terça-feira, 11 de novembro de 2014

Entrevista: Yong Zhao sobre educação e autoritarismo na China



Yong Zhao, professor de educação na Universidade de Oregon, chegou longe. Nascido no que ele chama de “um dos vilarejos mais ordinários na China”, ele é agora uma autoridade na educação Americana e chinesa e autor do livro “Who’s Afraid of the Big Bad Dragon: Why China Has the Best (and Worst) Education System in the World,” (Quem tem Medo do Grande Dragão Malvado: Porque a ChinaTem o Melhor (e Pior) Sistema Educacional do Mundo, tradução livre), que está sendo publicado esta semana.

Nele, Zhao examina como o sistema contemporâneo chinês focado em avaliações emergiu de uma cultura autoritária e imperial, e como ele se tornou um objeto de admiração entre os políticos no Ocidente depois que os estudantes de Shangai alcançaram o topo duas vezes seguidas no Programa para Avaliação Internacional de Estudantes, ou PISA na sigla em inglês. Isto alavanca um enigma que ele desfaz: educadores, pais e estudantes chineses acreditam que seu sistema está falido e estão tentando muda-lo há décadas. Na melhor das hipóteses produz uma forma restrita de inteligência. Na pior, replica uma cultura rígida na qual todo mundo compete por uns poucos cargos de elite que são administrados e controlados pelo Estado. Então por que o Ocidente está tentando “alcançar” a China?

A seguir temos alguns excertos de uma entrevista com Sr. Zhao:

P.: Você disse que a educação tradicional chinesa “prejudica” as crianças. Como?

R.: Ela basicamente ignora a singularidade das crianças, seus interesses e paixões, que resulta em uma homogeneização. Ela os força a gastar quase todo seu tempo se preparando para testes, deixando quase nenhum tempo para atividades físicas e sociais. Ela também as coloca sob um estresse tremendo através da competição intensa, que pode causar danos à sua confiança e reduzir sua autoestima.

P.: Recentemente tem havido muita atenção, até inveja, de nações ocidentais no referente à educação chinesa, após Shangai ter se saído em primeiro lugar no PISA. Mesmo assim os pais, educadores e crianças chinesas dizem que seu sistema está falido. O que está havendo?

R.: Precisamente a mensagem do meu livro. É o melhor nas pontuações dos testes, mas os resultados dos testes estão longe de representar resultados educativos significativos. De fato, o foco intenso nos resultados dos testes entrava uma educação real, que é mais sobre ajudar cada criança a crescer ao invés de forçá-las a alcançar uma boa pontuação em testes. Em outras palavras, o PISA e outros testes medem algo bem diferente da qualidade de educação que os pais, educadores e estudantes chineses desejam.

P.: Você escreveu “se os EUA e o resto do Ocidente estão preocupados em serem superados pela China, a melhor solução é evitar se tornarem uma nova China”. Os EUA estão se tornando uma nova China na educação? Como?

R.: Os EUA certamente se tornaram mais parecidos com a China nos anos recentes. O “No Child Left Behind Act” (Lei “Nenhuma Criança Deixada Para Trás”, tradução livre) tem aumentado a participação e o uso de testes padronizados. A iniciativa do Presidente Obama “Race to the Top” (Corrida ao Primeiro Lugar, tradução livre) e outras iniciativas continuam a empurrar os testes goela abaixo em escolas e salas de aula ao associar a pontuação nos mesmos com a avaliação de professores. O “Common Core State Standards Initiative” (Iniciativa de Critérios Estatais de Normas Comuns, tradução livre) tem sido implantado em muitos estados, criando padrões nacionais matemática e língua inglesa. Logo, a educação americana de hoje tem se tornado mais centralizada, padronizada e direcionada a testes, com uma experiência educacional cada vez mais estreita e restrita, o que caracteriza a educação Chinesa.

P.: Isto irá causa problemas aos EUA?

R.: Eu acredito que sim. Porque é improvável que uma experiência educacional restrita e limitada que é centralmente ditada, uniformemente programada e constantemente monitorada por testes padronizados acabe valorizando talentos individuais, respeitando interesses e paixões dos estudantes e cultivando criatividade e uma mentalidade empreendedora, ou propiciar o desenvolvimento de capacidades não-cognitivas. Mas é a diversidade de talentos, criatividade passional e empreendedora, e o bem-estar social e emocional dos indivíduos que são necessários para o futuro da economia.

P.: Como exatamente o sistema educacional chinês implanta hábitos culturais e políticos autoritários? Quando isso começou?

R.: De modo bem parecido com o que os EUA têm feito nos anos recentes: o governo prescreve um currículo, força as escolas e professores a ensinar o currículo, força (ou seduz) os estudantes a adquirir a maestria sobre o currículo, e monitora o progresso com testes padronizados. Começa assim que a criança põe os pés na escola.

P.: Qual o melhor caminho para a China?

R.: Eu penso que a China tem feito as coisas certas nos anos recentes. Eles estão trabalhando duro para minimizar o impacto dos testes, reduzir o fardo acadêmico sobre os estudantes, diversificar o currículo, permitir uma maior autonomia às escolas e governos locais, aliviar as desigualdades educacionais e reformar o acesso universitário para admitir uma emergência de novos talentos.

P.: Você escreveu: “Soluções efetivas aos dilemas da China requerem mudanças revolucionárias à própria fundação na qual a sociedade chinesa opera. Estas mudanças seriam tão perturbadoras que elas poderiam ameaçar os valores tradicionais e culturais e a ordem social atual”. Existe alguma esperança que eles consigam ter sucesso?

R.: Eu acho que a esperança está a cargo de uma reflexão racional e ponderada dos valores tradicionais e da ordem social atual. Necessita que as pessoas e líderes considerem caminhos alternativos, vozes alternativas e valores alternativos sem automaticamente assumir intenções malignas nas opiniões dissidentes. Mas isto é muito difícil devido à história da modernização chinesa, a qual é discutida no livro.

P.: Educadores chineses há tempo têm tentado mudar o sistema, “matar a bruxa dos testes”, banir deveres de casa e exames de admissão. Por que eles fracassam continuamente?

R.: Há muitas razões, mas a principal é o espírito autoritário que colocou as pessoas em um “jogo de prisioneiros”. Mei Banfa [“não há nada que possa ser feito”] é uma frase muito comum que eu ouço de meus amigos e colegas na China quando falam sobre porque eles permitem que seus filhos façam certas coisas contra seu melhor julgamento. Eu ouço o mesmo de educadores e formuladores de políticas. Eles sabem o que é bom para as crianças, mas eles sentem que são incapazes de mudar ou que, se tomarem o primeiro passo, serão punidos porque os outros não irão mudar.

P.: Você escreveu que “a educação Chinesa é o completo oposto do que necessitamos para uma nova era”. Do que necessitamos?

R.: A educação que precisamos é na verdade algo muito simples como “siga a criança”. Precisamos de uma educação que realce as aptidões individuais, siga as paixões da criança e propicie seu desenvolvimento emocional e social. Não precisamos de uma educação autoritária que tenha por objetivo consertar os defeitos das crianças de acordo com padrões prescritos externamente. Eu escrevi sobre isto em meu último livro, “World Class Learners: Educating Creative and Entrepeneurial Students” (Estudantes da Turma Mundial: Educando Estudantes Criativos e Empreendedores, tradução livre) (Corwin Press, 2012).

// Traduzido por Rafael Andreazza Daros. Revisado por Russ da Silva| Artigo original.




Sobre o autor

didi
Didi é jornalista, escreve para jornais, programas de TV e rádio. Possui grande experiência em assuntos chineses e europeus.
yongzhao
Yong Zhao é professor de educação na Universidade do Oregon.

O tempo da desgraça

“Chegou o tempo da desgraça. Quadrúpedes nos governam e fazem leis.” (Eriatlov)

E o nosso naco?

Petistas, peemedebistas e afins: Se é para todos se locupletarem, não se esqueçam da gente! (Pócrates)

Alimente o burro

ALIMENTE O BURRO

Não discuta com um tolo comuna
Valorize o seu tempo
Pois para acreditar em algo tão bestial
A burrice deve ser extrema neste ser
Cale-se e sirva ao pobre um pouco de milho e alfafa.

Está no sangue

“Eu sempre fui meio ladrãozinho. E não culpo os outros por isso. É coisa que está no sangue.” (Dep. Arnaldo Comissão)

Eu

EU

Erro e acerto
Humano apenas
Porém faço enorme esforço
Para não ser mais um tonto
A caminhar sobre o planeta.

Sem saída

“Antigamente em Cuba se você não estivesse doente ou estudando todo o resto era uma merda. Agora nem assim você escapa da merda.” (Cubaninho)

Putaglotas

“O comunismo cubano é ímpar: produz levas de prostitutas poliglotas.” (Cubaninho)

Faz de conta

“Por aqui é assim: o governo diz que há comida e o povo faz de conta que come.” (Cubaninho)

Sem chance

“Em Cuba só engorda porco comunista. Porquinho que não é do partido morre de inanição.” (Cubaninho)

Rastejante

“A democracia cubana anda mais por baixo que barriga de cobra.” (Cubaninho)

IMB-Não há nada de errado com a publicidade infantil



falei sobre publicidade infantil em outras oportunidades, principalmente com o viés econômico. Vou aproveitar este momento em que o ENEM ressuscitou o tema para falar mais sobre o lado pessoal da coisa.


Publicidade infantil é ótima e deveria continuar. Sim, ninguém adora propaganda; é sempre aquele tempo chato entre os blocos do programa, mas ela ainda assim tem seu atrativo. Outro dia, meu filho veio todo feliz cantar a "música do esqueleto", que logo vi se tratar de uma chamada publicitária do Disney XD. Eu, quando criança, adorava cantar uma música do Limpol da Bombril; ainda sei alguns trechos de cor.




Quem tem filho ou já foi criança — cada vez mais raro hoje em dia — sabe a alegria que o McDonald's representa. A comida gostosa, o brinquedo, o espaço de brincadeira; é tudo o que a criança mais quer. Hoje em dia não gosto muito de Mac, mas tenho memórias felizes lá, e não vejo nada de errado se meu filho também as tiver. Claro, não sou eu quem fica incentivando a ida ao Mac. Meu papel agora é outro: ser a voz que diz "hoje não", que a comida lá é pouco saudável, que em casa é melhor. Argumentos pouco persuasivos para uma criança ansiosa por cor, brinquedo, açúcar, gordura, folia e sal.


Agora, de vez em quando jantar no Mac, é claro que sim. Saúde não é tudo; prazer e alegria também importam, e nesta vida não existe a harmonia perfeita de todos os bens. No fim das contas, as próprias crianças descobrem que gostam mais de umas coisas e menos de outras. Em minha casa, cenourinha é campeã de audiência e o único que toma refrigerante sou eu.


Os apelos da propaganda e da biologia se somam a idiossincrasias e criatividade de cada indivíduo e família. É importante ter alguém para limitar esses apelos: limitar a tela, a guloseima, a rede social e a roupa da moda. Mas querer aboli-los é ir longe demais, e é sempre em vão. A civilização se constrói sobre a limitação dos instintos, mas também depende deles.


A propaganda dá à criança um contato com realidades da vida. A realidade dos desejos, por exemplo. O mundo, dentro e fora de casa, é um lugar de assédios, de muitos bens concorrentes que disputam nossa atenção, nosso gosto, nosso tempo e nosso bolso. Consumir não é feio. É parte necessária da vida. É bom. Aprender sobre preço e restrições monetárias também.


A propaganda nos indica alternativas existentes e suscita nosso desejo. Aprender a lidar com ela, e com a real distância entre o prometido e o entregue, é parte da vida. Não foi fácil para mim, aos quatro anos, aceitar que do Frutilly não saía um fantasminha, ou que o Halls não me refrescava como prometido, ou que os produtos da Apple não me transformaram num cara descolado e super criativo. Mas foi (e continua sendo) educativo.


Acho que por trás da proibição da publicidade infantil (lei infeliz que passou, mas até agora não pegou) há ansiedade e vaidade de pais e mães. Ansiedade porque queremos o melhor para os nossos filhos, e vivemos sob o medo irreal de que um detalhe aquém do ideal terá impacto deletério no longo prazo deles. Com filhos vindo mais tarde e em menor quantidade, tudo tem que ser absolutamente perfeito. Só que essa mesma ansiedade que exige perfeição deixa o pai incapaz de dizer um "não" ao pedido do filho, preferindo assim terceirizar a responsabilidade impossível que atribuiu a si mesmo. A esses, más notícias: as birras não vão parar; nem as gordices.


E vaidade porque, com mais recursos e mais tempo livre, queremos dar a nossos filhos uma infância idealizada que existe em nossa imaginação: a rejeição ao plástico, a exigência de que tudo seja educativo (Mozart para bebês), de que toda história tenha mensagens positivas (mas eles gostam mesmo é de mortes!) e não ofenda a ninguém, a alimentação perfeita. Queremos impor uma ideia de infância sobre a infância real.


Na infância real, o que importa mesmo é se divertir, é brincar e, sim, também competir com os amigos e imitar coisas do mundo adulto etc. No final das contas, ninguém consegue se ater ao plano — embora nem sempre o admita em público — e as frustrações e hipocrisias se acumulam.


A criança vive hoje numa bolha segregada da realidade. Proibimos palmada, proibimos propaganda, queremos proibir guloseimas, damos medalha para todos indistintamente ao mesmo tempo em que impomos padrões adultos de produtividade e uso do tempo, não toleramos o choro porque ele indica que não somos perfeitos, afastamo-las de todo e qualquer risco. Segregamos as crianças por idade, limitamos o tempo de brincadeira livre.


Proponho o caminho inverso: relaxe, cuide dos seus filhos com moderação e amor, deixe-os verem propaganda, saiba dizer não, e aproveite.


Se outro pai quiser criar a bolha para segregar seus filhos do mundo real, que crie; só não a imponha ao universo inteiro.

Joel Pinheiro da Fonseca é mestre em filosofia, editor da revista Dicta&Contradicta e escreve no blog Ad Hominem.

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