sábado, 29 de agosto de 2015

Valentina de Botas: O jeca merece cadeia; Dilma, o impeachment; e o PT, a extinção

VALENTINA DE BOTAS
Entre o Brasil de Marco Antonio Villa onde as instituições não estão funcionando e o de J.R. Guzzo, descrito no memorável Aqui Entre Nós da última terça feira, em que o estado de direito democrático se anaboliza pela conduta de Sérgio Moro na Lava Jato, qual vigora? Talvez ambos que, sem ser só esses, são o mesmo. As realidades coexistem nesta Macondo tanto mais real quanto inverossímil, lambendo-se e repelindo-se.
Em magnífico artigo na edição passada de VEJA, Guzzo constata um Brasil que nunca houve, simbolizado não só nas prisões de certa elite econômica, mas sobretudo na impotência dos poderosos perante a lei – a melhor tradução do estado de direito que a todos iguala e se consolida, em essencial ciclo virtuoso. O amargo da celebração de tão boa nova se adensa na também acertada constatação de Villa quanto às sucessivas patifarias que motivaram, precisamente, a prisão dos empreiteiros e que amontoam indícios colossais, diluvianos, hiperbólicos, incontornáveis, incessantes do protagonismo do jeca e da respectiva criatura na fundação da república do pixuleco para assaltar o Estado.
Como quase 70% da população brasileira, quero a abreviação do mandato de Dilma – mesmo sem mandato para votar no eventual processo de impeachment de Dilma, continuo livre para querer o impeachment de Dilma –, não por capricho, mas porque a presidente está sitiada pelas leis, do código penal à legislação eleitoral. E não há salvação fora delas que preveem, inclusive, o impeachment. Ah, mas o instituto nasceu para não ser usado porque é traumático, enseja males desconhecidos, vai se banalizar e tal. Ora, a ser assim, fica estabelecido que os presidentes delinquam com tal volúpia até se imunizarem contra a punição que, traumática, existe para não ser aplicada: um estado de direito jabuticaba.
Se a Lava Jato não é culpada pela queda do PIB, e ela não é culpada pela queda do PIB, o impeachment também não poderia ser responsável por males adivinhados. Pois o mal maior não é exatamente o rio que banha as vastas solidões da porção da Macondo que Villa denuncia, no curso do qual uns se pretendem acima de todos os outros e da lei? O jeca merece cadeia; Dilma, o impeachment; e o PT, a extinção. Ou restará a sina de avançarmos para trás e o revigorado estado de direito, em que os mandantes se safam pela colossal magnitude das delinquências deles no paradoxo da jabuticaba, frutificará em outra de nossas singularidades indesejadas.
Se o Brasil continuar um país onde vagarão livres os fantasmas dos chefes da escória que o terão esbulhado por 16 anos custando 50, o menos traumático será o injusto sacrifício inevitável de pagarmos o que o dinheiro compra, pois para todo o resto existe nossa esperança que, entre os brasileiros decentes, há muito não é profissão, mas um bico para sobreviver no país adiado, essa promessa grávida de frustração interrompendo o Brasil nunca havido para que vigore a Macondo pixuleca: o anticlímax do estado de direito.

“Grande parte dos nossos homens públicos dariam sem nenhuma dúvida excelentes presidiários.” (Mim)

“Velho, o capeta quer uma audiência contigo. O danado quer agora um percentual sobre os dízimos cobrados pela nossa turma.” (São Pedro)

“Pedro, vai, me arruma uma aspirina. Estou morrendo de dor de cabeça. Não suporto mais os pedidos e o papo bocó desse Papa argentino.” (Deus)

A maior coveira do mundo é a Dilma. Numa tacada só está enterrando duzentos milhões.

O JABUTI FICOU DE PERNINHAS PARA CIMA- Repercussão negativa faz governo desistir de nova CPMF

SURPRESINHA

Tarde amena. O homem olhava pela janela do apartamento que visitava interessado em comprar. Estava ele no décimo andar. Observava no prédio vizinho uma mulher que se despia em frente do espelho. Logo surgiu um jovem que começou a beijá-la. Cheio de curiosidade continuou olhando para ver no que dava. O casal foi pra cama, ele ainda vestido, mas já tirando a roupa. Resolveu o comprador ligar para sua mulher e contar o que estava vendo. Neste momento a mulher nua largou o jovem e apanhou na bolsa o celular que tocava. Ele então amiudou os olhos para observar melhor àquele corpo despido que bem conhecia.

O solo da Sibéria foi adubado pelas vítimas do comunismo. Do solo gelado ainda soam os ecos das vítimas do maior bastião da ignomínia, Stálin.

Sem o riso o socialismo é mortal. O esculacho é fundamental para os mantermos no devido lugar, no cantinho dos medíocres, amantes da utopia do papai estado.

“Estou entre lençóis de seda, mas por muito tempo transei pernas enrolada num cobertor pega pulga.” (Eulália)

“Que pouco valor dás ao teu esforço, crente. Não vês que entre quatro paredes os procuradores do dito onipotente riem de ti?” (Filosofeno)

“Certos tipos não ficariam lindos deitados num caixão? Para o bem da nação torçamos para que suas vidas sejam breves.” (Pócrates)

Amar é... Não trazer os amigos para jantar sem antes avisar.

Na mosca Doutor: : Joaquim Barbosa: TCU não tem porte para desencadear impeachment

É um lugar onde políticos sem expectativa de se eleger buscam uma 'boquinha'', disse o ex-presidente do STF.

“Antes ser um vivo fora de moda que um defunto elegante.” (Mim)

“Tanto o meu coração como os meus bolsos sempre ficaram abertos para os meus semelhantes. Vejam só no que deu.” (Filosofeno)

“Antes ser conhecido pela feiura que pela burrice.” (Assombração)

“Se você passa o domingo todo pensando na segunda-feira é bom trocar de emprego.” (Filosofeno)

“Ame o feio se o bonito não te dá bola.” (Limão)

Das arábias

“Qual é a profissão de um  árabe com a mão na bunda de um camelo? 
“Mecânico.”


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Segundo relatos, a Arábia Saudita está considerando deixar de realizar decapitações públicas por causa de uma escassez de espadachins no governo. 

O governo diz que seria coisa de bárbaros deixar amadores cortar a cabeça de pessoas. Arg!

URGENTE: PIXULECO FOI OPERADO E PASSA BEM! VEJA IMAGEM DA CIRURGIA

Do blog O ANTAGONISTA

“Alma é igual político honesto: pode até existir, mas ninguém consegue ver.” (Limão)

DA MEGALOMANIA À INSIGNIFICÂNCIA por Percival Puggina. Artigo publicado em 28.08.2015

Certa feita, no ano de 2004, em um dos tantos debates que já mantive com lideranças do PT, ironizei a continuidade que o governo Lula vinha dando às políticas tucanas que combatera tão intensamente e com tanto sucesso eleitoral. Mostrei, uma a uma, as contradições. O abominável Plano Real estava mantido com inteiro rigor. O superávit fiscal, tão execrado pelo petismo, havia atingido, com Lula, o maior valor dentro da série histórica. Os programas de renda mínima, que Lula acusara de serem uma forma de fazer votos graças à fome de quem vota com a barriga, haviam mudado de nome e recebido mais recursos. E por aí fui, até ser interrompido por meu interlocutor que me disse exatamente o seguinte: "Puggina, não se muda a direção de um transatlântico com guinada brusca" e ilustrou o que dizia com o braço desenhando um longo arco. A mudança de rumos estava em curso e seria gradual.
Ele pertencia à alta hierarquia de seu partido e estava bem informado. O tempo o comprovou. O PT destruiu os fundamentos macroeconômicos então vigentes (responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e meta de inflação). Exibiu, pouco a pouco, sua vocação para o totalitarismo. Empenhou-se na armação da luta de classes, forçando o divisionismo dentro da sociedade. Ensaiou várias tentativas de controlar a mídia. Levou o revanchismo até onde pode. Concebeu várias agendas socialistas. Aliou-se aos piores vilões da política nacional e internacional. Não lhe faltaram tentativas de impor absurdos, mediante decretos felizmente rejeitados pela opinião pública e pelo Congresso. Tais foram os casos do PNDH-3, que fazia gato e sapato em nome dos direitos humanos, e do decreto Nº 8.243 (decreto dos sovietes), que pretendia uma desabilitação do poder legislativo. O partido viria, como de fato veio, contaminar e aparelhar o Estado em conformidade com um desígnio totalitário. Tudo para alterar a trajetória do transatlântico.
Na política, tudo ia bem. Os corruptos prosperavam. Não faltava dinheiro à mídia chapa branca, nem capitanias hereditárias aos partidos e aos políticos da base. O crescimento chinês empurrava a economia para a frente, mais ou menos como as elevações da taxa de juros engordam os lucros dos bancos sem que os banqueiros precisem sair da poltrona. O petróleo a mais de US$ 100 viabilizava qualquer estripulia na Petrobras e o pré-sal era portentosa mina, a ser drenada ainda antes de gotejar. A megalomania, os delírios de poder e de riqueza, os projetos faraônicos, o messianismo característico dos partidos e movimentos totalitários recebiam injeções de adrenalina na veia. No limite das aparências, Lula era um Midas. Além das aparências, uma bomba de efeito retardado.
Só agora, concluída aquela curva descrita pelo meu interlocutor no debate acima referido, veem-se todas as dimensões do estrago. O desvio de rota jogou o país contra os rochedos, de modo desastroso. Lula e Dilma, que sequer se animam a aparecer em público, fazem lembrar o rápido e furtivo desembarque do comandante Francesco Schettino após jogar o Costa Concórdia contra os arrecifes junto à ilha de Giglio.
A direção pretendida quando a grande curva foi desenhada chegou onde inevitavelmente haveria de chegar, porque nunca foi diferente o resultado de tais políticas. E se há muita incerteza, hoje, sobre o futuro do país, se os comandantes se escondem mas não desembarcam, ninguém duvida de que o desvio de rota e a megalomania os condenaram à insignificância.
* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 

“Por muitos anos vivi entre padres e pintos. Na verdade muito mais pintos do que padres.” (Josefina Prestes)

Amar é...Dar para os argentinos a Dilma de presente.

"Tenho um amigo haitiano. Estamos negociando fazer um vudu pra Dilma." (Climério)

“O comunismo é um regime que agrada pessoas menores que precisam de um estado controlador para nivelar as suas mediocridades.” (Eriatlov)

“Abertura em Cuba? Só de pernas.” (Cubaninho)

J. R. Guzzo: Um Brasil que nunca existiu até agora



Publicado na versão impressa de VEJA

J. R. GUZZO

O Brasil pode estar ganhando muito mais do que perdeu com a descida da Petrobras aos nove círculos do inferno para onde foi arrastada durante os três últimos governos da República. Nunca se roubou tanto da brava gente brasileira, embora se tenha roubado sempre ─ e provavelmente se continuará roubando enquanto o país, na prática, for propriedade do “Estado” e obedecer à sua regra número 1, pela qual é obrigatório, para quem quer produzir alguma coisa, pedir licença a quem não produz nada.

Mas há sinais concretos de que o espetacular surto de corrupção dos últimos anos, quando nossos atuais governantes decidiram transformar o uso privado do patrimônio público em programa, método e sistema de administração, está oferecendo uma oportunidade inédita ao Brasil do futuro ─ a de deixá-lo mais resistente do que jamais foi às epidemias de criminalidade oficial causadas pelos que mandam no governo, dentro e em volta dele, e que agora chegaram ao seu grau de intensidade máxima.



Essa recompensa será a passagem do país a uma situação até agora praticamente desconhecida na história brasileira: a de funcionamento pleno de um estado de direito no território nacional. O trabalho para isso está sendo feito numa modesta jurisdição local, a de Curitiba, pelo juiz Sérgio Moro, titular da 13ª Vara da Justiça Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Ninguém está dizendo aqui que o Brasil perdeu pouco, porque a verdade é que perdeu muito. Provavelmente nunca se saberá ao certo ─ a conta começa num número mínimo de 6 bilhões de reais, estimativa oficial da própria Petrobras para o prejuízo sofrido com esse redemoinho de corrupção que a empurrou para o precipício, e vai até cifras não mapeadas pela aritmética comum.

Mas, por maior que seja a perda, sempre será apenas dinheiro ─ e a sabedoria popular diz que tudo o que pode ser pago com dinheiro é barato. Caras, mesmo, são aquelas coisas que o dinheiro não consegue comprar. Uma das mais preciosas é a segurança trazida pelos regimes em que o cidadão vive, no dia a dia da vida real, sob o comando da lei. Não é possível haver civilização se não há estabilidade, e não é possível haver estabilidade sem um sistema judicial que funcione com clareza, para todos e durante o tempo inteiro. Onde a aplicação da lei é incerta, não há lei. Onde não há lei, não pode haver liberdades públicas ou indivi­duais, nem igualdade entre as pessoas, nem proteção verdadeira aos direitos de ninguém; não pode haver democracia.

O esforço do juiz Moro no processo do petrolão, junto com os procuradores federais e os agentes da PF, está colocando a sociedade brasileira sob o império da lei ─ the rule of law, como se diz no direito público dos Estados Unidos e da Inglaterra. Isso não tem preço. A força que realmente sustenta os procedimentos da Justiça Federal na Operação Lava-Jato é a obediência permanente à letra da lei por parte dos responsáveis pelo processo. Não adianta nada buscar a justiça se não há nessa busca o respeito às leis em vigor no país. Elas são as únicas que existem, e é com elas que o Poder Judiciário tem de trabalhar; combater a impunidade não autoriza ninguém a passar por cima do direito de defesa, da obrigação de provar claramente cada acusação feita e de qualquer regra escrita nos códigos da Justiça penal.

Agir dentro da lei ─ é o que o Judiciário federal está fazendo, e é por isso, justamente, que sua conduta está sendo tão decisiva para o avanço do estado de direito no Brasil de hoje. Os fatos, aí, são perfeitamente claros. Todas as decisões do juiz Moro, sem nenhuma exceção, estão sujeitas ao julgamento de tribunais que ficam acima dele; os advogados dos acusados têm o direito de recorrer a essas autoridades superiores contra qualquer dos seus despachos, e vêm fazendo isso desde que o processo começou. Em praticamente todos esses recursos as decisões de Moro foram confirmadas.

Seu trabalho está sendo vigiado o tempo todo pelos 27 desembargadores das oito turmas do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre, mais os 33 ministros do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, e, no fim da linha, os onze ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso, ele despacha sob o olhar direto dos onze procuradores federais e dez delegados da PF, pelo menos, que dão expediente na Operação Lava-Jato ─ ao todo, contando com ele próprio, um exército de 93 pessoas. O que mais estaria faltando?

O processo do petrolão, na verdade, é o exato contrário do que têm afirmado desde o começo muitos dos advogados que lideram a defesa ─ mais, naturalmente, o governo e todo o seu sistema de apoio. Sua ideia-mãe, com variações aqui e ali, é que Moro, o Ministério Público e a Polícia Federal estão criando um “regime de exceção” no Brasil, um “estado policial” que nega o direito de defesa, persegue cidadãos sem culpa formada, age com crueldade e prepara um golpe para a “volta da ditadura”. Estariam mancomunados para tirar a liberdade de empreiteiros de obras, diretores da Petrobras, doleiros, o tesoureiro nacional do PT e quem mais estiver sendo investigado por corrupção na Justiça Federal do Paraná. Como assim? Ninguém explica, pois não dá para explicar como seria possível montar uma conspiração secreta com a participação de quase 100 pessoas sem que ninguém falasse nada.

É incompreensível, também, alegar arbitrariedade, violência contra os acusados ou descaso com a produção de provas quando nada menos que 28 cidadãos, todos altamente postados na vida, concordaram até agora, com a plena assistência de seus advogados, em confessar suas culpas, devolver dinheiro ganho ilegalmente e denunciar cumplicidades nos delitos que praticaram. Réus já receberam sentenças das quais não vão apelar. Mais: a “delação premiada”, que levou os envolvidos a colaborar com a Justiça para aliviar suas penas, só existe porque foi criada por lei. Não é uma lei da “ditadura” ou do ex-­presidente Fernando Henrique ─ é a Lei 12850, sancionada em 2013 por ninguém menos que a própria presidente Dilma Rousseff, que ainda na campanha eleitoral do ano passado a apresentava como uma das suas grandes realizações e hoje se diz indignada com ela.

Uma discreta informação surgida no noticiário recente talvez seja a comprovação mais luminosa, pois também é a mais simples, da mudança real que o avanço do estado de direito está produzindo no Brasil. O empresário Emílio Odebrecht, segundo a notícia, queixou-se aos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique, em conversas particulares, por não estar conseguindo fazer nada pela libertação de seu filho Marcelo, acusado de corrupção na Petrobras e preso há dois meses em Curitiba. Lula e FHC disseram-lhe palavras de consolo ─ e isso foi tudo que puderam fazer. Não é preciso pensar mais do que dois minutos para ver que a ação da Justiça está fazendo aparecer um país que jamais existiu antes por aqui.

A Odebrecht é o quarto maior grupo empresarial do Brasil; faturou perto de 34 bilhões de dólares em 2014, emprega cerca de 170 000 pessoas diretamente e influi nos negócios de centenas de outras empresas. Desde quando um dos empresários mais potentes do Brasil, íntimo do primeiríssimo escalão do poder, fala com dois ex-presidentes da República e não consegue tirar o próprio filho da cadeia? Não é assim que este país vem funcionando há 500 anos. Temos leis que não acabam mais ─ mas para que servem se não são aplicadas sempre, por igual e para todo mundo? A Rússia comunista também tinha belíssimas leis ─ previam até a liberdade de imprensa, o voto livre e a independência de poderes. E daí? Lei não é justiça.

Só poderá haver esperança de uma sociedade justa se estiver em funcionamento genuíno um sistema judiciário independente, previsível e capaz de aplicar a lei sempre da mesma maneira ─ e em que os donos do poder não possam demitir os juízes que os incomodam. É o que está acontecendo no petrolão. Marcelo Odebrecht não está preso porque é rico e preside uma empresa gigante. Está preso porque a Justiça, com apoio em fatos, investiga quanto ele está devendo ao Código Penal.

O tiroteio disparado contra Sérgio Moro é uma das mais agressivas campanhas em favor da negação da Justiça que o Brasil já conheceu. É também a comprovação de quanto a ideia de viver sob o império da lei é inaceitável para as forças que mandam na vida pública brasileira. Trata-se do condomínio formado por coronéis da política, que operam nas grandes capitais e andam de jatinho, mas continuam dentro do seu carro de boi mental de sempre, por empresas que vivem de fazer negócios com o governo e por toda a extensa população de parasitas cujo bem-estar material depende, de um jeito ou de outro, da máquina pública. São representados hoje, melhor do que nunca, pelo governo do PT, seu aliado, sócio, protetor e protegido ─ e para manterem o fazendão que chamam de “Estado” estão convencidos de que tudo serve.

Vale, por exemplo, dizer que o combate à corrupção na Petrobras está fazendo o Brasil perder “1% do PIB”, como descobriu a presidente Dilma. A Lava-Jato não pode “paralisar” a economia brasileira, dizem lideranças do PT e do governo ─ por essa maneira de ver as coisas, a economia só crescerá se a ladroagem estiver liberada. A delação de um dos acusados, algum tempo atrás, foi vista como uma manobra internacional para “prejudicar a viagem da presidente aos Estados Unidos”. O ex-presidente Lula compara o combate judicial à corrupção com a perseguição aos judeus na Alemanha nazista.

Vale tudo, também, na tentativa permanente de denunciar o juiz, procuradores e policiais que investigam o petrolão como delinquentes dispostos a violar a lei para satisfazer a “opinião pública”. Personalidades tidas como juristas de elevado saber mostram-se tão convencidas de suas próprias certezas que não pensam mais direito no que estão falando. Uma delas, recentemente, sustentou que o juiz Moro é “um cidadão do sul com volúpia para prender pessoas” ─ e que as confissões dos acusados estão sendo feitas “sob tortura”.

No seu entender, o sujeito que “está acostumado com um bom padrão de vida e é posto numa sala que não tem nem privada”, como ocorre com os empreiteiros e barões da Petrobras presos em Curitiba, “está sendo torturado”. Para aperfeiçoar seu argumento, disse que um preso é um preso, e outro preso é outro preso. “Se você viveu numa favela”, comparou, dá para aguentar uma cela miserável; com um doutor já não é a mesma coisa. Que mais seria preciso para comprovar a angústia do Brasil velho com a mudança ora em execução pela Justiça Federal?

O autor desses pensamentos, enfim, parece ter falado por todos os que combatem os processos do petrolão ao afirmar que “nem no tempo da ditadura” houve tanto desrespeito à lei numa investigação criminal. É mesmo? Se os que dizem isso tivessem um dia levado um bom inquérito policial-militar no lombo, notariam bem depressa as diferenças entre uma época e outra; saberiam, também, que uma cela no DOI­-Codi não tem absolutamente nada a ver com o xadrez da PF de Curitiba.

É um bom sinal para o Brasil que, após um ano inteiro de esforço, tenha dado resultado zero a tentativa de demonstrar que não há corrupção no governo, ou só um pouquinho, e que tudo não passa de uma armação contra os interesses populares. A campanha fracassou porque sempre foi uma missão impossível ─ pretendeu convencer a maioria da população a acreditar que os reis não estão nus, e essa não é uma opção disponível. O trabalho do juiz Sérgio Moro está mais vivo hoje do que estava quando começou. O estado de direito agradece.

Controle disfarçado de Norma de Desempenho- Por Instituto Liberal

calhamaçoCompleta dois anos neste mês de julho uma das maiores ferramentas de controle já estabelecidas para a atividade de construção civil em nosso país.
Sob o nome de Norma de Desempenho (NBR 15.575), um calhamaço contendo aproximadamente 900 normas, estabelecem-se diretrizes construtivas que tratam de condições de segurança (desempenho mecânico, sistemas contra incêndio, bom desempenho no uso cotidiano), condições de habitação (conforto em relação à temperatura, acústica, iluminação, estanqueidade, circulação de ar, acesso e movimentação dos moradores) e sustentabilidade (duração, manutenção e adequação ambiental). As edificações residenciais cujos projetos foram aprovados após a entrada em vigência da Norma serão obrigadas a respeitá-la. As construções que não seguirem as normas estarão sujeitas, naturalmente, a sanções legais por parte dos consumidores e, me arrisco a dizer, pelo Ministério Público.
Num esforço indispensável para a “modernização tecnológica da construção brasileira e melhoria da qualidade das nossas habitações” e, naturalmente, para proteger os frágeis consumidores das garras dos gananciosos construtores que ganham “rios de dinheiro” colocando em risco a vida das pessoas e destruindo o meio ambiente, o que as diversas organizações públicas e privadas envolvidas no processo (Associações profissionais, Universidades, Sindicatos, CBIC, ABNT, Caixa Econômica Federal) conseguirão é cercear liberdades, criar um ambiente fértil para querelas infindáveis entre todos os envolvidos na cadeia do setor e, por conseqüência, influenciar negativamente um mercado que em séculos de existência sempre encontrou seus ajustes naturalmente. O extrato de texto abaixo, retirado do Guia “orientativo” (palavra não encontrada no Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, diga-se de passagem…) para atendimento à norma ABNT 15575/2013 editado pela CBIC (Câmara Brasileira da Industria da Construção) e disponível para download gratuito deixa claros os “benefícios” da norma:
“A norma de desempenho NBR 15575 estabelece parâmetros, objetivos e quantitativos que podem ser medidos. Dessa forma, buscam-se o disciplinamento das relações entre os elos da cadeia econômica (rastreabilidade), a diminuição das incertezas dos critérios subjetivos (perícias), a instrumentação do Código de Defesa do Consumidor, o estímulo à redução da concorrência predatória e um instrumento de diferenciação das empresas. ”
Na parte “[…] o estímulo à redução da concorrência predatória e um instrumento de diferenciação das empresas”, o interventor demonstra o viés controlador, deixando claro o entendimento de que os cidadãos são absolutamente incapazes de agir por conta própria, definindo o que entendem ser melhor para suas atividades. Exemplos de sociedades mais desenvolvidas economicamente já comprovaram que nada como o livre mercado para cuidar dos dois pontos citados. Os empreendedores só deveriam prestar contas a seus verdadeiros patrões, os consumidores! Imagino o que diriam Bastiat, Adam Smith, Tocqueville, Hayek, Meira Penna, Frank Knight e tantos outros fervorosos liberais da história…
Há pontos menos delicados cujas intervenções até “passam”, com uma boa dose de boa vontade, por terem menor efeito controlador; por exemplo, as exigências de resistência de cerâmicas ao dizer que estas não podem quebrar facilmente ao sofrerem qualquer impacto. Entretanto há outras em que o afã totalitário transforma a atividade de construção em algo quase impossível. Vejamos as exigências de acústica: o ruído entre os cômodos do mesmo imóvel, entre os cômodos do imóvel e das áreas comuns e entre a fachada do imóvel e a rua não pode ultrapassar certo número de decibéis (sabe-se lá como esses parâmetros foram definidos…), a depender da localização geográfica da edificação. Antigamente quem queria morar num lugar silencioso procuraria uma opção de imóvel num bairro pacato ou mesmo um pouco mais longe de ruas movimentadas (aqui já começava a ação da bela mão invisível do mercado privilegiando os empreendedores que optavam por construir e vender imóveis em áreas silenciosas…). Hoje em dia o sujeito vai querer morar “em cima” de um ponto de ônibus numa rua central sob as mesmas condições acústicas de outro que mora na borda de uma floresta (sei que a comparação é exagerada, mas diante do conteúdo absurdo do instrumento sobre o qual escrevo, qualquer exagero é pequeno) e, melhor ainda, sem pagar mais por isso. Claro, porque quem tem que se virar para absorver os 7% estimados de elevação de custos nas construções “respeitadoras” da norma é o construtor milionário, mesmo porque os outros imóveis da região não terão modificações drásticas de preço e na hora da comparação sabemos bem o que acontece. Diabos, deixem o empreendedor construir na rua mais barulhenta da cidade colocando vidros antirruídos, cobrando o preço justo e convencendo o comprador a pagar por isso! Tudo por conta própria! E poderíamos estender esse artigo indefinidamente se fossemos tratar das exigências relacionadas à temperatura, iluminação, etc…
Certa vez ouvi de um adepto da norma que “a empresa XYZ está ficando conhecida por utilizar um sistema de descarga de banheiro muito silencioso que está preconizado na Norma de Desempenho, e por isso espera vender seus imóveis com mais facilidade e com preço mais elevado”. Ora, a empresa não poderia ter tido a idéia de forma independente, sem depender de uma diretriz central? Não poderia investir por conta própria em inovações que cativariam seus clientes, trariam melhores resultados e naturalmente um benéfico efeito em cadeia para toda a economia e sociedade? Estou cada vez mais convencido de que os sentimentos que levam os homens a formularem mais e mais ferramentas de controle são principalmente o medo e a inveja. Medo sobretudo de perderem a posição que ocupam e inveja da maior capacidade possuída por outros. Enquanto continuarmos a viver sob estes ideais, os gênios criativos serão embotados, o mundo se desenvolverá menos e, consequentemente, pobreza e desigualdade estarão cada vez mais presentes em nossas vidas. Na época em que escrevo este texto, entra em vigor uma lei no estado do Espírito Santo que proíbe restaurantes e lanchonetes de exibirem o sal sobre a mesa… Preciso comentá-la?
*Daniel Baptista é diretor financeiro do grupo SB4. 

IL-Quanto perdemos?

semaforoNoticia-se que o governo está promovendo o enxugamento da máquina pública para vencer a crise econômica. Supondo que esse “enxugamento” esteja realmente ocorrendo, principalmente quando nos lembramos do tamanho do Estado, façamos três perguntas:
Por que o governo não fez isso antes?
Por que o governo não aproveita o momento e faz o serviço completo?
Quanto a sociedade brasileira perdeu, ao longo de sua história, ao ser obrigada a manter um Estado tão gordo, tão lento, tão dispendioso?
A primeira pergunta é respondida pelos liberais há muito tempo: Porque a política tende a utilizar a máquina pública para se preservar, o que se acentua quando um governo é de esquerda, já que sua militância é muito maior e depende fundamentalmente dos salários, dos repasses e dos patrocínios do Estado.
A segunda pergunta nos lembra de que quem está na presidência ainda é um partido de extrema-esquerda que continuará evitando reduzir o Estado a uma escala que diminua seu poder.
A terceira pergunta me lembra de um caso muito triste…
Numa esquina próxima a casa onde morei em Vila Velha-ES, acontecia acidentes quase diariamente. Muitas pessoas morreram e se machucaram gravemente. Famílias foram despedaças ou passaram por grandes sofrimentos por causa da falta de sinalização. Minha mãe, que tinha uma pequena escola ali perto, vivia encaminhando ao governo pedidos de providências enquanto moradores improvisavam lombadas que sempre eram desfeitas pelo mesmo poder público que se negava a instalar um simples semáforo. Mas então, um atropelamento ganhou as manchetes dos jornais, finalmente sensibilizando o governo.
Dias depois, enquanto minha mãe acompanhava a instalação do semáforo, um homem se aproximou, olhou aquela tralha toda sendo erguida e murmurou: “Esperaram minha filha morrer…”.
Quantas dezenas pessoas morreram e sofreram por causa da ineficiência, da lentidão e da insensibilidade estatal?
Quantas pessoas foram impedidas de deixar a pobreza por meio de seus próprios esforços?
Quantas pessoas tiveram seus negócios arruinados pelas dificuldades criadas pelo governo?
Quantas tecnologias, quantas patentes, quantas fábricas, quantos quilômetros de ferrovias e de redes de esgoto deixaram de ser construídos por causa da ação parasitária do Estado?
Existem muitos estudos que especulam os prejuízos causados pela corrupção, pela burocracia, pela violência e pela precariedade da infraestrutura, mas nunca conseguiremos calcular o que realmente deixamos de ser enquanto país por estarmos a tanto tempo submetidos ao Estado.
Este “enxugamento” da máquina estatal, por mais tímido que seja, indica não apenas que o Estado pode funcionar sem os gastos que agora estão sendo eliminados, mas que muitos e muitos outros gastos poderiam e deveriam ser eliminados também.
Quem acredita que este “enxugamento” se estenderá até o ideal? Ninguém.
Sabemos que o inchamento do Estado originou-se lá trás, no Brasil colonial e prosseguiu pelo período imperial, varguista e militar até chegar à redemocratização. Os governos Collor, Itamar e Fernando Henrique Cardoso implementaram reformas na estrutura do Estado que, apesar de pequenas, foram medidas que poderiam ter sido ampliadas por Lula, principalmente se considerarmos sua popularidade e o ótimo cenário da economia mundial em seu primeiro mandato. Lula não quis. Ao contrário. Inverteu a direção e inflou o Estado como nunca antes na história desse país.
Dias atrás, Dilma confessou que não percebeu o desenrolar da crise. Até num momento como esse, sua arrogância a impede de dizer a verdade. Considerando sua característica omissão, devemos concluir que se ela hoje assume que a situação econômica é grave, que profundos cortes de despesas são necessários e que a crise se arrastará também por 2016, é porque a situação é, na verdade, muito pior.
O pior mesmo é ver que nada realmente está sendo feito para tornar o Brasil um país melhor. O que o governo tenta fazer, por meio de uma dúzia de canetadas que não podem ser chamadas de reformas, é apenas mantê-lo de pé na esperança de que o preço das commodities volte a subir e que a China voltar a crescer ao ritmo de 10 anos atrás; para voltar a entrar dinheiro, para voltarem a inflar o Estado, para o PT viabilizar sua permanência no poder.
A triste verdade: Ninguém conseguirá reparar o atraso imposto à sociedade brasileira por todos esses anos, por todas essas décadas, por todos esses séculos de escravidão estatal. Da mesma forma que nada nem ninguém devolverá ao pai sua filha perdida num atropelamento que poderia ter sido evitado, a sociedade brasileira não receberá o poder de reformar seu passado para viver um presente melhor; e seu presente é tão medíocre quanto seu passado porque é vivido sob a mesma e doentia crença de que o Estado um dia, uma dia… nos salvará.

João Cesar de Melo

Arquiteto, artista plástico e escritor. Escreveu o livro “Natureza Capital”.

IL- Liberdade ainda que tardia

freedMais ou menos engajados, brancos ou negros, patrão ou empregado, participantes ou não de manifestações e panelaços, a sensação de mal estar é generalizada.
Estamos todos fartos, entojados do combo de ineficiência, mentira, omissão, corrupção, inflação, recessão e desemprego.
A que ponto precisaremos chegar?
O Brasil parece estar preso ao estigma do país do futuro.
Em um passado não muito distante, pensou-se que decolaríamos, como na imagem do Cristo estampada na capa da The Economist, e de fato, houve crescimento e desenvolvimento social.
Crescemos sim, com crédito farto e barato, incentivo ao consumo e surfamos no boom das commodities. Investimentos em infraestrutura e reformas ficaram em segundo plano.
No melhor estilo “Pão e Circo”, as boas notícias e o clima favorável foram utilizados de maneira inescrupulosa e eleitoreira, de forma a garantir a perpetuação no poder.
A ambição de transformar as conquistas de curto prazo em vantagens nas urnas, aliadas à intervenção e ao viés ideológico, resultaram no péssimo momento econômico  e político que estamos vivendo hoje.
Mas porque a decolagem falhou? Afinal, o que impede o Brasil de avançar?
O peso do Estado que esmaga o cidadão e a arrogância populista de nossos líderes!
Em todo o mundo, observa-se uma correlação direta entre liberdade econômica e prosperidade.
Não há maior promotor de desenvolvimento do que o capitalismo.
O caminho para a prosperidade passa, pelo empreendedorismo.
Trabalhadores, patrões e empregados, livres para criar e investir, gerando riqueza, emprego e usufruindo do fruto de seu trabalho.
O estado nada produz. É moroso e corrupto. O cidadão não suporta mais trabalhar para sustentar a adiposa, anacrônica e ineficiente máquina pública.
É preciso desconstruir a cultura, muito enraizada na cabeça dos brasileiros, de que o Estado deve resolver todos os problemas.
Fundamentalmente, é preciso conscientizar o indivíduo sobre seu poder como agente de transformação da sociedade. Quanto mais pessoas com espírito empreendedor, melhor.
A Liberdade, além de um princípio constitucional, é uma aspiração humana universal. Não se engane, caro leitor: quanto maior for o Estado, menos livre será o cidadão.
* Débora Roichman é presidente do Instituto de Formação de Líderes/BH. 

Cristina Kirchner, Dilma, Bachelet...E o pessoal ainda diz que não acredita em bruxas!

Você abusou, tirou o partido de mim, abusou...- Divergências entre Dilma e Temer só aumentam - eles mal se falam


A presidente e o vice alimentam desconfianças mútuas: um acha que está sendo sabotado pelo outro. Bem , pelo tempo que aturou a miss arrogância acho que Temer já merece o Nobel da Tolerância

“O coração do povo é de Jesus. Mas o dízimo é da católica, do Santiago, do Edir, do RR. Soares...” (Limão)

“Mal-educados quando visitam restaurantes chamam os garçons com se estivessem num canil. Só falta erguerem um osso.” (Mim)

“Já lambi sabão de graça. Em alguns restaurantes tive o desprazer de comer coisa bem pior e pagar caríssimo.” (Limão)

“Governo bom, sério e equilibrado o Brasil nunca teve. Sempre houve um rodízio dos mais ou menos. Mas agora resolveram esculhambar.” (Eriatlov))

segunda-feira, outubro 30, 2006 TRISTE PAÍS ESTE MEU

Sempre vivi em conflito com o Brasil. Em verdade, sou mais platino que brasileiro. Nasci na pampa, a mais ou menos um quilômetro da Linha Divisória entre Brasil e Uruguai. Com meus pais, falava português. Com minha ama, doña Catulina, falava espanhol. Na estrada, em frente a nosso rancho havia um desses marcos divisores de fronteira, em concreto. Meu pai costumava colocar-me nos ombros para que eu subisse até o topo do marco. Mandava que eu me virasse para o nascente e dizia: "fala para os homens do Uruguai, meu filho". Depois fazia virar-me para o poente: "Fala agora para os homens do Brasil". Nasci entre duas culturas e o primeiro grande poema de minha infância foi o Martín Fierro. Meu pai era camponês sem maiores luzes, mas conhecia de cor dezenas de sextilhas de Hernández. Pergunte hoje a um professor universitário quem foi José Hernández. Poucos saberão responder.

Entender o mundo foi algo que sempre me fascinou. O aprendizado da leitura me absorveu a tal ponto que eu entrava noite adentro lendo à luz das brasas do fogão. As seleções do Reader's Digest, não sei como, chegavam até aqueles rincões. Não sei se algum leitor ainda lembra delas. Tinham o formato de um pequeno livro e o texto era disposto em seis colunas. Em minha sofreguidão, eu lia as linhas na horizontal, pulando de uma coluna para outra. Não era tarefa fácil, após a leitura, ordenar o texto todo. Fiz o primário em escola rural. Minha alegria de fim de ano era saber que no ano seguinte eu receberia novos livros.

Desde pequeno, tive a intuição de que um homem vale pelo que conhece. No ginásio, me fascinou o estudo de inglês, francês e latim. Sentia-me como que travestido falando uma língua estrangeira. Não o espanhol, é claro, que nunca foi estrangeira para mim. Enquanto meus colegas e parentes se dedicavam a projetos mais práticos, como o de ganhar dinheiro e comprar coisas, eu me preocupava em ler mais para entender melhor o universo que me cercava. Um dos apelidos que me pespegaram em meus dias de Porto Alegre foi "Pra-que-dinheiro?". Eu não entendia muito bem para quê.

Os livros foram minhas armas para enfrentar o mundo. Com eles enfrentei a arrogância dos padres, dos marxistas, dos acadêmicos. Nos dias em que estava abandonando a fé cristã, que me fora enfiada a machado na cabeça, um padre foi enviado à minha cidadezinha para reconduzir ao rebanho a ovelha prestes a perder-se. Conversamos um dia inteiro, esvaziando várias jarras de água. "Com que autoridade - me perguntava o padre Firmino - ousas contestar o que homens ilustres afirmaram?" Contesto, padre, com a autoridade da razão, da lógica e de minhas leituras. Eu teria 17 anos. Graças a meus livros, enfrentava com serenidade aquele Torquemada cinqüentão. A leitura me havia salvo do obscurantismo.

O valor que mais cultivo é o conhecimento. Certa vez, em uma audiência judicial, um juiz me defendeu como me defenderia minha mãe. "Este homem nunca teve tempo de ganhar dinheiro, passou sua vida estudando". Estudando, continuo até hoje. Não tenho maior apreço por quem ostenta fortuna ou poder. Vivemos dias em que sucesso é um valor. Conheço pessoas de bom nível cultural que invejam o Supremo Apedeuta: "Ele teve sucesso". Tenha o sucesso que tiver, pessoa inculta para mim não vale um vintém. Respeito o analfabeto que não teve condições de alfabetizar-se. Não tenho respeito algum por quem, tendo a chance de educar-se, não se educou. Tenho mais respeito por minha faxineira, que surpreendi outro dia lendo Machado de Assis. Quem me acompanha sabe que abomino aquele carioquinha. Mas melhor ler Machado que não ler nada. Urge acabar com esse mito de que alguém vale alguma coisa só porque é presidente da República, bispo de Roma ou sabe chutar uma bola.

Falava de meu conflito com o Brasil. Quando fugi para a Suécia, fugia de duas coisas: carnaval e futebol. Mas por mais que um homem fuja, sempre carrega nas costas seu passado. Os suecos me interrogavam sempre sobre ... carnaval e futebol. Em todas minhas viagens, a peste Brasil sempre viajou grudada à minha pele. Seja nas fronteiras políticas do mundo socialista, seja nas fronteiras hipotéticas do Saara, ao mostrar o passaporte verde nunca faltou um policial analfabeto que me dissesse: "Brassil? Pelê, cafê, sambá".

Nunca tive razões para orgulhar-me de meu país. Tampouco encontro homens em sua história a quem possa conferir a comenda de herói. Tivemos alguns homens de visão, é verdade, Hipólito da Costa (que nasceu na Colônia do Sacramento, atual Uruguai), José Bonifácio, Silva Paranhos. É muito pouco para país tão grande. Santos Dumont? De acordo. Mas Dumont é fruto da cultura francesa, não da nossa. Meus heróis estão em outras culturas. Alexandre, Sócrates, Cervantes, Schliemann, Fernão de Magalhães, Nietzsche, Mozart, Pessoa, Hernández. Entre meus numes tutelares não há nenhum brasileiro.

Viajando, aprendi a gostar deste país. Gosto de repetir uma frase de Chesterton: "não se conhece uma catedral permanecendo dentro dela". Precisei sair para entender melhor a terra em que nasci. Se aqui existem mares de burrice, há também ilhas de inteligência. Se há miséria, há também riqueza. Se há feiúra, há também beleza. Todo país é lindo quando nele existe uma mulher a quem amamos. Essa mulher eu a tive e era daqui. Tivesse eu nascido no Congo ou em Ruanda, teria fortes razões para partir e não mais voltar. Mas ao Brasil dá pra voltar. Que o digam os exilados de 64, que nos cafés de Paris ou Berlim juravam só voltar de metralhadora em punho. Mal Figueiredo decretou a anistia, voltaram chorando a cântaros. Quando passamos muito tempo longe do Brasil, sempre dá um nó na garganta ao voltar. Se choramos ao voltar, é porque o país é viável.

Sempre nos doem na alma as mazelas do país do qual gostamos. Gostar do Brasil é viver de alma machucada. Temos tudo para ser ricos e - ilhas à parte - vivemos atolados na miséria. Eleições são momentos em que brota, no peito de quem gosta de sua pátria, um raminho de esperança: quem sabe, desta vez saímos do barro. Esse raminho, em meu peito há muito murchou. Faz hoje dezesseis anos que não voto, por não conseguir vislumbrar candidato em quem confiar meu voto. Se por um lado não voto, por outro sempre espero apreensivo o resultado das urnas.

Há quatro anos, foi eleito presidente da República um homem que se gaba de sua incultura. Parafraseando Lula: nunca houve na história deste país tamanho acinte à inteligência. Sua eleição gerou um clima funesto no país. Para "ter sucesso" não era mais necessário ter cultura. Analfabeto mesmo serve, desde que minta à vontade, conforme o gosto das gentes. Não bastassem suas demonstrações quase que diárias de analfabetismo, não bastasse a roubalheira institucionalizada de seu governo, não bastassem suas mentiras deslavadas e continuadas, candidatou-se novamente à Presidência da República.

Nos tempos d'antanho, para justificar suas vontades, os poderosos costumavam dizer: Deus quer, Deus quis, em nome de Deus. O tal de Deus parece andar um tanto fora de moda. Hoje, os poderosos ou candidatos ao poder dizem: em nome do povo, o povo quer, o povo diz. Soaria um tanto obsoleto, tanto para Lula quanto para Alckmin, dizer: eu sou o candidato de Deus. Mas não têm maiores pudores em afirmar que são o candidato do povo. As duas palavrinhas - Deus e povo - continuam sendo de difícil definição e têm tantas acepções quanto as bocas dos que as pronunciam. Jamais vi ou li uma definição de povo que satisfizesse a todas as mentes. Mas uma coisa é certa. Passe numa segunda-feira de manhã em um parque público ou em uma praia. Você pode não saber o que é povo. Mas é óbvio que o povo passou por ali. Nesta segunda-feira, Lula acordou reeleito presidente da República. Ontem, o povo passou pelas urnas.

Ainda na semana passada, o candidato derrotado dizia que o PT "está fazendo apologia da mentira. Os petistas podem mentir. Não, o brasileiro não gosta de mentiroso. Nada se sustenta em cima da mentira. Mentira é desvio". Santa ingenuidade tucana. Esta coisa informe que se chama povo parece ter-se indignado com as palavras de Alckmin. E correu às urnas para desmenti-lo: "somos brasileiros e gostamos de mentirosos, sim senhor. Quem disse que nada se sustenta em cima da mentira? Mentira não é desvio. Mentira é direito sagrado de todo cidadão".

Em um sistema democrático, bem ou mal o presidente representa as aspirações da nação toda. Triste país este meu, que elege e reelege um bronco sindicalista. Disse certa vez um político inglês que a Inglaterra era bem sucedida porque seus cidadãos honestos tinham a mesma audácia que os canalhas. Claro que no Brasil existirão não poucos homens honestos. O problema é que carecem de audácia, virtude que nunca faltou aos canalhas.

“Nosso país tem jeito? Sei não... Por aqui está assim de sujeitinhos graúdos que deveriam estar nas celas há anos, e estão por aí dando entrevistas e cuspindo petulância.” (Eriatlov)

A esquerdista mijona que ontem esfaqueou o boneco Pixuleco Lula deve estar hoje vomitando democracia. Democracia cubana, sem dúvida.