segunda-feira, 13 de novembro de 2017
A SÍNDROME DO TERCEIRO MUNDO por Carlos Alberto Montaner. Artigo publicado em 13.11.2017
MIAMI, Estados Unidos. - No dia 19 de novembro, os chilenos irão às urnas. Se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos sufrágios, os dois mais votados (de um total de oito) voltarão a disputar em 17 de dezembro. De acordo com todas as pesquisas, Sebastián Piñera, líder da centro-direita, mais uma vez será o chefe do Estado chileno na primeira ou segunda rodada. Já o foi, com sucesso, entre 2010 e 2014. Sua substituta, Michelle Bachelet, deixa sem glória a presidência com rejeição aproximada de 70% dos chilenos.
Até aí nada há de surpreendente, exceto a história da evolução econômica e social do Chile e o medo do sucesso por uma parte substancial da população desse país. É o que eu chamo de "síndrome do terceiro mundo". Trata-se de um conjunto de sintomas, baseados em superstições ideológicas, que tem retardado o movimento desse país (como com toda a América Latina) em direção ao Primeiro Mundo.
Até 1970, o Chile era uma nação na qual a democracia coexistiu com a constante interferência do Estado. Era um país livre, mas cinza, sujeito a uma série de controles que afugentavam a criatividade de seus empresários. Naquele ano, Salvador Allende foi eleito com um terço da votação, mas queria embarcar em uma revolução social inspirada no exemplo cubano, um processo que contradisse suas promessas de campanha e o documento que ele teve que assinar com o Parlamento para assumir a presidência. Tal experiência terminou em 1973 com uma séria crise econômica, inflação, escassez, abusos judiciais e, finalmente, o golpe militar de Augusto Pinochet.
Os 17 anos de Pinochet foram difíceis. Ocorreram cerca de três mil assassinatos e milhares de chilenos buscaram o exílio para escapar de prisões e tortura. Os democratas-cristãos, que inicialmente apoiaram o golpe, logo se opuseram aos militares. No entanto, como Pinochet tinha uma idéia muito pouco clara da economia, contra o conselho de alguns militares estatistas (como quase todos) delegou essas atividades misteriosas a alguns jovens acadêmicos que haviam sido formados em Chicago sob a orientação de Milton Friedman, ou em Harvard, onde os defensores do mercado e da versão moderna do laissez-faire também exerciam influência. Naquele momento, começou a lenda dos Chicago Boys.
A reforma da economia foi bem sucedida. Em primeiro lugar, é claro, houve retrocessos, mas em 1990, quando os chilenos assumiram a democracia como um método de governo, o país estava indo na direção certa. O Chile cresceu de forma espetacular, e a oposição, já instalada na Casa de la Moneda, teve o bom senso de não mudar o que funcionou tão bem: o modelo econômico. Ele não retornou ao Chile anterior a Allende, mas inaugurou o estágio pós-Pinochet sobre os fundamentos sólidos que os Chicago Boys deixaram, até que a Sra. Bachelet, em seu segundo mandato, começou a se transferir para o passado.
A grande contradição é que muitos dos que rejeitam Piñera fazem isso pelas más razões. Eles continuam a acreditar na Teoria da Dependência - essa mania idiota por culpar as nações desenvolvidas pela pobreza do Terceiro Mundo - sem se perguntar quem tentou evitar que os quatro dragões asiáticos passassem à prosperidade. Ou sem estudar como Israel começou exportando laranjas e hoje exporta aeronaves, medicamentos e softwares. Mesmo o caso da Irlanda, agora um país muito mais rico que o Reino Unido, do qual se separou.
O Chile está prestes a entrar no Primeiro Mundo. Excede US $ 24.000 per capita do PIB, medido na paridade do poder de compra, possui apenas 6,5% de desemprego, e proporciona uma grande mobilidade social; o país, hoje, é habitado por uma substancial classe média. Os gastos públicos são mantidos em nível baixo, o Chile se afasta do capitalismo de compadrio, erradica a pequena corrupção que existe, sustenta um sistema competitivo que aumenta a produtividade e é capaz de encorajar empresários e inovadores. Será a primeira nação de América Latina a vencer o subdesenvolvimento, algo que poderá ser anunciado nos próximos quatro anos.
Para o resto da América Latina, é muito importante que tal exceção exista. Será o sinal de que nada existe em nosso DNA que impeça os latino-americanos de prosperar, deixando os vagões pobres e medíocres da civilização e se juntando às locomotivas do planeta. Mas é necessário que o Chile triunfe claramente. Quando isso acontecer, ninguém terá o direito de convocar revoluções absurdas e sangrentas, como acontece na Venezuela do Chavismo, ou na Cuba irredutivelmente estalinista de Raúl Castro. A estrada é outra: o mercado, a concorrência e a liberdade por onde o Chile anda há várias décadas.
* C.A. Montaner é um escritor e jornalista cubano vivendo nos EUA.
** Tradução de Percival Puggina
** Tradução de Percival Puggina
AMOR PLATÔNICO
“Eu e o dinheiro podemos dizer que temos um caso, ou melhor, vivemos um amor platônico.” (Mim)
PAPO DAS SEIS
Quase seis horas da tarde e dona Zefa Fofoca estava na janela observando o movimento e destilando veneno na companhia de Jureminha Bunda-de-Tábua, que vinha sem pressa da venda e parou para um papo amigo. Falavam das coxas de fora da menina Matilde e da barriguinha esquisita da filha da Norma-Bucheira. O falatório desenfreado é quase lazer nas cidades pequenas. O conversê estava animado quando um ciclista gorduchinho passou pela calçada e sem querer passou com o rodado da bicicleta sobre a língua de dona Zefa que no momento estava em repouso sobre a calçada. Foi para o hospital levada pelo SAMU sob os olhares risonhos da vizinhança. Jureminha e mais dois enfermeiros conseguiram carregar a língua amassada. O ciclista fugiu pensando que havia passado por cima de uma sucuri.
ESTRESSADO
O guarda rodoviário Nestor não estava num bom dia. Talvez fosse pelas noites mal dormidas, pelos problemas com a mulher, ou pela insatisfação salarial. Há meses que suas noites eram atormentadas pela insônia, nem mesmo os medicamentos o ajudavam. Já havia devastado um campo de futebol em erva-cidreira e nada de melhorar. O resultado era preocupações demais, sono de menos, uma insônia diabólica. As horas se passavam pesadas e cansativas naquele dia cinzento que anunciava chuva. Quando teve que parar um motorista que voava baixo pelo asfalto, Nestor não pensou duas vezes antes de agir. Aproximou-se e tirou o sujeito do automóvel pelas orelhas, aplicou-lhe uns a tapas, o chamou de corno, veado, filho da puta e ainda o fez correr nu pela estrada, não sem antes pintar de vermelho suas nádegas. Depois disso atirou nos pneus do veículo e foi para casa bocejando. Abriu a porta de casa e deu de cara com o Ricardão sentado no sofá, nu em pelo e tomando a sua cerveja. O sangue aqueceu, a pressão que já fazia montanha russa fazia tempo acelerou e o coração fez bum! No outro dia o descarado sócio ajudava carregar o caixão com a cara mais triste deste mundo.
PERPÉTUA
“Pergunto para digníssimos cornos e
outras excelências: por que não temos prisão perpétua para latrocidas?” (Limão)
AZEDUME
“Não sei de onde vem o meu azedume,
mas desconfio; meu pai era fã do Leonel Brizola.” (Limão)
O TAMANHO DO ROUBO
“E saber que aqueles dólares na cueca
diante do tamanho da sacanagem eram meros níqueis de cinco centavos.” (Limão)
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