quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Instituto Liberal-Falácias marxistas: o exército industrial de reserva

Falácias marxistas: o exército industrial de reserva

Por que existe desemprego?
Por que existe desemprego?
Imagine um mercado de limões. O preço do limão é determinado de acordo com a oferta e a demanda. Se a oferta aumenta, o preço cai. Se a oferta diminui, o preço sobe. Digamos que o preço de equilíbrio seja quatro reais o quilo. Para esse preço, não existe excesso nem de oferta, nem de demanda. Suponhamos agora que o governo, para favorecer os consumidores, estipule um preço de três reais o quilo. Qual será o resultado? Haverá escassez de limões no mercado. Imagine agora o contrário. O governo, para favorecer os produtores, tabele o preço do limão em cinco reais. O que vai acontecer? Haverá excesso de oferta, irão sobrar limões no mercado. Qual lição podemos tirar desse exemplo tão simples? Fácil, que os preços, salvo algumas exceções, devem se formar no mercado.
Esse exemplo, tão singelo, serve também para o mercado de trabalho? Sim, o mercado de trabalho não é muito diferente do mercado de limões. Oferta e demanda se ajustam em um preço de equilíbrio. O desemprego somente vai ocorrer se houver intervenção nesse mercado – seja do governo, seja dos sindicatos. Resumindo, o desemprego persistente tem sempre uma natureza institucional.
Vamos em frente. Avanço tecnológico gera desemprego? Se você respondeu sim, sugiro que volte e comece a ler o texto desde o início. A tecnologia gera transformações no mercado de trabalho, mas não desemprego. Por exemplo, até meados dos anos 1950, a maior parte da população brasileira vivia no campo. Com a mecanização da lavoura, essa mão-de-obra se deslocou para a indústria. E, posteriormente, com o avanço da automação e da robótica, os trabalhadores começaram a migrar da indústria para o setor de serviços.
Eu poderia dar vários exemplos aqui, mas vamos ficar com somente um. Como o avanço da informática impactou o mercado de trabalho? Ele criou mais postos de trabalho ou diminuiu? O avanço da tecnologia funciona sempre da mesma forma. Ele aumenta a demanda por mão-de-obra mais qualificada e diminui a demanda por mão-de-obra pouco qualificada. Com o desenvolvimento da informática, surgiu uma demanda por novos profissionais: programadores, técnicos e analistas. Por outro lado, diminuiu sensivelmente a demanda por datilógrafos e auxiliares de escritórios.
No século XIX, Karl Marx disse que o avanço da maquinaria, ou a substituição do homem pela máquina, gerava um excedente de desempregados, que ele chamou de exército industrial de reserva. Ou seja, o capitalismo, pela sua própria natureza, cria um contingente de trabalhadores inativos. Esse exército de desempregados faz com que os salários permaneçam baixos e inibe os trabalhadores empregados de reivindicarem aumentos.
Essa compreensão acerca do funcionamento de uma economia de mercado é muito tosca, mesmo levando-se em consideração a época em que Marx viveu. Não sabemos nem nunca saberemos se Marx de fato acreditava nessa tolice ou se queria ardilosamente, por meio dela, insuflar trabalhadores numa luta contra o capitalismo.
O avanço da tecnologia – ou, a substituição do homem pela máquina – não gera desemprego. Todo desemprego é gerado por normas intervencionistas elaboradas pelo governo ou pelos sindicatos.
Por incrível que pareça, a teoria de um exército industrial de reserva, de tão fácil refutação, atravessou séculos e continua viva até hoje, em pleno século XXI. Socialistas ainda costumam dizer que os trabalhadores ganham pouco porque o capitalismo gera um contingente de trabalhadores desempregados. É incrível a capacidade que o ser humano tem de criar suas próprias fantasias e acreditar nelas. Que realidade mais azeda essa! Tão azeda quanto um limão.

O Futuro sombrio que nos aguarda

Há quatro anos, depois da eleição de Dilma Rousseff, me pediram para fazer uma previsão de como seria a economia durante o governo que se iniciaria dali a pouco.  Escrevi então este artigo com as minhas avaliações sobre o futuro que nos aguardava naquele primeiro mandato.  Lendo-o agora, acho que acertei mais do que errei.  Abaixo, seguem as minhas previsões para o próximo mandato.
inflação já começa a sair de controle de forma bastante nítida.  O realinhamento das tarifas públicas – principalmente energia elétrica e combustíveis -, congeladas demagogicamente durante o ano eleitoral, combinado com a forte alta do dólardeverão impulsionar os índices de preços a patamares que não se vêem há anos, ainda que o Banco Central continue, como previsto, a aumentar a taxa de juros(SELIC).  Aliás, eis aqui um dos paradoxos da atual política econômica.  Enquanto Joaquim Levy se esmera numa tarefa hercúlea para tentar cortar alguns gastos durante o dia, o Banco Central – tal qual uma Penélope – aumenta os juros na calada da noite.  No fim das contas, malgrado devamos ter um superávit primário maior que no ano passado, não é de todo improvável que teremos um déficit fiscal nominal também maior.
Por outro lado, a Operação Lava-Jato – que além de manter presos os cabeças das principais empreiteiras do país, as torna provisoriamente impedidas de contratar com a administração pública – deverá ocasionar uma retração fortíssima nos setores da construção civil e de infraestrutura, que têm como característica serem intensivos de mão-de-obra.  Várias são as empreiteiras que já começam a demitir pessoal e atrasar pagamentos a fornecedores e bancos.
Vale destacar que, graças a uma política governamental estúpida de promoção decampeões nacionais, o setor de infraestrutura é altamente concentrado no Brasil, um oligopólio nas mãos de meia-dúzia de mega empresas cuja eventual bancarrota afetará sobremaneira toda a economia, já que, atrelado a ele, direta ou indiretamente, encontra-se boa parte da cadeia produtiva, inclusive o setor bancário, que, pelo menos até agora, tem passado incólume pelas últimas crises.
Isso sem falar na redução dos investimentos da Petrobras, o carro-chefe (talvez fosse melhor dizer carro alegórico) da economia brasileira, responsável por muitas das grandes obras em andamento no país, algumas das quais já foram descontinuadas, enquanto outras estão em processo de paralisação.  Para piorar o quadro, nosso mercado é caracteristicamente fechado, protecionista mesmo, o que dificultará a contratação de empresas estrangeiras em curto prazo, seja para substituir as grandes empreiteiras, seja para bancar os investimentos que a Petrobras não terá como fazer. Escurecendo um pouco mais horizonte, não podemos esquecer o provável rebaixamento do rating brasileiro para grau especulativo – o rating da Petrobras acaba de ser rebaixado pela Agência Moody’s -, o que tornaria ainda mais complicada a atração de investimentos estrangeiros diretos (IED).
Outro setor importante na formação do PIB que já sofre com a retração das vendas (mantidas artificialmente altas durante um bom tempo graças à ajudinha do governo) é o automobilístico, onde já pipocam greves e férias coletivas.  Pelo menos por enquanto, em razão do esforço de Levy para cortar gastos, não é prudente prever desonerações tributárias para incentivar uma nova onda de “demanda artificial” nesse segmento.
Devido à alta dos juros e à expectativa de uma recessão, é provável que aconteça alguma redução da oferta de crédito ao consumidor, que se tornará, no mínimo, mais seletivo, causando alguma retração no consumo das famílias, afetando especialmente o comércio varejista e os serviços, responsáveis pelo maior peso do PIB atualmente – nos últimos anos, era o setor de serviços, juntamente com a agricultura, que vinha compensando o fraco desempenho da indústria.
Ademais, é de se duvidar da manutenção de Joaquim Levy no cargo de ministro da fazenda por muito tempo.  Com a exacerbação do confronto político e a eclosão das manifestações de rua contra o governo, principalmente diante de um quadro econômico recessivo, é bem capaz de Dilma – a vossa presidenta economista – querer tomar as rédeas da política econômica novamente para si e proclamar a volta do desenvolvimentismo caboclo, digo, “unicampista”, pelo qual alguns próceres petistas mantêm uma veneração quase dogmática.  Aí, meus caros, seja o que Deus quiser… Some-se a tudo isso os nada improváveis racionamentos de energia e água (este último restrito à Região Sudeste), e estamos diante de uma tempestade perfeita.  Infelizmente será uma tempestade apenas metafórica e não ajudará em nada a melhorar os níveis dos nossos reservatórios.
Em resumo, não seria exagero prever que, pelo menos durante os próximos dois anos – graças às políticas populistas e demagógicas executadas irresponsavelmente nos últimos dez -, seremos vítimas de uma combinação nefasta de inflação alta e estagnação (senão recessão) prolongada.  Portanto, minha sugestão aos brasileiros precavidos é que se preparem para a carestia e o desemprego, além de muito confronto nas ruas, pois o truculento Lula já garantiu que o bolivarianismo tupiniquim não largará o osso sem rosnar.
Espero sinceramente estar equivocado, mas acho difícil.

O fim de uma democracia ou nota de solidariedade ao povo venezuelano

O fim de uma democracia ou nota de solidariedade ao povo venezuelano

Venezuela2Começo a escrever esse artigo sem decidir o seu tom. Não sei se devo usar frios argumentos ou apelar para a emoção porque, de fato, escrevo efetivamente inflamada de indignação com o que está acontecendo na Venezuela e com a cumplicidade do governo brasileiro e do povo brasileiro – não apenas os que apoiam o atual governo (pois há críticos do governo Dilma que são alinhados com a ala mais radical do PT), mas todos que ainda defendem essa maldita ideologia que justifica a ditadura na qual vive o país vizinho.
Fui dormir depois de ter visto pelo twitter o assassinato do estudante de 14 anos e tive pesadelos com a imagem da sua cabeça esfacelada. Com ele, são seis o número de estudantes assassinados com um tiro na cabeça na Venezuela em menos de dez dias. Diante do meu alarme, o meu marido me disse: “e daí, morreu ontem um aqui em Messejana (bairro da periferia de Fortaleza) e também me mandaram o vídeo. O mundo é uma porcaria.” A contra-argumentação me lembrou outra que ouvi por ocasião da minha indignação em relação aos atentados terroristas contra os cartunistas do Charlie Hebdo: “E daí? Quantas pessoas são assassinadas no Oriente Médio?”. Qual o problema dessas contra-argumentações? Elas são uma crítica velada à nossa sensibilidade natural, a capacidade humana de se indignar e de sofrer diante de uma injustiça, além de oferecer, por outro lado, um perigo de banalização do mal.
Há alguns anos, quando ainda era uma jovem estudante de graduação em Filosofia, escrevi um ensaio que abordava um episódio narrado por Camus no livro O homem revoltado. No capítulo intitulado Os assassinos delicados, o jovem terrorista, revolucionário e poeta Kaliaiev – determinado em nome da causa da revolução a atirar-se sob os cascos dos cavalos do ministro que deveria assassinar – recusa-se a matar as crianças que se encontravam na carruagem do grão-duque. Que sentimento momentâneo e imperioso foi esse capaz de impedir o desfecho ideal do ideal de uma vida? Que sentimento foi esse capaz de se sobrepor ao espírito de rebeldia e revolta? Foi o espírito de compaixão. Foi o que não teve ontem o agente da Guarda Nacional Bolivariana (KGB) que atirou na cabeça do garoto Kluiver Rua, ontem no estado de Táchira, na Venezuela. Compaixão é um sentimento do qual o atual ditador Maduro está desprovido e senso moral ou bom senso é o que está faltando aos estadistas que ainda não se manifestaram contra as loucuras desse delinquente embriagado pelo poder.
O mal não se justifica. E, nesse momento, enquanto digito, vou mudando o rumo do texto que escrevi a punho. Nas próximas linhas eu mostraria de que forma a Venezuela chegou a esse ponto, de que modo o ideal da revolução bolivariana serviu de pretexto para a destruição das instituições da democracia liberal garantida pela constituição venezuelana, cedendo lugar ao poder arbitrário de homens malucos a partir de um discurso populista hipócrita que apregoava um aprofundamento da democracia, como se a democracia não fosse essencialmente um equilíbrio incompatível com uma radicalização: um equilíbrio garantido pela divisão de poderes e pela autoridade da constituição. Tentaria em seguida mostrar como, no Brasil, o processo é semelhante e quão patética, quando não perigosa, é a encenação do espetáculo protagonizado ontem por Lula e que se chamou “ato em defesa da Petrobras”, cujo objetivo era desmoralizar a Polícia Federal, um dos poucos órgãos que atua com independência e que ainda não foi engolido pelo PT. Faria ainda notar que, caso o PT consiga o seu intento de sabotar a operação Lava Jato, dias tenebrosos virão.
No entanto, não me vem ânimo para escrever tudo isso. Meu estado de espírito é outro. Gostaria apenas de me solidarizar com as mães dos estudantes assassinados, com os estudantes que hoje vão às ruas novamente arriscar suas vidas, com as esposas e filhos dos oposicionistas sequestrados e com os guerreiros e guerreiras que, a exemplo da deputada Maria Corina Machado, vão continuar lutando. Exponho também meu total desprezo ao governo brasileiro, alertando que qualquer postura que ele venha a ter em relação a esse problema será uma concessão política à pressão da oposição porque a ideologia que cega os ativistas do PT e da qual se servem os seus dirigentes é a ideologia da justificação do mal. O mal que mais uma vez está diante de nossos olhos e cuja análise e crítica os intelectuais de esquerda deixarão para os historiadores do futuro enquanto continuarão se ocupando da nossa ditadura que passou.

Sobre o autor

Catarina Rochamonte
Doutoranda em Filosofia pela UFSCar
Catarina Rochamonte é graduada em Filosofia pela UECE (Universidade Estadual do Ceará), mestre em Filosofia pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), doutoranda em Filosofia pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos); é escritora e jornalista independente.

“Um estúpido sempre dorme bem, pois tudo o que importa é estar de barriga cheia.” (Eriatlov)

“Se você acha que sexo é ótimo, talvez você nunca tenha comido pudim.” (Fofucho)

“Religião é algo que quando não arrebenta o seu bolso faz estragos na sua mente.” (Filosofeno)

“A CNBB é um clube marxista. Clube dos sem-serventia, pois adeptos de uma causa que é contrária à natureza do ser que é coletivismo forçado. Deveriam ser postos a trabalhar de verdade e pagar impostos.” (Eriatlov)

GOVERNO DILMA: CNBB ABSOLVE OS PECADOS? OAB AFIRMA A INOCÊNCIA? por Percival Puggina. Artigo publicado em 25.02.2015

As duas entidades lançam na manhã desta quarta-feira um Manifesto em Defesa da Democracia. Por que? Porque segundo ambas, a democracia está em perigo devido às "graves dificuldades político-sociais" enfrentadas pelo país. A nota em que divulgam o evento reafirma a importância da ordem constitucional e da normalidade democrática. A saída para a crise passa pelo que denominam uma urgente "Reforma Política Democrática para corrigir tais distorções que ameaçam a democracia e cerceiam a participação efetiva do povo nas decisões importantes para o futuro do país". Sempre que esse pessoal fala em povo, reitero, estão falando apenas de si mesmos.
 Blá-blá-blá. O que a CNBB e a OAB pretendem é socorrer o governo petista que meteu pés e mãos no lodaçal da corrupção. Vêm em auxílio de quem levou o país do nanismo diplomático para o nanismo econômico. Propõem-se a ajudar a presidente, a mesma senhora que, falando em tom irônico, como se tivesse descoberto a senha que abre os portões da Papuda, atribuiu os escândalos da Petrobras a supostas omissões de FHC em 1996. Feito! Não é bela e pura, a Brasília oficial, estrelada, togada, prelada ou engravatada? Tudo se passa como se de 2003 a 2015, o governo petista, inspirado no regime de partilha e nos contratos de exploração do pré-sal, não houvesse instituído um regime paralelo de partilha e abonado contratos de exploração dos recursos da empresa entre os partidos da base e seus prepostos.
Nesta quarta-feira, CNBB e OAB procurarão tirar a corrupção dos ombros dos corruptos e jogá-la em quem não pode ser algemado: o modelo político adotado no país. A primeira entidade absolverá os pecados? A segunda fará prova da inexigibilidade de outra conduta? Ou seja, a mensagem resultante é a de que os malfeitos ocorrem pela falta de uma reforma política e em nome da governabilidade (andaram lendo o Luis Nassif). Ora, senhores, sobre isso eu já escrevi tantas vezes! Com uma diferença essencial: ao afirmar que nosso modelo institucional é corrupto e corruptor, ficha suja, eu jamais me vali disso para lavar e enxaguar a ficha individual de quem quer que seja. Uma coisa é uma coisa e outra coisa, etc. e tal.
E tem mais. A CNBB, ao opinar sobre Reforma Política, fala do que não entende nem tem o dever de entender. Mas a OAB tem obrigação de saber que não será alterando as regrinhas sobre financiamento de campanha e mudando o modo de eleição parlamentar que vamos remover os principais vícios de um modelo político que mistura Estado, governo e administração, transformando as funções públicas em capital político, para render juros e correção monetária aos partidos do poder.
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“Casei-me por dinheiro e a medicina não me deixa ser feliz. Acho que o velho irá viver mais que Fidel Castro.” (Eulália)

“Sou um poço sem virtudes.” (Limão)

“A pior desgraça para o ser humano é o tédio.” (Filosofeno)

“Prostitutas são mais necessárias à sociedade que os clérigos.” (Pócrates, o filósofo dos pés sujos)

“Melhor que sexo só mesmo pudim de pão.” (Chico Melancia)

Do baú do Janer Cristaldo-SOBRE A VENTURA DE SER PRESIDIÁRIO NA NORUEGA

quinta-feira, junho 28, 2012
 Rafael Piaia me envia um link da revista eletrônica Consultor Jurídico, no qual João Osório de Melo, correspondente nos Estados Unidos, nos mostra as idílicas prisões da Noruega, país que consegue reabilitar 80% de seus criminosos. Transcrevo a descrição da Halden Fengsel:

Qualquer projeto de construção de edifícios, na Noruega, reserva pelo menos 1% do orçamento para a arte. A construção da prisão de Halden foi concluída com obras do artista grafiteiro Dolk em um muro do pátio e toilettes, que incluiu mais de R$ 2 milhões no orçamento. As paredes dos corredores do prédio são cobertas por quadros enormes, de flores a ruas de Paris, e azulejos de Marrocos. A prisão foi construída em uma área de floresta, em blocos que "servem de modelo ao chique minimalista", descreve a BBC. A prisão já ganhou prêmios de "melhor design interior", com uma decoração que tem mesas de laminado branco, sofás de couro tangerina e cadeiras elegantes espalhadas pelo prédio. 

A prisão tem ainda estúdio de gravação de músicas, ampla biblioteca, chalés para os detentos receberem visitas da família, ginásio de esporte, com parede para escalar, campo de futebol e oficinas de trabalho para os presos. Tem trabalho (com uma pequena remuneração), cursos de formação profissional, cursos educacionais (como aulas de inglês para presos estrangeiros, porque os noruegueses em Halden já são todos fluentes). No entanto, a musculação não é um esporte permitido porque, segundo os noruegueses, desperta a agressividade nas pessoas. Promover muitas atividades esportivas, educacionais e de trabalho aos detentos é uma estratégia. "Presos que ficam trancados, sem fazer nada, o dia inteiro, se tornam muito agressivos", explica o governador da prisão de Halden, Are Hoidal. "Não me lembro da última vez que ocorreu uma briga por aqui", afirma. 

Dizer que um criminoso já está atrás das grades pode ser uma afirmação falsa. As celas da prisão de Halden não têm grades. Têm amplas janelas, com vistas para a floresta, e bastante luminosidade. As celas individuais são relativamente maiores do que a de muitos hotéis europeus, têm uma boa cama, banheiro com vaso sanitário decente, chuveiro, toalhas brancas grandes e macias e porta. Tem, ainda, televisão de tela plana, mesa, cadeira e armário de pinho, quadro para afixar papéis e fotos, além de geladeiras. Os jornais dizem que, de uma maneira geral, são acomodações bem melhores do que quartos para estudantes universitários nos EUA. E é normal que prisioneiros portem suas próprias chaves. 

Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos. Eles podem comprar ingredientes na loja da prisão para refeições especiais. Podem comprar, por exemplo, de pasta de wasabi para fazer sushi a carne de primeira (por R$ 119 o quilo), com contribuições de todos que se sentam à mesa — normalmente, grupos de dez. Os livros mais emprestados na biblioteca de Halden são os de culinária. Os presos também podem ir à loja para reabastecer suas geladeiras nas celas com iogurtes e queijos, por exemplo. No restaurante, membros do staff da prisão (incluindo os graduados), sempre desarmados, sentam-se à mesa com os presidiários. 

Melhor nem divulgar, Piaia. Prisão, na Noruega, oferece mais educação que milhares de escolas no Brasil. Sem falar no conforto. Imagine um pobre diabo imigrado da Somália, da Argélia ou do Marrocos. Pode viver a vida inteira em seu país e jamais terá tais luxos. Para um faminto oriundo da África, Halden é mega sena acumulada. Em uma outra prisão, na ilha de Bastoey, a vida não é menos mansa:

Os detentos vivem, em pequenos grupos, em espécies de chalés espalhados pela ilha, com quartos individuais, cozinha completa, televisão de tela plana e todos os confortos de uma casa pequena. O lugar tem uma grande biblioteca, escola, sala de música, sala de cinema, sala de ginástica, capela, loja, enfermaria, dentista, oficinas para conserto de bicicletas (o meio de transporte dos presos pela ilha) e de outros equipamentos, carpintaria, serviços hidráulicos, estábulo (onde os prisioneiros cuidam dos animais), campo de futebol, quadra de tênis e sauna. Trabalham no estábulo, na oficina, na floresta e nas instalações do prédio principal, praticam esportes, fazem cursos, pescam, nadam na praia exclusiva da "prisão" e tomam banho de sol no verão — para o inverno, há uma máquina de bronzear. 

Melhor que isso, só férias nas ilhas gregas. Com a diferença de que em Bastoy os involuntários turistas não pagam nada. O correspondente não informa, mas certamente haverá no país muito imigrante cometendo pequenos crimes - ou nem tão pequenos – para aceder ao status de prisioneiro norueguês. Em meus dias de Suécia, soube de casos inclusive de suecos que, no inverno, praticavam esses tais de crimes sem vítimas, para gozar da calefação, alimentação e conforto das prisões do país.

Obviamente, o tipo de criminalidade na Noruega é outro que não o nosso. A rigor, ninguém precisa matar ou roubar por falta de comida ou condições materiais. Anders Breivik, o maluco que matou 77 pessoas, é uma anomalia não só na Noruega como em toda Europa. Segundo o correspondente do Consultor Jurídico, foi a ação criminal contra Breivik que despertou a atenção dos americanos e do mundo para as "prisões de luxo" da Noruega. No princípio, os americanos ficaram horrorizados com a ideia de que o "monstro da Noruega" fosse parar em um estabelecimento correcional, cujas celas são bem melhores do que qualquer dormitório universitário dos Estados Unidos. Uma apresentadora de uma emissora de TV repetiu a zombaria que mais se ouvia no país: "Eu quero ir para a Noruega cometer um crime".

Mas, para consolo dos americanos, como Halden ou a ilha de Bastoey não têm alas de segurança máxima, Breivik deve permanecer na prisão de Ila, em Oslo, que já foi, no passado, um campo de concentração nazista, movimento com o qual ele se identifica. Onde certamente tampouco passará mal. 

Como as notícias correm rápido na aldeia global, certamente nossos incondicionais defensores dos direitos humanos já devem estar pensando em prisões semelhantes para os coitadinhos dos assassinos e estupradores nacionais.

Direita Miami: rumo aos Estados Unidos por longa temporada

Caro leitor, sabe qual é uma das diferenças básicas entre a esquerda e a direita? Eu digo: é que os liberais e conservadores da direita costumam viver de acordo com o que pregam, enquanto a esquerda adota a hipocrisia como estilo de vida. Não acredita? Discorda? Então permita-me dar um exemplo com minha própria vida, em comparação com aquela de meus queridos oponentes socialistas.
Sou um defensor dos Estados Unidos. Não como modelo de perfeição, pois tal coisa não existe quando se trata de sociedade de seres humanos imperfeitos. Mas como uma nação que merece todos os créditos por ter sido a grande responsável por preservar boa dose de liberdade individual no mundo, ser o farol dos ideais iluministas e um ícone do capitalismo meritocrático.
Ou seja, sou um legítimo “nascido em 4 de julho”, que sente profunda admiração pelo que a América representa, especialmente num mundo dominado pelo coletivismo autoritário. Sustento que o capitalismo é o melhor modelo, que os Estados Unidos, apesar de seus inúmeros defeitos, são um local em que se respira ares mais livres para se viver, sob um maior império das leis.
E não digo tudo isso da boca para fora. Não! Ao contrário: já visitei o país diversas vezes, e sem deixar de notar as falhas, sempre voltei admirado, lamentando o fato de que nosso querido Brasil vive preso nas armadilhas do populismo de esquerda, culturalmente asfixiado pelo jeitinho e a malandragem de quem se julga muito esperto, mas acabou por construir um país de otários. Volto de viagem invariavelmente deprimido com a clara noção do que poderíamos ser, mas não somos, por excesso de “esperteza”, por ignorância, por miopia e cegueira ideológica, especialmente das elites.
Nós, brasileiros, esquecemos os direitos mais básicos e elementares, como desfrutar da segurança no ir e vir, sair de carro sem a paranóia em cada sinal de trânsito, sem medo de uma bala perdida ou um assaltante. Somos os recordistas em homicídios no mundo, com quase 60 mil assassinatos por ano. No trânsito caótico, nas estradas esburacadas, na falta de respeito e cidadania do motorista, outros quase 50 mil perdem a vida todo ano. Mas repetimos que somos um povo pacífico!
Eu dizia acima que nós, liberais e conservadores, colocamos nossas ações onde nossas palavras estão, ou seja, agimos de acordo com aquilo que pregamos, ao contrário da esquerda, principalmente a caviar. Pois é: o leitor conhece algum desses artistas defensores do socialismo que efetivamente viva de acordo com o que prega? Conhece algum desses “intelectuais” encantados com Cuba ou Venezuela que realmente queira viver nesses “paraísos” socialistas? Claro que não! Justamente porque são hipócritas, dizem uma coisa e fazem outra, diametralmente oposta.
Não nós, admiradores do capitalismo liberal e dos Estados Unidos. Não defendemos a América nos discursos e depois vamos curtir o “paraíso” socialista em Caracas como quem não quer nada. Os nossos colegas da esquerda caviar adoram odiar o capitalismo, mas não suportam ficar longe dele. Nós defendemos o capitalismo, e queremos ficar cada vez mais perto dele. A diferença entre o embuste e a honestidade intelectual. Um abismo ético intransponível.
E tudo isso, caro leitor, foi para chegar na novidade que lhe trago: vou passar uma longa temporada longe do Brasil, pois minha mulher resolveu estudar fora e vou acompanhá-la. Não escolhemos Cuba, com aquela “educação” fantástica. Tampouco optamos por Caracas, onde a “justiça social” substituiu a ganância do capital. E também não vamos para Paris, que pode ser um charme para visitar, mas está cada vez mais decadente para se viver, exatamente pela contaminação das ideias esquerdistas de uma elite intelectual desvirtuada.
Nós vamos é para a Flórida mesmo, como tantos brasileiros decentes têm feito, cansados desse clima de subversão de valores em nossa sociedade, de doze anos ininterruptos de incompetência e roubalheira escancaradas sob a conivência de boa parte da população, dessa sensação de insegurança constante, apesar de uma das maiores cargas tributárias do mundo que somos “convidados” a pagar como “contribuintes”.
Nossa decisão é condizente com o que acreditamos: a oportunidade de estudar nos Estados Unidos é única, pois lá se aprende coisas realmente úteis, em um ambiente mais livre dos preconceitos ideológicos que pululam em nossas universidades. Sabemos que há por lá a turma gauche caviar também, os “liberais limusine” (lembrando que liberal lá é “progressista” de esquerda), que gostam de aplaudir as estultices de Michael Moore ou citar com ar de inteligente as baboseiras de Paul Krugman.
Mas é diferente. Ao contrário daqui, esses alienados ou oportunistas não se criam tanto por lá, mesmo levando em conta que conseguiram colocar um de seus representantes no comando do país. As instituições são bem mais sólidas, a cultura da liberdade individual sobrevive e está enraizada em boa parte da população, e poucos chegam realmente a questionar o capitalismo e a economia de mercado como a melhor receita disponível.
Nada muda na essência de meu dia a dia. Continuarei escrevendo no blog sobre Brasil, lutando contra o esquerdismo no Brasil, expondo as falcatruas do PT, condenando a hipocrisia de nossa elite socialista. Mas farei isso tudo de lá por um tempo, respirando ares “ligeiramente” mais civilizados e tranquilos, distante do epicentro do furacão que começa a causar maiores estragos no país, após tanto tempo de descaso e irresponsabilidade dessa quadrilha instaurada no poder. Creio que isso me dará inclusive uma perspectiva nova, e quiçá uma ousadia ainda maior.
O PT não vencerá, e o Brasil não será a próxima Venezuela. É nisso que acredito, mas não será fácil evitar o pior, não cairá em nosso colo um destino melhor. Teremos de lutar por ele, contra os inimigos da Sociedade Aberta. Precisaremos aprofundar reformas liberais, fortalecer instituições republicanas, impedir as constantes tentativas dessa gente de censurar a imprensa, solapar nossa democracia, asfixiar nossas liberdades. Continuarei sendo um soldado desta causa, longe fisicamente, mas sempre aqui em pensamento. E se tudo der certo, estarei de volta, com mais experiência na bagagem, para ver uma oposição mais organizada e corajosa colocar os petistas no olho da rua em 2018.
PS: Aproveito para deixar uma pergunta no ar: quem é John Galt?
Rodrigo Constantino

Caio Blinder- Mordaça literal e digital no mundo árabe


Mordaça literal e digital no mundo árabe

Wael Ghonim na praça Tahrir em 8 de fevereiro de 2011
Wael Ghonim na praça Tahrir em 8 de fevereiro de 2011
Onde está a Geração Facebook da Primavera Árabe? Onde está o ativista egípcio pró-democracia Wael Ghonim? Está geração está sendo amordaçada e esmagada em termos literais e digitais pelos dois lados: pela restauração de velhos regimes (como o do marechal Sisi no Egito) e pelo jihadismo.
Basta ver o que aconteceu na paisagem das redes sociais que por um tempo foi dominada pelos ativistas liberais e seculares. Agora, é um deserto controlado por clérigos conservadores e jihadistas simplesmente ensandecidos, que recrutam jovens nos países ocidentais. A conta no Twitter de Wael Ghonin, com 1.4 milhão de seguidores, está silenciosa.
Outros influentes ativistas liberais e esquerdistas da Primavera Árabe egípcia em 2011 calaram a boca ou estão na prisão. Está semana, um tribunal no Cairo condenou a cinco anos de prisão o blogueiro Alaa Abdel Fattah, uma pedra no sapato dos militares e da Irmandade Muçulmana.
Enquanto isso, a conta do clérigo saudita Mohamed al Arefe está bombando com mais de 10 milhões de seguidores.

DIÁRIO DA ANTA ESMERALDINA- Dilma: Corte na nota da Petrobras 'é falta de conhecimento'

“A Vale do Rio Doce mandou recado à Petrobras: Eu avisei que era para você sair dessas mãos.” (Mim)

“Quem ainda aplaude Lula senão bestas iguais a ele?” (Eriatlov)

O LEGADO DE LULA

Parecia roteiro de filme barato, mas era verdade. Nesta terça, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva, cercado por milicianos truculentos, comandava um ato no Rio contra a Operação Lava Jato, contra a imprensa e contra a decência, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixava uma vez mais, a exemplo do que fizera em janeiro, a nota da estatal, que já estava em Baa3, o último patamar do chamado grau de investimento. Agora, na Moody’s, a estatal está no grau especulativo — ou por outra: a agência está dizendo aos investidores do mundo inteiro que pôr dinheiro na Petrobras não é seguro. A agência está dizendo ao mundo inteiro que emprestar dinheiro para a Petrobras é arriscado.
Desta feita, não foi uma queda qualquer: a Moody’s botou a Petrobras dois degraus abaixo de uma vez só. Em vez de cair para Ba1, o que já seria catastrófico, a empresa despencou para Ba2, e a agência ainda cravou um viés negativo no caso de uma futura avaliação. Só para vocês terem uma ideia: acima dessa nota, há outras… 11. Abaixo dela, apenas 9. Na Fitch e na Standard & Poor’s, a Petrobras está também a um rebaixamento apenas de passar para o grau especulativo.
A partir de agora, tudo se torna mais difícil para a empresa. A maioria dos fundos proíbe investimento em empresas nessa categoria. Pior: em alguns casos, a ordem é se desfazer dos papéis, ainda que amargando prejuízos. Para se financiar dentro e fora do Brasil, a Petrobras terá de pagar juros mais elevados. E isso se dá num momento em que a empresa já teve de reduzir ao mínimo seus investimentos na área de exploração e refino de petróleo, suas atividades principais.
O mais impressionante é que o rebaixamento veio duas semanas depois de Dilma trocar toda a diretoria da Petrobras. Isso reflete a confiança do mercado na nova equipe. A operação foi desastrada. Com ou sem razão — e nós veremos —, o juízo unânime é que a governanta escolheu um presidente para maquiar no balanço as perdas bilionárias decorrentes da corrupção e da gestão ruinosa do PT.
E não se enganem: atrás do rebaixamento da nota da Petrobras, pode vir o rebaixamento da nota do Brasil. Na própria Moody’s, já não é grande coisa. O país é “Baa2”. Ainda é “grau de investimento”, mas bem modesto. Se o país cair mais dois, vai para a categoria dos especulativos. O mesmo acontece na Fitch (BBB): um próximo rebaixamento (BBB-) poria o país a um passo da zona vermelha. Na Standard & Poor’s, a posição do país é mais preocupante: rebaixado em março, caiu de “BBB” para “BBB-“, mesma nota da Petrobras. Nessa agência, uma próxima queda conduziria o país para “BB+”, primeiro nível do grau especulativo. Foi o que já fez a agência britânica Economist Intelligence Unit na semana retrasada:  o rebaixamento, de BBB para BB, lançou o Brasil no grupo dos potenciais caloteiros.
Não obstante, naquele espetáculo de pornografia desta segunda, Lula vituperou contra a investigação e contra a imprensa e conclamou João Pedro Stedile a pôr seu exército na rua — sim, ele empregou a palavra “exército”. Aquele que a ex-filósofa Marilena Chaui disse “iluminar o mundo” quando fala ainda encontrou tempo para especular sobre a situação no Iraque. E disparou: “Já tem gente lá com saudade do Saddam Hussein, porque no tempo dele se vivia em paz”.
Lula, este celerado, tem uma noção muito particular de paz. Pelo menos 300 mil pessoas, árabes, foram assassinadas pelo regime de Saddam. Nessa conta, não estão pelo menos 100 mil curdos, vítimas dos gases mostarda, sarin e tabun. É o que Lula chama de “viver em paz”.
Foi o regime criado por esse cara que quebrou a Petrobras. Agora os brasileiros começam a pagar a conta de sua irresponsabilidade, de sua ignorância e de sua estupidez.
Texto publicado originalmente às 4h13
Por Reinaldo Azevedo

O JABUTI PASSA MAL, VOMITA- Arrecadação de janeiro é 5,4% menor que a de um ano atrás

“Em dia de pagamento não rio perto do meu patrão para que ele não pense que estou feliz.” (Climério)

“A história é feita de fatos mentirosos que se tornam depois verdades pela propaganda.” (Mim)

“O Aécio se livrou de ter que limpar a merda feita pelo PT. O ônus do aperto ficaria com ele, e sapo babão estaria falando das maravilhas do governo Dilma. Quem pariu o ogro que o embale.” (Mim)

Caio Blinder- A adaptaçao chavista

A coisa enrosca na Venezuela e el Instituto Blinder & Blainder recorre ao site Caracas Chronicles, que está com o time reforçado desde 2014, embora seu fundador, Francisco Toro, tenha saído do dia-a-dia do projeto. Toro, no entanto, colabora ocasionalmente e funciona como guru do Caracas Chronicles.
Vamos, portanto, seguir a sua lanterninha. Ele pergunta qual é o significado da prisão na quinta-feira passada do prefeito de Caracas e líder oposicionista Antonio Ledezma. Será sinal de desespero do desgoverno Maduro? Estará o regime chavista nos últimos estertores?
As perguntas de Francisco Toro vão tamb ém para o outro lado: a prisão arbitrária, sob acusação de golpismo, é um show de força, uma exibição do chavismo de fazer o que bem entender sem medo das consequências?
Toro descarta as duas opções. Ele diz que o regime não está desmoronando, mas está fraco, incapaz de comandar uma maioria eleitoral. Nas suas palavras, o chavismo “está se adaptando a uma radicalmente nova realidade”.
A taxa de aprovação de Nicolás Maduro despencou, fruto podre da crise econômica. Sete em dez venezuelanos desaprovam a condução do ex-motorista de ônibus. O chavismo não tem como conseguir a maioria nas eleições para a Assembléia Nacional em dezembro caso a disputa seja limpa.
Assim, o projeto é gerar uma nova dinâmica política, na qual o regime suspende de forma indefinida a eleição ou impede a participação da oposição.
O fato essencial para Francisco Toro é que terminou a era em que o chavismo se sujeitava a uma competição eleitoral. A prisão de líderes oposicionistas é apenas um dos aspectos da adaptação a esta nova realidade.
Na expressão preciosa de Toro, é uma estratégia que carrega pesadamente na “conspiranoia” e repressão e minimiza ao máximo a tolerância e a normalidade democrática.
A rigor, o chavismo nunca deu muita bola para eleições democráticas. Dará muito menos agora diante da perspectiva de derrota.
Este é o cenário desenhado por Toro. Ele arremata que se trata de algo “desesperadamente triste”.  O regime chavista mergulha de forma cada vez mais profunda na convicção de que não cederá nunca o poder, exceto através de um golpe. Assim, se torna cada vez mais paranoico  sobre as perspectivas de um golpe.
Eu gosto muito da precisão analítica e da concisão de Francisco Toro. No entanto, fiquei frustrado com suas pinceladas. Faltou avaliar como a oposição vai se adaptar à nova realidade. Melhor dizendo: como ela irá desafiar esta nova realidade.
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