segunda-feira, 25 de setembro de 2017


“Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? Penso que primeiro foi a galinha, depois o ovo cozido, mais tarde o ovo frito e por fim a omelete.” Climério)

“Estou sem cartaz até na terceira idade. Vou começar a pescar e a jogar dominó.” (Climério)

“Dor de corno é passageira. Duro mesmo é sofrer de enxaqueca.” (Climério)

“Está assim de mulher feia pondo chifre. Pelo jeito quem vê perereca não vê cara.” (Climério)

“Quando criança tive tantos pesadelos com o demônio que com o passar do tempo eu de tanto medo dormia dentro de uma banheira com água benta.” (Climério)

QUEM SOU EU?


Uma pequena luz surgiu e ele começou a ter consciência de si. Perguntas fazia sem ter noção de como aprendeu a fazê-las... Quem sou eu? Que lugar é este? O que estou fazendo aqui? O que é mãe? Onde está a minha mãe? Tenho pai? Quem é o meu pai? Tenho um nome? Qual será o meu nome? Apertado dentro da casa queria sair correndo, mas como correr se não tinha pernas, se estava dominado por cordas? Sentiu um pulsar de um coração, bem próximo, alguém o tirando do sufoco da casa, deixando-o menos apertado e sufocado. Viajou pelo ar e quedou-se dentro de um enorme lugar escuro, de cheiro um pouco azedo e viu que lá existiam outros como ele, mas silenciosos, não faziam qualquer movimento ou barulho. Na escuridão fazia mais perguntas , queria saber...Que cheiro é esse? Por que ninguém fala comigo? Deus existe? Por que este lugar é tão abafado? Quem é Madona? Estou desesperado, quero sair daqui! Impostos, o que são impostos? Jesus, cadê Jesus? Serei ateu? Por que tenho quatro furos no peito? As perguntas não cessavam e acabaram irritando um zíper de calça jeans que também estava no mesmo cesto de roupa suja. O zíper foi duro: ‘Cale-se imbecil! Você é apenas um botão de quatro furos que agora raciocina, vivendo sua vidinha miserável numa camisa de flanela xadrez! Basta!’

SUSYLAN


Hermes sofria bullying na escola por causa dos seus braços compridos, sendo que os cotovelos davam nos joelhos. Então no Dia dos Namorados, tremendamente aborrecido com todos os seus colegas de escola, vizinhos e outros, subiu no telhado de casa tendo nas mãos um pano escuro. Então esticou os braços até onde pode e cobriu a lua completamente. Foi o Dia dos Namorados mais sem graça em toda história de Susyland.

MISSA PARA NUDISTAS


O padre Renato inovou de vez. No domingo apareceu no altar para rezar a missa completamente nu. Pediu a todos que fizessem o mesmo. A igreja ficou vazia. Reclamações chegaram ao bispado. Interpelado pelo bispo disse: “Eu só queria inovar; imagine as manchetes: Padre Renato realiza a primeira missa de nudistas no Brasil! Não seria um estouro?” O bispo não deve ter achado um estouro, tanto que mandou o padre inovar em Angola.

OFERECIMENTO


Mui longevo na vida, com expressão maltratadas pelo tempo, seguia Renato pela estrada poeirenta e vazia no final de uma tarde de verão. Na encosta do mato surgiu uma moçoila desconhecida na flor dos seus dezoito anos, que erguendo o vestido mostrou a entrada da gruta e todo o oferecimento do mundo, dizendo estar mais do que necessitada de um acasalamento. Renato parou, analisou e disse-lhe: “Vejo que és linda mulher, tanto de face como de corpo. Observo também tua educação e fineza pelas palavras bem pronunciadas que dizes, além da bondade de oferecer tanto tesouro a um bode velho. Mas te aconselho a seguir em frente, sendo das opções a atitude mais sábia, antes de acabar se enraivecendo com nós dois por causa de um brinquedo murcho”.

MAIS ÁGUA SUJA


Tive um pesadelo. Todos os eleitores do PT estavam afogados no fundo de um lago podre. Mas eles mesmo estando afogados gritavam e agitavam bandeiras. E por incrível que pareça pediam por mais água suja.

OS PERDIDOS E O DEMÔNIO

Três caçadores de tesouros estavam perdidos e dormiam sob estrelas no deserto; passavam frio. Ouviram então um barulho e perguntaram- “Quem vem lá?” – Saindo de dentro da escuridão uma voz respondeu.
“É o demônio.”
O mais velho deles disse.
“Traz fogo camarada?”
O diabo respondeu.
“Trago muito fogo.”
“Então se aproxime sem medo que não irei te passar no chumbo.”
E foi assim que o demônio passou a noite bebendo, contando causos e comendo carne seca na maior alegria junto da fogueira como se fossem velhos companheiros. Pela manhã foi embora dizendo.
“Até um dia rapaziada! Quando chegarem por lá peçam por mim!

MULA-SEM-CABEÇA


Após vinte anos de pesquisas em todo o território brasileiro o professor Martin Roney chegou à conclusão que não existe mula-sem-cabeça. Mas salientou que há os socialistas, o que vem ser a mesma coisa.

DISTRAÍDO


Belo domingo de sol, os amigos Paulo e Anselmo foram passear de balão. Paulo sempre ligado e Anselmo mui distraído. Quando o instrutor mandou aliviar o peso Anselmo prontamente se jogou do balão. Paulo sofreu um infarto e o instrutor um AVC. Anselmo caiu sobre um monte de feno, saiu ileso e foi ao enterro dos dois. De paletó e gravata, só de cueca e sapato de bico fino.

PUTA QUE PARIU


Ontem à tarde estava eu numa estrada poeirenta no interior de Arapiraca, sujo e irritado com o calor, encostado num poste aguardando pelo ônibus quando pousou na estrada um objeto voador e dele saiu um ser estranho que perguntou se eu queria ir para algum lugar específico que eles me dariam carona. Respondi que desejava ir para a casa do diabo lá na puta que pariu. Então ele me respondeu que a Venezuela estava fora do itinerário. Foi então embora e sumiu entre as nuvens.

MOISÉS


Moisés, podemos dizer, nasceu ladrão. Não tinha sete anos e já roubava bolas de gude, figurinhas e gibis dos amiguinhos. Adolescente, cigarros e bebidas. Um dia seu pai cansado de tudo, pois era um homem de bem, cortou fora suas mãos para que parasse com as gatunagens. Não adiantou. Moisés passou a roubar com os pés.

“A teta do estado não dá mais conta de dar leite para tantos terneiros. E a fila dos que estão de beiço pronto para entrar é grande.” (Eriatlov)

“Maçã podre? Pois é, aqui no Brasil até o cesto deveria ir para o lixo.” (Eriatlov)

“Ator global é sinônimo de pobreza intelectual. Não sabe interpretar a história tampouco a realidade que o cerca.” (Eriatlov)

“Quero reencarnar noutro lugar. O Brasil não é para saudável para impacientes. “ (Climério)

“Todos os homens têm defeitos. Porém alguns só têm isso.” (Climério)

“As religiões se sustentam na mentira. Se pararem de mentir elas desaparecerão.” (Climério)

Francisco Ferraz, Estadão - Perturbador viver numa sociedade em que todos os principais valores são contestados

A crise. Ainda há o que dizer sobre ela?
Perturbador viver numa sociedade em que todos os principais valores são contestados
Francisco Ferraz*, O Estado de S.Paulo
24 Setembro 2017 | 05h00
Há qualquer coisa de muito assustador que tomou conta da política brasileira e ganha vulto a cada semana. Não há precedente na nossa História para a falta de escrúpulos, a ilegalidade assumida como procedimento normal, a desfaçatez no uso de chicanas e tecnicalidades jurídicas para proteger o autor do crime, para tornar o crime aceitável, normal (todos os cometem), justificável (projetos sociais) e inconclusivo. Também não há precedentes para a duração da crise política, para a amplidão de seu alcance, para o prejuízo moral dos titulares e das instituições da mais alta hierarquia do País.
Há qualquer coisa de muito perturbador quando percebemos que passamos a viver numa sociedade em que todos os principais valores são contestados. Em que a cada semana somos surpreendidos por novas frentes da mais deslavada corrupção de que se tem notícia no País e no mundo.
O juiz Sergio Moro e a equipe de procuradores e policiais federais de Curitiba estão registrando nos anais mundiais que o Brasil não é só o país com o maior escândalo de corrupção. É também o país que com maior competência vem enfrentando e derrotando a corrupção entranhada nas suas instituições.
Há dois aspectos desta crise que são insólitos e aumentam expressivamente sua gravidade. Um deles – e por certo o mais grave – é o fato paradoxal de que a saída da crise está em mãos dos mesmos que a produziram.
Há um esforço hercúleo para encontrar caminhos para superar a crise sem deixar de comodar um sem-número de situações pessoais. Há uma imensa dificuldade para navegar em meio a negociações de interesses, desviando de vetos grupais. Há enorme incerteza sobre que protagonistas sobreviverão aos processos judiciais, investigações, inquéritos, denúncias. Há muitos “jogadores” com fichas suficientes para permanecer no jogo, alguns com poder para vetar as iniciativas de outros, embora não para realizar as suas.
Há uma confusão absoluta na definição de quem é governo e quem é oposição; quem está na base e quem não está, em relação a cada uma das matérias mais sensíveis politicamente. Há a oposição convencional, a oposição oportunista, a oposição ideológica do PT e das esquerdas. Há o processo de antecipação da campanha presidencial, ilegal pela letra da lei, mas aceita por todos os pré-candidatos e que interfere nas decisões de curto prazo que precisam ser tomadas para recuperar economicamente o País.
Em suma, o processo político é caótico, embora a economia tenha obtido espaço próprio, relativamente independente da crise política, o que inegavelmente é mérito do governo Temer, apesar da fragilidade que o caracteriza.
O outro componente igualmente grave da crise é a intensa radicalização do conflito entre esquerda e direita. Esse conflito atravessou a camada política, contaminando os segmentos sociais com peculiar agressividade e hostilidade. O ódio está presente em ambos os polos do conflito, cada vez mais radicais, intransigentes e excludentes.
A política entre nós foi envolvida e contaminada por essa inédita agressividade, a indicar a presença do ódio, sentimento que deforma, rebaixa e arrasta a política para o mundo hobbesiano do homem lobo do homem. Os principais responsáveis por este clima de hostilidade não são operários, trabalhadores em geral, nem são os desempregados. São os intelectuais, professores, jornalistas, políticos, funcionários públicos, estudantes que por pronunciamentos e atitudes alimentam diuturnamente esta guerra civil virtual com suas batalhas nas ruas.
Dois vetores políticos agravam sobremaneira a crise: a fragilidade do governo Temer e a incapacidade do PT de absorver e processar sua derrota com competência. O governo Temer apresenta uma paradoxal condição: fragilidade política combinada com conquistas na administração da economia do País e hábil negociação com o Legislativo. Historicamente, um governo politicamente fraco não conseguia vitórias no Legislativo para enfrentar uma crise econômica. Temer está conseguindo isso, ao mesmo tempo que esgrima com surpreendente vigor, persistência e habilidade sua sobrevivência no poder.
O outro vetor político que agrava a situação de crise é a manifesta dificuldade do PT de absorver e processar sua derrota nos processos da Lava Jato e na sua dependência absoluta de Lula. Para a esquerda, a revolução havia sido ganha... (Não estavam no poder?) Só a democracia atrapalhava a implantação cabal do seu projeto de poder. Por isso ganhar a eleição era decisivo.
Pois a eleição foi ganha “fazendo o diabo” e logo a seguir perdida; não apenas a eleição, mas o poder. A impressão que o PT e as esquerdas passaram desde então foi sua inabalável crença de que seu projeto político havia ultrapassado a “taprobana”, já se havia instalado no poder, e por inabilidade de Dilma e “furor persecutório” dos inimigos – em especial do que chamam de república de Curitiba – dele foi desalojado, impedindo-o de completar o que considerava “uma revolução em curso”.
Essa forma de conceber uma derrota tida como inaceitável expressa, por sua vez, um sentimento de ser titular de um direito inalienável ao poder político, perene, exclusivo, absoluto e legítimo, que dele só poderia ser subtraído de forma ilegítima, por um “golpe”, se não militar, um golpe parlamentar. Por outro lado, embora previsivelmente, também explicaria a rejeição a fazer uma rigorosa autocrítica, pensar alternativas, virar a página do lulismo, assim como a postura reacionária de querer fazer, por qualquer manobra possível, voltar atrás a História e recomeçar de onde foi forçado a parar. Repete-se assim um traço comportamental peculiar à esquerda na nossa História: quanto mais fraca politicamente fica, mais radical se torna.
Esse conjunto de sentimentos explicaria também não apenas o ódio das esquerdas, mas os traços visíveis que o acompanham: a fixação no passado, o ressentimento, a negação da realidade e o radicalismo.



*PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA, EX-REITOR DA UFRGS, PÓS-GRADUADO PELA UNIVERSIDADE DE PRINCETON, É CRIADOR E DIRETOR DO SITE POLÍTICA PARA POLÍTICOS

“Antes um pouco doido que um parvo.” (Climério)

“O Brasil é um fruto lindo. Uma pena que tenha tanto bicho.” (Climério)