quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Não é roubo?

Minha fatura de energia R$ 415,00. Tributos R$ 97,00. Isso não é roubo praticado pelo Estado?

Preparando a nova geração

Ontem no estacionamento de um supermercado vi um jovem pai mandando seu filho de uns 7 anos fazer xixi no pneu do carro (Vectra) e depois jogando um copo plástico no chão. O banheiro estava a 20 metros de onde eles se encontravam. Belo exemplo para o menino. E tem gente que ainda fala mal dos porcos. Putz!

“Procuro sempre manter o bom-humor, apesar dos imbecis.” (Mim)

“Não desejo morrer na cama. Pode ser no sofá.” (Pócrates)

“Sou um ateu sem ressalvas.” (Pócrates, o filósofo dos pés sujos)

Sonhos

SONHOS

Jamais abdico de sonhar
Sonhos plausíveis nos incentivam a viver
A superar obstáculos
E quando caímos é a mão que nos faz levantar.

“Somente um homem livre pode escolher entre o abismo ou o azul do céu. No comunismo a única opção é conformar-se com a mediocridade dos iguais.” (Eriatlov)

“Somente pisando sobre passos alheios não se faz um novo caminho.” (Filosofeno)

Recalque

RECALQUE

Os estupradores da verdade
Também da liberdade
Do fato provado e consumado
Tentam fugir da história
E vender um paraíso na América do Sul.
Foram mais de 100 milhões de vítimas
Foras os que se fizeram loucos
E os que ainda estão aprisionados em campos de tortura
Psíquica e física mundo afora.
Que diabos de regime bom é este que se impõe pela força
Limitando o direito de ir e vir
E de ser diferente?
Que faz o pensante ser igual ao bronco?
Que faz do ato de dedurar uma arte rotineira?
Só posso pensar que admirar e querer para si tal estúpido regime
Quando não fruto do desconhecimento histórico e da ingenuidade
É desejo forjado em anos de recalque.


Racionalidade

RACIONALIDADE

Racionalidade, onde estás?
Milhões de abestalhados em busca do irmão do sobrenatural de Almeida.
No outro lado estão os utópicos do cocô perfumado.
O mundo cor de rosa da irmandade coletiva.
Qual?
Mesmo numa família de dois não existe igualdade.
Milhões de mortos e oprimidos nada dizem
Estão cegos pelo sonho do nada com coisa nenhuma.
Depois da casa caída irão culpar a bunda do vizinho
E não seus cérebros de merda.

“Trabalhar não mata ninguém. O que mata mesmo é o tédio.” (Mim)

“Quando faz silêncio é o momento de nos ouvirmos.” (Filosofeno)

“O governo Dilma é tão ruim que nem Pomba-Gira está querendo baixar por aqui.” (Mim)

FLAVIO MORGENSTERN- O que significa pensar livremente

As diversas visões pró-estado são dominantes na grande maioria na sociedade, sobretudo em nível universitário, embora essas mesmas pessoas, sobretudo universitários, não confiem em políticos e burocratas. Apenas essa contradição resume toda a discussão sobre educação que deve ser vislumbrada no século XXI.
Qualquer ato estatal é um ato obrigatório, ou um ato que tente obrigar toda a sociedade a agir desta ou daquela maneira. Mesmo quando não são leis, o estado nada pode fazer sem o dinheiro de alguém, e este dinheiro é tomado à força do “contribuinte” (outra contradição flagrante, esta semântica). Após o absolutismo e a inauguração do estado moderno pareceu natural olhar para a História como uma eterna sucessão de estados gigantescos (via de regra confundindo autoritarismo com totalitarismo e com absolutismo), tornando o dirigismo estatal contemporâneo algo “natural”, quando deveria ser encarado como uma das maiores estranhezas do Ocidente.
A história do Ocidente é a história do descobrimento do indivíduo. Por outro lado, esse indivíduo é geralmente descoberto sob um ar sufocante de planificação massificada guiada por um pequeno grupo que, com poucas premissas, quer consertar algum defeito estatístico da humanidade, sem atentar para todas as consequências negativas que seu centralismo inevitavelmente acarretará.

Não deixa de ser doloroso ouvir protestos contra o “sucateamento do ensino” justamente daqueles que mais lutam para destruir a educação livre
A educação, hoje, é tida como o grande motor de melhoria da sociedade. Não é entendida como um mecanismo de mudanças, e sim, necessariamente, de melhorias – como se fosse impossível aprender coisas ruins na vida. Graças a este erro de cálculo, até mesmo pessoas que recuam de pavor a qualquer dirigismo burocrático ainda acatam de braços abertos mecanismos de centralização no que tange à educação. Quando se trata de fazer com que todas as pessoas tenham uma base comum de educação (todos saberem ler e fazerem contas), já soa mais palatável a ideia de obrigar toda pessoa a ter uma carga de conhecimento padronizada via estatal.
Pulando a discussão sobre os níveis mais básicos de ensino (nem é preciso citar os resultados do homeschooling e de tantas outras medidas para tal), surpreende que os lugares-comuns dominem mesmo a discussão superior – como se fazer ciência e pesquisas livres fosse mais adequado sob ditames padronizados pelo MEC. Daí que, mais uma vez em contradição, surge o apelo por “regulamentação” de profissões exigindo cursos inúteis, que demandam tempo e dinheiro de profissionais já gabaritados, a um só tempo em que setores progressistas preguem uma educação “livre” do mercado (na prática, apenas fazem sua tradicional e jeca reserva de mercado).
Ao voltar no tempo e olhar para a Idade Média, quando as universidades surgiram, vemos que os cursos superiores, tutelados geralmente mais pela igreja do que por estados paupérrimos, tinham cursos voltados apenas para as profissões sem as quais o grau civilizatório de uma cidade medieval europeia decairia em absoluto: a teologia, o direito canônico e a medicina. A educação preparatória não era dirigida pelo estado: as escolas ensinavam as artes liberais, ou aquela riqueza cultural do Ocidente que faria com que qualquer um, independentemente da futura profissão, aprendesse a viver, ficando o ensinamento não liberal e técnico para as corporações de ofício (as guildas).
Primeiramente havia o Trivium, descrito por Pedro Abelardo como os três componentes da ciência da linguagem: a lógica, a gramática e a retórica. Como descritos por Hugo de São Vítor (1096-1141) no Didascálion, “a gramática é a ciência de falar sem erro. A dialética [rebatizada de lógica após a redescoberta da “nova lógica” de Aristóteles no séc. XII] é a disputa aguda que distingue o verdadeiro do falso. A retórica é a disciplina para persuadir sobre tudo o que for convincente”. Vencida a etapa da mente (o estudante chegava à escola já com 14 anos, tardíssimo para padrões modernos), poderia encarar o Quadrivium, o conhecimento do mundo e das coisas: aritmética, música, geometria e astronomia.
Não deixa de ser doloroso ouvir protestos contra o “sucateamento do ensino” justamente daqueles que mais lutam para destruir a educação livre: os que defendem um planejamento central e controle estatal da educação, insistindo que o modelo que mais destruiu nossa capacidade de entender a lógica dos fatos ainda pode funcionar, desde sejam seus asseclas que o dominem. Assim garantem que a própria ideia de educação seja destruída, não mais sendo entendida como ex ducare, ou seja, tirar o sujeito das trevas e lhe apresentar o mundo. Pelo contrário: ao invés de usarem a força coercitiva e obrigatória do estado para ensinar os rebentos como pensar, usam tal poder astronômico para entuxar-lhes o que pensar goela abaixo.
O caso é grave, e passado de professor a aluno: sem conhecimento de lógica e entendimento causal – o consecutio temporum – no ensino superior, confundem o próprio título superior com o que sabem – passando assim a seus alunos uma cartilha ideologizada e mastigada que é recebida como o supra sumo do entendimento humano. Em cursos de ciências humanas grita-se contra as “forças de mercado” ou outras quimeras que podem acabar com o dirigismo da educação não por buscarem uma educação livre – e sim porque, ensinado a como pensar, o aluno dificilmente cairia nos mesmos erros platiformes em que incorreram tantos pensadores modernos que foram os pais da inanição econômica, do totalitarismo brutal do século do genocídio estatal ou, em menor escala, do financiamento de burocratas – sem nunca se perguntar, por causa e consequência, de onde viria tal dinheiro.
O liberalismo surgiu de uma educação liberal: não deixa de ser curioso que, ao se entender o comportamento econômico em qualquer lugar, tantos tenham chegado às mesmas conclusões em épocas tão diversas, seja a Escola de Salamanca ou uma romancista russa como Ayn Rand, que não deveria conhecê-la. Já as doutrinas que consigam defender atuação estatal econômica e política não surgem do encadeamento de pensamento: são ideologias que precisam ser passadas de geração em geração, sem discussão de premissas e consequências imprevistas. O pensamento liberal contemporâneo deve voltar às suas origens pré-econômicas para expandir sua atuação, redescobrindo o indivíduo sob o império do estado.
Enquanto buscam corrigir a sociedade e seus erros através da educação, na prática apenas transformam a educação em promoção social, produzindo diplomas e controlando profissões e pensamentos. Enquanto acreditam lutar contra o mercado, apenas impedem a diversidade de atividade e monopolizam uma fatia de ideias e de profissões para quem for mancomunado com o sistema.
A liberdade na educação fatalmente concluirá ser vantajoso lutar contra seus próprios grilhões.
Fonte: Ordem Livre

SOBRE FLAVIO MORGENSTERN

Flavio Morgenstern
Tradutor especializado em filosofia alemã, Flavio Morgenstern também é ator e designer free-lance. Mantém um blog, onde publica artigos sobre economia, política e direito penal. Faz tradução de diversos tipos de materiais como artigos, legendas, livros, jornais e sites.

Adriano Pires- O cenário é ruim no setor elétrico

O setor de energia elétrica encontra-se numa crise sem precedentes e a solução para que voltemos aos trilhos exigirá medidas muito duras no curto prazo e muito planejamento, gestão e regulação a médio e longo prazos.
Os cenários para 2015, já com um novo governo, serão basicamente dois. No primeiro assumimos que vai chover bastante entre novembro/14 e abril/15 e com isso o abastecimento estaria assegurado. No entanto, para que os reservatórios atinjam níveis mais confortáveis, as usinas térmicas permaneceriam ligadas, o que faria que os preços da energia permanecessem muito elevados. No segundo cenário, as chuvas vêm com pouca intensidade durante o período úmido, e com isso teremos de decretar um racionamento em abril ou maio de 2015.
É fundamental que o próximo governo implante mudanças modernizantes na administração do setor elétrico
O primeiro cenário é melhor por evitar o racionamento, fato politicamente ruim, principalmente no início de um novo governo, mas por outro lado teremos a continuidade de um ciclo de preços muito altos, que têm provocado – e continuarão a provocar – danos irreparáveis aos agentes do setor e à própria economia. Portanto, me parece que o país não resiste a esse cenário de preços em torno de R$ 500 MWh. Uma medida que, certamente, será tomada para minimizar os problemas decorrentes desse cenário é fixar um novo Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) num patamar bem inferior ao atual R$ 822/MWh. No entanto, é importante lembrar que alterações no PLD de forma arbitrária e unilateral representam uma nova mudança nas regras do jogo, o que contribui para elevar ainda mais o risco regulatório e a insegurança jurídica que, praticamente, já bateram no teto. O cenário do racionamento tem de ser encarado como possível e nesse caso teremos de fazer do limão a limonada. O racionamento de 2001 custou a preços de hoje R$ 25 bilhões, enquanto a atual política de negar os problemas e fazer populismo já ultrapassou os R$ 100 bilhões. Na realidade, o racionamento de 2015 já deveria ter sido feito em 2014 e só não aconteceu pelo fato de a política do setor estar atrelada ao calendário eleitoral. Essa subordinação ao calendário eleitoral fez o governo errar na forma como publicou a Medida Provisória  579 e administrar de forma temerária os reservatórios das usinas, que podem chegar ao final de 2014 com níveis entre 15% a 17%. Portanto, com ou sem um racionamento teremos de colocar ordem na casa.
Além do aumento da fragilidade do sistema, as consequências da desorganização do setor tem tido um custo elevado. Estima-se que somente no triênio 2012-2014 sejam gastos R$100 bilhões em recursos provenientes do próprio sistema elétrico, do Tesouro Nacional e dos empréstimos das distribuidoras junto ao sistema bancário. Os consumidores pagarão 2/3 e os contribuintes 1/3.  E ainda assim, as tarifas ao consumidor têm apresentado reajustes acima de 20% e em 2015 o estimado, também, é de aumentos de 20%. É fundamental que o próximo governo implante mudanças modernizantes na administração do setor elétrico. Caso contrário, a energia elétrica irá impedir o crescimento da economia.
Fonte: Gazeta do Povo, 09/11/2014.
http://www.imil.org.br/artigos/cenrio-ruim-setor-eltrico/

SOBRE ADRIANO PIRES

Adriano Pires
Adriano Pires é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor fundador do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE). Publica artigos sobre energia elétrica, petróleo e gás natural no jornal “Valor Econômico” e nas revistas “Conjuntura Econômica”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e “Brasil Energia”. Escreve também no site do Instituto Liberal e possui blog no portal "oglobo.com". Foi assessor do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e superintendente da ANP nas áreas de importação, exportação e abastecimento. Pires é economista e mestre em planejamento estratégico pela UFRJ e doutor em economia industrial pela Universidade Paris XIII (França).

Perdida na noite

PERDIDA NA NOITE
 Num canto escuro de uma esquina mal-cheirosa, agarrada nos tijolos de um prédio sujo, ela vomitava. Suas pernas manchadas de bexigas roxas demonstravam a falta de cuidado que tinha para consigo. Um homem bêbado passou perto e disse alguns gracejos enquanto ela jogava fora sua saúde encharcada de álcool pelas noites da vida. Após o pior passar ela levantou os olhos para o céu e viu a lua olhando para sua carcaça desalinhada. Por um breve momento pensou nos sonhos de menina que o tempo tratou de pulverizar. Tinha perdido o juízo; a juventude tão gostosa de ser vivida; os amigos verdadeiros; a família que ela mesma deixara para trás. Caminhou alguns quarteirões até seu quartinho acanhado no hotelzinho de quinta categoria. Abriu a porta e sentiu no nas narinas o cheiro de mofo que dominava o cubículo. Sentou-se na cama e acendeu mais um cigarro, talvez o trigésimo da noite.Tudo à sua volta rodava, os olhos de peixe morto, pálpebras caídas.Após fumar, apagou o venenoso e se deitou sobre o cobertor que já cobrava por limpeza. Apagou. Mais uma noite de trabalho encerrada, mais um dia vivido sem alegria no coração.

Na paz do nada

Na paz do nada

Para ter certeza absoluta de como é
Precisaria alguém ter ido e voltado
Trazendo fotos e documentos
Talvez depoimentos
Porém como nada disso há
Fico com a minha convicção
Que após a morte
Existe apenas a eternidade na paz do nada.

“Pública é minha vida, mas meu emprego é privado.” (Climério)

“Tenho pensado tanto na vida que me caíram até os cabelos.” (Climério)

“Sou parente do João e do Zé Ninguém.” (Climério)

MONZA 84

Em 2002 Climério vendeu sua lancheria em Sorriso-MT e recebeu um Monza 1984 como parte do pagamento. Como não sabia dirigir mandou colocar ele no quintal na espera de um comprador. Mas tinha vontade de aprender, até fizera algumas aulas, mas o dinheiro terminou e não deu para continuar. Vida de quebrado não é nada fácil. Ficou namorando o Monza e resolveu tentar sair com ele. Bem, levou dezenove dias para aprender como engatar a marcha ré. Quando finalmente aprendeu, engatou a marcha e meteu o pé no acelerador. O possante saiu voando de ré, arrancou a casinha com o cachorro dentro, jogou ele no quintal do vizinho e por pouco não derrubou a varanda da casa. Com o susto estacionou o bicho e deixou quieto por uns dias. Num domingo pela manhã, tudo calmo, resolveu dar uma voltinha no quarteirão, agora vai. Saiu tranqüilo, carro bom barbaridade apagou umas quatrocentas vezes em 200 metros, Climério resolveu logo voltar pra casa, viu que não ia dar mesmo para passear muito. Chegando em frente da residência tinha uma pequena lombada de terra que o novo piloto achava que precisava de força máxima para passar. O Monza levantou e foi em direção da casa levantando poeira. O susto paralisou Climério e só no último instante ele virou o volante, mas continuou pisando no acelerador e aí foi na direção da casa do vizinho. Antes de bater na parede do vizinho o praga virou novamente o volante e foi então destroçando os coqueiros que plantara e cuidara com tanto carinho. Felizmente antes de detonar o muro nos fundos do quintal é que ele se lembrou dos freios. Na frenagem fez nuvem de poeira e buracos de 30 centímetros de profundidade. A patroa fula com ele saiu de dentro da casa, deu um pito, tomou as chaves e no mesmo dia pediu para um amigo dar um sumiço no Monza antes que o homem derrubasse a casa novinha.

O amanhã

“Pais que não dialogam com seus filhos dificilmente escaparão de falar com advogados e psicólogos justamente sobre seus filhos.” (Eriatlov)

Sem chupins

“Salvo os pequeninos e velhos, aqui quem não caça não come. Ainda não temos sindicalistas.” (Leão Bob)

Cuidando do próprio pelo

“Está aberta a temporada de caça aos leões. Preciso ficar atento e cuidar do meu pelo. Por certo viverei grandes emoções. Só espero não ir para o empalhamento.” (Leão Bob)

Esquivo

“Eu não julgo ninguém, apenas cuido da guilhotina.” (Aido Pescoço)

Seu nome deveria ser Fedelina

E como dizia Dona Guiomar, uma velha senhora da minha rua que não tomava banho para não gastar água e energia, e que fedia mais que cachorro molhado: “Há muito fedor no ar. Vai ver passou aí na rua um caminhão de porcos.”

Sabia tudo

E como dizia um amigo surdo-mudo que também não se comunicava por sinais, pois faltavam para ele todos os dedos,porém transmitia seus recados escrevendo com a língua em cinco idiomas: “Quem muito anda com morcegos acaba dormindo de cabeça para baixo.” (Mim)

Vida em Cuba- Caricatura feminina- Yoani Sánchez

YOANI SÁNCHEZ, La Habana | 22/08/2014
Una mujer bebiendo. (14ymedio)
Uma mulher diz na televisão nacional que seu marido a “ajuda” em algumas tarefas domésticas. A frase poderia soar a muitos como a aspiração máxima de cada fêmea. Outra senhora afirma que seu esposo se comporta como uma “federada homem”, em alusão a Federação de Mulheres Cubanas (FMC) que hoje chega ao seu 54 aniversário. Eu, do lado de cá da tela, sinto pena alheia ante tanta mansidão. Ao invés das reivindicações urgentes que deveriam mencionar, só escuto esses agradecimentos que dirigem a um poder tão varonil como surdo.
Não se trata de “ajudar” a esfregar um prato ou cuidar das crianças, nem tampouco das ilusórias cotas de gênero que escondem tanta discriminação como uma bofetada. O problema é que o poder econômico e político continuam majoritariamente em mãos masculinas. Que porcentagem de proprietários de automóveis é de mulheres? Quantas propriedades rurais têm uma mulher como proprietária ou usufrutuária? Quantos embaixadores cubanos em missão no estrangeiro levam companheira? Alguém pode dizer o número de homens que pedem licença paternidade para se ocuparem dos seus filhos recém nascidos? Quantas jovens são detidas a cada dia pela polícia para serem advertidas que não podem caminhar com um turista? Quem assiste majoritariamente as reuniões de pais nas escolas?
Por favor, não tentem “nos enrolar” com cifras no estilo de que “65% dos nossos quadros e 50% de nossos dirigentes de base são mulheres”. O único fato que esta estatística aponta é que sobre nossos ombros agora recai mais responsabilidade, o que não significa nem maior nível de decisão nem direitos mais amplos. Ao menos em frase tão triunfalista fica esclarecido que são os “dirigentes de base”, pois já sabemos que a tomada de decisões em instâncias mais altas é feita por homens que cresceram sob os preceitos de que as mulheres são um adorno bonito para se ter a mão… Sempre e quando mantivermos a boca fechada.
Sinto pena pelo dócil e tímido movimento feminista que existe no meu país. Vergonha por essas senhoras com colares ridículos e maquiagem abundante que saem nos meios oficiais para nos contar que “a mulher cubana tem sido a melhor aliada da Revolução”. Palavras ditas no mesmo minuto em que um gerente de empresa assedia sexualmente sua secretária, que uma mulher golpeada não consegue uma ordem de afastamento para seu marido abusador, que um policial diz a uma vítima de acosso sexual: “bem, é que com essa saia que você vestiu…” E que o governo recruta tropas de choque para um ato de repúdio as Damas de Branco.
As mulheres são a parcela da população que mais motivos têm para gritar sua inconformidade. Porque meio século depois de fundada a caricatura de organização que é a FMC, não somos nem mais livres, nem mais poderosas e nem sequer mais independentes.
Tradução por Humberto Sisley

Caro coveiro

Cartinha encontrada sob a Cruz Mestra pelo coveiro do cemitério da Graça Maior
Caro senhor coveiro: 
Hoje sou um esqueleto que descansa faz muito no cemitério desta Graça Maior. Não quero mais ficar aqui, cansei desta vida solitária, desejo sair correndo por aí para sentir novamente o ar puro; ouvir o murmúrio das ruas; o perfume das mulheres; o cantar dos pássaros e ver a chuva fresca caindo do céu. Antes de ser um monte de ossos dei duro na vida para conseguir minhas coisas, só eu sei o quanto trabalhei. Muitos sacrifícios eu fiz para preparar meus filhos para uma vida digna e honesta. Agora fiquei sabendo que a moleza está grande aí fora, tem um tal bolsa-família que anda sustentando milhões de vadios. Já consegui liberação de São Pedro para voltar ao mundo dos vivos, mas antes preciso de uma bolsa assim, para ficar numa boa. Sou o 743 do Setor F. Meu nome é Setembrino Gomes, 17/02/1939. Peço que fale com gente do governo e dê uma força para este amigo oculto de tantos anos. Grato.

Mercado fúnebre

“Bilhões na fila. Sem dúvida nenhuma o futuro pertence aos crematórios.” (Climério)

Pois é

“Ainda não estamos no fundo do poço. Mas já sentimos o cheiro do barro.” (Mim)

Coisas da idade

“A velhice chegou. Estou tomando pílulas para me lembrar que preciso tomar outras pílulas.” (Nono Ambrósio)

LUIZ CARLOS PRESTES - A INCORRIGÍVEL HISTÓRIA DE UM MEMORIAL. E FASCISTA É A MÃE! por Percival Puggina. Artigo publicado em 11.11.2014



Na véspera do dia em que se celebravam os 25 anos da queda do Muro de Berlim, um grupo de cidadãos marchou pela Avenida Borges de Medeiros, em Porto Alegre, rumo às obras do Memorial Luiz Carlos Prestes onde realizaram breve protesto. Denunciavam um paradoxo. E bota paradoxo nisso! Enquanto o mundo livre e civilizado rememora o fim do Muro, maior evidência do fracasso do comunismo, em Porto Alegre ultimam-se as obras de um Memorial que permanentemente exaltará tal regime através do personagem que, com maior ênfase, simboliza a luta suja por sua implantação no Brasil.

O Memorial é um projeto do arquiteto Oscar Niemayer, o milionário mais festejado pelos marxistas-leninistas. Sua construção e instalação foi proposta à cidade de Porto Alegre em 1998 pelo petista Raul Pont, então prefeito da Capital, em projeto que enviou ao legislativo municipal, obtendo inimaginável aprovação pelo voto majoritário dos edis.

As coisas teriam terminado por aí. O prefeito teria atendido seus amigos da foice e do martelo e destinado o terreno para o projeto. A Câmara teria feito mais uma de suas tradicionais trapalhadas. O terreno viraria estacionamento ou depósito de lixo. E assim foi, de fato, por muito tempo. Até quê? Até que a Federação Gaúcha de Futebol, interessada em construir seu edifício-sede, estendeu olhar cobiçoso para aquele privilegiadíssimo local.

Pintou negócio. De onde menos se poderia imaginar, apareceu dinheiro para que se completasse a ofensa ao caráter democrático do povo de Porto Alegre. Assim: a) o terreno seria dividido ao meio; b) a Federação ficaria com uma das metades do que não lhe pertencia; e c) em retribuição, entregaria à cidade, pronta e acabada, a fatídica obra. "Não, muito obrigado!", diríamos, por certo, eu e o leitor destas linhas. Afinal, não faltam obras mais urgentes e necessárias à nossa população. Mas nossa Câmara, liderada pelo empenho dos vereadores da bancada do futebol disse o contrário. E nos brindou com essa histórica ridicularia.

Nem virando a cidade pelo avesso se congregariam em Porto Alegre, felizmente, adeptos do comunismo em número suficiente para reunir os meios necessários à construção do Memorial. No balcão das negociações da FGF com a bancada do futebol, ele saiu de graça. Bem como costumam ser as coisas comunistas - tudo, sempre, com o dinheiro dos outros. Então, sob o egrégio patrocínio dos pagantes de ingresso para jogos de futebol e dos cidadãos de Porto Alegre, o comunismo, varrido a grito do Leste Europeu, ganhará um vexatório memorial em Porto Alegre. Será nossa homenagem a um mau brasileiro, traidor de sua pátria, agente soviético no Brasil, responsável direto e indireto pela morte de muitos brasileiros.

Tais mortes deveriam estar elencadas no prontuário de Prestes! Sua Coluna, tão famosa quanto inútil, foi um delírio do líder que lhe deu o nome. Arregimentados morriam de doenças e de fraqueza. Enquanto se deslocou pelos famosos 25 mil km, fugindo dos combates contra as forças oficiais, deixou um rastro de torpezas e destruição (1). Após sua conversão à foice e ao martelo, aliou-se ao profissionalismo assassino do Partido Comunista da URSS e, nessa condição associou-se aos autores de repetidos genocídios. Também caem na sua conta os mortos da Intentona Comunista de 1935.

Lamentável, também, foi o tom das matérias que divulgaram o gesto democrático, cívico e ordeiro da pequena marcha pela avenida Borges de Medeiros até as obras do Memorial no dia 8. Habitualmente, o esquerdismo descerebrado que se alojou nas redações de certos veículos procura desqualificar como fascista todo e qualquer repúdio ao comunismo. Foi o que, ora explícita, ora veladamente, fizeram neste caso. Tais notas são redigidas como se ser anticomunista fosse fascismo e não fosse uma imposição moral incidente sobre todo cidadão que conheça História! Aliás, essa mesma História ensina que, ao longo do século passado, os comunistas, sem qualquer constrangimento, eliminaram dezenas de milhões de seus próprios conterrâneos civis, sob idêntica alegação! Eram ditos fascistas e destinados às fossas coletivas todos que se opunham à malignidade do totalitarismo vermelho, que se auto condenou com o famigerado Muro, cujo fim foi celebrado, no domingo passado, para irritação de certos redatores.

(1) NARLOCH, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil . Editora Leya, 2009.
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* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

Eleitor você bem sabe de quem

"Antes deitar na rede que fazer força." (Neco Bolsa)

Agregando letrinhas e experiência

“Tenho poucas virtudes. Uma delas é não aceitar ser um completo ignorante.” (Mim)

Mortícia

"A minha primeira mulher era muito feia. Tão feia que fomos pra lua-de-mel num carro funerário." (Climério)