quinta-feira, 2 de março de 2017

OS CÃES

Ouve um tempo na Grécia que os cães evoluíram, passaram a raciocinar, a ler, escrever e tomar consciência de si. O líder marcou um evento os seriam lançadas as bases na nova civilização segundo os princípios caninos e não mais nos princípios humanos. A palavra de ordem era “Ossos sim, ração não!” O salão estava lotado, centenas e centenas de cães presentes ouvindo os grandes oradores dogsgrecos demonstrando como seria o novo mundo fruto das ideias guaipecanas. A danação do evento símbolo foi que dois gatos distraídos entraram no salão e aconteceu uma louca debandada de cães correndo atrás dos bichanos. Muitos morreram pisoteados, outros sufocados na ânsia de pegar os gatos. O líder olhou para um dos oradores e disse: “É, não estamos prontos à civilização.” Isso dito voltou a latir enquanto procurava um arbusto para urinar.

APÓS A TEMPESTADE

“Depois da tempestade vem a bonança ou outra tempestade.” (Mim)

ESTANCAR SANGRIA por Percival Puggina. Artigo publicado em 02.03.2017

Na conversa gravada com Sérgio Machado, Jucá registrou a necessidade de um acordo para travar a Lava Jato como forma de "estancar a sangria". Esse era o nome que ele dava ao jorro de denúncias, delações, investigações e prisões que, à época, diariamente, inundavam o noticiário. Para os pichelingues do erário, as seis gongadas do cuco eletrônico marcavam a hora dos horrores. A qualquer momento a Polícia Federal poderia bater à porta. Dá para viver assim? Por isso, aqueles cavalheiros de punhos limpos e alma suja ansiavam e anseiam pelo fim da Lava Jato.
Para os feirantes nos negócios do Estado, nada pode ser mais prejudicial do que a atividade desenvolvida em Curitiba. Contra ela se mobilizam altíssimos escalões da República e poderosíssimos agentes econômicos, para os quais uma cifra de milhões é fração. Contra a Lava Jato, a peso de ouro, confabulam alguns dos mais astutos e argutos advogados do país. E o STF? Pois é, já vi tantos ministros deliberarem, como queiram, ora com olho na forma da lei maior e contra seu espírito, ora no espírito da lei maior e contra sua forma, que o somatório das incoerências me levou à absoluta desconfiança. Quem devolve às ruas uma pessoa como o goleiro Bruno, ou manda indenizar presos, está, minimamente, preocupado com o bem da sociedade? Não, o meliante Jucá, que precisa de uns poucos votos para ser senador na despovoada Roraima, talvez dê mais importância aos cidadãos. São duras estas palavras? São, sim, eu sei.
A sangria que precisamos estancar é outra! Faz lembrar um derrame cerebral, um AVC nas instituições. Afeta funções importantes do corpo político deformando ou impedindo sua correta operacionalidade. É por causa dela que só tem base suficiente para governar quem integre ou negocie com a organização criminosa. Essa mesma sangria entrega poder aos espertalhões e afasta os sábios; cria um Estado de parvos e cúmplices; deixa-se roubar em bilhões e despacha os talentos. Não quer gente séria por perto.
Nosso AVC institucional implodiu os partidos políticos no que neles há de mais precioso e singular - seu programa, seus princípios, seus valores. Ou os partidos nascem disso, por causa disso, com vistas a isso, ou nascem assim como se forma uma nuvem de gafanhotos, voando na direção dos postos de poder. Dirigentes partidários, líderes políticos deveriam ser condutores com ideias na cabeça, ideais no coração e mãos operosas. São ingênuas estas palavras? São, sim, eu sei. Mas só o são porque a sangria nos levou a um realismo hipócrita que tornou ingênua, de fato, a mera normalidade.
A normalidade não nos faria sangrar 12,5 milhões de postos de trabalho. A normalidade não nos traria a estas pautas que abastecem as conversas cotidianas. Nela, na normalidade, partidos políticos seriam reconhecidos por suas propostas para o desenvolvimento social, econômico e cultural do país e não pelos prontuários de seus dirigentes. Sem essa sangria que nos levou o Brasil, não haveria entre as legendas brasileiras tanto banco de sangue à disposição dos vampiros da política. São duras? Sim, sei.
Enquanto no mundo civilizado, os países com boas instituições debatem grandes temas nacionais e internacionais, suas perspectivas de desenvolvimento econômico, tecnológico, sua sustentabilidade, sua integração, nós discutimos os humores de Jucá e de Moreira Franco e as delações de Marcelo Odebrecht. Enquanto o mundo civilizado está nas páginas de política internacional, economia, cultura, nós colocamos o país inteiro nas páginas policiais. Enquanto no mundo civilizado, a sociedade faz os debates, nós somos espectadores do Estado e escolhemos alguns personagens para vaiar. Estancar sangria é, também, acabar com isso e criarmos partidos que acreditem mais nas potencialidades da sociedade do que no suposto e fajuto protagonismo do Estado.
________________________________
* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

Meu escritor preferido ainda vivo: Mario Vargas Llosa- Abaixo os últimos que apreciei.

Resultado de imagemResultado de imagem

APARÊNCIAS

“Não se julga as pessoas pela aparência. Normalmente as pessoas são bem piores daquilo que aparentam.” (Mim)

PARTIDOS

“Temos partidos demais e confiança neles de menos.” (Mim)

Alexandre Garcia- Heróis e Bandidos



No fim-de-semana, a Polícia Federal prendeu um delegado da Polícia Federal em Londrina, Paraná. Flagrou o policial repartindo com um intermediário a propina paga por um dono de serviço privado de segurança. Com a propina, não indiciaria o empresário. O preço do delegado: 20 mil reais. Não sei em reais quanto seria a cotação das 30 moedas de prata que Judas teria recebido dos romanos. A Polícia Federal, como instituição, tem sido ciosa de seu nome e tem investigado não apenas os corruptos fora dela como os internos. O famoso “japonês” foi condenado por deixar passar contrabando. Por vender passaporte, teve a sorte de ter a prova anulada, porque não havia quebra judicial de sigilo que justificasse a prova obtida no extrato bancário.

O Conselho Nacional de Justiça tem afastado juízes em punição por atos de improbidade e corrupção, embora a lei proteja os magistrados. Muitos são “punidos” com aposentadoria remunerada. Vez por outra se ouve falar de sentenças e liminares vendidas. O Conselho Nacional do Ministério Público é outro órgão a que compete fiscalizar o cumprimento dos deveres funcionais dos promotores de justiça. Entre esses investigadores, acusadores e julgadores, muitas vezes a falta de caráter os faz sucumbir às tentações das 30 moedas de prata. Não que sejam exceção neste pobre Brasil.

Basta vermos o que acontece quando um caminhão sai da estrada e derrama sua carga. Passantes e vizinhança se locupletam em ladroagem. Um colega meu viu furtarem até uma carga de papel higiênico. Ou saqueiam ônibus acidentado com as vítimas gemendo. O que se viu no Espírito Santo, por falta do guarda da esquina é demonstração de que temos, na verdade, multidões de selvagens, não de cidadãos, com a agravante de que levam título de eleitor no bolso. Assim, não estranhemos que tantos ladrões tenham sido eleitos. Eles têm eleitores.

Na Lava-Jato descobrimos que nos altos picos das empresas privadas e do governo, a corrupção campeia, retirando recursos das empresas estatais, que teoricamente são de todos. Os grandes se corrompem pelo poder; os menores se corrompem porque também querem. Para uns, 30 moedas; para outros, basta uma. É o preço de suas consciências. E a prisão do delegado federal revela, infelizmente, que até entre aqueles que vemos como heróis, há bandidos. É resultado de anos de pregação contra a família, a educação, os valores que nos mantinham.

TUCANO EMPOLEIRADO- Aloysio Nunes Ferreira é o novo ministro das Relações Exteriores

DIÁRIO DO CENTAURO DE VARGINHA- STF decide receber ação que vai permitir julgamento do governador Fernando Pimentel pelo STJ

Se a Bíblia está errada ao nos dizer de onde viemos, como podemos confiar nela para nos dizer para onde estamos indo? — Justin Brown

O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la. — H. L. Mencken

O preferível não é o desejo de acreditar, mas o desejo de descobrir, que é exatamente o oposto. — Bertrand Russell

Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso. — Bertrand Russell

CUBANINHO

“Em Cuba falta até papel e caneta para anotar o que está em falta. Comunismo, bah!” (Cubaninho)

CLIMÉRIO, OUTRA VEZ

“Não cobiço a mulher do próximo. Prefiro cobiçar a mulher do distante.” (Climério)

CLIMÉRIO

“Creio que todos possuem alguns pensamentos podres. Eu, por exemplo, se o que penso fosse público a cadeia seria o meu destino. “ (Climério)

BILU

“Ontem fui agraciado com um pedaço de picanha. Estes humanos sabem o que é bom. Eles que me venham com ração para ver o alarido que irei fazer!” (Bilu Cão)

ASSOMBRAÇÃO

“A hipocrisia é essencial ao convívio social. Você não diz para uma mãe que o bebê dela é feio. Pois à minha mãezinha disseram!” (Assombração)

A MORTE DO HOMEM MAU

Lalu morreu num tiroteio com a polícia. Homem mau, ave de desgraças e dor. A família foi avisada e providenciou o velório. Terminada a cerimônia de poucos presentes, já noite, o caixão foi levado e deixado na praça da cidade. Antes da meia-noite chegaram os vermes para dar conta do corpo. Estavam usando máscaras protetoras, pois saibam todos que dependendo do corpo até mesmo os vermes sentem náuseas.

AMARO, O CERTINHO

Amaro era um homem correto; nunca havia saído da linha, nunquinha. Num sábado ficou só, a esposa Amália fora visitar a mãe. Ele então foi dominado nos encantos de uma vizinha separada, linda que só. Corpão daqueles de derreter sorvete no copinho. Caiu em tentação e foi ao motel com ela, todo feliz com o material que levava. Primeira vez fora da estrada, mas com carrão top de linha. Pega aqui, pega lá, os dois peladinhos quando um terrorista filho da puta explodiu o motel. Pois azar do Amaro que morreu; foi que ele rodou nos comentários como hipócrita e safado, como se tranqueira fosse. E saber que nem deu tempo para molhar o biscoito.

O PINTINHO DOUGLAS

O pintinho Douglas saiu do ovo e foi direto ao PROCON. Segundo ele os pais haviam prometido para ele uma existência como cisne, não como um reles pinto. Douglas não desejava viver como um comum, pois queria ser admirado como cisne. Cisne!!! Porém na instituição não teve como provar tal promessa, faltaram testemunhas, e foi então obrigado a viver como pinto. Pinto murcho, por sinal.

O PORCO DO MATO

O porco do mato conseguiu fugir dos caçadores não sem antes levar um tiro. Em disparada fuga foi perdendo sangue até cair enfraquecido numa clareira. Os urubus começaram o reconhecimento de preparação para o almoço. O porquinho olhava para o céu e na mente antecipava seu final melancólico. Mas prometera para seu pai que lutaria até o fim em qualquer circunstância e foi o que fez. Na porta do último suspiro engoliu uma boa dose de estricnina e partiu da vida, não sem antes dar um pequeno sorriso carregado de sarcasmo.

DEUS E O JOIO

Deus chamou um exército de anjos para em Brasília separar o joio do trigo, pois iria queimar todo o mal. Não demorou muito para o anjo chefe comunicar:
- Não tem como separar chefe!
-Como não?-perguntou Deus.
- Só tem joio chefe, só tem joio!

LEMBREI-ME DELE, O RAPINEIRO QUE DESEJAVA CENSURAR A IMPRENSA.

Resultado de imagem para rui falcão
RUI FALCÃO, AQUELE QUE TRINCOU O BICO.

LAÇANDO O VENTO

Raimundo e Anselmo, por sinal mui valentões e corajosos, decidiram agora na sexta de carnaval que iriam laçar o vento. Foram ao campo nos pampas munidos do melhor em corda e laço, também reforços nos punhos. Pois quando o dito arreganhou-se foram para cima dele. Não deu outra: Raimundo foi encontrado congelado no Everest e Anselmo caminhando sem rumo na Nova Zelândia.

FOLHA VERDE

O vento tirou da árvore encorpada uma folha verdinha,
Que ficou voando pra lá e pra cá ao seu sabor.
Não sabia o vento,
Que no canto da calçada do colégio municipal
Um grupo de formigas aguardava por ela,
Fazendo coro no nham, nham, nham!

LÍNGUA

Língua solta,
Língua que age por conta,
Língua selvagem.
Urge domar a língua,
Para que ela não saia da boca de maneira impulsiva
E sim somente autorizada pelo pensar.

GAZETA DO MANCO DE ROMELÂNDIA- Deputado Pedro Corrêa recebe mimo da Justiça

Deputado Federal Pedro Corrêa ganha tornozeleira eletrônica.

CORREIO DA PERNA GROSSA DE DIADEMA- MARCELO ODEBRECHT DIZ QUE DILMA SABIA DE TUDO

Em seu depoimento a Herman Benjamin, do TSE, Marcelo Odebrecht contou que Dilma Rousseff sabia de todo o esquema de financiamento ilícito de campanha.

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- terça-feira, agosto 30, 2005 O SILÊNCIO DOS VENDIDOS

Triste sina a da direita no Brasil. Em países mais civilizados, ser de direita é apenas não concordar com as propostas da esquerda, direito legítimo de todo cidadão. No Brasil, direita significa portar toda a infâmia do mundo. Que o diga Clóvis Rossi. Em recente crônica, afirmou: "É um caso de estudo para a ciência política universal. Já escrevi neste espaço uma e outra vez que o PT fez a mais radical e rápida guinada para a direita de que se tem notícia na história partidária do planeta".

Isto é: se o PT se revela corrupto, ele não é mais esquerda. É direita, porque só a direita é corrupta. Mesmo que o PT seja hoje o mesmo desde que nasceu, mesmo que os grandes implicados na corrupção - Genoíno, Mercadante, Zé Dirceu, Lula - sejam seus pais fundadores. Segundo Rossi, o PT guinou para a direita. E por que guinou para a direita? Porque suas falcatruas foram trazidas à tona. Permanecessem submersas, o partido continuaria sendo de esquerda.

É o que os franceses chamam de glissement idéologique. O conceito de esquerda sempre muda, à medida em que se corrompe. A direita é a boceta de Pandora, o repositório de todos os males do mundo, inclusive os das esquerdas. Pois quando as esquerdas cometem crimes - ou "erros", como preferem seus líderes - é que não eram de esquerda, mas de direita.
,
O PT, partido que nasce do ventre de uma mentira secular, mesmo ao tentar reerguer-se continua mentindo. Em recente sabatina organizada pela Folha de São Paulo, Tarso Genro, o novo presidente do partido, foi buscar situações análogas em outros partidos de centro-esquerda no mundo, como os democratas cristãos italianos e o partido socialista espanhol. "Isso tem algumas explicações que são de natureza histórica e que diz respeito a questões filosóficas, teóricas, profundas e questões relacionadas com responsabilidades individuais", disse o mago das palavras. Em verdade, não disse nada, sua explicação e explicação nenhuma são a mesma coisa. Mas conseguiu um milagre de retórica: mesmo sem dizer nada, mentiu. As situações análogas às do PT não devem ser buscadas nas sociais-democracias européias, pois nelas não estão nem nunca estiveram as origens de seu partido.

As origens do PT estão nas ideologias que empestaram o século passado, no bolchevismo, maoísmo, trotskismo, polpotismo, no comunismo albanês. Os quadros do partido eram egressos destas doutrinas e sempre condenaram as sociais-democracias, às quais atribuíam a pecha de revisionistas. O que está sendo derrubado, hoje, no Brasil, é o muro de Berlim mental das esquerdas tupiniquins, dezesseis anos após a queda do muro de concreto. A estrela vermelha, hoje cadente no Brasil, que Lula houve por bem trocar por uma medalha de Nossa Senhora Aparecida, nunca foi símbolo de social-democracia alguma, mas insígnia do Exército Soviético. Nos anos 90, foi arrancada de todos os prédios do poder na ex-URSS. Mas permaneceu pregada no peito das esquerdas latino-americanas.

O PT - ou o que dele resta - quer renovar-se. Mas só da boca pra fora. Jamais renunciará ao culto de seus deuses tutelares, Fidel Castro, Che Guevara, Prestes, Lamarca ou Marighella. Tarso Genro considera o assassino Prestes como o mais excelso herói que o Brasil já teve e Lula, sexta-feira passada, ainda citava Che Guevara: "Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas não podem deter a chegada da primavera". O PT quer renovar-se, mas ainda sente saudades das primaveras sangrentas prometidas pelo guerrilheiro argentino.

Em meio a isso, os intelectuais responsáveis pela ascensão do PT ao poder se reúnem em seminário para carpir o passado. O seminário, eufemisticamente, intitula-se O Silêncio dos Intelectuais. Melhor definido seria se se intitulasse o Silêncio dos Vendidos. Pois os intelectuais brasileiros, desde o início do século passado, venderam suas consciências ao socialismo soviético, a tal ponto que a palavra intelectual vinha sempre carimbada com um complemento: "de esquerda". Oswald de Andrade, hoje leitura obrigatória nos vestibulares, começa sua carreira nos anos 20, louvando o comunismo e o fascismo. No que aliás era muito coerente, comunismo e fascismo são as duas faces de uma mesma moeda. Seguiram-lhe os passos Jorge Amado, Graciliano Ramos, Dyonélio Machado, Raquel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade e uma miríade de escritores menores, todos militantes marxistas ou no mínimo compagnons de route, a tal ponto que não existe grande diferença entre a história da literatura brasileira no século passado e a história das idéias comunistas no Brasil. Até mesmo um escritor tido como liberal, como Erico Verissimo, não resistiu ao canto das sereias. Nos anos 60, recomenda a Sérgio Faraco não publicar suas memórias de Moscou, que denunciavam seu internamento forçado numa clínica psiquiátrica.

Nem Machado de Assis foi inocente. Marx morreu em 1883, o último volume de O Capital foi publicado em 1894. Machado, que tinha acesso a línguas estrangeiras e a publicações do Exterior, jamais disse um pio sobre a doutrina que começava a fazer carreira. Ora, o gaúcho Qorpo Santo, tido como louco e morto justamente em 1883 - 15 anos antes de Machado e 24 anos antes da Revolução de 17 - já denunciava o comunismo em sua obra. Que permaneceu por um século inédita, é verdade. Mas a denúncia já estava lá, em sua Ensiqlopédia ou seis mezes de huma enfermidade, como alerta aos pósteros. Machado não viu nada. Melhor para sua fortuna, ou não seria hoje leitura obrigatória nos vestibulares. Qorpo Santo só poderia ser louco, ao denunciar antecipadamente a peste que dominou o século XX.

Quase cem anos se passaram desde então, e a intelligentsia tupiniquim - ou talvez melhor disséssemos burritsia - não aprendeu nada com o século. Marilena Chauí, a filósofa mater do PT, como a qualifica o Estadão, considera que o silêncio da intelectualidade no mundo não se trata de uma recusa, mas de uma impossibilidade de interpretar a realidade presente. E o que resta, neste caso, é o silêncio. "Manifestar-se sobre tudo, mudar de atitude conforme mudem os ventos, abandonar a obra já feita, desdizendo-a e desdizendo-se, é irresponsabilidade, não é liberdade. Muitas vezes o verdadeiro engajamento exige que fiquemos em silêncio, que não cedamos às exigências cegas da sociedade". O chofer de táxi, a faxineira, o barbeiro, o padeiro da esquina já têm elementos suficientes para interpretar a realidade presente. A douta PhDeusa uspiana, especialista em Spinoza, que muito escreveu sobre ética e política, ainda não sabe o que pensar. Se tiver de fazer coro às denúncias de corrupção do PT, terá de jogar no lixo boa parte de sua biografia. Árvore velha não se dobra. Pode até quebrar, mas não cede. A crise hoje vivida pelo governo está demonstrando a senilidade mental de seus defensores.

Luís Fernando Verissimo matou a Velhinha de Taubaté. Seria difícil manter vivo um personagem que sempre acredita no governo. Mas... matá-la é suficiente? Verissimo não vai pedir desculpas a seus leitores pelas décadas em que os induziu a votar no mais corruptor partido do Ocidente? Não vai penintenciar-se por ter sido um dos mais influentes escritores a apoiar Lula e seus asseclas? Quando ruiu o regime comunista na Polônia, velhos militantes crucificaram-se simbolicamente por uma hora, para manifestar em público seu arrependimento. Verissimo não poderia dar-nos o prazer de pelo menos cinco minutinhos de contrição, não digo numa cruz, mas numa tribuna qualquer?

Chico Buarque, pobre alminha ferida, declarou-se "triste' com a situação. Quando o país todo está revoltado, o poeta das esquerdas, com seus enternecedores olhos verdes, se declara... triste. E nisso ficamos. Diz ainda esperar que crise não provoque "apenas a alegria raivosa de quem não votou em Lula". Velho tique das esquerdas, muito do agrado de Genoíno e Mercadante: quando se faz qualquer crítica ao PT, a crítica não é crítica. É ódio. Engana-se o vate cubanófilo. A alegria de quem não votou em Lula é a mesma e saudável alegria dos franceses quando se libertaram do jugo alemão, dos alemães quando caiu o muro, dos russos quando Ieltsin deu um canhonaço na Duma, dos povos soviéticos quando viram cair as estrelas vermelhas de seus prédios públicos. Estamos alegres, sim senhor. Principalmente porque nem foi preciso lutar para derrubar o PT. Os petistas se encarregaram disto.

Na 11ª Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo, Frei Betto deplorou que "nem sob os anos da ditadura a direita conseguiu desmoralizar a esquerda como núcleo petista fez em tão pouco tempo (...) esses dirigentes desmoralizaram o partido e respingaram lama por toda a esquerda brasileira". Ocorre que as esquerdas brasileiras têm suas raízes no lamaçal ideológico do século passado.

Nada demais, meu caro Betto: as esquerdas estão voltando às origens.

MINHA BOCA, MINHA VIDA

No período do governo do PT (2003/2015) houve um crescimento de pessoal na União (Executivo, Legislativo e Judiciário) de 305.316 servidores.

ABERRAÇÕES ECONÔMICAS DO BRASIL por Prof. Ricardo Bergamini. Artigo publicado em 28.02.2017



Aberração da Carga Tributária Brasileira (Fonte MF)

A composição da Carga Tributária dos Estados Unidos tem como base 82,70% de sua arrecadação incidindo sobre a Renda, Lucro, Ganho de Capital, Folha Salarial e Propriedade (classes privilegiadas da nação americana) e apenas 17,30% incidindo sobre Bens e Serviços (arroz, feijão, remédios, transportes e educação). Com uma Carga Tributária total de apenas 26,0% do PIB.

A composição da Carga Tributária média dos países da OCDE tem como base 66,68% de sua arrecadação incidindo sobre a Renda, Lucro, Ganho de Capital, Folha Salarial e Propriedade (classes privilegiadas das nações analisadas) e apenas 33,14% incidindo sobre Bens e Serviços (arroz, feijão, remédios, transportes e educação). Com uma Carga Tributária média de 35,3% do PIB.

A composição da Carga Tributária do Brasil tem como base 48,46% de sua arrecadação incidindo sobre a Renda, Lucro, Ganho de Capital, Folha Salarial e Propriedade (classes privilegiadas da nação brasileira) e 51,54% incidindo sobre Bens e Serviços (arroz, feijão, remédios transportes e educação). Com uma Carga Tributária total de 32,4% do PIB.

Conclusão:
Dentre os países analisados o Brasil é o que possui a mais injusta, imoral, criminosa, desumana e regressiva Carga Tributária. Uma vergonha internacional que certamente continuará tendo o silêncio de todos: por omissão, covardia ou conivência.

CARNAVAL COM CAMISINHA por Percival Puggina. Artigo publicado em 28.02.2017



Por estimular comportamento de risco, causaria escândalo uma campanha publicitária que induzisse as pessoas a fumarem com filtro e piteira, ou a curtirem a velocidade usando cinto de segurança, ou ainda a se bronzearem das 10 às 14 horas com filtro protetor. Mesmo sabendo que muitos fumam, correm e se deixam torrar, a orientação se faz, corretamente, no sentido de não fumar, de respeitar os limites de velocidade e de não se expor ao sol a pino.

Indago: não é exatamente o inverso disso o que acontece no período de Carnaval com as tais campanhas de prevenção à Aids? Nesta época do ano, sistematicamente, são exibidas peças com veiculação nacional oficializando o Carnaval como a festa do sexo com camisinha.

Todos sabemos que as coisas não são generalizadamente assim. A maioria das pessoas ainda vai aos bailes de carnaval, nos clubes e nos eventos de rua, nas pequenas e grandes cidades, no meio urbano e rural, para se divertir, dançar, pular e extravasar alegria de modo sadio. O fato de haver lugares onde as coisas adquirem outro sentido não altera o fato de que a orientação à sociedade deve ser dada no sentido positivo e não no sentido negativo.

Em nome da saúde pública, tomar a exceção por regra, promover o Carnaval como a grande e desbragada orgia sexual do país, passar recibo à conduta promíscua e estimular comportamentos que entre outros efeitos colocam sob risco a própria saúde pública é tropeçar na escada da moral e do bom senso. É fazer um furo no casco do navio, abaixo da linha d’água, jogar salva-vidas ao mar e anunciar que se está zelando pelas vítimas.

Há em tais campanhas, por outro lado, um poderoso e visível efeito demonstração e resulta fácil entender e perceber suas conseqüências ao longo do tempo. O Carnaval acabará se convertendo naquilo que se insiste em proclamar que ele é.


________________________________
* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.