quarta-feira, 6 de junho de 2018

EM ALTERNATIVA por Alexandre Garcia. Artigo publicado em 05.06.2018



Há dias, a presidente de um dos poderes da República, a ministra Cármen Lúcia, afirmou, acacianamente, que “democracia é o único caminho legítimo”. Por que será que tantas vezes tantas pessoas importantes aqui no Brasil expressam essa obviedade? Não ouço políticos da Alemanha, ou da França, ou da Inglaterra, ou dos Estados Unidos fazendo apelos pela democracia. Para eles, democracia é tão básico quanto as fundações de uma casa. É a infraestrutura obrigatória para tratarem do que está em cima. Nós, jornalistas, aprendemos na faculdade, que notícia é algo raro, como um homem morder um cachorro. Mas a declaração da presidente do Supremo virou notícia naquele dia.

É que aqui não se sabe que democracia é ordem, respeito às leis, limite de direito até onde começam direitos dos outros - é castigo aos que saem da lei com atitudes anti-sociais, incivilizadas. Aqui se pensa que democracia é cada um fazer o que quer, bagunça geral, primazia do mais espertalhão. Chamamos políticos de ladrões, mas saqueamos até caminhão carregado de papel higiênico, como acaba de acontecer na Bahia, ou furtamos água de um serviço público, como acaba de se constatar em 2 mil casos neste ano na capital do país. São pessoas que na verdade estão furtando de quem paga as suas contas, como os sonegadores roubam não dos governos, mas dos outros contribuintes que arcam com peso maior.

O movimento dos camioneiros lançou um grito nacional por intervenção militar - espalhou-se mais rápido que os mesmos gritos que eu ouvia nas igrejas e ruas antes de 31 de março de 64. Perguntaram ao ministro general Etchegoyen sobre esse apelo e ele contou a anedota do bêbedo que havia perdido a carteira num beco escuro mas a procurava sob a luz do poste. “Aqui está claro e eu posso ver.” O general explicou que é clara a posição legalista do Exército; então a procura deve ser onde ainda está escuro. Se a gente procurar no beco vai perceber que é a busca da ordem e amor à Pátria e às leis, que os militares representam. O que perdemos - a ética, a força da lei, a organização, a paz, não teria sido por nossa complacência, nossa alienação, nossa participação e nosso voto?

Em outubro vamos votar. Escolher nossos representantes no legislativo e nos governos. Tem gente esperançosa de que isso possa mudar o país. Mas pense que há eleitores que são saqueadores de caminhão, ladrões de água, corruptos, desordeiros que estacionam em lugar proibido. Será que vão votar em alguém que lhes tolha o “direito” de serem anti-sociais? Será que o governador e o presidente vão ter legislativos sensatos e não fanáticos? A verdade é que a mudança precisa começar na base, nas nossas cabeças. Democracia pode exigir muito esforço de nós, até que este país se democratize. Mas, como disse a ministra Cármen Lúcia, não tem alternativa.

*Pubicado originalmente em http://www.sonoticias.com.br/coluna/em-alternativa

GAZETA DO CABIDE GAÚCHO- PLEBISCITO SOBRE PRIVATIZAÇÕES REJEITADO PELA MAIORIA DA ASSEMBLEIA GAÚCHA



Mais rapidamente do que se podia imaginar, no dia de ontem, por 29 a 23 votos, a maioria da ALERGS rejeitou a realização do plebiscito sobre a privatização de três estatais gaúchas.

Como relatei anteriormente, existe na Constituição do RS esse ridículo preceito, pelo qual uma privatização depende de consulta plebiscitária. Alegam os defensores da norma, que ignora funções essenciais da representação parlamentar, esse procedimento seria altamente democrático. “Nada mais democrático do que um plebiscito”, diziam.

Pois bem, o governador Sartori primeiro tentou, sem êxito revogar a exigência mediante emenda à Constituição estadual. Não conseguiu os votos necessários. Agora, após meses de negociação, obteve aprovação da Mesa Diretora para submeter ao plenário o projeto que convocaria a consulta plebiscitária. Resultado: os que defendiam o superior caráter democrático de tais consultas mudaram de ideia e rejeitaram o plebiscito.

Danem-se os dedos da sociedade, contanto que se preservem os anéis do setor público!

DEPUTADOS QUE VOTARAM CONTRA A REALIZAÇÃO DO PLEBISCITO

Adão Villaverde (PT), Altemir Tortelli (PT), Edegar Pretto (PT), Jeferson Fernandes (PT), Luiz Fernando Mainardi (PT), Miriam Marroni (PT), Nelsinho Metalúrgico (PT), Stela Farias (PT), Tarcisio Zimmerman (PT), Valdeci Oliveira (PT), Zé Nunes (PT), Ciro Simoni (PDT), Edu Oliveira (PDT), Eduardo Loureiro (PDT), Enio Bacci (PDT), Gerson Burmann (PDT), Gilmar Sossella (PDT), Juliana Brizola (PDT), Luís Augusto Lara (PTB), Marcelo Moraes (PTB), Regina Becker Fortunati (PTB), Ronaldo Santini (PTB), Adilson Troca (PSDB), Lucas Redecker (PSDB), Pedro Pereira (PSDB), Juliano Roso (PCdoB), Manuela d’Ávila (PCdoB), Bombeiro Bianchini (PR), Pedro Ruas (PSOL)

DEPUTADOS QUE VOTARAM A FAVOR DA REALIZAÇÃO DO PLEBISCITO

Álvaro Boessio (MDB), Edson Brum (MDB), Fábio Branco (MDB), Gabriel Souza (MDB), Gilberto Capoani (MDB), Juvir Costella (MDB), Tiago Simon (PMDB), Vilmar Zanchin (PMDB), Adolfo Brito (Progressistas), Ernani Polo (Progressistas), Frederico Antunes (Progressistas), Sérgio Turra (Progressistas), Silvana Covatti, Progresssistas), João Fischer (Progressistas), Pedro Westphalen (Progressistas), Aloísio Classmann (PTB), Maurício Dziedricki (PTB), Zilá Breitenbach (PSDB), Elton Weber (PSB) , Liziane Bayer (PSB), Any Ortiz (PPS), João Reinelli (PSD), Missionário Volnei (PR).

Percival Puggina

A VIOLÊNCIA NO BRASIL E AS FAKE ANALYSIS por Percival Puggina. Artigo publicado em 06.06.2018



Os principais sites de notícias divulgaram, hoje (05/06), dados do Atlas da Violência 2018. O foco das informações centrou-se no aumento da letalidade intencional de negros e pardos e na redução dela entre a população branca. O maior índice de crescimento se deu entre as mulheres negras.

Os comentários correram todos para o leito habitual das fake analysis nacionais: é tudo causado pelo racismo e pelo machismo, donde se conclui, sem precisar afirmar, que a culpa cabe à população masculina de pele branca... As duas palavras, principalmente a primeira – o racismo – deram tom aos comentários jornalísticos e às opiniões das personalidades ouvidas. Fake analysis são muito mais frequentes e enganosas do que fake news.

Tenho certeza de que o leitor destas linhas – inteligente que é – já deve estar se interrogando sobre quem mata quem nesse intolerável e vergonhoso genocídio. A resposta seria bem esclarecedora se o Brasil conseguisse melhores resultados na investigação criminal. Em novembro do ano passado, o Estadão informou que o Instituto Sou da Paz consultara os governos de todas as unidades da Federação sobre o índice de solução de homicídios que vinham alcançando nas respectivas investigações. A resposta viera apenas do Pará (4%), Rio (11%), Espírito Santo (20%), Rondônia (24%), São Paulo (38%) e Mato Grosso do Sul (55,2%). Mesmo assim, a amostra que daí se colhesse, referida a homicídios esclarecidos e informando o perfil de criminosos e vítimas, seria estatisticamente suficiente para identificar quem está matando quem nessa guerra. Sabe-se lá por quais razões, ninguém se interessa em buscar esse dado. Não parece difícil, porém, intuir que o genocídio brasileiro tem quase nada a ver com racismo e machismo, e quase tudo a ver com opção pela vida criminosa, com consumo e tráfico de drogas, e com guerra entre facções.

Se quisermos curar o mal, é nas zonas em que esses conflitos se originam ou se desenrolam, independentemente de cor da pele, que se impõem as ações. Não é digno nem bom que seres humanos vivam sob condições tão vulneráveis.
A criminalidade “explicada” pelo racismo e pelo machismo produzia, ainda há poucos minutos, frêmitos de indignação nos comentaristas da Globo News. É uma sociologia que não convence no armazém da vila, mas comove, Brasil afora, habitantes do mundo das fake analysis. Elas servem para suscitar emoções e reações políticas, na versão atualizada da desacreditada luta de classes. É uma tosca mistificação que nos permitiria, pelo mesmo raciocínio que a constrói, olhando a desigual distribuição da criminalidade nas várias regiões de uma cidade, deduzir que há bairros que matam e bairros que morrem. Arre!

TÉDIO



“O tédio é um articulador de bobagens.” (Pócrates)


ATÉ O JUMENTO


“Quando Dilma fala até o jumento do seu Anastácio gargalha.” (Pócrates)

IMPOSSIBILIDADE


“O inferno eterno é uma impossibilidade. A madeira e o gás são finitos.” (Pócrates)

CORNO ELEGANTE


E como diz seu Moreira, corno inúmeras vezes na sua longa jornada amorosa: ”O importante para um corno é não ficar desleixado. Andar sempre limpo, cheiroso  bem vestido e com hálito bom. Só assim poderá arrumar outra bela mulher e ser corno novamente. Ser um corno reincidente e elegante faz a diferença para não se tornar um chifrudo solitário e resmungão.”

LIMÃO


“Sortudo eu sou. Imagine um cataclismo que mata todo mundo. No planeta somente eu e uma mulher para recomeçar. Garanto que a outra alma seria a Graça Foster.” (Limão)

LIMÃO


“Somente darei meu voto para candidato ou partido que se comprometer a
trabalhar pelo fim de todos os privilégios concedidos aos políticos e servidores. E quem já teve mandato não terá o meu voto.” (Limão)

LIMÃO


“Podres poderes brasileiros.  Tem como não ser um azedo?” (Limão)

LIMÃO



“Político brasileiro é igual melancia quente: só faz mal.” (Limão)


EXCELÊNCIA


Excelência,
Dize-me com quem andas,
E dir-te-ei se vales um tostão furado,
Ou se vossa carcaça somente é útil para produzir sabão.

DORMINHOCOS


Sou venezuelano,
E vivo caros brasileiros
Entre sangue e miséria.
Então pergunto:
Como vendo tantos tristes exemplos no país vizinho,
Demoram tanto vocês para acordar?

QUANDO GOSTO


Quando gosto
Gosto que me enrosco
Menos é claro
Quando o enrosco se chama arrame farpado.


LEÃO BOB


“Na semana passada devorei um político brasileiro. A moral é ruim, mas a carne é muito boa.” (Leão Bob)

LEÃO BOB


“Nós leões não somos seletivos quanto a religiosos. Comemos também muçulmanos com grande prazer.” (Leão Bob)

DICIONÁRIO DE HUMOR INFANTIL- PEDRO BLOCH

BICHO- O bicho mais bonito é cegonha trazendo criança.

DICIONÁRIO DE HUMOR INFANTIL- PEDRO BLOCH

MILAGRE- É macaco virando gente. Dá para acreditar?

AVÓ NOVELEIRA


“Ópera? Não conheço nada de ópera. Só ouvi falar de um tal Babeiro de Sevilha, também chamado de Fígado.” (Avó Noveleira)

AVÓ NOVELEIRA


“Gostaria de ir pra Europa só para conhecer Nova Yorque.”

AVÓ NOVELEIRA


“O templo é o melhor remédio.”

FAKE NEWS VS. QUALIDADE- POR CARLOS ALBERTO DI FRANCO



Proliferam notícias falsas nas redes sociais. São compartilhadas acriticamente com a compulsão de um clique. Fazem muito estrago. Confundem. Enganam. A mentira, por óbvio, precisa ser debelada. O antídoto não é o Estado. É a poderosa força persuasiva do conteúdo qualificado. O valor da informação e o futuro do jornalismo estão intimamente relacionados. É preciso apostar na qualidade da informação.

As rápidas e crescentes mudanças no setor da comunicação colocaram os antigos modelos de negócios em xeque. A dificuldade em encontrar um caminho seguro para a monetização dos conteúdos multimídia e as novas rotinas criadas a partir das plataformas digitais produzem um complexo cenário de incertezas.

É preciso pensar, refletir duramente sobre a mudança de paradigmas, uma vez que a criatividade e a capacidade de inovação – rápida e de baixo custo - serão fundamentais para a sobrevivência das organizações tradicionais e para o sucesso financeiro das nativas digitais. Mas é preciso, antes, fazer uma autocrítica corajosa a respeito do modo como nós, jornalistas e formadores de opinião, vemos o mundo e da maneira como dialogamos com ele.

Antes da era digital, em quase todas as famílias existia um álbum de fotos. Lembram disso? Lá estavam as nossas lembranças, os nossos registros afetivos, a nossa saudade. Muitas vezes, abríamos o álbum e a imaginação voava. Era bem legal.

Agora, fotografamos tudo e arquivamos compulsivamente. Nosso antigo álbum foi substituído pelas galerias de fotos de nossos dispositivos móveis. Temos overdose de fotos, mas falta o mais importante: a memória afetiva, a curtição daqueles momentos.

Algo análogo, muito parecido mesmo, ocorre com o consumo da informação. Navegamos freneticamente no espaço virtual. Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência. Ficamos reféns da superficialidade. Perdemos contexto e sensibilidade crítica. Penso que há uma crescente nostalgia de conteúdos editados com rigor, critério e qualidade técnica e ética. É preciso reinventar o jornalismo e recuperar, num contexto muito mais transparente e interativo, as competências e a magia do jornalismo de sempre.

Politização da informação, distanciamento da realidade e falta de reportagem. Eis o tripé que tisnou a credibilidade dos veículos. A informação não pode ser processada em um laboratório sem vida. Falta olhar nos olhos das pessoas, captar suas demandas legítimas. Gostemos ou não delas. A velha e boa reportagem não pode ser substituída por torcida.

A crise do jornalismo, e a proliferação de fake news, está intimamente relacionada com a pobreza e o vazio das nossas pautas, com a perda de qualidade do conteúdo, com o perigoso abandono da nossa vocação pública e com a equivocada transformação de jornais em produto mais próprio para consumo privado. O consumidor precisa sentir que o jornal é um parceiro relevante na sua aventura cotidiana. Fake news também se combate com qualidade.

...

*Carlos Alberto Di Franco é jornalista | E-mail: difranco@ise.org.br | Publicado originalmente em A Gazeta (4/06/2018).

MILLÔR- THE COW WENT TO THE SWAMP

Este é um não-livro. Isso quer dizer, se quer dizer alguma coisa, um livro que não merece lugar na sua estante. Nele ensinamos uma espécie de inglês pra inglês ver, se é que você nos entende. Mas, é bastante olhar pra capa deste negócio pra ver que se trata de um non honesto. Não apenas dizemos que a vaca foi pro brejo. Provamos isso indo atrás da vaca e pegando ela (com um computador), no brejo. O pessoal sabe; quando matamos a cobra nós sempre mostramos o pau. Mas, claro, a vaca entra com o título deste não-livro como Pilatos, muitos séculos atrás, entrou no Credo. Pra ser mais comparativo, como Pilatos no momento em que, ele também, foi pro brejo nas redondezas do Gólgota. Mas de duas coisas muito importantes você pode ficar certo, certíssimo, quando ler este não-trabalho. Primeiro, que ler, escrever ou falar inglês é foda. Segundo, que se você aqui não aprendeu nada de inglês, aprendeu porém muito mais sobre inglês do que em qualquer outro sim-livro normal. Falar verdade, quando você acabar de ler este não-livro de ponta a ponta, poderá dizer, como Sócrates (ele também foi pro brejo junto da Ágora): "Só sei que não sei porra nenhuma de inglês. Decididamente, inglês pra mim não é grego."


Introdução do livro "The Cow Went To The Swamp"

Caro Teleitor (*), se você é tão descuidado quanto nós e também deixou a sua vaca ir pro brejo inglês poeticamente conhecido como charneca mande os desvios da lingua (tongue?) do seu muar (vaca é muar, pois não?) que publicaremos caso sejam corretamente errados.

(*) Achamos o termo telenauta, de uso universal, um desvio, ai!, semântico. Seguindo o gênio da língua que deu televisão, telefone, telegrama o leitor distante tem que ser, naturalmente, teleitor.

CLIMÉRIO


“Acho que jamais serei um suicida. Não tenho toda essa coragem.” (Climério)