segunda-feira, 10 de abril de 2017

ALEXANDRE GARCIA- Causa própria x causa pátria



É fácil entender porque o povo das redes sociais está pedindo que ninguém seja reeleito. Não é apenas perda de confiança; é a convicção de que os representantes não exercem a representação em nome dos eleitores mas em nome próprio e de seus supostos partidos - que não são partidos, mas ações-entre-amigos, com poucas e honrosas exceções. Agora mesmo a reforma política mostra isso. Tentada há mais de 20 anos, agora foi acolhida como emergência para salvá-los da perda do mandato na próxima eleição. A lista fechada é o principal casuísmo para esconder os nomes que têm aparecido na Lava-jato.

Para se protegerem da lei e da Justiça, querem mudar as leis. Caixa-2 seria crime só a partir de uma nova lei, esquecendo o passado e esquecendo que caixa-2 e crime de sonegação são a mesma coisa. Para se blindar da Justiça, resolveram atualizar a Lei de Abuso da Autoridade, que é do governo Castello Branco, em 1965. Atualizando, acham uma forma de se proteger de juízes, do ministério público e da polícia. A proposta deveria se chamar de “Projeto do Valhacouto”. Outra proposta paralela tem dificuldade, porque se acabar com foro privilegiado, vão direto para os braços de Sérgio Moro, mas se ficarem no Supremo ou STJ, perdem a chance de protelar o cumprimento da pena por anos de recursos e afins.

O projeto da terceirização, útilíssimo para a economia brasileira, só andou porque muitos parlamentares são proprietários de empresas de terceirização e tinham interesse pessoal. Mas outro projeto, o da Reforma da Previdência, absolutamente necessário para equilibrar as contas federais e facilitar o crescimento, tropeça em interesses pessoais da burocracia da Câmara e do Senado, privilegiados com aposentadorias integrais e muitas vezes acrescidas de vantagens oportunistas.

E, além dessa fisiologia personalista que destoa com a determinação da Constituição de que o serviço público tem que ser impessoal, ainda há uma cegueira ideológica caquética. Na discussão desta semana sobre o Uber, deputados mostraram o quanto detestam a concorrência, querendo limitá-la e regulamentá-la. Todos sabem que concorrência livre é bom para o consumidor. Há representantes do povo que pensam que o povo é alienado e precisa ser tolhido da liberdade de escolha. Houve até quem propusesse limitar a tarifa máxima, como se o consumidor fosse um idiota que não possa decidir o quanto pode pagar. Por isso o Brasil é 79º em IDH e a Austrália, país de liberdades, é o segundo. Milhões de assinaturas originaram um projeto de iniciativa popular para combater a corrupção. Foi todo deformado. Tudo legislação em causa própria e nada em causa pátria.

MESTRE YOKI, O BREVE

-Mestre, quem ouve a maior mentira?
-Jogador de futebol feio, mas podre de rico.
-Quando acontece mestre?
-Quando a namorada gostosa diz: ’se tu fosses servente de pedreiro eu também te amaria’.

SEM PRESSA

Enquanto mente lúcida e corpo em pé,
não há pressa para entrar naquela cidade,
onde para morar entram todos deitados e quietos,
mesmo os inconformados.

ASSIM É

O pacote da vida chega para alguns sobrando perfume e rosas. 
Para outros a constância é receber dores e espinhos. 
A verdade é que a vida é assim, e querer muitas explicações é chover no molhado.

MEDIEVAIS

Muitos são os estúpidos,
inocentes quase sempre os escolhidos.
O trânsito está repleto de medievais,
urrando e prontos para machucar.

A HORA

Sentado na sua cadeira de palha absorto está o ancião Demétrio.
Dentro do seu cérebro colidem lembranças de lágrimas, dores, emoções, alegrias e pássaros azuis.
Navegar foi preciso, e nem sempre esse navegar foi em águas calmas, mas Demétrio navegou.
Encarou os desafios, lutou.
Então nesse final de tarde seus olhos brilham pelos mares da vida percorridos, enquanto o porto descanso espera por ele.

BOAS PALAVRAS

O prefeito paulistano João Dória Jr., PSDB, determinou a extinção, na Prefeitura, de denominações que indiquem diferenças de classe social entre os cidadãos. Viva! Todos serão chamados de "senhor" e "senhora", abolindo-se termos como Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Magnanimidade, Vossa Eminência e outros quetais. 

Quem somos nós para julgar o mérito de um juiz a ponto de chamá-lo de "meritíssimo"? Qual parlamentar merece, por seus atos e formação, ser "Vossa Excelência"? 

 Certa vez, este colunista foi informado de que deveria dirigir-se a determinado funcionário público de alto nível com o termo "Vossa Magnificência". Primeiro achei que era pegadinha; ao ser informado de que era assim mesmo, exigi ser chamado de Vossa Gordência. Ele, Magnífico; eu, Gordo. Pelo menos no meu caso o título refletiria a realidade.


Da Coluna de Carlos Brickmann

OUTRA VISÃO

O bom jornalista Marco Piva, comentando uma nota desta coluna de apoio à extinção do Imposto Sindical, lembra que dos 17 mil sindicatos existentes no país (cálculo do relator da reforma trabalhista, Rogério Marinho, PSDB potiguar), mais de cinco mil são patronais, também ameaçados pela tesoura. 

"Os patrões, muitos deles, também vivem a boa vida sindical, sendo que alguns não pisam numa empresa há muitos anos", diz Piva, e tem razão. 

 Como disseram Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na voz de Nara Leão, é hora de por pra trabalhar gente que nunca trabalhou.

Da Coluna de Carlos Brickmann

Cartolas e coelhos. Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 7 de abril/ 2017





Ninguém pode dizer que não somos criativos, não é mesmo? Infelizmente, não somos só criativos nas Artes, Também o somos na Política...




Pelo menos eu sou quase que diariamente surpreendida por coelhos dos mais variados tamanhos tirados das cartolas dos brasileiros em posição de destaque. Você está lendo uma entrevista, ou se debruçando sobre um tema que interessa ao Brasil, coisa séria e, de repente, pimba!, lá salta um coelho da cartola do entrevistado ou do autor do texto. Sempre levo um susto!

São hábeis ‘cartoleiros’, se assim posso me referir a esses peritos em sacar coelhos das cartolas. Resolvi listar aqui alguns desses senhores e senhoras, numa ordem sem prejuízo da importância ou do mérito de cada um.




* Começo com uma emérita ‘cartoleira’, a senadora Kátia Abreu (PMDB/TO). Renan Calheiros, sentindo que ele e seu filho pisam em chapa quente, achou por bem culpar o presidente Michel Temer por sua situação, repetindo em plenário o que já havia dito em um jantar em casa da senadora pelo Tocantins: "a presidente Dilma não sabia para onde ir, e o presidente Temer não tem para onde ir".




A senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) não gostou do que ouviu e foi tirar satisfação. "Como assim, Renan? Você está falando como líder? Você sabe o que eu penso sobre isso?".

Foi o que bastou para um coelho saltar da cartola da senadora Kátia Abreu: "Você tem que entender o problema dele em Alagoas".




Não é um lindo coelho? Não é o senador que tem que compreender seus eleitores e respeitar seus liderados. São eles que têm que entender que os Calheiros, aflitos, podem desabafar do modo que preferirem.




* Um ex- executivo da Odebrecht, Fernando Migliaccio da Silva, tirou de sua cartola, após confessar que era o responsável pela entrega em dinheiro vivo do Departamento de Propina da empreiteira, o recorde, imagino que imbatível, de sua atividade: em um único dia entregou R$35 milhões! Não posso jurar, mas senti certo orgulho nessa declaração.

* E o Jair Bolsonaro, essa flor de pessoa, que concluiu que nossos afrodescendentes, saídos dos quilombos, não servem nem para procriar? Onde ele disse isso? Onde? Na Hebraica, aqui no Rio. Não é um espanto?




* É um espanto, sim. Tal qual a carta aberta do ator José Mayer que resolveu se desculpar da agressão vil e muito baixa que cometeu contra uma colega de trabalho na Globo. Olhem o que ele tirou da cartola: "Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são".




Que geração é essa, senhor Mayer? A minha é a nascida em 1937 e nós sempre preferimos homens carinhosos, amáveis, delicados, charmosos, elegantes. Fomos criadas como dependentes dos homens? É verdade. Mas de homens e não de animais. Cai na real, senhor Mayer.




* Já Dilma Rousseff, entrevistada pela Folha de S. Paulo, foi pródiga em sacar de sua cartola coelhos dos mais variados tamanhos. Chamou a delação do empresário Marcelo Odebrecht de delaçãozinha e garante que o que ele disse é fruto da coação que sofreu, e que ele jamais ousaria conversar com ela sobre doação. Não é um fenômeno? O homem que bancou as peripécias do PT não ousaria falar com a grande Dilma sobre dinheiro?




Não vi grandes novidades na entrevista, a não ser Dilma afirmar que apertada para ir ao banheiro, ao fim de uma reunião na Cidade do México, saiu da sala VIP para ir ao toalete e ao acabar de "fazer aquilo que tinha para fazer", encontrou Marcelo Odebrecht na salinha e ele começou a falar daquele jeito meio embrulhado dele e ela não entendeu nada. Ou melhor, "Niente", conforme disse à sua entrevistadora.

Curioso é que ela não entendeu logo a parte mais reveladora da entrevista, a de que sua campanha poderia ter sido contaminada, pois ele havia feito pagamentos no exterior ao marqueteiro dela, João Santana.




E, agora, digo eu: jeito meio embrulhado de falar, qual será o mais embrulhado, o dele ou o dela?




Páreo duro, não é não?

Vão lamber sabão!

Vão lamber sabão!

Ricardo Noblat

A essa altura, só resta ao PT tentar salvar Lula de uma eventual condenação e do impedimento de ser candidato a qualquer coisa nas eleições de 2018. A qualquer coisa, não, a presidente da República.

Mesmo que não quisesse, Lula seria candidato para defender-se das denúncias que emporcalham sua biografia. Mesmo que perdesse, teria contribuído para que o PT não fosse riscado do mapa político.

Lula tem um encontro marcado com o juiz Sérgio Moro no próximo dia 3, em Curitiba. Será ouvido sobre a real propriedade do sítio de Atibaia, em São Paulo, cuja reforma custou alguns milhões às construtoras OAS e Odebrecht.

É suspeito de corrupção. Foi por isso que na semana passada baixou a bola depois de meses de críticas pesadas ao juiz.  Miou como costuma fazer vez por outra.

"Estou ansioso para esse depoimento porque é a primeira oportunidade que eu vou ter de poder saber qual é a acusação que eles têm contra mim e qual é a prova que eles têm contra mim", disse em entrevista à rádio CBN.

A acusação, Lula conhece. Quanto às provas, elas não serão necessariamente oferecidas ao seu exame durante o encontro.

Há os que fazem política como quem joga damas. Lula é mais esperto: faz política como quem joga xadrez. O azar dele foi encontrar pela frente um juiz que joga xadrez muito bem. E que é frio como qualquer enxadrista de primeiro time.

Moro joga com as peças brancas, no ataque. Lula se defende com as pretas como pode. Moro parece perto de aplicar um xeque mate em Lula. Daí por que...

No último sábado, na Universidade de Harvard, em Boston, a ex-presidente Dilma voltou a repetir a ladainha de que foi deposta por meio de um golpe, e confessou estar preocupada com a situação de Lula. “Ele pode até perder as eleições. Não há vergonha alguma em disputar e perder uma eleição para quem tem valores democráticos”, disse. “O que não se pode é impedir que ele concorra”.

Se a Justiça impedir terá sido mais um golpe abençoado por ela? Democracia no Brasil só continuará a existir se Lula for absolvido e puder ser candidato?

Lula e o PT calaram-se quando o Senado manteve os direitos políticos de Dilma ao contrário do que mandava a Constituição. Só Dilma e uma fatia do partido ainda reclamam do impeachment. Os outros têm mais com o que se ocupar.

Se o impeachment foi golpe, o uso de dinheiro sujo para reeleger Dilma foi o quê? A compra com dinheiro da Odebrecht do apoio de partidos para reeleger Dilma foi o quê?

Como o PT chegou ao poder com Lula? Dizendo que era diferente dos demais partidos. Foi diferente ou fez tudo igual e até pior? Agora, suplica para ser visto pelo menos como um partido igual aos outros. Dá pena. Não dá.

Para quê Lula quer voltar? Por acaso admite que errou feio ao ceder às tentações do poder? Por que achar que ele não cederia outra vez?

Lula nega que o mensalão existiu. Nega que soubesse do petrolão. Nega que o sítio, de uso exclusivo da família Lula da Silva, fosse seu. Quanto à reforma do sítio paga pelas construtoras, tudo não passou de cortesia. Dá para acreditar? Convença Moro primeiro!

Lula fez um monte de coisas erradas, e depois sugere que se for punido será uma clara violação das regras democráticas.

Numa democracia, a última palavra é da Justiça. Não foi para ela que Dilma tanto apelou em defesa do seu mandato?

Ora, vão lamber sabão! E sabe de uma coisa? Já irão tarde. Como os demais.

JESUS ENCONTRA MAOMÉ NO PARAÍSO

-E aí Maomé, como vai?
-Posso dizer que estou bem, ainda tenho comigo mil virgens.
-Mil virgens?
-Sim, mil virgens, pois faz séculos que não pego ninguém. Broxei! 

ORAÇÃO DO ATEU

“Pai nosso que estais no céu levai todos os cristão até aí e deixai para esse pobre ateu aqui na terra todo o dinheiro do Vaticano. Amém.”

SANTO GUERREIRO

FILHO DE BOLIVARIANO É FOGO

-Papá, Comandante Maduro é um guerreiro?
-Sim, um santo guerreiro, como São Jorge.
-Mas papá, se ele é como São Jorge, por que o dragão da inflação venezuelana continua vivo?

RELIGIÕES E MENINOS

Um menino católico e um menino muçulmano estavam conversando e o menino católico disse: "Meu padre sabe mais do que o seu imã." O menino islâmico disse: "É claro que ele sabe,  você lhe contar tudo." 

LEITORES

O Brasil excede em leitores. Leitores de rótulos de cerveja.

CORRETOR ESPIRITUAL HELLYR MACEDO

O paraíso já está quase lotado e os preços são absurdos, fora da realidade. Mas há bons lugares no purgatório por preços generosos.

PODER

BRASIL: A alternância no poder ocorre para que tudo fique um pouco pior. Isso acontece desde 1889.