quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Instituto Ordem Livre-A liberdade como forma de viver

por Kenneth Minogue
Enquanto slogan político, a liberdade é um ideal, um objetivo a ser conquistado. Porém, um ideal só pode ser construído a partir de algo que já experimentamos. Ao estudar a liberdade, podemos, por um lado, considerá-la simplesmente um conjunto de fatos sobre a vida social e política; ou, se nossa investigação é ideológica, poderemos buscar aquelas características que sejam adequadas para a construção de um padrão. O que torna a liberdade difícil de ser estudada é que a maioria das investigações sucumbe, em algum momento, ao que lhe é conveniente; e um interesse acerca do que a liberdade realmente é dá lugar a uma preocupação sobre como ela pode ser promovida.
Entre os grupos notadamente livres de que temos conhecimento estão os cidadãos de Atenas, além dos cidadãos detentores de direitos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. Em cada caso, esses povos, encontrando-se em conflito e conseqüentemente buscando definir quem eram e o que suas lutas deveriam defender, descobriram-se povos livres. Essa descoberta se deu na presença de uma quantidade considerável de retórica; e tudo isso estava sujeito às falácias inevitáveis, de quando uma característica moral como a liberdade é confundida com uma situação histórica concreta. Porém, banhada em retórica, e suscetível à extração por meio de uma investigação, estava a teoria, não de como a liberdade pode ser conquistada, mas de como ela existira. Vamos refletir sobre algumas características de uma sociedade livre, tendo como nosso modelo uma de suas primeiras formulações, a “Oração funeral” de Péricles.
Péricles não estava preocupado com a afirmação de um ideal, mas com aquelas características de Atenas que considerava que faziam dela uma cidade grandiosa e singular. Essas características não são tanto características políticas, mas características morais. Além disso, todas as características se entrelaçam umas nas outras; dessa forma, a presença de uma leva ao desenvolvimento das outras.
Péricles identificou a coragem, em parte por razões tópicas, como a primeira qualidade de Atenas. Mas era uma coragem de tipo bem complexo. Para Aristóteles, a coragem era um meio termo entre a precipitação e a covardia; para Platão, era o conhecimento do que não deveria ser temido. A coragem que estamos tentando identificar seria, assim, não do tipo que é freqüentemente invocada na presença de um inimigo; ela não contém nenhum elemento de histeria. Ela nos leva a um tipo especial de reação às crises. Em uma emergência nacional podem ocorrer duas reações extremas. Por um lado, a população pode se unir de tal forma que passaria a parecer um único organismo. Eles pensam e sentem da mesma maneira e sua fusão social é, geralmente, simplificada na adoração de um líder. O comportamento tribal é predominantemente desse tipo, como também foi a coesão totalitária da Alemanha e do Japão na Segunda Guerra Mundial. Ela tem a vantagem de simplificar as questões; assim, todos os problemas parecem problemas técnicos em relação a um objetivo prioritário. Por outro lado, nós podemos descobrir que uma emergência nacional pode provocar também a dissolução social; o Estado se parte em suas instituições, famílias e indivíduos, cujas preocupações principais serão minimizar suas perdas e sobreviver. As pessoas desconfiam umas das outras e poucas estão preparadas para assumir os riscos da organização política por medo de serem traídas por outras. Situação parecida com a ocorrida no colapso francês de 1940.
Essas reações sociais são completamente distintas e nós somos levados a vê-las como polaridades porque, na maior parte das vezes, ambas as reações têm grandes chances de ocorrer; algumas pessoas arriscarão tudo em favor de um esforço nacional, enquanto outras tentarão lucrar a partir dessa situação. Os políticos possuem uma compreensível preferência pelo primeiro tipo de comportamento, que descrevem como altruístae heróico.
Uma reação livre a uma emergência nacional é difícil de ser descrita, mas é claramente identificável. Ela consiste em um tipo de coesão social que combina a cooperação com a manutenção total da individualidade. Não há nenhuma devoção cega a uma causa nacional, nem um ceticismo absoluto em relação a ela. Tudo que acontece em resultado de uma emergência é um consenso incomum de opiniões sobre as prioridades, mas não há capitulação complexa a um objetivo prioritário. Em decorrência disso, as sociedades livres não alteram drasticamente as suas estruturas e seus costumes em razão de uma emergência, talvez porque sejam, em qualquer situação, altamente flexíveis. Um festejado exemplo disso seria a manutenção das liberdades civis na Grã-Bretanha de 1939-1945. Mas esse exemplo dependeu totalmente do fato de que a unidade já existia; caso houvesse divisões profundas, o governo britânico teria, como qualquer outro governo, utilizado a repressão para lidar com elas. Porém, mais uma vez, o comportamento e as políticas do governo foram uma causa importante para a existência ou não dessas divisões profundas.
Se aceitarmos que a cooperação livre é um relacionamento social especial e identificável, o nosso problema será descobrir porque ela ocorre. Péricles, como vimos, atribuiu-a à coragem; porém, para Platão, ela era uma forma de conhecimento. Algumas vezes, ela foi chamada de racionalidade, por sua recusa a sucumbir às paixões como o medo ou o desejo de segurança; porém, a distinção entre razão e paixão é moralista e limitada. Seguramente, uma cooperação completa depende de a população estar acostumada com o enfrentamento de novos problemas e confiante de que pode ser bem sucedida ao lidar com eles. Outra forma de descrever isso seria em termos de equilíbrio; questões políticas são amplamente discutidas e isso só pode acontecer se alguns indivíduos resistirem aos fortes impulsos de pânico que muitas vezes levam as pessoas a aceitarem qualquer solução que tenha o apoio da maioria. Pequenos grupos com políticas impopulares precisam de bastante coragem para continuar a defendê-las em circunstâncias nas quais seus adversários têm a possibilidade de imputar acusações como traição e deslealdade. Em termos morais, nós descobrimos a coragem de um lado e um tipo de tolerância do outro, e a imagem realseria a de uma comunidade envolvida em um conflito, mas debatendo e ainda capaz de chegar a uma decisão. Se pudermos explicar os elementos dessa situação, então nós teremos descoberto muitas coisas sobre a liberdade.
Um elemento crucial da livre cooperação é o respeito pela verdade. Sob essas circunstâncias, a pressão da conveniência causa distorções consideráveis do fato. Em uma crise, essa pressão aumenta. Além disso, se o objetivo nacional é aceito como um critério prioritário de ação, então, a verdade, como qualquer outra coisa, passa a ter uma posição de subordinação a esse objetivo; sempre em algum nível essencial ao sucesso de qualquer operação, porém, distorcida, por conveniência, em vários pontos. Esse fato é visto mais claramente no caso de sociedades totalitárias que subsistem de crises e dependem de um conjunto de crenças dogmáticas, que caso questionadas, indicariam uma ameaça a todo o sistema.
Agora, o respeito pela verdade nunca é resultado simplesmente de um ato de vontade. Ele pode existir apenas como parte de uma tradição que persistiu por um tempo considerável. Em particular, ele deve ganhar apoio de instituições independentes na sociedade, para as quais a verdade é uma preocupação que ultrapassa qualquer outra, principalmentedas universidades. Em todos os nossos exemplos, uma tradição de investigação era suficientemente poderosa para impor seus padrões a outras áreas da vida do Estado: uma integridade respeitadora da verdade era parte da concepção de honra que prevalecia naqueles Estados. Além disso, esse tipo de honra é irracional e imprudente, já que existem várias ocasiões, tanto na vida pessoal quanto na vida política, em que vantagens podem ser obtidas a partir da supressão da verdade. A tentação de iludir se torna mais forte em tempos de crise e cada lado tenta ganhar aliados através da distorção dos fins de suas políticas e evitando alguns pontos desagradáveis de suas idéias. O desejo exagerado de se persuadir os outros é fatal para a verdade; ele leva rapidamente ao estridente mundo da propaganda. Então, em Estados livres, sempre existem pessoas que estão ligados irracionalmente à verdade, à maneira de Sócrates e Zola, e que não desviarão de suas posições em razão de apelos ao interesse nacional ou por slogans como “sobrevivência nacional.”
Mas esse fato nos diz ainda mais sobre o caráter de uma sociedade livre,já que universidades que nutramuma tradição da livre investigação não podem existir isoladas como as únicas instituições independentes das comunidades. Deverá existir uma ampla variedade de instituições independentes do governo e capazes de cultivar seus próprios interesses dentro de um sistema político. A liberdade tem sido freqüentemente associada com a diversidade, e mesmo com a excentricidade; ela é, certamente, hostil à noção de uma verdade única e mantida por dogmas. A existência de tal variedade de instituições independentes é politicamente e intelectualmente necessária para uma tradição da verdade. Politicamente, as universidades não podem permanecer livres enquanto outras instituições são cuidadosamente reguladas pelo governo, já que sua independência minaria a dependência das outras. Intelectualmente, porque o choque de ideologias que ocorre entre instituições – igrejas ou os vários interesses organizados da economia – gera várias teorias com as quais a investigação trabalha. Já que sempre existem algumas áreas da vida que são de forma mais completa cultivadas por uma instituição em particular, e ela irá, segundo seus próprios objetivos, descobrir problemas e soluções que para os cientistas, filósofos e historiadores possuem outros significados.
Esses arranjos institucionais estão ligados a um comportamento tolerante, outra característica moral que aumenta e diminui nas pessoas. “Nós somos livres e tolerantes em nossas vidas privadas; porém, nas questões públicas, mantemos a lei”, como disse Péricles. Agora, essa condição surge apenas como um costume social; ela é um estilo de vida ao invés de ser produto de um desejo. Ela permanece longe do controle dos indivíduos; os governos devem encorajar ou desencorajar o fanatismo, mas eles não podem criar os fanatismos que desejam, nem destruir o fanatismo indesejável. Em um Estado que seja dividido por opiniões defendidas com fanatismo, um governo não tem opção, a não ser oprimir a população ou ser derrubado. Porém, embora o fanatismo não possa ter seu crescimento calculado, algumas formas de organização política levam a ele com mais facilidade do que outras; aquelas que valorizam mais a distinção entre a esfera “pública” e “privada” têm menos chances de sofrer com o fanatismo do que aquelas nas quais a regulação governamental sobre todas as coisas é comumente aceita. É difícil definirmos a esfera privada em termos de direitos naturais ou de ações auto-apreço; porém, se a privacidade é totalmente respeitada pelo Estado, então os governos não podem invadi-la com facilidade.
Essas condições são parte das vidas dos indivíduos. Elas descrevem a forma pela qual as pessoas pensam e sentem. Ao desenvolver a nossa explicação da liberdade, podemos empregar uma distinção comumente feita entre o pensamento técnico e o pensamento deliberativo.
O pensamento técnico é a solução de problemas dentro de limites fixos, como na descoberta de meios para certos fins.
O pensamento deliberativo, por outro lado, é a reação a uma circunstância feita por algum que é em si capaz de mudanças. Eu me refiro aqui ao que é geralmente chamado de “livre escolha” ou “a liberdade humana de escolher.” A objeção posta a esses termos é de que são individualistas, supondo uma identidade humana fixa (porém misteriosa) que opta por um tipo de princípio ou atos, em detrimento de outros. Na deliberação, entretanto, o fato crucial que determina o resultado é o caráter daquele que escolhe e que não é conhecido até que a escolha é feita; já que a escolha é uma determinação de caráter, algo que acontece quando nós estamos nos convencendo a expressarmos a nossa opinião sobre alguma questão. Mas isso também pode acontecer inconscientemente, o que sugere que o termo “pensamento” deve ser evitado. Nós podemos identificar três possibilidades na deliberação. Em uma, o tipo que normalmente atraia atenção dos filósofos morais, um problema moral é apresentado e solucionado por meio de um esforço intelectual cujo curso (em termos de princípios levados em conta ou fins considerados ou rejeitados) pode ser delineado em cada estágio. Entretanto, com mais freqüência, a vida oferece aos indivíduos um problema moral que parece ser solucionado por instinto. Sem pensar conscientemente sobre isso, eles chegam a uma decisão, acreditando que as questões se clarificaram de uma maneira análoga à solução de problemas intelectuais durante o sono. Finalmente, existem ocasiões nas quais os problemas são apresentados e solucionados antes de o indivíduo ter consciência deles – geralmente, em razão de uma forte resistência ao problema.
Esse último fato sobre a deliberação é significativo; ele indica que os problemas deliberativos são geralmente dolorosos e são, por isso, evitados. Na verdade, evitar esses problemas pode se tornar a solução. Esses problemas podem produzir ansiedade e uma solução política ao problema posto pela ansiedade é a coesão social tribal mencionada anteriormente. O efeito de um desenvolvimento político como esse é converter problemas deliberativos em problemas técnicos: ou, pelo menos, é o que parece para os membros da tribo.
Agora, em um Estado livre, caracterizado, como já vimos, por uma ampla variedade de instituições independentes, os indivíduos devem freqüentemente enfrentar problemas deliberativos sobre o que devem fazer. Eles se tornam altamente qualificados, seja na solução de problemas ou na recusa de encontrá-los (o que também é uma opção). As crianças aprendem a se comportar dessa forma, em parte porque são ensinadas a ser assim, e em parte porque elas devem agir dessa forma. Elas são sujeitas a um bombardeio considerável de propaganda e há pouca coisa impedindo uma ortodoxia intelectual já estabelecida sobre questões políticas e religiosas que sirva como proteção. Dada uma educação desse tipo, as pessoas são com menos freqüência tentadas a sucumbirem à histeria da indecisão, que geralmente leva ao desejo de submissão a uma ortodoxia radical e extraordinária.
Em circunstâncias sociais tão variadas como essas, as pessoas não podem, em geral, ser julgadas em relação a seu status ou função, já que existirão várias fontes de status – riqueza, nascimento, local de educação, destaque intelectual, fama, popularidade etc. Esse fato, também, é uma fonte de confusão para as pessoas que não estão acostumadas à deliberação, e elas podem, assim, preferir um sistema único no qual todos possam ser avaliados de acordo com os costumes do momento. Essa aversão às fontes diversas de status geralmente dá início a uma aversão virulenta à arrogância, nos levando a um critério único de “valor real” que clarearia nossos julgamentos em relação às pessoas.
Um Estado livre é aquele no qual existe uma forte resistência à profissionalização; ele é marcado por essa “versatilidade” que Péricles clamava para Atenas. O tipo de comportamento pessoal indicado pela versatilidade é aquele no qual as pessoas estão prontas para tentar fazer qualquer coisa que tiverem que fazer. É por essa razão que comunidades pioneiras possuem várias características de um Estado livre; uma questão mais difícil é como a liberdade existe em Estados com uma estrutura social estável. As situações que mais contrastam com esse tipo de versatilidade são um sistema de castas, uma forma rígida de sistema feudal, e a burocracia, já que aqui cada pessoa possui um status fixo que determina o tipo de trabalho que ela faz e, geralmente, o único tipo de trabalho que fará.
Os indivíduos em uma sociedade livre podem ser descritos como independentes. Isso significa, por um lado, que eles se auto-organizam e resistem às tentativas de dominação perpetradas por terceiros. Porém, isso só é possível se essas pessoas tiverem aversão não apenas à dominação por terceiros, mas também à submissão a eles. Indivíduos independentes não têm desejo algum de destruírem a independência dos outros, já que a independência não é apenas uma relação social, mas uma característica que existe apenas através da rejeição da dominação e da submissão – uma idéia que Platão defendeu ao argumentar que o próprio déspota era um escravo.
É marca dos sinais interligados de um Estado livre que isso nos leve imediatamente de volta à verdade. Afinal, ao considerarmos as circunstâncias nas quais a independência livre é possível, devemos observar que ela depende, em grande parte, do interesse intelectual em como as coisas estão, em contraste com o desejo de fazer as coisas se conformarem em um plano pré-estabelecido. Uma paixão pelo controle é a tentativa de se criar a dependência a partir de uma opinião estabelecida, como um pai pode tentar controlar o desenvolvimento de seus filhos, não apenas insistindo em padrões de comportamento estabelecidos, mas destruindo quaisquer sinais de independência ou desvio. A verdade, freqüentemente, é um desvio de nossas categorias explicativas e de nossas idéias de como o mundo deveria ser e, assim, a filosofia e a ciência estão marcadas por um respeito pela independência dos fatos, uma característica que tem grandes chances de ser transportada para outros tipos de atividade social.
Indivíduos livres conseguem se modificar de uma maneira tradicional em face da possibilidade da quebra da ordem. Eles não são “escravos das paixões.” Em questões sociais, os homens que têm medo, abandonarão a sua liberdade por um protetor. Os homens que são atiçados pela cobiça abandonarão suas liberdades em favor de governantes que os deixem livres para adquirir riquezas. Os homens dominados pelo jogo ou pelas drogas não serão capazes de enxergar com clareza suficiente as ameaças às suas liberdades. Além disso, os homens determinados, famintos por fama e ambições de poder, deixarão logo de respeitar a liberdade dos outros ¹. As generalizações históricas desse tipo indicam a conexão que os idealistas sempre viram entre a virtude e a liberdade, embora seja difícil a elucidação dessa questão.
Outro fato sobre as sociedades livres deve ser notado: elas logo mostrarão um nível considerável de criatividade institucional. Uma conseqüência da liberdade, e uma marca de sua existência, é a proliferação das instituições e associações criadas por grupos de pessoas, geralmente ad hoc, mas também, às vezes, por fins permanentes. Estados onde isso acontece mostrarão o que de Tocqueville ² observou em Estados Anglo-Saxões – uma paixão pelas questões públicas e uma sede de direitos. O trabalho de criação e manutenção de instituições públicas é algo que deve ser aprendido; não se pode simplesmente convencer alguém a fazê-lo, e então seguir adiante. Muitas armadilhas ficam de emboscada – da vaidade à discórdia, à possibilidade de que a instituição possa não compreender a sua importância social e entrar em um conflito violento com as autoridades; além disso, em uma sociedade despótica, é bem provável que os governos suporão que todas as iniciativas da parte dos cidadãos tenham um caráter subversivo, ou passará a tê-lo logo. Dessa forma, afirmamos as condições políticas e sociais sob as quais os cidadãos podem se associar espontaneamente é marcarmos, mais uma vez, as várias marcas de liberdade que já descrevemos.
Essa explicação da liberdade tenta preparar os materiais a partir dos quais uma explicação da liberdade possa ser construída. Inevitavelmente, ela levanta um grande número de questões, algumas das quais podem ser resumidamente consideradas aqui. Em particular, ela requer que façamos uma distinção entre a liberdade como um atributo moral e uma sociedade livre. A liberdade é algo espontâneo e imprevisível nas questões humanas e tem grandes chances de ser encontrada em qualquer lugar. Uma sociedade livre, por outro lado, é uma sociedade na qual as instituições se desenvolveram e que se adéquam de forma peculiar à conservação de uma tradição de comportamento livre. Nós encontraremos em uma sociedade livre, bem como em qualquer outra, todos aqueles tipos de comportamento contrários à liberdade. Qualquer sociedade histórica será uma mistura de tipos de comportamento, um local de batalhas morais. É apenas em circunstancias de propaganda de guerra que se acredita que os países apóiam abstrações como a liberdade, a democracia, o arianismo ou a nação do proletariado.
É um lugar-comum histórico encontrarmos vários grupos e nações afirmando lutar pela liberdade. E, em vários casos, ao fim da batalha, eles descobrem que apenas substituíram um tipo de opressão por outro. É comum acreditarmos, quando isso acontece, que a revolução foi traída. Mesmo assim, são mais freqüentes os casos que a traição é simplesmente a medida da ilusão de que alguém pode literalmente lutar pela liberdade. Quando os escravos se levantam contra seus mestres, é aquela dominação em particular que objetam e não a dominação em si. Em outras palavras, a revolução sempre é traída não por seus líderes, mas também pelo caráter de seus seguidores. Quando os ingleses lutaram contra os Stuarts, eles não eram escravos, enfim se levantando contra a tirania; eles eram homens já libertos se esforçando para manter aquela liberdade contra o que pensavam ser uma nova ameaça sobre ela. Mais uma vez, quando as colônias americanas se rebelaram contra o governo britânico, eles lutaram não “pela liberdade”, já que eram livres; eles lutaram para estabelecer circunstâncias nas quais seus estilos de vida pudessem crescer livres. O que fez a política dos revolucionários franceses ser tão ambígua a esse respeito foi que as forças da dependência eram tão fortes que quando os homens gritavam Liberté, eles tinham, em muitos casos, apenas uma noção de sonhos sobre o significado daquele termo.
Quando os homens afirmam amar a liberdade, eles podem querer dizer muitas coisas. Em parte, eles admiram a independência da liberdade e a recusa de se obedecer a mestres, não importando com que ordens possam vir ser dadas. Mas, geralmente, querem dizer com liberdade, uma fantasia na qual todas as restrições frustrantes sob as quais eles sofrem são removidas. E eles também se associarão a isso, na maioria dos casos, com um status de alta classe que desejavam à distância. E é a partir desses últimos elementos que uma nova escravidão pode ser construída para eles. A maioria dos movimentos modernos pela liberdade se associa estreitamente com o nacionalismo e, enquanto a liberdade pode ser a bandeira que carregam, será o nacionalismo o provável vencedor no fim das contas.
Já que embora os homens possam amar a liberdade, eles também amam a dependência. Aqueles têm seus primeiros contatos com a responsabilidade individual, provavelmente, temerão seus riscos e fardos. Eles gostam de se refugiar em uma função, desejando ouvir não apenas o que fazer, mas também o que eles são. Apenas diretrizes claras vindas do lado que fora que podem resolver a paralisia de uma personalidade, resultante de conflitos raramente conscientes. Esses conflitos são problemas pessoas que homens não acostumados com a liberdade podem resolver apenas de forma dogmática, pela adesão cega a uma organização, a um papel, a um princípio ou a uma pessoa. A razão porque a liberdade em geral sucumbe ao nacionalismo é que o homem livre é uma abstração; ele não sabe o que ele é ou o que ele pode fazer. Porém, em uma nação, um homem pode encontrar uma identidade e um conjunto de deveres satisfatórios. Se a liberdade pode ser obtida apenas através de uma longa batalha militar, então o que será obtido dificilmente será a liberdade. Guerras reais geralmente geram demandas por lealdade e solidariedade de um tipo dependente; e apesar de que sempre existirão algumas vozes contrárias à desculpa do interesse comum, elas podem não tem muito peso contra uma liderança e a organização estabelecida. A situação moderna clássica desse tipo ocorreu no lado republicano, durante a guerra civil espanhola. Sob essas circunstâncias – nas quais aqueles que afirmam estar lutando pela liberdade são uma aliança instável de grupos, cada qual com uma visão precisa e inflexível sobre as condições futuras – uma condição de liberdade não existe e um Estado livre também não pode ser obtido.
Isso levanta uma questão sobre a qual nós só podemos passar brevemente e que se sabe muito pouco. Quais são as circunstâncias sob as quais a liberdade pode se desenvolver em uma sociedade? Pegando um gancho do estudo de Wittfogel sobre o despotismo oriental ³, devemos observar que as sociedades livres que consideramos foram originadas por uma combinação de circunstâncias feudais e comerciais. Uma situação feudal descentralizada, na qual a honra e o nascimento eram considerações dominantes, foi enfraquecida e forçada a aceitar o crescimento das cidades e da atividade comercial. A liberdade, em cada caso, surgiu a partir de um compromisso de um tipo peculiar entre uma classe feudal estabelecida e uma classe comercial vigorosa. Entretanto, uma vez as características e as instituições estão estabelecidas, elas podem provar serem flexíveis e fortes e podem ser transmitidas às gerações seguintes e extensões coloniais.
Se essa explicação da liberdade é correta, então ela é um ideal apenas por ser amplamente admirada e, como qualquer coisa amplamente admirada, pode guiar os nossos esforços. Mas não há chance de aproximarmos dela sob condições inacessíveis. Já que a liberdade se refere a um conjunto complexo de fatos morais. O que nós podemos querer dizer ao falarmos, por exemplo, “A Grã-Bretanha é um país livre”? Essa afirmação pode apontar a existência de instituições livres na Grã-Bretanha – liberdade de expressão, partidos de oposição, habeas corpus. Essa é a visão liberal da questão, e até aí ela é perfeitamente correta. Mas nós podemos perguntar então: sob quais circunstâncias essas instituições são possíveis? Quando as pessoas se levantam e se libertam de suas correntes? Quando as vítimas se levantam contra seus opressores? Dificilmente, já que esse tipo de insurgência parece apenas produzir um novo conjunto de opressores. Pode ser que as condições que permitem instituições livres estejam além de nosso controle consciente; nós não podemos possuí-las apenas por querê-las. É impossível evitarmos a conclusão de que a afirmação “a Grã-Bretanha é um país livre” se refere não apenas às instituições políticas, mas também a um tipo de comportamento que é suficientemente difundido entre todas as classes da população (mas especialmente as classes políticas) a ponto de permitir a existência e a manutenção das instituições livres.
[1.] É difícil descrever homens livres sem fazê-los parecer paradigmas da virtude. Qualquer dessas virtudes, sem dúvida, fará apenas aparições irregulares nas vidas de determinados homens. Porém, em Estados livres, os homens podem ser virtuosos em suas funções públicas e eles dominam a situação. Onde as coisas não acontecem dessa forma, as instituições políticas livres não sobrevivem por muito tempo.
[2.] Ver as passagens citadas por A. V. Dicey em Law of the Constitution, 9 ed. London, 1945, pp. 184–87.
[3.] Karl Wittfogel, Oriental Despotism, Yale, 1957.

* Capítulo traduzido do livro The Liberal Mind.

Um monstro racista: psicopata escolhia vítimas com base na cor da pele

Um homem que foi preso em flagrante após matar uma mulher a facadas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, confessou à polícia ser um assassino em série. Durante o depoimento, Sailson José das Graças, de 26 anos, disse já ter matado outras 41 pessoas nos últimos nove anos, sendo 37 mulheres, três homens e uma criança. Com frieza, ele contou como planejava os crimes.
“Ficava observando a vítima, estudando. Esperava um mês, às vezes uma semana, dependendo do local. Eu procurava saber onde ela mora, como é a família dela, se ela passava na rua, via, dava uma olhada na casa, ficava estudando ela. De madrugada, numa brecha da casa, numa facilidade, eu aproveitava, entrava”, detalhou o preso na delegacia.
As vítimas preferidas dele eram mulheres negras e moradoras Baixada Fluminense. O delegado responsável pelas investigações afirmou que acredita na confissão e na participação de Sailson nos assassinatos, pois só uma pessoa que estava nos locais dos crimes poderia relatar tudo com tantos detalhes.
“A vontade dele de matar era por mulheres e ele não matava mulheres brancas, só negras. Ele seguia a vítima, estudava passo a passo até conseguir concretizar o delito”, explicou o delegado Pedro Henrique Medina, titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo a polícia, Sailson é um psicopata e agora os agentes estão comparando as informações da confissão com os inquéritos de cada um dos crimes.
O relato acima é verdadeiro e consta na notícia divulgada hoje pelo G1, à exceção de um detalhe: troquei as cores das vítimas. Na verdade, Sailson, um legítimo psicopata frio e calculista, sem qualquer capacidade de empatia pelo próximo, gostava mesmo é de matar mulheres brancas. E ele é negro:
Sailson, um psicopata frio e calculista. Fonte: G1
Nada disso, naturalmente, muda uma vírgula do horror de seus atos, do choque de qualquer pessoa razoável diante de seu depoimento. Não importa a cor da pele, afinal, e sim os atos. O racismo existe de ambos os lados. Um sujeito desses que resolve eliminar mulheres de determinada cor por puro prazer, sem arrependimento algum, é um monstro. Um monstro racista.
Troquei a cor das vítimas acima por um único motivo: chamar a atenção do leitor para o zeitgeist, para mostrar como, sob a ditadura do politicamente correto e a “marcha dos oprimidos”, a objetividade e a imparcialidade são as primeiras vítimas nos debates.
Fosse o contrário, um monstro branco assassinando mulheres negras, não resta dúvida de que o caso teria outra proporção, outra reação, e grande uso político e ideológico por parte das ONGs raciais, como prova definitiva do absurdo racismo brasileiro que precisa de reação enérgica do estado. A indignação é seletiva.
Monstros e psicopatas existem em todas as cores e tamanhos. E o racismo também. O que os liberais querem é superar o próprio critério racial e julgar o indivíduo e seus atos, independentemente de sua cor, credo religioso, altura, renda ou sexo. Seguir o conselho de Martin Luther King Jr., afinal, e julgar alguém por seu caráter, não pela cor de sua pele. Acredito que esse deveria ser o objetivo de todos nós em busca de um mundo melhor e mais justo.
PS: Meus sinceros pêsames a todos os parentes e amigos das vítimas desse psicopata. Conviver com a perda já não é tarefa fácil para ninguém, mas ter de aceitar a perda de um ente querido por motivo tão banal assim, porque um monstro resolveu se divertir matando inocentes, isso é impossível de engolir e por isso mesmo choca tanto.
Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino-O peso da mão estatal

O peso da mão estatal

Mises
“Apontar algum inconveniente que a economia de mercado não foi capaz de eliminar não quer dizer que o socialismo ou o intervencionismo sejam viáveis ou desejáveis.” (Mises)
Não são poucas as pessoas que, mesmo com algum conhecimento de economia, defendem inúmeras medidas intervencionistas por parte do governo. Alegam que o mercado é imperfeito, ignorando que o Estado é formado por homens também. Constatar imperfeições no mercado não é prova de que intervenções são bem-vindas. O político não é um santo homem iluminado. Será, então, que essas intervenções atingem seus objetivos reais? Será que elas melhoram a situação?
Em primeiro lugar, é de fundamental importância procurar analisar uma política intervencionista por suas conseqüências como um todo; não apenas por seus efeitos de curto prazo, mas também no longo prazo. Parece bastante óbvio isso, mas impressiona a quantidade de gente que ignora tal recomendação. Sem uma análise mais criteriosa, fica complicado determinar a causalidade dos fatos. Assim, muitas vezes uma intervenção estatal gera benefícios imediatos enquanto seus resultados maléficos irão surgir apenas com o tempo. Uma visão míope poderá concluir que a intervenção era desejada, sem se dar conta que as conseqüências nefastas no futuro tiveram causa atrás, na intervenção. Isso é muito comum, mesmo entre economistas.
O funcionamento de uma economia de mercado exige complexos cálculos racionais, sempre através da especulação, já que o ser humano não tem conhecimento prévio do futuro. Até mesmo a formação de estoques é uma especulação calcada em dados disponíveis no mercado hoje, com o empresário esperando uma melhora dos preços para poder vender seus produtos depois, em vez de “liquidar” os estoques logo a preços menores. Em uma economia socialista, com planejamento estatal e sem os meios de produção privados, tal cálculo é inviável, ou praticamente impossível. Isso ficou claro na União Soviética, cujo Gosplan tentava administrar os preços de milhares de produtos. Como aconselha Mises, “quem não for capaz de formar a sua própria opinião quanto ao difícil e essencialmente técnico problema do cálculo econômico numa sociedade socialista deveria se abster de falar sobre o assunto”. Nunca conseguiram refutar com argumentos os economistas austríacos sobre tais pontos, mas adoram pregar soluções milagrosas através da fé.
No capitalismo, onde a economia funciona livremente, são os consumidores, e não os empresários, que determinam o que deve ser produzido. Por isso a economia de mercado é chamada de democracia dos consumidores. Estes determinam, através de uma votação diária, quais são as suas preferências. E aquele que atender melhor os consumidores será o empresário bem sucedido. Não é porque existem destilarias que as pessoas bebem uísque; é porque as pessoas bebem uísque que existem destilarias. Atender as demandas do povo é a função das empresas. A competição livre entre elas é a garantia do melhor atendimento. Não há como escapar das inexoráveis leis do mercado. A alternativa é depositar em uma pequena cúpula de políticos poderosos as escolhas, jogando todo o resto da população na escravidão.
Por isso, a “função social” de uma empresa é justamente buscar o lucro. Se o indivíduo busca satisfazer seu próprio interesse num contexto de respeito à propriedade privada e às trocas efetuadas no mercado, estará fazendo o que a sociedade espera que ele faça. Não é da benevolência do açougueiro que esperamos carne, mas da busca de seus próprios interesses. Um laboratório que distribuísse remédios de forma altruística, iria à falência, e nenhum remédio novo surgiria. Alguns dizem que “no longo prazo estaremos mortos”, e pela falsa visão de riqueza estática, defendem apenas uma melhor distribuição dela. De fato, seguindo tal “lógica”, estaremos todos mortos mesmo! É da busca dos interesses particulares de cada um que temos nossas demandas atendidas no mercado. Produzir o melhor produto possível ao menor preço viável é a “função social” das empresas.
Quando o governo adota medidas restritivas, acaba favorecendo os produtores, enquanto uma política que não interfere no funcionamento do mercado favorece os consumidores. Nossas oligarquias locais foram protegidas com medidas restritivas no passado, em nome do “nacionalismo”, sempre à custa do consumidor brasileiro. Uns poucos aliados do governo ganham, todo o resto perde. O brasileiro era obrigado a comprar carroças a preços de Ferrari.
Da mesma forma, medidas de controle de preços provocam uma redução de produção porque impossibilitam o produtor marginal de produzir com lucro. Com o nobre objetivo de limitar a alta de preços, o governo consegue apenas esvaziar as prateleiras, como vimos em todas as nações socialistas. O salário mínimo é outra intervenção similar, impedindo que trabalhadores dispostos a trabalhar por menos tenham empregos. A conseqüência é o aumento do desemprego. A natureza é dura, mas as leis de mercado não podem ser alteradas por papel e caneta do governo.
São infinitas as formas de intervenção estatal. Taxar mais pesadamente as rendas maiores é muito comum, mas apenas impede a formação de capital eliminando a tendência de aumentar a produtividade marginal da mão-de-obra, que por sua vez aumenta os salários. Um sistema tributário que servisse aos verdadeiros interesses dos assalariados deveria taxar apenas a parte da renda que estivesse senso consumida, e não a que estivesse sendo poupada ou investida.
De fato, a economia de mercado recompensa aquele capaz de servir bem os consumidores. Mas isso não causa nenhum dano a estes, só os beneficia. Apenas uma pequena minoria faz uso da liberdade de criação artística e científica, mas todos ganham com ela. Quem tem luz elétrica, forno, geladeira, carro, computador, ar condicionado, roupas, remédios, sabe bem disso. Infelizmente, como alerta Mises, “o fanatismo impede que os ensinamentos da teoria econômica sejam escutados, a teimosia impossibilita qualquer mudança de opinião e a experiência não serve de base a nada”. E assim ficamos sem todas as vantagens potenciais da mão invisível do mercado, que acaba prejudicada pelo peso da mão visível do Estado.
Texto presente em “Uma luz na escuridão”, minha coletânea de resenhas de 2008.

PROVA DE INCOMPETÊNCIA- Governo Dilma negocia socorro de até R$ 7 bilhões para a Petrobras

“Pessoas interesseiras e carniça: quanto mais distante melhor.” (Mim)

“A necessidade é a mãe da invenção, inclusive do papel-higiênico.” (Pócrates)

“A morte é algo que não devemos esperar sentados.”(Pócrates)

“A melhor amiga do segredo é a cova.” (Paulo Coveiro)

RASTEIRA

“Quem nos passa para trás quase nunca é um desconhecido. O interesse próprio de alguns é superior a qualquer sentimento de amizade.” (Mim)

“Após analisar minhas orelhas eu me pergunto: quando irei voar?” (Assombração)

“A filha da luz se chama fatura.” (Mim)

“O dízimo é o pagamento da ilusão.” (Filosofeno, o filósofo que dorme sobre o capim)

Caio Blinder- Curtas & Finas (Brasil & Indonésia)

Leitores devem matutar sobre a falta de critérios do Instituto Blinder & Blainder. Coluna de quarta-feira foi sobre o Zimbábue, em um lance masoquista (com o argumento de consolação: não reclame tanto do seu país, há paragens em situação ainda mais desgraçada). Agora, é esta investida na Indonésia. Qual é, muitos podem perguntar? Puxa vida, somente neste ano é a terceira coluna sobre o país. Quem se importa? A resposta está na coluna anterior  sobre o país asiático, quando o presidente Joki Widodo, conhecido como Jokowi, tomou posse em outubro: O título: Cresça, Brasil seja uma Indonésia!
Houve uma época em que o Brasil seguia a Doutrina Mantega: atenção, ressentidos e invejosos, o Brasil superou a Grã-Bretanha no ranking global, tornando-se a sexta economia (o auê aconteceu no final de 2011). Sabemos que até a minha querida The Economist ficou deslumbrada com o foguete Brasil. E, veja, isto foi no final de 2009, dois anos antes dos arroubos da Doutrina Mantega.
Vamos cair na real, nas águas profundas da realidade. Nossos padrões de comparação devem ser, digamos, com uma Indonésia. Os problemas daquele arquipélago asiático com 17 mil ilhas são imensos. O presidente Jokowi não pertence às elites tradicionais, que continuam entrincheiradas para impedir reformas que ele pretende adotar neste país que é a terceira democracia do mundo (depois da Índia e dos EUA) e tem a maior população muçulmana. O Parlamento permanece firmemente nas mãos de uma coalizão liderada pelo ex-general Prabowo Subianto, derrotado por Jokowi nas eleições de julho.
Esta semana, Jokowi deu uma entrevista ao Wall Street Journal, uma publicação conservadora e cética. A reportagem destaca que o presidente aposta em um agressivo programa de reformas econômicas para atrair capital estrangeiro em larga escala, algo vital para que a Indonésia decole como outros países asiáticos (Economistplease, sem capa com a Indonésia decolando).
No mês passado, logo após a posse, Jokowi conseguiu a aprovação de um controvertido aumento dos preços dos subsidiados combustíveis, alocando bilhões de dólares de recursos para projetos de infraestrutura. O plano agora é chacoalhar a estatal de energia elétrica, que tem o monopólio de distribuição na nação-arquipélago. A ideia é um remanejamento total ou parcial da diretoria da estatal (e a Petrobrás, dona Dilma?).
O governo Jokowi é ambicioso. Promete uma taxa de crescimento de 7% em 2016, em comparação aos atuais 5% (que inveja), tornando a Indonésia o maior exportador pesqueiro do mundo e reduzindo os custos logísticos em 20% nos próximos cinco anos.
De tempos em tempos, o Instituto Blinder & Blainder vai dar uma vistoriada na Indonésia, para consolar ou desconsolar o Brasil.
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O JABUTI FEZ CRÁU NO BRASIL- 2015, um ano perdido. BC prevê inflação dentro da meta só em 2016

Mendelsky diz em entrevista para a revista Press que a corrupção está no DNA do PT

Rogério Mendelski é um dos mais conceituados e polêmicos jornalistas do Rio Grande do Sul. Homem de opiniões fortes e posições bem definidas, nasceu em Canoas, Rio Grande do Sul. Depois de trabalhar nas sucursais do Correio da Manhã e de O Estado de S. Paulo, atuou em quase todos os veículos de expressão no Estado, como Folha da Manhã, Rádio Guaíba, Folha da Tarde, Rádio Gaúcha, RBS TV, TVCom, Rádio Pampa e, em 2007, retornou à Guaíba, onde apresenta o Bom Dia, das 5h às 9h. Mendelski recebeu a equipe de Press em seu estúdio, na Guaíba. Como sempre, não usou meias palavras para abordar temas polêmicos.

. A seguir, em trecho selecionado pelo editor, o jornalista explica o DNA de corrupção que comanda a vida do PT. A entrevista vai no link. 

Sua primeira entrevista para a Press foi em 2000, e a segunda, em 2002, quando saiu da Rádio Gaúcha. O PT ainda nem chegara ao poder e você já tinha esta visão.
Claro que tinha, eu já conhecia a experiência do PT em Porto Alegre. O PT é assim, é do DNA do partido e da esquerda em geral dizer uma coisa e fazer outra. Eu não digo que em Porto Alegre e aqui no Rio Grande do Sul tenha sido no mesmo estilo, mas o que estamos vendo no plano federal, esta roubalheira, é porque aí o PT teve a oportunidade de aparelhar todos os segmentos dos serviços públicos. Olha o que fizeram com a Petrobras. Eles acusavam o Fernando Henrique de querer privatizar a Petrobras e até transformá-la em Petrobrax, mas o fato é que a Petrobras precisa é ser urgentemente estatizada, porque o PT se apropriou completamente, como fez com o Banco do Brasil. O Henrique Pizzolatto, diretor do BB, fugiu do País como um bandido, fraudou, foi ao cemitério, pegou a certidão do irmão morto há 30 anos e fez uma documentação falsa. Quem faz isso é bandido, é ladrão, e ainda se diz inocente. Foi condenado a sete anos de prisão, mas está na Itália.

.Entrevista na íntegra na revista Press Advertising. Rogério também conta em detalhes como foi que o governo Olívio Dutra pediu sua cabeça, servida sem cerimônia pela RBS. 
Do blog do Políbio Braga