quinta-feira, 3 de outubro de 2019
INGÊNUO
Navega nas nuvens do pensar o ingênuo salvador do mundo de soluções simplistas
Crê ele ser possível mudar o homem apenas com boa vontade
Como também erguer fogueiras na floresta sem queimar madeira.
DEMAIS
DEMAIS
Serpentes nas paredes
Esquilos saindo da televisão
Um jacaré na banheira
Baratas fritas e salgadas postas mesa
Um canguru consertando o encanamento
Um urso e um tigre jogando baralho na varanda
Macarrão de minhocas em molho branco
Carne em alho e óleo diesel
Bichos da goiaba em duelo de espadas
Minha sogra dando um elogio
Meu cunhado indo trabalhar
O vizinho carrancudo dizendo bom dia
Um político de um partido político honesto na porta
Mulher pode dobrar a dose do remédio
Senão enlouqueço
São muitas alucinações para um homem só.
PORTO FINAL
PORTO FINAL
Sentado na sua cadeira de palha absorto está o ancião Demétrio
Dentro do seu cérebro colidem lembranças do passado
Lágrimas
Emoções
Alegrias
Urubus e pássaros azuis
Navegar foi preciso e Demétrio navegou
Encarou seus medos e seguiu em frente
Agora seus olhos brilham relembrando os mares da vida percorridos
Enquanto espera para ancorar no porto final.
NECESSIDADE DA MORTE- ARTHUR SCHOPENHAUER
A individualidade do homem tem tão pouco valor que nada perde com a morte; há alguma importância nos característicos gerais da humanidade, que são indestrutíveis. Se concedessem ao homem uma vida eterna, sentiria tanta repugnância por ela que acabaria desejando a morte, farto da imutabilidade de seu caráter e de seu ilimitado entendimento. Se exigíssemos a imortalidade perpetuaríamos um erro porque a individualidade não deveria existir, e o verdadeiro fim da vida é livrar-nos dela. Se não houvesse penas e trabalhos, acabaria o homem por enfastiar-se, e voltaria a sofrer as dores do mundo em tudo o que se encontrasse ao seu alcance. Num mundo melhor o homem não se sentiria feliz, o essencial seria fazer com que ele seja o que não é, isto é, transformá-lo completamente. A morte realiza a principal condição; deixar de ser o que é; tendo isto em conta, concebe-se-lhe a necessidade moral. Ser colocado noutro mundo, e mudar inteiramente de ser, é no fundo uma só e mesma coisa. Seria conveniente que a morte, que destruiu uma consciência individual, a reanimasse de novo dando-lhe uma vida eterna? Qual o conteúdo, quase invariável desta consciência? Uma torrente de ideias e preocupações mesquinhas, acanhadas, terrenas. Melhor seria deixá-la repousar eternamente.
SEU TRAJANO
...E como
perguntava seu Trajano, velho marinheiro octogenário, aposentado e já sem
pernas, um olho furado, orelhas mordidas por piranhas do Amazonas, que morreu
muito lúcido: “Para que servem os governantes além de cobrar impostos e nos roubar?
”
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