quinta-feira, 14 de maio de 2015

Ministro tecnicamente

Arthur Chioro é o nome do ministro da Saúde. No inicio do mês, ele negou que houvesse uma epidemia de dengue no Brasil. Hoje, Arthur Chioro disse que "tecnicamente, estamos vivendo uma epidemia de dengue no país."
Tecnicamente, Arthur Chioro é ministro da Saúde. Tecnicamente, existe governo no Brasil.
O Antagonista

Grampo na PF

Uma grampo de escuta ambiental, instalado numa caixa de luz de emergência, foi encontrado no segundo andar do prédio da Superintendência da PF no Paraná. No primeiro andar, são tocadas as investigações da Lava Jato.
A organização criminosa com registro partidário não conhece limites.
O Antagonista

“Minha tia Bete não andava bem, falava coisas estranhas. Foram ver ela tinha outro por dentro.” (Chico Melancia)

“O poste infelizmente irá continuar lá. Sem luz, mas lá, atrapalhando o caminho.” (Mim)

Bernardo Santoro- O ajuste fiscal do PT chegou ao fim sem nem ter começado direito

O ajuste fiscal do PT chegou ao fim sem nem ter começado direito

ajuste
Cadê o ajuste que estava aqui?
Tem sido uma tônica deste Instituto criticar ao longo de toda a gestão petista o modo de condução da economia, através dessa filosofia econômica que podemos chamar de keynesianismo vulgar: se o país está em crise, gasta-se dinheiro público; se está em crescimento, gasta-se mais ainda, sempre com o objetivo de dar à sociedade uma sensação de riqueza totalmente artificial, tal como uma pessoa pobre que ganha cartão de crédito e vive uma vida de rei por um mês, até a conta do cartão chegar e ser bloqueado. O resultado mais que esperado foi o fim da poupança nacional, o estouro da dívida pública e o fim do crescimento da produtividade.
Surpreendentemente, o Governo PT resolveu, obviamente só depois de passar uma “Lei de Anistia” que apagou o crime de responsabilidade da Presidente Dilma por desrespeitar a Lei Orçamentária e gastar mais do que podia, fazer um esforço para ser menos perdulário do que sempre foi, em virtude do fim do dinheiro do Estado.
A tesoura que corta gastos públicos elegeu prioritariamente dois programas do Governo: o auxílio-doença e o seguro-desemprego. Segundo o Ministro Joaquim Levy, essa reforma pouparia 18 bilhões de reais anuais. Entendemos perfeitamente essa necessidade, mas por que o sacrifício não começou pelo próprio Governo Federal, com a redução dos seus quase 40 ministérios e 110 mil cargos comissionados? Esse posicionamento de cortar primeiro o gasto social antes de cortar os gastos administrativos chegou a merecer, inclusive, um comentário prévio neste site. Quem governa deve liderar pelo exemplo, mas no Governo PT isso não acontece.
Esse suposto ajuste fiscal agora sofre reveses cada vez mais dramáticos. A MP do seguro-desemprego foi aprovada graças a votos da oposição, e sua aprovação no Senado não é garantida. A MP do auxílio-doença foi aprovada capenga. Por fim, na mesma sessão, foi aprovado projeto que reforma a previdência, segunda maior rubrica do orçamento (apenas atrás do serviço da dívida pública), criando um novo tipo de cálculo previdenciário que aumenta os gastos da área.
Ajuste fiscal que aumenta gastos? Coisas do Brasil.
E se isso não fosse o suficiente, a cereja do bolo foi a aprovação, na Câmara, de um novo aporte estatal de 50 bilhões de reais no BNDES, banco que opera o “bolsa-empresário” no Brasil. Em um ambiente inóspito a negócios, onde o custo de transação para poder operar no mercado é altíssimo, quase proibitivo, com grande carga tributária e burocracia asfixiante, fica criado o sistema perfeito onde o empresariado se torna refém de políticas de subsídios do Governo. E é exatamente disso que se trata o BNDES e esse novo aporte multibilionário, sempre sobrando alguns trocados para financiar obras e governos socialistas da América Latina, é claro. Nesse caso, não há a menor dúvida de que o Senado também aprovará o aporte. São interesses grandes demais para serem ignorados.
Com todo esse cenário, não podemos deixar de nos perguntar: que ajuste fiscal é esse? Só o dinheiro do BNDES pra empreiteiras e cubanos vai custar quase 3 vezes mais que o dinheiro supostamente poupado nas MP 664 e 665. E nada de corte de empregos da companheirada.
Pensando bem, é melhor não mexer mesmo. Afinal, no fim do ano vão precisar aprovar outra Lei de Anistia para o gasto ilegal da Presidente Dilma, agora para o exercício 2015, e sem mensalão não vai rolar.

Reunião comunista

Em uma reunião em uma fábrica, um conferente da comissão distrital do Partido diz aos trabalhadores sobre o seu futuro brilhante na URSS. "Veja, companheiros, após este plano de cinco anos estar concluído todas as famílias terão um apartamento separado. Após o próximo plano de cinco anos ser concluído, cada trabalhador terá um carro! E depois de mais um plano de cinco anos ser concluído, cada família vai possuir um avião! " Da platéia, alguém pergunta: "Por que diabos alguém pode precisar de um avião?" "Você não vê camarada? Se houver escassez de batatas  em sua cidade você voa  para Moscou para comprar batatas!"

“O comunismo de Fidel foi muito bom... Para os tubarões do Caribe!” (Cubaninho)

“A Petrobras está tal e qual pia de água benta. Todo mundo que passa mete a mão.” (Mim)

“A Petrobras é uma empresa estatal usada diuturnamente para fins particulares.” (Eriatlov)

“Quando o PT assumiu o governo disseram para eles: Aqui está a Petrobras e o petróleo é nosso. Eles entenderam 'o petróleo é vosso'. Deu no que deu!” (Mim)

“O mundo perfeito dos socialistas é o mundo dos conformados. Todos ovelhas, balindo e pastando.” (Cubaninho)

O SONHO DE PUTIN

O fantasma de Stalin aparece para Putin em um sonho, e Putin pede a ajuda dele no comando do país. Stalin diz:
"Você deve atirar em todos os democratas, e depois pintar de azul o interior do Kremlin."
"Por que azul?" Putin pede.
"Ah!" diz Stalin. "Eu sabia que você não iria me perguntar sobre a primeira parte."

“Acredito em Deus, na cegonha, na sabedoria da Dilma e no comedimento de Lula.” (Mim)

“Não juntei nada nos bolsos. Algumas coisas na cabeça sim.” (Mim)

“Do PT o pior você não vê. É o partido do escondidinho.” (Limão)

“Já convivemos com os falsos ricos. Hoje que vivemos na era do bolsa-família já temos também os falsos pobres.” (Limão)

“A coisa está mesmo feia. Estão falsificando até pai e mãe.” (Limão)

“Quem não chora além de não mamar ainda fica com a bunda suja.” (Limão)

“O problema não é o sujeito ser burro. O problema é não acreditar nisso.” (Pócrates)

“Se tens uma conta Dilma por mais que tu acrescentes sempre terás uma conta negativa.” (Mim)

“Tenho um coração que se expande. Sempre cabe mais um.”(Mim)

“Não escapa: Homem no cio assina até cheque em branco.” (Eulália)

Miniconto- Papai Senador

 O senador Aristeu Pedroso aos sessenta anos se tornou finalmente papai. Gastou uma fortuna com o pré-natal na Europa, mais precisamente em Londres. A jovem esposa teve o melhor tratamento que o dinheiro pôde comprar.Nada faltou para que o rebento viesse ao mundo cheio de saúde.E assim no dia 7 de julho nasceu o menino,belo e saudável. Porém o nobre senador é o único da família que não está contente com o nascimento do filho,muito pelo contrário.O pequeno Raimundo já nasceu falando e escrevendo,além de cantar,caso jamais visto em todo o mundo.Médicos de todo planeta já analisaram o menino especial e dizem que é gênio.O caso só ficou ruim mesmo para o papai, pois o menino nasceu falando mal,imagine, do próprio pai!Ele brada aos quatro cantos: meu pai é um corrupto,meu papai é um fino ladrão!O senador aborrecido mandou esconder o menino. Mas pelo jeito não vai adiantar: O diabinho não sai de casa,mas já está escrevendo um livro sobre as façanhas monetárias do papai e já postou vídeo na internet contando tudo.

Miniconto- SOMBRA

Ele tinha certa dificuldade em fazer amigos. Para dizer a verdade não tinha nenhuma facilidade em se aproximar de alguém. Para uns era um grande chato, para outros apenas um jovem profundamente melancólico. Algo que Joel não sabia era sorrir, sempre taciturno vivia para si. Naquela cidade não havia por certo pessoa mais solitária e triste, sua única amiga era uma televisão de 20 polegadas que dele não podia fugir. Do trabalho no banco para casa e nada mais. Não tinha empregada em casa nem bichos para cuidar. Pensou num cachorro, mas logo desistiu, não queria ter o trabalho de limpar sua sujeira. Teve sua tragédia pessoal quando sua noiva o trocou por outra. Não reagiu, não lutou nem um pouquinho para sair da tristeza, apenas entrou no baú dos solitários. E foi assim que um dia sua própria sombra resolveu deixá-lo, abandonando um corpo quase já sem vida. E quando o sol mostrava seu brilho e calor Joel caminhava pelas ruas sem ter sequer a própria sombra por companhia.

“Não compro nada que só poderei utilizar depois de morto: Paraíso, inferno, purgatório etc.” (Climério)

Salvo raras exceções como está difícil assistir futebol na TV com o áudio ligado. Bairrismo, incultura, falta conhecimento sobre os envolvidos no embate, conversa mole, falta de isenção, oba-oba escancarado.

DUBLAGEM- “Como a maioria do povo não sabe ler, dentre eles os petistas, aprovaram lei e nos empurram filmes dublados na TV por assinatura. Coisa sem graça.”

DELÍRIO

DELÍRIO

Aranhas na parede do quarto
Jason de máscara e facão na porta
Esqueletos no armário
Zumbis sob a cama
Sangue nas torneiras...
O passageiro contumaz da viagem etílica
Agora segue num passeio delirante
Com passagem só de ida
Pedindo com urgência um esquife para se deitar.

“Sou alérgico ao socialismo. Combato este mal com muito estudo e trabalho.” (Mim)

“Tenho uma ou outra virtude, porém os defeitos são múltiplos dos pelos do corpo.” (Mim)

Então é isso que a presidente Dilma defende na prática enquanto discursa a favor da liberdade?



A Venezuela aperta o cerco contra o que restou da imprensa no país. O ditador, digo, o “presidente” Maduro proibiu jornalistas de deixarem o país após repercutirem a denúncia de que o governo tem ligações com o tráfico de drogas:
O governo de Nicolás Maduro proibiu nesta terça-feira 22 diretores de jornais e sites noticiosos de deixar a Venezuela por terem noticiado a suspeita de envolvimento do presidente da Assembleia Nacional com o tráfico de drogas. A proibição e o mais novo ataque à imprensa livre venezuelana foram noticiados pelos jornais El Nacional e Tal Cual que tiveram seus executivos proibidos de deixar o país. Segundo a Folha de S. Paulo, um dos diretores do Tal Cual, Manuel Puyana, já foi notificado da proibição de deixar a Venezuela e da obrigação de se apresentar toda semana ao tribunal. Outro diretor do jornal está nos Estados Unidos; diante da decisão, não retornará.
A denúncia contra Disdado Cabello partiu do jornal espanhol ABC, que reportou as ligações do presidente chavista da Assembleia Nacional com o tráfico internacional de cocaína. A notícia teve grande repercussão na imprensa venezuelana e em veículos de outros países.
A fonte da reportagem era o militar desertor Leamsy Salazar, ex-chefe de segurança de Cabello. Segundo Salazar, que hoje está exilado nos Estados Unidos, o chavista é o chefe de uma organização criminal que opera dentro das Forças Armadas da Venezuela.
Na semana passada, reportagem de VEJA revelou que o partido espanhol de esquerda Podemos foi financiado pela Venezuela e pela Bolívia para facilitar a entrada de cocaína na Europa através da Espanha. De acordo com um relatório secreto de 34 páginas assinado pelo coronel boliviano Germán Cardona Álvarez, cocaína peruana e boliviana partem da Bolívia para a Venezuela em aviões militares, “os quais, por serem oficiais de um Estado, não podem ser interceptados no espaço aéreo internacional”.
As aeronaves Hércules C-130 deixam a Venezuela com armamento militar e retornam carregadas de cocaína e veículos que chegam à Bolívia depois de ser roubados no Brasil. Em Caracas, a droga é lá levada a outros destinos. Dentro desse esquema, diz o relatório, há seis anos, Hugo Chávez, o atual presidente Maduro e o boliviano Evo Morales usaram uma organização chamada Centro de Estudos Políticos e Sociais (Ceps) para financiar o Podemos, da Espanha.
Meus pais sempre me ensinaram a confiar mais nos atos do que nas palavras. Afinal, palavras custam pouco, são baratinhas. Qualquer um pode dizer o que quiser, sem compromisso algum com a verdade. Quando Dilma diz defender a liberdade de protesto, portanto, e não recebe as esposas dos opositores de Maduro, presos apenas por protestarem contra o governo do camarada, confio mais em suas ações do que suas palavras. O mesmo quando ela se diz comprometida com a liberdade de imprensa.
A conivência do governo brasileiro com esse regime opressor venezuelano é indecente e ultrajante, e mostra bem a verdadeira face do PT: uma face vermelha, bolivariana. Lamento pelos venezuelanos desamparados, vítimas dessa tirania que avança a cada dia para se tornar uma total ditadura, como Cuba. Nem mesmo com o apoio do Brasil eles podem contar, uma vez que temos um governo cúmplice do chavismo.
Aqui em Weston há muitos venezuelanos, a ponto de o local ser conhecido como Westonzuela. Se algum deles for meu leitor, manifeste-se, conte sua história, divulgue a real situação em seu país. O governo brasileiro pode ser cúmplice do regime opressor de Maduro, mas a VEJA é fiel aos fatos, e tem independência para ir contra governos (especialmente os que abusam do poder), premissa fundamental de qualquer veículo de jornalismo.
Os dissidentes venezuelanos têm aqui no blog uma voz de apoio, uma pequena arma contra o autoritarismo de Maduro. Podem contar com minha singela colaboração na luta pela democracia e liberdade em seu país. Afinal, nossa luta é a mesma!
Rodrigo Constantino

A importância da falibilidade humana para os liberais. Ou: O PT como seita dogmática



“O liberal é humilde. Reconhece que o mundo e a vida são complicados. A única coisa de que tem certeza é que a incerteza requer a liberdade, para que a verdade seja descoberta por um processo de concorrência e debate que não tem fim. O socialista, por sua vez, acha que a vida e o mundo são facilmente compreensíveis; sabe de tudo e quer impor a estreiteza de sua experiência – ou seja, sua ignorância e arrogância – aos seus concidadãos”. (Raymond Aron)
O filósofo Karl Popper considerava que encobrir erros é o maior pecado intelectual. Somos humanos e, portanto, falíveis. O poeta Xenófanes, que escreveu cerca de 500 anos antes de Cristo, já havia capturado esta idéia quando disse: “Verdade segura jamais homem algum conheceu ou conhecerá sobre os deuses e todas as coisas de que falo”. Porém, isso não significa relativismo total, pois podemos obter conhecimento objetivo, como o poeta mesmo deixa claro depois: “Os deuses não revelaram tudo aos mortais desde o início; mas no decorrer do tempo encontramos, procurando, o melhor”.
Mas é a possibilidade de estarmos errados que nos faz mais tolerantes com os outros e que nos coloca sempre na busca por mais conhecimento, já que podemos defender algo que se prova errado amanhã. Tal postura é oposta àquela que Epíteto condena quando diz: “É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe”. Essa abordagem humilde também é fundamental para a pluralidade: “Tolerância é a conseqüência necessária da percepção de que somos pessoas falíveis: errar é humano, e estamos o tempo todo cometendo erros”, disse Voltaire.
O conhecimento humano é possível. Conhecimento é a busca pela verdade, a busca de teorias explanatórias, objetivamente verdadeiras. Mas não é a busca por certeza. Entender que errar é humano é reconhecer que devemos lutar incessantemente contra o erro, mas que não podemos eliminá-lo totalmente. Como diz Popper, “mesmo com o maior cuidado, nunca podemos estar totalmente certos de que não estejamos cometendo um erro”. Essa distinção entre verdade e certeza é fundamental segundo Popper, pois vale a pena sempre buscarmos a verdade, mas devemos fazê-lo principalmente buscando erros, para corrigi-los.
Por isso o método científico é o método crítico, o método da “busca por erros e da eliminação de erros a serviço da busca da verdade, a serviço da verdade”. Alguns acusaram Popper de relativista por conta desta postura, mas ele explica isso com base nesta confusão entre verdade e certeza, e é enfático ao recusar tal rótulo: “O relativismo é um dos muitos crimes dos intelectuais; é uma traição à razão, e à humanidade”. Ser humilde do ponto de vista epistemológico não é o mesmo que ser um relativista.
Agora vamos comparar essa postura liberal com aquela típica de seitas dogmáticas, onde a “Verdade” já foi descoberta. Nesses casos, não há espaço para erros, para divergências saudáveis e construtivas, para evolução. Afinal, tudo já foi respondido, e as crenças são tidas como infalíveis. Alguém que está certo mais de 50% do tempo já pode se vangloriar de sua inteligência, mas o que dizer de alguém que “está certo” 100% do tempo? Nem o maior gênio de todos. Logo, só mesmo um fanático ou embusteiro.
Em Mente Cativa, Czeslaw Milosz faz um profundo relato da destruição da mente independente sob o comunismo, que o autor viveu na pele na Polônia. Para ele, o partido comunista aprendeu com o pior da Igreja Católica a sábia lição de que pessoas que freqüentam um “clube” se submetem a um ritmo coletivo e, assim, “começam a sentir que é absurdo pensar diferentemente do coletivo”. A fé nas crenças do grupo seria mais uma questão de sugestão coletiva do que de convicção individual. Eis o que Milosz relata sobre o assunto:
O coletivo é composto de unidades que duvidam, mas como esses indivíduos pronunciam as frases e cantam as canções ritualísticas, criam uma aura coletiva à qual eles, por sua vez, se rendem. Apesar de seu apelo aparente à razão, a atividade do ‘clube’ surge sob o titulo de mágica coletiva. O racionalismo da doutrina funde-se à feitiçaria e ambos se fortalecem. A discussão livre é, obviamente, eliminada. Se o que a doutrina proclama é tão verdadeiro quanto o fato de dois vezes dois ser igual a quatro, tolerar a opinião de que duas vezes dois é igual a cinco seria indecente.
E assim nascem as seitas fechadas de fanáticos dogmáticos. O que parece comum a estas seitas é uma sensação de superioridade moral que desperta em seus membros. Somente eles compreenderam o sentido da vida, conhecem o destino da história, e encontraram as respostas para os complexos temas que afligem os homens desde sempre. Além desta típica arrogância, as seitas fechadas costumam apelar para um extremo simplismo também:
Séculos de história humana, com suas milhares e milhares de questões minuciosas, são reduzidos a algumas, a maior parte termos generalizados. Sem dúvida, o indivíduo aproxima-se mais da verdade ao ver a história como a expressão da luta de classes em vez de uma série de questões privadas entre reis e nobres. Contudo, precisamente porque tal análise da história se aproxima mais da verdade, ela é mais perigosa. Dá a ilusão do conhecimento pleno; fornece respostas a todas as perguntas, perguntas que meramente andavam em círculos repetindo poucas fórmulas.
Qualquer desvio em algumas premissas pode alterar substancialmente os resultados, criando-se uma nova seita. Como diz Milosz: “O inimigo, de forma potencial, sempre estará presente; o único aliado será o homem que aceitar a doutrina 100%. Se ele aceitá-la apenas 99%, necessariamente deverá ser considerado um inimigo, pois do 1% remanescente pode surgir uma nova Igreja”. Isso explica porque Stalin criou a brilhante tática de rotular todas as idéias inconvenientes aos seus objetivos de “fascismo”. Socialistas alinhados a Moscou eram socialistas, enquanto qualquer outro grupo desleal era chamado de “fascista”. Basta lembrar que Leon Trotsky foi marcado para morrer como inimigo do povo, supostamente por organizar um “golpe fascista”.
No Brasil, desnecessário dizer, é o PT que mais se aproxima dessa postura. As premissas do programa partidário nunca são questionadas, os oponentes são vistos como inimigos, e quando há “malfeitos”, e culpa só pode ser de algum desvio, nunca da própria origem ideológica. O PT precisa ser “infalível” para seus adeptos, para que a aura de pureza e perfeição seja preservada. Essa “infalibilidade” nada liberal foi o tema do artigo de Gustavo Muller publicado hoje no GLOBO, em que ele diz:
De forma mais atenuada, o PT vive esse dilema — digo atenuada porque seria um exagero atribuir a este partido o rótulo de totalitário —, que consiste em tentar atribuir sua crise atual a um desvio das suas origens como partido de classe. Esse caminho de busca pelas origens demonstra que as falhas não estão na concepção filosófica original, e sim no afastamento delas.
Já foi apontada por uma vasta literatura a originalidade representada pelo PT no cenário partidário brasileiro do final do regime militar. Partido formado por laços orgânicos em que se abrigaram sindicalistas, Comunidades Eclesiais de Base e intelectuais, o PT lutou contra a ditadura, mas sempre se mostrou arredio com relação à adesão às regras do jogo democrático. A “democracia representativa” ou a “democracia burguesa” era vista como um instrumento para alcançar uma democracia substantiva, o que unia na legenda uma multiplicidade de vertentes marxistas.
Após três derrotas consecutivas nas eleições presidenciais, sob o comando de José Dirceu, o PT fez uma inflexão ao centro e lança mão da “Carta ao povo brasileiro” e busca uma aliança “estratégica” com setores da direita que foram apoiadores do regime militar. Com o escândalo do mensalão, logo se percebeu que essa inflexão ao centro era meramente uma estratégia eleitoral. O PT, com seu desprezo pelo jogo democrático, usou da corrupção das instituições representativas para não precisar partilhar o poder. Com o escândalo denunciado de dentro, e com um quadro econômico favorável, o PT foi aos poucos adotando o modelo econômico que estava no seu programa original, com intervenção estatal, expansão desmensurada do gasto público e o desmantelamento das agências reguladoras. E ainda, fazendo jus à megalomania populista, lançou mão da construção de “estranhas catedrais”.
Hoje, com a má gestão da economia, associada a sucessivos escândalos de desvio de dinheiro público, o PT ensaia o discurso da volta às origens. Mais uma vez, não foi a doutrina filosófica que falhou, mas sim o suposto desvio. O estranho nessa história é que, no campo político, o PT nunca teve “duas almas” e, no campo econômico, o que deu errado foi exatamente a adoção de concepções que já eram do partido. Se há infalibilidade da doutrina, o jeito é negar a realidade, custe o que custar.
A negação da realidade, a deliberada fuga dos fatos incômodos, essa é a típica postura de uma seita fechada, arrogante e dogmática. Os liberais adotam – ou deveriam adotar, pois há os dogmáticos que se dizem liberais também – uma abordagem totalmente distinta, mais humilde, reconhecendo-se a premissa da falibilidade, que está na origem de toda a tolerância à pluralidade dentro de certos limites (em que a própria tolerância é resguardada).
Por sermos falíveis, o liberalismo prega a democracia republicana, as instituições que limitam o poder do estado, a tolerância, a pluralidade, as concessões e contemporizações com os adversários ideológicos, que não precisam ser vistos como inimigos mortais, mas sim como indivíduos que abraçam valores diferentes que devem, sempre que possível, ser levados em conta. Errar, afinal, é humano. O que é asinino é nunca aprender com os erros!
Rodrigo Constantino

Europa estuda cotas para imigrantes em meio a tragédia humanitária



A Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira (13) um plano polêmico que prevê a definição de cotas de refugiados para cada Estado-membro da União Europeia.
A ideia é tentar distribuir pelos países do bloco os imigrantes africanos que atravessam o Mediterrâneo para pedir asilo em território europeu. Hoje, a recepção a eles concentra-se em países da região costeira, como a Itália.
No ano passado, apenas cinco países da União Europeia tiveram de lidar com cerca de dois terços dos pedidos totais de asilo de imigrantes.
Segundo o presidente da comissão, Jean-Claude Juncker, o objetivo da proposta de cotas é conter as migrações, resgatar os imigrantes em dificuldades e distribuir de modo mais equitativo sua acolhida pela União Europeia.
A ideia foi imediatamente rechaçada pela ministra do Interior do Reino Unido, Theresa May, que defendeu que os imigrantes que tentam chegar à Europa pelo Mediterrâneo sejam reenviados.
“Discordo totalmente de Federica Mogherini [chefe da diplomacia da UE] quando ela diz que imigrantes interceptados no mar não podem ser enviados de volta contra sua vontade. Isso só estimula pessoas a arriscarem duas vidas”, afirmou a ministra.
Outros países, como Hungria, Eslováquia e Estônia, também já rejeitaram o plano.
O número dois da Comissão Europeia, Franz Timmermans, rebateu dizendo que a “pior coisa” seria não fazer nada diante do problema.
“Não agir agravaria a situação das pessoas em dificuldades e faria com que perdêssemos a credibilidade. Nós não podemos aceitar que famílias inteiras se afoguem no Mediterrâneo”, declarou ele.
Quem quer que diga possuir uma solução simples para esse problema complexo está enganado. Trata-se de um caso claro de dilema moral, em que mais de um valor se encontra em jogo e disputa. Valores muitas vezes incomensuráveis, o que torna o dilema insolúvel. Há apenas um trade-off aqui, ou seja, cada escolha impõe alguma perda do outro lado.
Aqueles que defendem a livre entrada de todos os africanos em fuga na Europa o fazem provavelmente do conforto de suas casas, levando em conta mais a abstração da bela ideia do que seus resultados práticos. Uma sensibilidade mal calibrada pode levar a tal romantismo, mas essas pessoas raramente consideram o que diriam se suas vizinhanças estivessem em risco.
É a velha política do NIMBY: not in my back yard! Sou totalmente a favor da existência de um prostíbulo, por exemplo, mas não venham construir um bem ao lado de minha casa! Legalização de drogas? Os libertários nem pestanejam: já! Mas uma boca de fumo na sua esquina não será nada agradável, será?
O mesmo raciocínio pode ser usado aqui, para dar tom mais realista ao debate. Milhares de imigrantes desesperados fugindo de seus países fracassados em busca de alguma segurança e chance de sobrevivência. Como não defendê-los? Mas e se todos forem parar bem na sua vizinhança, construindo favelas e guetos e sem falar uma palavra da língua local?
Esse tipo de pensamento já é visto como insensível, ou pior!, “preconceituoso”. Mas quem repete isso o faz do conforto de sua hipocrisia. No fundo, detestariam que algo assim acontecesse, e seriam os primeiros a exigir uma ação estatal para proteger seus interesses e propriedades. No olho dos outros pimenta é refresco, certo?
Dito isso, parece mesmo insensível simplesmente virar as costas para tal tragédia humanitária. O que fazer? Não tenho a resposta. Mas tenho algumas reflexões para oferecer sobre o assunto. Primeiro, o modelo de estado de bem-estar social não ajuda, pois o imigrante passa a custar caro demais para o pagador de impostos, e isso gera mais xenofobia ainda, como já expliqueiaqui.
Segundo, o multiculturalismo disseminado pelas esquerdas tampouco ajuda. Ao ignorar adireção do fluxo migratório, que por si só já diz quais culturas prosperaram e quais fracassaram, e ao incutir na cabeça dos imigrantes que eles possuem tantos direitos como aqueles que os recebem, os multiculturalistas acabam fomentando a criação desses “guetos culturais”, que produzem mais xenofobia também, e o nacionalismo como reação natural.
Londres está repleta desses guetos, muitos islâmicos, onde os habitantes simplesmente ignoram ou cospem na cultura que os abrigou. Basta ler os livros de Theodore Dalrymple para compreender a situação explosiva. Ora, se eu busco refúgio ou oportunidades em um país, parece lógico que sou eu quem deve se adaptar, não o contrário!
Como um brasileiro na Flórida – e olha que a Flórida é uma espécie de América Latina que deu certo – penso exatamente assim: não são os americanos que devem se curvar diante do “jeitinho” brasileiro ou algo do tipo, e sim nós brasileiros que devemos abraçar o império das leis e a cultura local. Os incomodados que se mudem, pois é muita arrogância chegar e achar que todos os outros é que devem se adaptar ao seu estilo de vida.
Sem esses dois fatores – o estado de bem-estar social inchado e paternalista, e o multiculturalismo – creio que a imigração em si não será o maior problema. Os Estados Unidos do século XIX foram criados na base da imigração, e se tornaram a maior potência mundial depois. Imigrantes que partem em busca de trabalho e oportunidades, sem esperar benesses estatais, e que estão conscientes de que precisam se adaptar à cultura local que os recebeu, normalmente não criarão problemas aos anfitriões, e sim mais riqueza.
Rodrigo Constantino

LEITURA

“Ler é bom e útil, mas a leitura deve ser evolutiva, buscar novos estilos, autores que façam pensar e abrir dicionários. Nenhum leitor terá bagagem cultural lendo apenas Paulo Coelho e afins.” (Filosofeno)

“Muita gente acha que sofre, quando na verdade seus problemas são banais. Gente assim precisa visitar hospitais e observar qual é a real medida da sua dor.” (Filosofeno)

“Certo, a perfeição não existe, mas precisa a imperfeição ser completa?” (Filosofeno)

“Os tontos não ficam indignados. Qualquer sobressalto basta pôr ração no coxo.” (Mim)

“Nas mãos desta cambada sem noção de cidadania dificilmente o dinheiro dos impostos será tratado com austeridade. Os interesses visam o próprio bem-estar, jamais a construção de uma nação próspera.” (Mim)