sexta-feira, 18 de agosto de 2017

METAMORFOSE

De férias escolares, Gustavo há dois não dias não saía do quarto nem para comer. A mãe preocupada chamou que chamou e nada. O pai arrombou a porta e sobre a cama lá estava ele todo iluminado e colorido. Gustavo havia se transformado num smartphone.

O AMIGO

Loreno vivia só numa casinha num local distante de tudo. Arrumou um cão para ter companhia. Depois de algum tempo o cão morreu. Loreno então conseguiu um gato. Depois de algum tempo o gato também morreu. O homem não tinha sorte com os animais, todos morriam logo. Depois do gato teve uma ovelha; uma coruja; um jabuti; uma jaguatirica; um veado campeiro; duas codornas; um papagaio; um macaco prego; uma arara e por fim arranjou como bom amigo um homem perdido que na sua casa bateu pedindo ajuda. Não demorou um ano Loreno morreu. O amigo? O amigo continua bem vivo. Tomou posse da casa e vive ainda por lá, já beirando os oitenta anos. Não tem bicho nenhum, só uma potranca quarenta anos mais nova.

O SACO

Um caminhão passou em disparada e deixou cair um saco. Era um saco de gatos. A meninada da rua ao abri-lo tirou de lá: cinco deputados; três senadores; doze empreiteiros; quinze sindicalistas ligados ao PT e por incrível que pareça uma licitação que ainda não havia sido fraudada.

ABUNDA

Reunidos os estúpidos
Na beira-mar
Urge dobrar os recolhedores
Pois o belo a porcalhada de lixo inunda
E a imundície abunda.

ÉRAMOS SEIS

Éramos seis. Depois cinco. Demorou um pouco para quatro. Em poucos anos já éramos dois. Agora estou só e quem me espera ansiosamente é o dono da funerária.

DE CORAÇÃO GRANDE

Mauro, menino bom, pena que morreu jovem. Quando os médicos abriram o seu coração tinha lá 250 gentes, 82 bichos e mais uma dúzia de donzelas.

SENHOR AMADEU

Um senhor chamado Amadeu chegou até a secretária do diretor da fábrica número doze dos Biscoitos Amadeus e solicitou uma entrevista. Depois de quatro horas ainda estava lá esquentando banco. No outro dia antes da sete da manhã o tal senhor Amadeu estava na fábrica apresentado o novo diretor à antiga secretária.

MARCIO CARACOL

No último dia do ano Márcio Caracol resolveu ver os festejos humanos tão aguardados de perto. Viu tantas coisas absurdas que entrou em depressão, voltou para dentro de sua casinha e não saiu mais nem para comer.

Artigo, Marcelo Aiquel - O tempo passa e nada muda

O TEMPO PASSA E NADA MUDA


Desde que eu comecei a entender um pouco das coisas, tenho notado que os presidentes da república se repetem, fazendo exatamente tudo aquilo que criticavam nos seus antecessores.
Ah, gritarão alguns: mas sempre foi igual!
Não sei. Eu só comento e falo sobre aquilo que vi, não sobre o que “me dizem”. Afinal, não tenho jeito para agir como papagaio.
Assim como o “Sassá Mutema”, personagem interpretado por Lima Duarte na telenovela O SALVADOR DA PÁTRIA (Rede Globo, 1989), cada novo presidente que é eleito sinaliza ter uma poção mágica para resolver todos os problemas do país.
Até parece que não há nada que estes mágicos não saibam corrigir num simples “estalar de dedos”. Como se os problemas tivessem um caminho de fácil solução; e que nasceram e se criaram somente pela incompetência ou pelo desinteresse e má vontade dos antecessores.
Alguns destes presidentes inclusive chegaram ao poder sem nenhum preparo profissional para, sequer, compreender as dificuldades ou saber medir a verdadeira extensão do estrago que terão que consertar.
Mas, esta presumida ignorância nunca será obstáculo para que estes “pseudos” mágicos prometam o impossível para solucionar aquilo que muitas cabeças especializadas não conseguiram, pois a mentira e a enrolação é sintoma característico do caráter (duvidoso) destes tipos.
E há ainda outro “inconveniente” bastante relevante: estes mágicos se cercam de apaniguados que não tem a menor noção (muito menos conhecimento algum) para enfrentar tais problemas. Mas discursam com uma convicção de experts no trato destes temas. Que eles, aliás, não tem a menor competência para solucionar. Nem mesmo uma “vaga ideia”.
Isto tudo, somado às alianças políticas costuradas com a inacreditável intenção de vender a alma ao diabo (sem nunca entregar, é óbvio) – e realizadas com o único intuito de se eleger – faz com que estes incompetentes mágicos se abracem a velhos companheiros ignorantes que, um dia, lhes foram fieis. E fazem isso pelo simples receio de entregar a “chave do cofre” para os novos parceiros, oriundos destas alianças espúrias.
Sem contar, ainda, nas patéticas fantasias que tais mágicos costumam vestir para parecer o que não são (nem nunca foram). Um exemplo bem presente na minha memória é o caso do ex-presidente FHC: de militante esquerdista exilado, passando pela atuação ativa na fundação do beligerante Foro de S. Paulo, posou de liberal para derrotar nas urnas seu “amigo e companheiro” Lula da Silva, a quem não se cansa de proteger.
Sucessor de figuras carimbadas da estirpe de José Ribamar Sarney e Fernando Collor de Mello, ele (FHC) foi abençoado por um cenário internacional favorável e passou a faixa para o energúmeno Lula da Silva, um bufão que sequer soube aproveitar a “maré” econômica positiva e pôs em marcha um dos maiores (senão o maior!) planos para assaltar os cofres públicos. E tanto fez, que conseguiu transformar velhos e conhecidos delinquentes nacionais em reles ladrões de galinhas.
Depois dele “caiu de paraquedas” na Presidência da República a erudita Dilma Rousseff, aquele gênio humano que pretendeu mudar a história científica do universo com a patética criação da mulher sapiens e mudou a gramática com o ridículo termo “Presidenta”. O britânico Charles Robert Darwin (o criador da Teoria da Evolução) ainda se remexia no túmulo quando a nossa presidANTA soltou mais uma. Desta vez a pérola das pérolas: “estocar ventos”!
Quando o Brasil acordou e resolveu manda-la embora, foi substituída por seu vice, logo denominado pelos acéfalos e fanáticos militantes bolivarianos como “golpista”.
Ora, além do vice (Michel Temer) haver recebido os mesmos 50 e poucos milhões de votos da candidata principal da chapa vencedora da eleição presidencial de 2014, ainda há o amparo constitucional para desmanchar a ideia ridícula da existência de um “golpe”. Que somente encontra eco no livre choro de alguns estúpidos, órfãos do acesso às chaves dos cofres.
E assim, passa trem, passa boiada, mas a ladroagem explícita nunca tem fim.
Exatamente como dizia a conhecida propaganda da caderneta de poupança do extinto Bamerindus, no início dos anos 90:



“O tempo passa, o tempo voa, mas a poupança Bamerindus continua numa boa...”.

Do blog do Políbio Braga

VIRTUDES

“Tenho muitas virtudes. Por exemplo: Quase não cuspo e sei fritar um ovo.” (Assombração)

HIPOCRISIA

“A hipocrisia é essencial ao convívio social. Você não diz para uma mãe que o bebê dela é feio. Pois à minha mãezinha disseram!” (Assombração)

LIVRE

“Antes um feio livre que um bonito encarcerado.” (Assombração)

O GATO JOEL

O gato Joel era supersticioso. Lia o horóscopo antes de sair de casa; de maneira alguma passava sob escadas. Andava pelas ruas arrastando trinta e quatro amuletos da sorte, entre eles uma pata de coelho. Em frente de cemitérios e igrejas fazia o sinal da cruz três vezes. Mesmo com todas essas garantias teve vida curta o nosso querido Joel. Ao desviar de uma escada encostada num obra em construção deu de cara com um Pitbull nervoso e adeus tia Chica.

DEUS MILHO

O milharal se perdia no horizonte. Milho, deus milho adorado, o amarelo milho da verdade infernal, divino para tontos de todos os calibres. Os jovens adoradores saíram fazendo sacrifícios infames para o deus Milho, que queria sangue para crescer. Sacrifícios foram feitos, a colheita foi boa e os seguidores saíram impunes. Mas o deus Milho não teve tanta sorte como os demais. Foi pego por uma máquina e virou fubá. Pereceu como polenta na mesa de um italiano de muito apetite, rodeado por queijos e salames diversos.

BOTÃO NO POÇO

Hawkshead, Inglaterra, 1945. A pequena Carol (6) olha pela janela observando o poço. Ouviu dizer que se jogar uma moeda no poço e fazer um pedido ele se realiza. Carol não tem moeda. Será que um botão serve? Ela caminha até a borda do poço e joga o botão pego nas costuras da mãe na abertura do buraco, fecha os olhos e faz um pedido. Ao abrir os olhos vê seu amado pai descendo a colina voltando da guerra.

ENTRE QUATRO PAREDES

O Barão Helmes e a Baronesa estavam transando loucamente quando ele sofreu um infarto. Prontamente ela recorreu ao vibrador que descansava sobre o criado mudo. Enquanto o Barão morria ela conquistava mais um orgasmo. E mais não houve.