segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A existência do estado é, acima de tudo, uma contradição jurídica

Qual é a definição técnica de estado?  O que uma instituição deve ser capaz de fazer para ser classificado como um estado?
Essa instituição deve ser capaz de fazer com que todos os conflitos entre os habitantes de um dado território sejam trazidos a ela para que tome a decisão suprema e dê sua análise final. 
Mais ainda: deve ser capaz de fazer com que todos os conflitos envolvendo ela própria sejam decididos por ela ou por seus funcionários.
Ou seja, o estado é um agente que detém o monopólio da tomada suprema de decisões para todos os casos de conflito dentro de um território.  Esse agente, por definição, tem o poder de proibir todos os outros de agirem como juiz supremo.
Baseando-se nessa definição de estado, é fácil entender por que existe um desejo de se controlar um estado: quem quer que detenha o monopólio da arbitragem final dentro de um dado território tem o poder de fazer as leis.  E aquele que pode legislar, inclusive em causa própria, está em uma posição invejável.
A partir do momento em que passa a existir uma instituição que detenha o monopólio da tomada suprema de decisões para todos os casos de conflito, essa instituição também irá definir quem está certo e quem está errado em casos de conflito em que os próprios membros desta instituição estejam envolvidos.
Ou seja, ela não apenas é a instituição que decide quem está certo ou errado em conflitos entre terceiros, como ela também é a instituição que irá decidir quem está certo ou errado em casos em que seus próprios membros estejam envolvidos.
Uma vez que você percebe isso, então se torna imediatamente claro que tal instituição não apenas pode, por si mesma, provocar conflitos com cidadãos comuns para em seguida decidir a seu favor quem está certo e quem está errado, como também pode perfeitamente absolver todos os seus membros que porventura tenham sido flagrados em delito.  
Isso pode ser exemplificado particularmente por instituições como o Supremo Tribunal Federal. Se um indivíduo incorrer em algum conflito com uma entidade governamental, ou se algum membro do aparato estatal for flagrado em delito, o tomador supremo da decisão — aquele que vai decidir sobre a culpa dos envolvidos — será o Supremo Tribunal, que nada mais é do que o núcleo da própria instituição que está em julgamento.
Assim, é claro, será fácil prever qual será o resultado da arbitração desse conflito: o estado sempre estará certo. 
Consequentemente, é fácil perceber a falácia fundamental presente na construção de uma instituição como o estado.

Em busca do senhor — onde menos se espera

ATHEUS NET

Humanos e seus ídolos — cada iconoclastia, outra idolatria

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O FILHO DO MEDO por Percival Puggina. Artigo publicado em 04.12.2016



No último dia 30, naquele horário em que se apagam luzes e televisores e se intensifica a atividade dos cabarés, saqueadores do Brasil transformaram um pacote de medidas contra a corrupção no oposto daquilo para o que foi concebido. Aves de rapina! Fizeram de um colibri algo à sua imagem e semelhança.

É fácil entendê-los. Quatro perguntas ao leitor destas linhas ajudam a esclarecer tudo. Você, leitor, tem medo da Lava Jato, do juiz Sérgio Moro, de passar uma temporada em Curitiba? Você está preocupado com a delação da Odebrecht? Não? Pois é. Eles sim. Eu os vi esganiçados aos microfones naquela sessão da Câmara dos Deputados. Destilavam ódio e vingança. Comportavam-se como membros da Camorra, da Cosa Nostra, da Máfia italiana. Sua conduta e seus discursos faziam lembrar animais encurralados. O pacote pró-corrupção foi um apavorado filho do medo.

Não é diferente a situação no poder vizinho. Mal raiara o sol, na manhã daquele mesmo dia, Renan Calheiros já cobrava a urgente remessa da encomenda para o protocolo do Senado. Queria votar tudo em regime de urgência e agasalhar-se com o mesmo cobertor legislativo. Aprovado em modo simbólico, o pacote só não foi adiante porque alguém cobrou que o voto fosse nominal. Nominal? Imediatamente abaixaram-se os braços e o plenário optou pela rejeição. Ouvido, Renan, o hipócrita, afirmou que a decisão fora muito boa e que a matéria não tinha, realmente, urgência.

Após o impeachment da presidente Dilma, esse foi, certamente, o episódio político de maior consequência para o futuro do Brasil. Ele noticiou à opinião pública dois fatos que, antes, seria impossível conhecer em toda extensão:

• A Orcrim, que constitui, no Congresso, verdadeira e atuante Frente Parlamentar do Crime, tem ampla maioria da Câmara dos Deputados, onde aprova o que quer;
• Os mesmos deputados, que tanto clamam contra os "vazamentos" de informações que os comprometem, vazaram a si mesmos, tornando conhecido seu desejo pessoal de conter as investigações, atacar os investigadores, acabar com as colaborações premiadas, preservar anéis e dedos. Entregaram-se, todos, ao juízo dos eleitores para o tribunal das urnas de 2018.

Agora podemos dizer a suas excelências que sabemos quem são e estamos vendo o que fazem. Agir assim numa crise como a que enfrentamos? Convenhamos. Depois da crise, vem o caos. E ninguém sabe o que há depois do caos. A Venezuela ainda não nos mostrou.

Escrevo este artigo durante as manifestações populares deste 4 de dezembro. Enquanto isso, os poderes de Estado, em suas poltronas, assistem a manifestação do Brasil cuja indignação não é postiça nem indigna. Os cidadãos que lotam avenidas e praças em verde e amarelo, falando com seus cartazes e alto-falantes, são, em seu conjunto, a voz do dono. São a manifestação visível e audível da soberania popular.

GADO NÃO

Não esmorecer
Não ceder
Trabalhar
Estudar
Vislumbrar o futuro
Fazer e não esperar acontecer
Ser luz e não escuridão
Não aceitar ser apenas mais um quadrúpede no curral.


DELÍRIO

Aranhas na parede do quarto
Jason de máscara e facão na porta
Esqueletos no armário
Zumbis sob a cama
Sangue nas torneiras...
O passageiro contumaz da viagem etílica
Agora segue num passeio delirante
Com passagem só de ida
Pedindo com urgência um esquife para se deitar.

CONSTRUÇÃO

Sob o sol da esperança o povo apoiou a construção prometida
Acreditando que era uma fortaleza
Mas seus tijolos velhos e podres
Dia após dia desmoronaram
Mostrando quão fraco e enganoso
Era o material desta obra calamitosa de monumental propaganda.


IMPREVISÍVEL

Nós não dominamos a vida
Ela nos domina
Mesmo quando bem pensado escolhemos um rumo
Pode a força do imprevisível nos tirar do caminho.
“Não há felicidade no mundo que contente um olho grande.” (Pócrates)
“Vida após a morte? Acredito. Eu mesmo já morri várias vezes.” (Pócrates)

CHOQUINHO

“Levar chifres serve muitas vezes para fazer o ingênuo abrir os olhos à realidade. Mas nem sempre. Tem muita gente boa que navega na escuridão, enroscando as guampas em fios de alta tensão e tentando se convencer que recebeu apenas um “choquinho.” (Pócrates)

SEJAM COERENTES, CANALHAS!

“Líderes religiosos! ! Vendam seus imóveis que valem trilhões, criem fundos e dos resultados ajudem os pobres e outros sofredores do planeta; façam suas pregações sob lonas e vivam como ascetas. Assim agindo estariam todos sendo coerentes com o que pregam, não iludindo os de boa fé com o paraíso, enquanto vivem nos seus castelos limpos e bem nutridos. Quem deveria dar o primeiro passo seria o mentiroso argentino, já que os bens da santa madre são incontáveis.” (Filosofeno)
Entre o Pai-Filho-Espírito Santo fico com a filha que não está nesta lista.
Um dogma é a mão dos mortos na garganta dos vivos. — Lemuel K. Washburn
“Salvo agressões a propriedade e a vida o estado não deveria nos proibir a nada. Nem mesmo de comer sal ou de se casar com mulher feia.” (Pócrates)
Sempre que a moralidade baseia-se na teologia, sempre que o correto torna-se dependente da autoridade divina, as coisas mais imorais, injustas e infames podem ser justificadas e estabelecidas. — Ludwig Feuerbach
Se deus queria que as pessoas acreditassem nele, por que então ele inventou a lógica? — David Feherty
Para encontrar a si mesmo, pense por si mesmo. — Sócrates
“Devem achar que todos são otários. Algumas redes anunciam 10x sem juros. Então eu pergunto do salame, ou seja, do embutido.” (Pócrates)
O fato de um crente ser mais feliz que um cético não é mais pertinente que o fato de um homem bêbado ser mais feliz que um sóbrio. — George B. Shaw
“Cachorro com tendência política não é fácil. Come ovelha, disfarça e acusa o lobo.” (Pócrates)
“Minha irmã não queria um homem qualquer. Pois agora qualquer homem não quer ela.” (Pócrates)
“É o capim que o boi come que engorda o dono.” (Pócrates)
Água mole em pedra dura tanto bate até que desiste.
O sol nasce para todos. Mas para alguns nasce prematuro.
A noite é uma criança. Às vezes uma criança cagada.
Decisões precipitadas quase sempre dão errado. O rio às vezes não é raso.
Poder e dinheiro trazem uma multidão ao seu redor. Difícil saber quem não é falso.
Nem todos são bonitos. Mas a simpatia maquia o feio.

O NOSSO DIREITO

O nosso direito se entorta todo pelo voto. E depois de nada adianta berrar feito cabrito. O leitor precisa de muitas informações sobre os candidatos, observar atentamente o que ele defende e bem ciente daquilo que faz dar o tiro certeiro.
“A oposição no Brasil se resume a um quinteto. O resto joga no time das boquinhas.” (Eriatlov)


“Alguns clubes são tão ruins que os sócios fazem questão de pagar para sair.” (Mim)
“Em terra de cego quem tem um olho enxerga pelos outros.” (Mim)

MILLÔR FERNANDES- FÁBULAS FABULOSAS

Os três porquinhos e o lobo bruto (nossos velhos conhecidos)


Era uma vez Três Porquinhos e um Lobo Bruto(1). Os Três Porquinhos eram pessoas de muito boa família, e ambos(2) tinham herdado dos pais, donos do Porcão, um talento deste tamanho. Pedro, o mais velho, pintava que era uma maravilha - um verdadeiro Beethoven. Joaquim, o do meio, era um espanto das contas de somar e multiplicar, até indo à feira fazer compras sozinho. E Ananás, o menor, esse botava os outros dois no bolso - e isso não é maneira de dizer. Ananás era um mágico admirável.

Mas o negócio é que - não é assim mesmo, sempre? - Pedro não queria pintar, gostava era de cozinhar, e todo dia estragava pelo menos um quilo de macarrão e duas dúzias de ovos tentando fazer uma bacalhoada.


Joaquim vivia perseguindo meretrizes e travestis, porque achava matemática chato, era doido por imoralidade aplicada.


E Ananás detestava as mágicas que fazia tão bem - queria era descobrir a epistemologia da realidade cotidiana.


Daí que um Lobo Bruto, que ia passando um dia, comeu os três e nem percebeu o talento que degustava, nem as incoerências que transitam pela alma cultivada.


MORAL: É INÚTIL ATIRAR PÉROLAS AOS LOBOS.
1 - No sentido de inculto, não lapidado.
2 - Três é ambos?

NO BOLSO

Não parece doença
Mas é das bravas
Que toma o sujeito pela mente
E o conduz gentilmente
A ser um contribuinte compulsório
Dos procuradores do tal senhor onipotente
Que ninguém vê
Que  ninguém sente
Salvo o sentir no bolso mensalmente.

SETENTA

A carne não é boa coisa
O sal nos mata
O açúcar nos mata
O carboidrato nos mata
O ar está impuro
A água contaminada
Não sei como ainda estou vivo
Descontado todo exagero
Não viverei para sempre
Deixe-me viver setenta
Tendo alguns momentos de prazer.

SPONHOLZ

HUMOR ATEU- A METAMORFOSE


“A vida não é feita só de merengue. Às vezes é preciso limpar um cascudo.” (Eriatlov)
“Quando os cadafalsos estiverem prontos será que os omissos perguntarão qual é a finalidade deles?” (Eriatlov)
“Quando Stálin chegou ao inferno a primeira coisa que o diabo fez foi cortar o próprio bigode. Procurou com isso evitar qualquer semelhança.” (Eriatlov)

MEU CORRUPTO PREFERIDO- TEM AINDA QUEM TENTA JUSTIFICAR A QUADRILHA OLHANDO PARA O PASSADO

Magna fures- Grandes larápios

“A corrupção no Brasil sempre existiu. Porém jamais em tamanha proporção e organizada por quadrilheiros amoitados no governo e em empresas estatais, visando o financiamento de campanhas, compra de apoio parlamentar e como ninguém é de ferro, para enriquecer familiares que agora recebem visitas da Polícia Federal.” (Eriatlov)
“Quase 80% dos brasileiros gostaria de mamar no estado.  O percentual restante já está mamando.” (Eriatlov)

COISA DE FANÁTICO

“Querer tutelar o semelhante e impor seu modo de vida é coisa de crente fanático e comunista. Liberdade, respeitando o direito alheio, consciência, dever e ação responsável.“ (Eriatlov)