedido do honorável bode verborrágico Lula da Silva.
NÉIA
“Há o lobisomem. E existe também a Néia, minha prima, conhecida com lambe homem.” (Chico Melancia)
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