terça-feira, 14 de março de 2017

AMIGOS DORIL

Caídos depois de um tranco da vida,
Às vezes somos levantados por desconhecidos,
Porque certos  amigos sofrem alergia de problemas e somem.
Porém ressalvo que tais amigos sempre enfrentaram bravamente em nossa casa
Uma gorda costela na brasa e cerveja gelada.
“A estupidez e a imbecilidade já não são mais exceções. Basta andar alguns passos.” (Mim)

CONFIANÇA DEMAIS

“Sempre confiei demais. Só acreditei que tinha chifres quando derrubei uma rede elétrica.” (Climério)

PÃO COM BANANA

“Aqui em casa nem todo dia temos carne. Já pão com banana nunca falta.” (Climério)

CASAMENTO DURADOURO

“Meu casamento mais duradouro é com as dívidas. Estou nas bodas de ouro.” (Climério)

DISTRAÍDO

“Sou muito distraído. Certo dia andei manco o dia todo. Pensei que era gota, mas na verdade tinha perdido o salto de um dos sapatos.” (Climério)

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- quarta-feira, março 28, 2007 A CHISPA DA FERRADURA

Uma declaração da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, em uma entrevista à BBC Brasil, está merecendo o repúdio da imprensa, das autoridades em geral e até mesmo de líderes negros. Disse a ministra:

"Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou".

A ministra disse bobagens, é verdade. Mas nem tudo que a ministra disse é bobagem. Vamos por partes.

Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco.

Pode ser e pode não ser. Se o negro se insurge contra o branco só porque o branco é branco, estamos diante de um caso óbvio de racismo. Se se insurge contra o branco porque está sendo, por exemplo, explorado pelo branco em sua força de trabalho, o problema não é mais de raça, mas de justiça. Sem falar que o verbo insurgir é vago. Na primeira acepção do Aurélio, temos sublevar, revolucionar, revoltar, rebelar, insubordinar, insurrecionar. A ministra foi infeliz na escolha desta palavra, que foi posta na moda pelos brancos de boa cepa americana. Insurgency e insurgent foram os eufemismos que a imprensa americana encontrou para eludir palavrinhas que desde a guerra do Vietnã chocam os americanos, como guerrilha e guerrilheiro. A imprensa brasileira seguiu como dócil rebanho a orientação dos coleguinhas ianques.

A palavra tem um nítido sentido de revolta contra um poder. Se a ministra se referia ao negro brasileiro, a palavra não tem sentido algum, pois não se pode falar de um poder branco no Brasil, tanto que ela é ministra.

Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros.

Pelo jeito, a ministra sentiu-se na obrigação de dizer qualquer coisa e proferiu a primeira bobagem que lhe passou pela cabeça. O mundo está cheio de maiorias brancas explorando brancos, maiorias negras explorando negros e é claro que nisto não há nenhum viés racial.

A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural.

Esta parece ter sido a frase que mais repulsa causou. E aqui vou defender a ministra. Ninguém é obrigado a gostar de alguém. Este pensamento é o pior legado do cristianismo, o famigerado amor ao próximo. Ao instituir como mandamento o amor ao próximo, os cristãos abolem o nobre sentimento da amizade, que é uma escolha eletiva. Nós escolhemos para amigos as pessoas de quem gostamos, e não necessariamente o vizinho de porta ou colega de trabalho. Ordenar a alguém que ame seu próximo é mandamento de bíblica brutalidade.

Inversamente, sempre defendi a tese de que um branco não tem obrigação alguma de gostar de negros. Podemos gostar ou não gostar, e nisto não vai nenhum racismo. O racismo está em considerar um ser inferior em função de sua cor ou raça, em negar-lhe direitos em função de cor ou raça. Não gosto nem desgosto de alguém pela cor da pele. Me criei convivendo com negros, tive bons amigos negros e também conheci negros abomináveis. Entre estes situo aqueles que quando um garçom demora cinco minutos, logo jogam na mesa a moeda racial: "tá demorando porque eu sou negro". Deste tipo de negro procuro manter distância.

Acho, como a ministra, perfeitamente natural que um negro não goste de brancos ou com eles não queira conviver. (E vice-versa). Foi a chispa da ferradura quando bate na calçada, como dizia Agripino Grieco. Pois na frase seguinte a ministra volta a proferir bobagens.

Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou.

Supõe-se que a ministra fale do Brasil. Ora, mesmo metaforicamente, a frase é totalmente vazia de sentido. Vivi em quatro Estados no sul do país, justo os Estados de predominância branca, e nunca vi em minhas seis décadas de vida nenhum sendo maltratado. Nem no campo, onde me criei, nem na cidade, onde me eduquei. Em quase meio século de bares, nunca vi um negro deixar de ser servido, ou ser mal servido, por sua cor.

Não há negro algum sendo açoitado a vida inteira neste país, ministra. A ministra está contrabandeando para o Brasil o ódio racial ainda existente nos Estados Unidos, aquele país que não aceita a miscigenização. Lá não existe o conceito de mulato. Uma gota de sangue negro dezesseis gerações atrás faz do mais branco dos americanos irremediavelmente um negro. O imenso contingente de mulatos deste país, que quase alcança o número de brancos, é o atestado definitivo de que aqui não se açoita negros a vida inteira.

Não fica bem para uma ministra proferir tais bobagens.

ROMARINHO

Romarinho, seis anos, era um menininho frágil, porém ninguém imaginava que fosse exageradamente frágil. Pois no seu primeiro dia na escolinha um coleguinha berrou no seu ouvido e ele explodiu. Juntaram os caquinhos, como se de porcelana fosse, o Romarinho.

CLIDE, O VERME ESTÚPIDO

Clide era um vermezinho bem estúpido, sem papas na língua; porém não tinha essa visão de si. Formado e de canudo na mão, cheio da empáfia, deixou de morar no cemitério e colocou-se numa funerária, abandonando os próprios pais. Não pesquisou o suficiente para saber que nela funcionava também um forno crematório. Pois embarcou no primeiro corpo que apareceu e no melhor da degustação foi ao fogo. Labaredas! Labaredas! Teve vida curta, Clide, o vermezinho estúpido.

MENTE MENTECAPTO

Todos o chamavam de mentecapto, pois ele andava pelas ruas repetindo “mente mentecapto, mente mentecapto.” Um dia ele surgiu em frente do Palácio dos Três Poderes usando megafone gritando: “Mente mentecapto, os políticos são ladrões.” Ninguém deu bola, lunático. Doutra feita apareceu em São Bernardo do Campo berrando: “ Mente mentecapto, temos muitos sindicatos, há sindicalista graúdo ladrão dos bons.” Isso faz um bom tempo; ele nunca mais foi visto.

BRENO

Solitário, Breno não gosta mesmo de companhia. Amigos, colegas, familiares, namoradas, nada. Ele só e só ele. Breno quando precisa se move na escuridão para não ter nem sombra.

DENTRO DO LIXO DO LIXO

No centro da capital há uma lixeira. Dentro da lixeira muito lixo. Dentro do lixo, ratos. Dentro dos ratos, vermes. Dentro dos vermes que há nos ratos prolifera uma gangue de membros do Executivo, Legislativo e Judiciário. E a doença que nos assola por todo o sempre ali resiste.

MELHOR

“Antes ser conhecido pela feiura que pela burrice.” (Assombração)

SORTE SUA

“Você era belo quando criança? Sorte sua, pois eu já era feio. “ (Assombração)

EMOTIVO

“Sou muito emotivo. Quando uma mulher bonita me joga um beijo eu desmaio.” (Assombração)

SUSTOS

“Feios como eu não gostam de espelhos. Os sustos devem ser para os outros.” (Assombração)

BEIJO DE LÍNGUA

Saí aos pulos da minha casa felpuda, pois ouvi um grito de socorro rouco vindo do banheiro. Fui procurar para ver o que acontecia e num canto encontrei uma barata que envenenada, agonizava. Fui ter com ela e disse-lhe: 'Não tem jeito amiga, para você não há volta, faça o seu último pedido' Então gaguejou ela: ‘Um beijo de língua, um beijo de língua...' - Puta que pariu barata, morra logo! Saí de fininho antes que meu mole coração fizesse uma besteira da qual iria me arrepender para o resto da vida.

Pulga Lurdes

PREENCHENDO OS VAZIOS

Ando que ando,
Trôpego cambaleante,
Entusiasmado delirante.
A sabedoria do viver,          
É juntar saber todos os dias,
E aos poucos ir preenchendo os vazios
Do notável baú cachola.

SEM PRESSA

Enquanto mente lúcida e corpo em pé,
Não há pressa para entrar naquela cidade,
Onde para morar entram todos deitados e quietos,
Mesmo os inconformados.

NA TOCA DO TATU

Na toca do tatu tinha um toco,
Tinha um toco na toca do tatu.
O tatu deu um totó no toco,
E o toco caiu no colo da toupeira.
Tatu, toco, totó e toupeira,
A turma do buraco na maior encrenqueira.

ACIDENTES?

Dos ferros retorcidos nas estradas
Ecoam gritos de dor e desespero.
Quase todos os acontecidos
São taxados de acidentes,
Quando na verdade
Fazem parte do doloroso retrato
Da grandiosa estupidez que nos domina.


E COMO DIZIA O VELHO JOSÉ

...E como dizia o velho ermitão José que morava num buraco de tatu, não porque não tinha casa, não porque não tinha nada, apenas para fugir das maldições e do bafo da velha mulher: "Peru esperto em dezembro só bebe água." 

JOSEFINA PRESTES

“A tal terceira idade é o reino das pelancas.” (Josefina Prestes)

CLIMÉRIO

“Conheci mulheres interessantes na minha vida. Mas elas por certo não tiveram a mesma opinião sobre mim.” (Climério)

MIM

“Por aqui os larápios se reelegem. Pelo jeito a mentira nestas plagas não tem a tal perna curta.” (Mim)

LIMÃO

“Acho que somos campeões mundiais do voto inútil. Arre!” (Limão)

EULÁLIA

“Sempre fui uma mulher de poucas virtudes e de muitos assanhamentos.” (Eulália)

MESTRE YOKI, O BREVE

“Mestre, qual é o maior inimigo da mulher?”
“O espelho.”

MESTRE YOKI, O BREVE

“Mestre, quem cunhou a expressão:  O BRASIL É O PAÍS DO FUTURO?”
“Pedro Cabral.”