quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Instituto Liberal- Sobre o fim das coligações proporcionais

Sobre o fim das coligações proporcionais

partidosUma das principais notícias da semana passada foi a aprovação de uma comissão especial da Câmara dos Deputados para a reforma política, que vai contra os interesses do PT e não deve pautar o financiamento público de campanha no relatório. De acordo com várias fontes, essa reforma política provavelmente será fatiada em várias leis, de forma que a dificuldade na aprovação de um tema não acabe travando a aprovação de temas mais consensuais. Um desses temas consensuais é o fim das coligações proporcionais.
O sistema de eleição de deputados federais, estaduais e vereadores é chamado de eleição proporcional. Um sistema proporcional é aquele em que representantes são eleitos a partir da proporção de votos que seu partido recebe, e não ele, candidato. Esse cálculo não é totalmente perfeito, tendo alguns desvios como quociente eleitoral mínimo e sobra de votos, mas na medida do possível, haveria uma proporção entre os votos que um partido recebeu e o número de representantes que elegeu, se não fosse o probleminha das coligações, como se verá mais adiante.
Pondo em um exemplo prático. Digamos que para um partido eleger um deputado, toda a nominata precisa, em conjunto, obter 100 mil votos. Se o partido obtiver 430 mil votos, elegerá quatro deputados no mínimo (pode acabar elegendo mais pelo sistema de sobras, que não é relevante para este texto), e os quatro primeiros colocados dentro do partido receberão os mandatos.
Uma eleição proporcional tenta, portanto, valorizar a importância do partido político e, na mesma toada, a ideologia que este partido representa, como o exemplo deixa claro. Não é o deputado que se elege sozinho, mas o partido que elege o deputado.
Já a citada coligação proporcional funciona da seguinte forma: um partido poderia se coligar a outro (ou outros) de forma que todos fizessem um bloco eleitoral. Esse bloco (coligação) é que passa a eleger o deputado, e não mais o partido. Se três partidos coligaram e, usando o quociente do exemplo acima, tiveram uma votação total de 740 mil votos, 7 deputados da coligação se elegem, exatamente os 7 primeiros.
Agora vamos para alguns exemplos práticos de problemas relativos a esse arranjo.
Problema 1 – a mistura ideológica.
Em um caso bem caricato, em Tijucas, pequena cidade de Santa Catarina, tivemos uma coligação entre PT e DEM em 2012. No Maranhão, no ano passado, o Governador Flávio Dino foi eleito com essa salada de partidos: PP / SD / PROS / PSDB / PC do B / PSB / PDT / PTC / PPS.
Certamente que uma mistura ideológica desse nível confunde o eleitor e descaracteriza o partido, tornando-o ideologicamente neutro e matando a real representação democrática.
Problema 2 – o roubo de votos por ideologias diversas.
Dando seguimento ao primeiro problema, um partido que representa uma ideologia pode roubar votos de outro partido que representa uma ideologia completamente distinta.
Imagine-se o seguinte exemplo: PT e DEM coligam proporcionalmente e o quociente eleitoral é de 100 mil votos. A coligação faz 110 mil votos, elegendo apenas um deputado, que é do DEM conservador. Como um eleitor petista socialista vai se sentir, sabendo que seu voto ajudou a eleger um deputado conservador que não tem a menor compatibilidade ideológica com ele?
Problema 3 – o partido parasita, ainda que ideologicamente afinado.
Imagine-se agora o seguinte exemplo: PT e PDT se coligam para a eleição proporcional cujo quociente eleitoral é de 100 mil votos. PT apresenta 30 candidatos e o PDT 20. Os 30 candidatos do PT, somados, têm 400 mil votos, com nenhum deles tendo mais de 20 mil votos cada. Os 20 candidatos do PSB, somados, têm 200 mil votos, onde os 6 primeiros colocados tiveram  30 mil votos cada e os 14 restantes tiveram pífios 20 mil votos em conjunto.
Essa coligação teve, portanto, 600 mil votos, e fará 6 deputados, com o PT contribuindo com 66% dos votos da coligação. No entanto, os 6 primeiros candidatos da coligação são do PSB, com os 30 candidatos seguintes sendo do PT. O PSB terá 100% das cadeiras, mesmo contribuindo com apenas 33% dos votos da coligação, em caso claro de parasitismo eleitoral.
Se o leitor acha que esse exemplo é demasiadamente hipotético, remeto às eleições para deputado federal no Rio de Janeiro.
A coligação Renova Rio foi composta por 3 partidos: PRTB, PRP e PPL. A soma de votos foi de 169.405, o que possibilitou a eleição de um deputado federal. Dessa coligação, o PRTB contribuiu com 111.005 votos, o que corresponde a 65,5% dos votos. O PRP contribuiu com 52.567 votos, o que corresponde a 31% dos votos. O PPL contribuiu com 5.803 votos, o que correspondeu a 3,5% dos votos. O candidato eleito foi o do PRP, Alexandre Valle, com 26.526 votos, mesmo o PRP tendo acrescentado menos da metade dos votos que o PRTB acrescentou. Os 6 candidatos seguintes na ordem da coligação foram do PRTB. O PRP parasitou o PRTB claramente.
Problema 4 – a sobrevivência de partidos inexpressivos.
O exemplo acima mostra também que a coligação proporcional é essencial para a manutenção e eventual eleição de deputados por partidos pequenos sem nenhuma expressão política, econômica ou ideológica, pois praticamente nenhum deles teria força para, sozinhos, elegerem deputados, o que depuraria o processo eleitoral rapidamente. O fim das coligações proporcionais concentraria os votos em partidos que tem algo a dizer e fecharia as portas de micros e pequenos partidos sem conteúdo, além de viabilizar eventual governabilidade com menos corrupção e troca de favores. No final, até forçaria fusões desses micropartidos e os obrigaria a criar pautas políticas verdadeiras, ainda que equivocadas.
Problema 5 – Levy Fidélix e legendas de aluguel.
De acordo com a legislação eleitoral, basta um partido pequeno fazer um deputado para que eventual candidato majoritário inexpressivo seu seja obrigatoriamente convidado para debates eleitorais na televisão. Foi o caso de Levy Fidelix ao longo das eleições presidenciais de 2014, pelo fato do PRTB ter eleito um deputado parasitando outros partidos, empobrecendo o debate através de uma caricatura de direita.
Pois se esse ano foi ruim, para 2018 as coisas prometem ser ainda piores. Dos 32 partidos registrados, 28 conseguiram eleger pelo menos um deputado. Dentre os partidos pequenos que obtiveram tal façanha, registramos PTdoB, PSL, PRTB, PRP, PTN, PEN, PSDC, PMN e PTC. São 9 partidos com poder para impor candidatos caricaturais às redes de televisão em todos os níveis (presidência, governadores e prefeitos), o que faz com que os presidentes desses partidos tenham grande poder de barganha para vender vagas para aventureiros que queiram aparecer na Globo. Com o fim da coligação proporcional, nenhum deles teria mais representantes, acabando com esse problema. E o sistema de legendas de aluguel, até mesmo para eleições proporcionais, também ruiria.
Concluindo…
Esse é apenas um quadro rápido dos problemas trazidos pela coligação proporcional, e se pensarmos mais conseguiremos certamente achar outros. Seu fim é mais do que bem vindo. A democracia liberal agradece.

João Luiz Mauad- Será que é bom remunerar o ócio?

Quando se trata de programas de renda mínima, os liberais, dependendo da tendência, costumam divergir bastante.  Hayek e Friedman, por exemplo, foram defensores desses programas. Tanto em “Constitution & Liberty” quanto em “Law, Legislation & Liberty”, Hayek defende uma redistribuição mínima da renda para garantir a sobrevivência dos menos favorecidos. Friedman, por seu turno, propõe, em seu “Capitalism & Freedom”, um imposto de renda negativo, a fim de garantir a subsistência de todos.
Sempre fui contra esse tipo de programa por motivos de ordem moral, uma vez que, na minha visão, não é justo o governo tirar de Pedro para dar a João, sem a anuência daquele.  Mas há também desvantagens de ordem prática, ou utilitarista, se preferirem.
Há poucos anos, havia um excelente funcionário na empresa em que eu trabalhava. Um típico funcionário padrão. O rapaz era pedreiro, mas a sua boa-vontade e disposição para o trabalho alçaram-no, rapidamente, ao cargo de encarregado de turma na construção civil, apesar da sua juventude e pouca instrução.
Certo dia, por conta de uma dessas ironias do destino, ele sofreu um acidente de motocicleta, cujo resultado foi uma lesão nos tendões de um dos tornozelos, fato que, graças à inépcia do nosso serviço público de saúde, deixou-o sem flexibilidade num dos pés (levemente manco).
Para seu azar – ou sorte, sei lá eu -, o laudo pericial do INSS considerou aquela lesão suficientemente grave para que o rapaz fosse beneficiado (!?) com uma aposentadoria por invalidez, aos vinte e poucos anos de idade.
A partir daquele momento, malgrado o traumatismo não o incapacitasse para a maioria das atividades que antes desempenhava, o rapaz passou a apresentar um comportamento profissional totalmente diferente. O antigo entusiasmo foi substituído pela preguiça, e não havia mais qualquer oferta de trabalho que o agradasse.
Muito embora o rendimento previdenciário fosse menor do que o salário que ele ganhava anteriormente, o sujeito estava irremediavelmente entorpecido pelo que os italianos chamam de “il dolce far niente”. Passou a viver da aposentadoria e, como ele mesmo dizia, de pequenos biscates, “sem compromisso”.
A revista The Economist publicou recentemente uma interessante matéria sobre as comunidades indígenas norte americanas, citando uma pesquisa onde transparece de forma nítida o desincentivo para o trabalho provocado por benefícios de renda mínima.
Depois que a Suprema Corte decidiu, em 1987, que as tribos nativas americanas, sendo soberanas, não poderiam ser impedidas de patrocinar jogos de azar em seus territórios, os cassinos começaram a pipocar em praticamente todas as reservas indígenas. Hoje, quase metade das aldeias e tribos de nativos americanos opera cassinos, os quais, em 2013, renderam-lhes US $ 28 bilhões.
De acordo com a revista, um estudo recente, publicado na American Indian Law Journal, sugere que crescimento das receitas do jogo pode estar piorando os índices de pobreza, no lugar de amenizá-los. O estudo analisa a situação de duas dúzias de tribos do noroeste do Pacífico, entre 2000 e 2010. Durante esse tempo, os cassinos em terras dessas tribos dobraram sua arrecadação total anual, em termos reais, para US $ 2,7 bilhões, enquanto a taxa de pobreza média subiu de 25% para 29% da população. Em algumas tribos, porém, a situação foi anda pior, tendo a pobreza saltado de 21,1% para 37,8%.
Segundo analistas, o maior problema talvez esteja na forma como os lucros dos cassinos são distribuídos. Pagamentos per capita têm crescido na mesma proporção das receitas do jogo. “Quanto mais generosos são estes pagamentos, mas destrutivos podem ser, pois mais as pessoas caem na armadilha de não trabalhar“, diz Ron Whitener, professor de direito, juiz tribal e membro da tribo Squaxin Island, no estado de Washington.
Das 17 tribos estudadas, que distribuem os lucros dos cassinos diretamente aos seus membros, nada menos que dez viram suas taxas de pobreza subir. Das sete tribos restantes, apenas duas melhoraram os seus índices.
Por outro lado, uma das tribos estudas, S’Klallam de Jamestown, em Washington do Norte, eliminou a pobreza completamente. Não por acaso, essa tribo não faz transferências per capita e tem usado os lucros do cassino para diversificar suas atividades econômicas, como a pesca de grandes moluscos, exportados para a China.
Já a Squaxin Island, que reduziu sua taxa de pobreza de 31,4%, em 2000, para 12,4% em 2010, usou os lucros do cassino para investir na fabricação de cigarros. Na tribo Siletz, por outro lado, são distribuídos 40% da receita líquida do cassino, enquanto apenas 17% é utilizado para o desenvolvimento de outras atividades. Sugestivamente, das tribos pesquisadas, a Siletz tem uma das maiores taxas de pobreza.
É ingênuo pensar que os exemplos acima são exceções, pois na verdade eles são a regra. Ludwig Von Mises, no seu monumental “Human Action”, discute esse tema de forma brilhante e exaustiva, explicando como e porque o trabalho só é preferível ao ócio (termo usado aqui no sentido de “não-trabalho”) até onde o produto daquele é mais urgentemente desejado do que satisfação gerada por este.
O homem, ao considerar o esforço físico, mental ou psicológico do trabalho, avalia não somente se haveria um fim mais desejável para o emprego de suas energias, mas também, e não menos, se não seria mais conveniente e satisfatório abster-se dele. O ócio seria, portanto, “objeto da ação intencional do ser humano”, ou, ainda nas palavras do autor, um “bem econômico de primeira ordem”, enquanto o trabalho seria somente um dos meios utilizados para alcançá-lo.
Qualquer que seja o nível de renda, portanto, a maioria dos homens estará propensa a largar o trabalho no ponto em que não mais considere a sua utilidade como compensação suficiente para o desconforto gerado por ele. Por esse mesmo raciocínio, se houver alguém disposto a pagar para que não façamos nada, o produto do trabalho terá de ser bem mais alto e, conseqüentemente, compensador, para que nos disponhamos a abandonar o ócio remunerado.
Como não se cansam de dizer os economistas, portanto, “é tudo uma questão de incentivos”.
Instituto Liberal

“Sexo, ultimamente, só em conversas.” (Eulália)

“Preciso falar com o homem. Isso aqui está lotado e não param de chegar religiosos! Que merda de time ele tem?” (Satanás Ferreira)

“Tanto o céu quando o inferno estão dentro de nós.” (Mim)

“Exorcismo? Quem precisa ser exorcizada é a ignorância.” (Mim)

“Não sei dizer se nos faltam presídios ou se nos sobram ladrões.” (Mim)

“Sou tão azarado que até quando o cavalo de São Jorge caga na lua sobra bosta para mim.” (Limão)

“Quando eu era pobrezinha, tinha amigas. Agora rica, tenho um fã-clube de bajuladoras.” (Eulália)

“Visitar cemitérios acaba sendo um constrangimento para mim. Até um coveiro já veio pedir se preciso de orações.” (Assombração)

“Sogra e governo intrometido só fazem merda.” (Mim)

FILME DE TERROR

“Tem mulher feia que faz um esforço enorme para parecer ainda mais feia do que realmente é. Não usa maquiagem ou exagera nela; não sabe usar roupas apropriadas; ataca de 38 quando o manequim é 44. Coisa pra filme de terror.” (Mim)

“Após cow parade, chicken parade, teremos também um corrupt parade?” (Mim)

“Ó ignorância que assola o meu ser! Ainda demoras em assombrar-me?” (Mim)

“Antes doar à caridade que enriquecer os procuradores de Deus.” (Limão)

IMB-Um breve manual sobre os sistemas de saúde - e por que é impossível ter um SUS sem fila de espera

Antes de começar qualquer discussão mais aprofundada sobre os sistemas de saúde, é necessário fazer uma revisão sobre os tipos de sistema de saúde que existem.
A ideia é simples: mostrar que cada um tem pontos que podem ser positivos e pontos negativos, ou seja, não há uma escolha perfeita e absoluta, mas sim a necessidade de uma constante avaliação sobre as prioridades de um determinado lugar e seu real estado das coisas.  Entender as diferenças significa abrir portas para melhores avaliações do que está acontecendo e do que se deseja para o futuro, seja próximo, seja no longo prazo.
Nesse sentido, é bom relembrar o economista americano Thomas Sowell, que, ao comentar sobre qualquer política pública, lembra que devemos sempre pensar nos trade-offs que estão presentes na hora de escolher qual caminho seguir. As escolhas devem ser baseadas em uma análise cuidadosa de prós e contras, e não em narrativas ou discursos ideológicos.  
Juntamente a Sowell, temos a análise do filósofo francês Bastiat, que nos clama a analisar as consequências ocultas das diversas ações que podem ser tomadas, lembrando que boas intenções nem sempre geram bons resultados.
Toda política pública possui efeitos imprevistos ou indesejados.  Sempre vale a pena perguntar: o que não estamos vendo?
A definição usada aqui para sistemas de saúde terá como foco basicamente duas coisas: o ente pagador e o nível de regulação.  Esses elementos estão amplamente associados, visto que mesmo em um sistema com gasto totalmente privado — como o de planos de saúde —, o estado pode ser o grande definidor da qualidade de tratamento que as pessoas estão recebendo, ao reduzir a oferta e aumentar os preços com excesso de regulamentações — Anvisa, ANS, FDA, HHS, PHEA.
Dessa forma, analisando tanto o aspecto de pagamento como o de regulamentações, não corremos o risco de definir erradamente o que é um livre mercado de saúde, como Paul Krugman geralmente faz.
Segundo a combinação destes critérios — fonte de financiamento e tipo de regulamentação —, três grandes tipos de sistemas de saúde são observados ao redor do mundo.  A medicina socializada, em que há financiamento e provimento públicos; o sistema misto, em que o provimento é privado, mas amplamente regulado pelo estado, podendo ter seu financiamento público ou privado; e o livre mercado, financiado e regulado por agentes privados.
É importante lembrar que em um mesmo país mais de um sistema de saúde pode estar presente e ser autorizado pelo governo, como é o caso do Brasil e El Salvador, em que há o sistema público e também os serviços privados.
A escolha do modelo de saúde a ser adotada por um país passa por diversos fatores que vão além da economia, como características geográficas e sociais, além de estruturas legais e históricas.  Algo que funciona relativamente bem em uma localidade pode falhar em outra.  Entretanto, é essencial lembrar que a escolha presente vai impactar principalmente as gerações futuras, que vão colher os frutos das virtuosas ou péssimas decisões tomadas pelos governantes.
A medicina socializada
O sistema socializado de medicina, como o Sistema Único de Saúde brasileiro, parte geralmente de duas premissas: saúde é um direito que deve ser fornecido pelo estado; e o governo consegue controlar o fornecimento deste serviço de forma a ter uma cobertura ampla para toda a população evitando discriminação econômica, geográfica e social.
A partir destas premissas, temos a construção de modelos de cobertura e organização de serviços totalmente diferentes, podendo ser amplamente centralizados, como no caso da extinta URSS e do Brasil — por mais que, no papel, os municípios tenham uma responsabilidade maior, o Ministério da Saúde tem sido o grande determinante das políticas públicas brasileiras —; ou descentralizados, como o visto durante os anos 2000 nos países nórdicos e parcialmente no Reino Unido.
A característica em comum é o estado ser fornecedor da saúde, dono de hospitais, clínicas, ambulâncias e empregador dos profissionais que trabalham na área de saúde (desde o limpador de chão até o neurocirurgião especialista em microvasculatura).  Na prática, com a intenção de ampliar o atendimento a todos,  não é o rico que paga pelo pobre, mas o saudável que paga pelo doente.
Mas este sistema é politicamente popular porque ele fornece a ilusória vantagem de que as pessoas não precisam desembolsar diretamente o dinheiro para ter acesso ao sistema de saúde, já estando cobertas quando de qualquer necessidade.  Isso diminui a necessidade de poupança para pagar possíveis tratamentos médicos, impede que uma pessoa vá à falência por causa de uma internação e também libera as pessoas para incorrer em riscos, como a compra de um apartamento, ou o investimento em uma empresa — visto que os gastos com saúde já estão garantidos pela sociedade.
Há uma alegada cobertura universal igualitária — presente normalmente só no papel e não no fornecimento do serviço —, em que ricos e pobres têm acesso aos mesmos tipos de médicos.
Teoricamente os mecanismos de seleção para tratamento se baseiam em critérios como ordem de chegada ou gravidade da doença. Assim, a promessa é de que o estado vai cuidar das pessoas sempre que elas precisarem, sejam ricas ou pobres, estejam relativamente saudáveis ou em situações gravíssimas.
O financiamento desse sistema pode se dar basicamente de duas formas:
  • Contribuição igualitária individual, em que cada pessoa paga um valor fixo para o estado por ano, e o governo aloca os recursos conforme achar necessário. Seria algo similar a um plano de saúde estatal.
  • Pagamento por meio de impostos, sendo mais ou menos progressivos conforme o país. Esses impostos podem estar sobre a renda, o consumo ou a propriedade. Sendo essa a forma de financiamento do SUS.
Assim, o clamor de que os ricos pagam pelos pobres não é necessariamente factual, visto que um pobre saudável que não use o sistema de saúde financiará um rico doente. Nesse modelo, os custos são divididos por toda a sociedade e a lógica de transferência de renda é feita dos saudáveis para os doentes.
Recursos são alocados segundo um planejamento estatal, com pouca participação do mercado, seja na definição de preços, seja no fornecimento de serviços concorrentes. Um burocrata define quantos e quais profissionais são necessários para cada grupo de habitantes, e faz as compras de suprimentos conforme modelos econômicos que ache razoáveis.
Pode até haver maior ou menor controle social do sistema, com a existência de conselhos comunitários de saúde, mas as decisões são em si estatais.  Normalmente, critérios técnicos são usados para definir quais serviços serão cobertos pelo sistema de saúde, definidos comitês de análise de custo e efetividade — como oNICE do Reino Unido —, que determinam patamares de preços aceitáveis de se pagar por um tratamento ou um medicamento.
Adicionalmente, mecanismos como licitações são usados para definir os fornecedores e geralmente o preço de um produto — e não a sua qualidade ou real necessidade futura — acaba sendo o principal fator para determinar qual será o ganhador do processo.
Dessa forma, vemos muitas vezes sendo usados no sistema de saúde produtos genéricos que não atendem às necessidades específicas dos pacientes, apesar de estarem de acordo com o determinado pela licitação.  Isso causa situações como falta de material cirúrgico-hospitalar pediátrico, medicamentos em dosagens que não são condizentes com o que os pacientes necessitam, excesso de um tipo de linha de sutura e falta de outros, e assim por diante.
Esse contexto incentiva o crescimento do mercado negro, onde medicamentos são revendidos e pessoas conseguem ter acesso a serviços não ofertados pelo governo — muitas vezes de qualidade duvidosa.
Como os burocratas não precisam assumir os custos de suas más decisões, visto que muitas vezes permanecem no cargo mesmo depois de várias escolhas erradas, há pouco incentivo interno para melhorias.  Além disso, o público paga pelo serviço independentemente do seu uso e da sua qualidade, o que leva a custos desconexos com a realidade, corrupção, tráfico de influência e cartelização impostas pelo mecanismo de planejamento central.
Inovações tecnológicas demoram a ser adotadas e o ambiente não cria incentivos para investimentos privados diretos, visto que há restrição governamental para entrada no mercado.
No longo prazo, o resultado de todo sistema socializado de saúde é o racionamento do atendimento, com longas filas se formando e com tempo de espera significativo. Em muitos casos, as pessoas chegam a morrer esperando pela sua vez, enquanto os mais ricos conseguem fugir do sistema pagando por fora para médicos ou viajando para outros países a fim de conseguir seu atendimento médico — vide o caso de Hugo Chávez e Fidel Castro, que recorreram médicos espanhóis, e de brasileiros que buscam tratamentos médicos na Europa e nos EUA.
Vale ressaltar que, no curto prazo, esse sistema pode sim gerar um ganho em número de atendimentos. Isso acontece quando pelo menos uma de duas coisas se faz presente: excesso de profissionais e equipamentos subutilizados no sistema de saúde vigente antes da socialização; ou preços pagos pelo governo acima daqueles de mercado.  Nesse caso, pessoas que antes não tinham acesso ao sistema de saúde passam a desfrutar de atendimento médico.
Entretanto, esse desequilíbrio de oferta ou de preços dura pouco tempo e, em alguns anos, a escassez começa devido à inevitável contenção de gastos governamentais e à incapacidade de a oferta atender a uma demanda sempre crescente, visto que o preço monetário do serviço será artificialmente definido como zero.
Um exemplo desse fenômeno está no Reino Unido, que implementou o NHS no pós-Segunda Guerra e vê o número de leitos hospitalares cair desde então.
Outro caso notável de perda de qualidade com o passar do tempo é Cuba.  A ilha caribenha apresenta um dos índices mais altos de médicos por mil habitantes das Américas, que se mantém nesse patamar devido ao número de vagas em faculdades de medicina e à baixa seletividade dos alunos no processo de entrada — além de um nível de formação dos médicos considerado deficiente por muitos especialistas.  Mesmo com muitos médicos, hoje já há filas para atendimentos, principalmente especializados, e a corrupção já é o meio mais eficaz de se garantir a sua consulta.  Além disso, materiais básicos como aspirinas e utensílios hospitalares são escassos, obrigando pacientes a comprá-los no mercado negro ou adiar seus tratamentos.
O sistema misto
Um sistema misto apresenta alta carga de regulamentações, fornecimento de serviços por entes privados, e pode ser financiado pelo estado ou por agentes privados.
Diferentemente do modelo puramente socializado, nos sistemas mistos o estado não é o dono dos hospitais nem o empregador dos profissionais de saúde. Entretanto, o estado atua definindo quais serviços podem ser ofertados, quais tipos de profissionais são autorizados a trabalhar no país e muitas vezes até tabela os preços considerados aceitáveis.
A saúde continua sendo um direito, mas não cabe ao estado o seu fornecimento, seja porque agentes privados são mais eficientes, ou porque os sistemas privados já faziam um bom trabalho antes de o governo decidir entrar na jogada.
Esse sistema apresenta vantagens em relação ao fornecimento de saúde pelo governo: menores custos dos serviços aos pagadores de impostos; competição entre os fornecedores; maior possibilidade de inovações; mais liberdade de escolha em relação ao provedor do serviço.
Além disso, há uma garantia teórica de que todo o serviço oferecido deverá atender a características mínimas definidas por regulamentações, o que significaria uma qualidade básica de atendimento.  Pode ainda existir uma universalidade da oferta do serviço, desde que dentro de uma cobertura mínima — isso acontece tanto no sistema com pagamento público, como naquele com pagamento privado.
O exemplo mais famoso de fornecimento de saúde por agentes privados e pagamento pelo governo é o Canadá.  Nesse sistema, o governo federal define algumas diretrizes que devem ser seguidas pelas províncias e fornece um seguro nacional de saúde que todo canadense ou residente legal tem acesso.  Cada província pode ampliar a cobertura definida nacionalmente, o que implicará mais custos para os governos locais, ou atender apenas o mínimo nacional.  Além disso, as províncias negociam com os hospitais os valores que serão repassados para o tratamento de cada doença, e atuam também definindo quais preços serão reembolsados quando da compra de equipamentos e suprimentos médicos.
No modelo canadense há certa concorrência entre os fornecedores dos serviços de saúde, visto que o governo paga conforme o número de pacientes tratados e os resultados dos tratamentos.  Um hospital mais eficiente tende a ter um fluxo maior de pacientes com menor gasto de pessoal/equipamento, gerando assim um maior lucro.
Entretanto, como os preços dos repasses não são definidos pelo mercado e sim por burocratas, há um considerável descolamento entre o valor pago e aquele que deveria ser repassado em uma situação de real mercado.  Assim, os recursos são alocados em áreas que são consideradas lucrativas segundo os repasses estatais e não naquelas realmente necessárias para população.
Vale a pena lembrar que no modelo canadense, por mais que as pessoas não estejam pagando abertamente a conta do hospital, elas continuam desembolsando anualmente uma quantidade significativa de dinheiro para sua manutenção, utilizem ou não os serviços de saúde, e têm pouco controle sobre a qualidade e tipos de serviços que lhes são ofertados.
A outra forma comum do sistema misto pode ser vista no Brasil com os planos de saúde privados, amplamente regulamentados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).  Esse órgão do governo federal define quais tratamentos de saúde os planos devem oferecer — a chamada cobertura mínima —, além de estabelecer o número de consultas em cada especialidade a que os segurados têm "direito".
A Agência ainda controla os valores que podem ser cobrados pelos prestadores privados, restringindo aumentos de tarifas e repasses de custos aos consumidores. Ela determina como os planos podem cobrar dos seus clientes e como eles devem pagar os provedores dos serviços.  Por fim, os planos de saúde ou seguem as diretrizes da ANS ou são legalmente suspensos do mercado.
Como a ANS não consegue em hipótese alguma saber os dados da condição de saúde de cada segurado para definir suas regulamentações, trabalhando apenas com estudos genéricos sobre grupos de pacientes, ela acaba sendo um grande balcão de negócios para grupos de interesse. Um exemplo disso é quando associações de profissionais vão fazer lobby para inclusão obrigatória de seus serviços no portfólio dos planos.  Elas apresentam casos comoventes de pessoas que sofrem por não terem acesso a um determinado serviço porque o plano não o cobria, ou mostram estatísticas de quantos pacientes "se beneficiariam" caso os seus serviços fossem ofertados pelas seguradoras.
Juntamente à pressão política, esses grupos buscam o apoio da mídia — seja em campanhas publicitárias diretas ou em inserções da temática em novelas, séries e programas de variedades —, com o objetivo de comover as pessoas a comprarem a história. Não raramente, elas conseguem o desejado.
Dessa forma, a ANS muda as apólices mínimas e, por exemplo, obriga uma pessoa que só quer pagar pelo tratamento de sua doença do coração a contratar consultas anuais de um serviço de psicologia, por mais que esse paciente nunca vá ao psicólogo, ou de pediatria, por mais que não tenha filhos.
Um exemplo de como esse tipo de lobby é perverso se vê no caso do Obamacare americano, em que o HHS — Ministério da Saúde Americano — define que homens solteiros devem pagar por serviços ginecológicos e obstétricos em seus planos de saúde. Assim, os planos de saúde ficam mais caros, por causa dos requerimentos mínimos, e as agências têm de fazer um controle de preços cada vez mais forte.
No longo prazo, a competição fica absurdamente reduzida, visto que apenas grandes seguradoras conseguem fornecer todos os serviços minimamente exigidos pela agência.  Na prática, regulamentações excessivas encarecem os serviços, dificultando o acesso dos mais pobres ao atendimento de saúde.
As regulamentações são, portanto, uma forma de o governo controlar os serviços de saúde, sem precisar ser o seu fornecedor.  Elas atuam diretamente reduzindo a competitividade e podem até ser baseadas em boas intenções — como reduzir a "cobrança abusiva" por um determinado provedor, ou aumentar o acesso a coisas que são boas, como fisioterapia e reeducação alimentar —, mas acabam por onerar significativamente o consumidor.
No processo há sempre aqueles que se beneficiam, como os pacientes que veem agora suas consultas subsidiadas pelos outros membros da rede que não fazem o uso do serviço, ou os líderes de grupos profissionais que conseguiram uma boquinha a mais e serão reeleitos em suas associações.  Mas em vários casos, há mais prejudicados do que beneficiados, e os custos não compensam o que foi feito.
Serviços mais caros levam a menos pessoas podendo pagar por eles, o que gera maior pressão por novas regulamentações — dificilmente as pessoas entendem que foram as "soluções" anteriores que geraram os novos problemas.  Com isso, o clamor por medidas cada vez piores se torna presente, como no caso dos Estados Unidos, em que os fantasmas da medicina socializada e do single-payer estilo canadense voltaram a assombrar o país devido ao número considerável de pessoas que ainda não têm seguro saúde, mesmo depois da adoção do Obamacare.
O sistema de livre-mercado
A saúde, assim como qualquer outro serviço ou bem no mercado, pode ser ofertada com a mínima interferência estatal — as únicas restrições se aplicando a alguém que deliberadamente afeta a integridade física de outrem e retira a vida de um paciente sem o seu consentimento.
Um sistema de livre mercado de saúde consiste em pessoas fazendo aquelas escolhas para seus tratamentos que mais se adéquam a alguns princípios simples: seus valores pessoais, sua disponibilidade de tempo, sua disponibilidade monetária.  Desse modo, os custos de uma decisão individual não podem ser transmitidos a outrem sem o seu consentimento (escolhas individuais, custos individuais).
Esse tipo de sistema está parcialmente presente nos serviços privados de saúde, principalmente naqueles de caráter estético, como cirurgia plástica e dermatologia; cirurgia para correção de miopia; serviços odontológicos; e treinamento físico; mas não é adotado amplamente por nenhum país.
As grandes vantagens deste modelo são a sua adaptabilidade às necessidades individuais de cada paciente, a rápida capacidade de adoção de inovações (e o incentivo às mesmas), o baixo custo para aqueles que não estão fazendo uso dos serviços (a menos que optem pela participação voluntária em um plano de saúde, no qual escolhem os termos, eles não pagam nada), e a individualização das escolhas e de seus resultados.
Médicos e outros profissionais de saúde se organizam da forma mais eficiente para o atendimento aos pacientes e não seguindo modelos pré-estabelecidos por outras pessoas que pouco entendem do sistema.  Pacientes têm a liberdade de se consultar com o médico que querem, arcando com os custos disso — seja esperando muito por uma consulta, seja pagando valores mais caros por ela.  E empreendedores são motivados a oferecer novos produtos e serviços para atender às necessidades do mercado, seja competindo em áreas que já apresentam soluções, seja oferecendo alternativas para determinados procedimentos e modelos organizacionais.
Um dos melhores exemplos atuais do livre mercado nos serviços de saúde está no caso das cirurgias para correção de problemas de visão nos EUA.  Esse tipo de procedimento é pouco regulado: basicamente o que se tem é a necessidade de o médico respeitar o contrato estabelecido com o paciente e fazer todo o possível para não causar dano.  Essa cirurgia não é coberta pela maior parte dos planos de saúde, então a escolha do médico que realizará o procedimento não se dá pela cobertura da seguradora e sim por análise dos preços e dos resultados que aquele profissional apresenta.
Além disso, existem algumas diferentes técnicas que foram desenvolvidas ao longo dos últimos 30 anos para permitir uma recuperação mais rápida, diminuir o desconforto do paciente, ter um procedimento mais rápido etc.  Ou seja, é uma área que apresenta os pilares do livre mercado: a regulamentação se dá pela escolha dos consumidores, há uma real concorrência dos fornecedores do serviço e há competição pela clientela.
Analisando o que ocorreu com o passar do tempo, vê-se que menos de 15 anos depois do início de sua popularização, o preço das cirurgias de redução de miopia caiu significativamente.  Em 1997, o procedimento custava US$8.000, ao passo que em 2012 ele saía por US$3.800 — isso sem considerar a diferença de poder de compra devido à inflação.
Lembrando que, na década de 1990, a correção de visão era realizada por um cirurgião com instrumentos como bisturis para cortar parte do tecido do olho e corrigir as imperfeições, ao passo que atualmente o procedimento é feito com um laser guiado por computador.  
Além disso, é possível ainda encontrar médicos que cobrem menos de US$1.000 pelo procedimento.  Ou seja, o mercado, a inovação e a concorrência fizeram com que algo que era restrito a uma elite na década de 1990 se tornasse acessível para um trabalhador de classe média.
Mantendo-se esse padrão de redução de custo, a tendência é que em 2020 um trabalhador que ganhe um salário mínimo nos EUA (cerca de 16 mil dólares por ano) possa pagar a cirurgia sem comprometer significativamente seu orçamento anual.
O grande problema da abordagem de mercado está no fato de que ela entende que recursos são escassos e não visa a distribuí-los igualitariamente, visto que é impossível atender todas as demandas ao mesmo tempo com uma quantidade finita de recursos. Durante um tempo, algumas pessoas podem ficar sem a suposta garantia de acesso ao serviço dada pelos modelos mais regulados ou socializados por não terem o dinheiro necessário para pagar pelo atendimento médico, pelas cirurgias, pelos equipamentos — lembrando que mesmo nos sistemas socializados, não há nenhuma certeza do atendimento médico em si; há apenas um pedaço de papel dizendo que há  a possibilidade de obtê-lo sem o pagamento posterior pelo serviço.
Entretanto, não há nenhuma barreira legal imposta à entrada de novos players no mercado e nem ao acesso dos serviços de saúde.  Qualquer um pode financiar seus tratamentos, pode se juntar em grupos para comprar "pacotes de cirurgias ou de consultas médicas" — estilo Groupon ou Peixe Urbano, como é comum com vários procedimentos dermatológicos —, ou mesmo aderir voluntariamente a seguradoras de saúde, que devem ser transparentes e fornecer planos que atendam a seus clientes e não a grupos de interesse.
O interessante é que mesmo aqueles que não teriam o acesso inicial podem se beneficiar da abordagem de mercado, visto que médicos conseguem ter mais tempo livre ao fugir das burocracias impostas pelos reguladores e assim dedicar parte do seu horário a atividades pro bono. 
Empresas também têm o interesse de promover ações sociais para se beneficiar no mercado, e há a possibilidade de entidades de caridade e da sociedade civil surgirem para o fornecimento de saúde para os mais pobres — Santas Casas e Beneficência Portuguesa já atendiam inúmeros pacientes bem antes de alguém imaginar o SUS.
Além disso, as inovações geradas em áreas mais competitivas são exportadas para outros serviços mais regulados, ou mesmo para países que apresentam sistemas de saúde mais restritivos.
Conclusão
Existem diversos modelos de sistemas de saúde adotados ao redor do mundo e mesmo dentro de um dado país. Cada sistema tem suas particularidades, advindas dos agentes responsáveis por sua implantação.  Não há um sistema que possa ser considerado perfeito, visto que todos apresentam determinadas falhas.  Entretanto, há aqueles que conseguem apresentar mais prós do que contras, principalmente no longo prazo — o caso do livre mercado.
Assim, um país como a Suécia, que apresenta uma população pequena, amplamente urbana e muito homogênea, consegue implantar um modelo socializado de medicina que demorará anos para começar a apresentar fadiga.  Enquanto isso, o SUS brasileiro é problemático desde sua implantação.
O mesmo vale quando comparamos os sistemas baseados em seguro obrigatório individual, que funcionam muito bem na Suíça, mas apresentam vários problemas em estados americanos, como Massachusetts.  Assim, alegar que algo é muito bom e que vai dar certo caso seja implantado no nosso país porque parece funcionar em outro país não é um caminho razoável.
Por fim, além dos aspectos práticos e econômicos, alguns questionamentos morais e filosóficos devem ser feitos, principalmente no tocante a como seria o acesso aos tratamentos e se é justo fazer outras pessoas pagarem pela sua conta, seja no presente, seja no futuro, entre outros. Nenhuma discussão ampla deve esquecer esses aspectos e cada sociedade lidará com eles de uma forma diferente.

Davi Lyra Leite é engenheiro com interesses em medicina de precisão, modelos e gestão de sistemas de saúde, tecnologia biomédica e educação superior. Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília. Atualmente, faz doutorado em Engenharia Biomédica na Universidade do Sul da Califórnia, onde desenvolve pesquisas em engenharia de tecidos e modelagem de doenças cardiovasculares.  Artigo originalmente publicado aqui.


MEU CORRUPTO PREFERIDO- TEM AINDA QUEM TENTA JUSTIFICAR A QUADRILHA OLHANDO PARA O PASSADO

“A corrupção no Brasil sempre existiu. Porém jamais em tamanha proporção e organizada por quadrilheiros amoitados no governo e em empresas estatais, visando o financiamento de campanhas, compra de apoio parlamentar e como ninguém é de ferro, para enriquecer familiares que agora recebem visitas da Polícia Federal.” (Eriatlov)

“O inconformismo com a morte fez surgir os exploradores do medo.” (Filosofeno)

“Não saio com mulher magra. Vá que eu tropece, caia em cima e cometa um obesicídio.” (Fofucho)

“Ser filho de homem não é fácil, exigem perfeição. Até tento ser certinho, mas a tentação das mundanas acaba comigo.” (Jesus Crush)

“A esperança do povo cubano é Jesus ou Satanás. Que qualquer um deles chame para junto de si os irmãos Castro.” (Cubaninho)

LEANDRO NARLOCH- A economia do Masoquistão, o país dos masoquistas

O Masoquistão, país de dimensões continentais situado abaixo da linha do Equador, é a terra dos masoquistas. O governo dessa estranha nação se esforça para tornar a vida um eterno inferno, enquanto os cidadãos escolhem os políticos que mais os castigam. Hoje falaremos da economia do Masoquistão, área em que esse padrão de comportamento se revela de forma mais patológica.
As empresas estatais do Masoquistão oferecem serviços terríveis, criam rombos no orçamento, estão atoladas em corrupção e de vez em quando abrigam acidentes de trabalho com explosões e morte de operários. Por isso mesmo os cidadãos as consideram orgulho nacional – e são radicalmente contra propostas de privatização. Na campanha eleitoral, candidatos se valem desse tabu para trocar acusações. “Você vai privatizar! Vai nos livrar daquela empresa que nos faz tanto mal!”, diz um candidato. “Pelo contrário, vou reestatizar”, responde o adversário.
Jovens estão entre os defensores mais radicais do sofrimento causado pelas estatais e pelo urbanismo do Masoquistão. Enquanto a Justiça e a imprensa revelam escândalos bilionários de corrupção na maior empresa estatal do país, jovens manifestantes tomam as ruas, depredam bancos e queimam carros reivindicando:
- Queremos mais estatais! Lutamos por uma grande estatal do transporte coletivo!
Os políticos com mais sucesso no Masoquistão estão sempre atentos a formas de aumentar a agonia dos cidadãos. Um caso exemplar dessa tendência ocorreu em dezembro de 2013. Em pleno período de férias, quando milhares de pessoas se preparavam para viajar ao exterior, o governo elevou o aumento do imposto para compras internacionais no cartão de crédito. A medida foi considerada urgente para garantir a preocupação dos habitantes mesmo quando estivessem fora do país.
As leis trabalhistas do Masoquistão são conhecidas no mundo inteiro por tirar o incentivo a contratações e empurrar metade dos trabalhadores do país à informalidade. Por isso mesmo, quando o governo pensa em flexibilizar as leis, provoca uma gritaria geral da população. Rapidamente o governo volta atrás; diz que foi um mal-entendido e promete seguir atrapalhando os trabalhadores.
Todos no Masoquistão sabem que poderiam comprar carros, computadores, remédios, máquinas, equipamentos médicos e uma infinidade de produtos muito mais baratos no exterior. Ora, isso seria fácil demais. Para evitar algo que poderia ser considerado felicidade, todos por ali concordam que é preciso elevar barreiras alfandegárias e dificultar a compra de importados.  Sem concorrência, as montadoras nacionais produzem carros mais caros, de pior qualidade e com menos segurança que os importados. Tudo o que masoquistaneses mais desejam.
É verdade que nem tudo no cotidiano do Masoquistão é sofrimento. Alguns empreendedores até conseguiram facilitar a vida dos moradores, fornecendo a eles comida barata, aparelhos eletrônicos e remédios a doenças antes incuráveis. Se os masoquistaneses gostam? Nada. Eles culpam as empresas e o agronegócio por todos os problemas do país. Aprendem na escola a odiar grandes empresas e idolatrar líderes que lutaram contra o capitalismo, empobreceram países e ergueram ditaduras.
Na história recente do Masoquistão, uma presidente se destacou por esculhambar a economia inteira. Aumentou a dívida pública, descuidou da inflação, quebrou contratos e afugentou investidores e empresários que criariam empregos. Foi reeleita com festa pela população.

José Nêumanne: ‘O governo mente e a oposição se cala’

Publicado no Estadão desta quarta-feira
JOSÉ NÊUMANNE
Bruno Araújo (PSDB-PE), líder da minoria, provocou rebuliço no plenário da Câmara dos Deputados ao reproduzir do alto da tribuna áudio em que a presidente Dilma Rousseff garantia, há dois anos, reduzir a conta da luz em 18%. “O Brasil terá energia cada vez melhor e mais barata”, disse ela, então, condenando “previsões alarmistas”.
O diabo é que o consumidor bancará nas contas deste ano fundo de R$ 20 bilhões que antes era cobrado do contribuinte, via Tesouro Nacional: ou seja, tirará de um bolso em vez do outro. Fala-se em aumento de 40% a 80%. E mais: para o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, do governo federal, o risco de faltar eletricidade no Sudeste e Centro-Oeste chegou em fevereiro ao índice mais alto dos últimos anos: 7,3%. Em janeiro era de 4,9%. Essa foi a única das várias mentiras contadas por Dilma e pelo PT no poder há 12 anos exposta de forma cabal pelos oposicionistas após grande exposição nas redes sociais. Nesse ringue a luta tem sido feroz, com combativos e grosseiros militantes petistas e antipetistas abusando impunemente da liberdade de se insultarem.
Na mesma ocasião em que o parlamentar pernambucano expôs essa falácia, a Nação tomou conhecimento de depoimento em delação premiada do ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco. Nele este fez uma denúncia gravíssima: teriam sido transferidos US$ 200 milhões do propinoduto da Petrobrás para os cofres do partido pelo qual a presidente foi reeleita. Contou ainda que ele próprio havia recebido da SBM holandesa de US$ 25 mil a US$ 50 mil por mês, dependendo do valor do contrato, desde 1997 ou 1998, ou seja, durante o segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
O tesoureiro João Vaccari Neto foi defendido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na festa dos 35 anos do PT, com uma paródia da secular frase latina in dubio pro reo: “Na dúvida, fique com o companheiro”. Fernando Henrique disse, como repete Dilma, que “quer que a investigação vá até o fim”. E o PSDB calou.
Concomitantemente, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) anulou a eleição do desagravado Vaccari para a presidência da Cooperativa dos Bancários (Bancoop), em 2009. Pela segunda vez a Justiça paulista concluiu que foi irregular a assembleia-geral da cooperativa que também aprovou contas da entidade. Esta, segundo o Ministério Público, serviu de fonte de recursos desviados para o PT. Em 27 de janeiro, a 9.ª Câmara de Direito Privado do TJSP rejeitou a apelação da Bancoop contra a sentença da primeira instância que já havia suspendido e considerado nulos todos os atos da assembleia, entres eles a aprovação das contas de Vaccari. Ainda cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça.
Será que a oposição vai esperar a decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer o que dela se espera desde 2009? Naquele ano, os computadores de jornalistas e políticos brasileiros passaram a receber diariamente as reclamações dos bancários que quitaram seus apartamentos financiados pela Bancoop, mas jamais os ocuparam. Até quando Lula e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, poderão repetir sem contestação que o companheiro tesoureiro é um homem probo, que nunca embolsou um centavo que não fosse de direito seu? Talvez seja útil advertir ao presidente e ainda presidenciável do PSDB Aécio Neves que os petistas continuam contando com essa omissão deles para ousar.
E como ousam! O STF condenou a antiga cúpula do partido da presidente e do ex à prisão por vários crimes, entre os quais corrupção e formação de quadrilha. E os condenados até hoje são tratados como heróis. O ex-tesoureiro Delúbio Soares foi preso. Mas seu sucessor, que ainda responde na Justiça a várias acusações dos mutuários da Bancoop, se recusou a permitir a entrada dos policiais federais que foram buscá-lo em casa para depor “sob vara” no processo do petrolão.
Na festança do PT, Lula disse que “não querem nem deixar concluir o mandato da Dilma”. Ela não se fez de rogada e proclamou: “Os que são inconformados com o resultado das urnas só têm medo de uma coisa – da mobilização da sociedade em repúdio a qualquer tentativa de golpe”. Falta-nos alguém para explicar com paciência, clareza e firmeza que não se prepara golpe, mas só se exerce o direito inquestionável de discordar da autoridade e cobrar o estelionato eleitoral de quem mentiu para vencer e governa fazendo-se de surdo.
O cinismo petista não impediu, contudo, a queda da popularidade da presidente medida pelo Datafolha. Só que a oposição em nada contribuiu para isso. O cidadão tirou suas conclusões sozinho, para desgraça de João Santana, o Patinhas do Bendegó. Dois exemplos recentes autorizam essa conclusão. Primeiramente, em 29 de janeiro o jurista Modesto Carvalhosa, especialista em leis de combate à corrupção, teve publicado neste mesmo espaço o artigo A virgindade da Lei Anticorrupção, no qual adverte que, ao impor sua “vontade”, a presidente comete, sem saber, crime de responsabilidade. Nos últimos 12 dias ficou patente que Dilma não deu sinal de ter lido a advertência nem resolvido se precaver e corrigir os erros. Em compensação, prócer nenhum da oposição tratou de, pelo menos, divulgar o alerta e explicar as consequências funestas para qualquer cidadão do desgoverno de Dilma.
Em segundo lugar, no domingo outro jurista apartidário, Ary Oswaldo Mattos Filho, da Fundação Getúlio Vargas, garantiu, em entrevista ao Estado, que, ao reter o preço da gasolina, o governo Dilma infringiu a Constituição, a Lei das S.A. e o Estatuto da Petrobrás, sendo assim possível que acionistas minoritários movam ação de responsabilidade. Mas político nenhum até agora levou esse gravíssimo aviso aos plenários do Congresso ou o divulgou à opinião pública pelos meios de comunicação.
O governo mente, a oposição cala e nós ficamos no mato acuados pela cachorrada.

A volta de Mangabeira Unger e a nomeação de Miriam Belchior para a Caixa provam que ninguém no mundo escolhe o que há de pior tão bem quanto Dilma Rousseff

Augusto Nunes
“Um perigo a menos na Amazônia: o sotaque perdido na selva vai embora”, resumiu o título do post de junho de 2009 que saudou a partida para os Estados Unidos de Roberto Mangabeira Unger, a estranha figura que chefiava, com status de ministro, a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Cinco anos e meio depois, sempre inexplicavelmente, Dilma Rousseff recolocou no mesmíssimo cargo o único baiano que fala português com sotaque de diplomata americano que chegou ao Brasil faz meia hora.
O texto republicado na seção Vale Reprise decifra o mistério surgido no momento em que nasceu a extravagância: para que serve, afinal, uma Secretaria de Assuntos Estratégicos? Serve para mostrar que ninguém no mundo nomeia o que há de pior tão bem quanto Dilma Rousseff. Com Mangabeira Unger, a presidente completou a montagem do mais bisonho primeiro escalão de todos os tempos. E pôde dedicar-se à difícil tarefa de reprisar a conquista com o segundo escalão.
Dilma mostrou-se à altura da missão ao substituir Graça Foster por Aldemir Bendine. Nesta terça-feira, garantiu o troféu com a entrega da presidência da Caixa Econômica Federal a Miriam Belchior. Faz sentido: ex-mulher do prefeito Celso Daniel, a companheira é especialista em caixa-preta.

COMO ERA E COMO ESTÁ O BRASIL COM DILMA

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“Collor caiu por um Fiat Elba. Pois agora roubaram dos brasileiros uma Fiat inteira e os ladrões boquirrotos falam em golpismo.” (Mim)

‘O Governo é um fingidor’ e outras seis notas de Carlos Brickmann


Publicado na coluna de Carlos Brickmann

CARLOS BRICKMANN
Como não disse Fernando Pessoa, um Governo finge tão completamente que chega a achar que é certa qualquer história que invente.
O Governo Federal vai mal, perdendo aliados (até o fiel dos fiéis, o gaúcho Olívio Dutra!), sofrendo oposição mesmo de partidos que contemplou com boquinhas, com aliados que o amam com todo o ódio. Qual a saída? João Santana. Dilma decretou que o problema está na falta de comunicação: é preciso trazer de volta o comunicador do Brasil Cor de Rosa para restabelecer a Força Vermelha. Porque, no Brasil, quando o Governo não anda, mais verba para a propaganda.
O setor de Comunicação do Governo Federal está com problemas: João Santana escreveu o discurso de posse de Dilma, saiu de férias e ainda não voltou, Thomas Traumann não queria ficar como porta-voz mas não havia ninguém para por em seu lugar, Ricardo Berzoini não é do ramo. Mas talvez o problema não esteja apenas no que é dito, ou como é dito, mas naquilo que se sente: promessas descumpridas, alta de impostos, alta brutal da luz, Petrolão. Há quem reclame do uso do nome Petrolão. Mas, se fosse outro o nome, menor seria o escândalo?
O Governo tucano paulista tem o mesmo problema, enfrentado da mesma maneira: para reduzir o impacto da estiagem, baixou um dicionário em tucanês castiço. Volume morto virou Reserva Técnica, crise hídrica se transformou em alocação inteligente de recursos hídricos disponíveis para maximizar sua utilização. Enfrentar a falta d’água é menos importante: as eleições ainda estão longe.
Dietas jáO prefeito de São Bernardo do Campo, SP, o petista Luiz Marinho, cortou drasticamente a merenda escolar. Explicação: os alunos estavam ficando obesos. Se Dilma pode fazer dieta, por que os alunos seriam privados de passar fome?
Com gente é diferente
Lembra da propaganda de Dilma, em que os banqueiros embolsavam o dinheiro e a comida sumia da mesa da população? Dilma ganhou, os banqueiros também: em 2014, o Bradesco teve lucro líquido de R$ 15,3 bilhões, seu recorde (e, além disso, indicou um alto funcionário para ocupar o Ministério da Fazenda); o Itaú, só no último trimestre de 2014, teve lucro líquido de R$ 5,52 bilhões.
Banqueiro tem pele grossa. Nenhum ficou chateado com a propaganda.
Tinindo as espadasA festa de transmissão do comando do Exército do general Enzo Peri para o general Eduardo Villas Boas custou R$ 48 mil, segundo levantamento da respeitada Contas Abertas. No custo entram canapés, coquetel, almoço, jantar, mesa de salgadinhos, coffee break (que antigamente se chamava lanchinho) e flores.
Quem perde ganhaNão se preocupe com o bem-estar de Luciana Genro, candidata derrotada à Presidência da República pelo PSOL, filha de Tarso Genro, candidato derrotado à reeleição pelo PT para o Governo gaúcho. Luciana Genro ganhou o cargo de Coordenadora Geral da bancada do PSOL na Assembleia gaúcha, com salário de R$ 16.900.
Quantos deputados tem a bancada que coordena? Um: Pedro Ribas.
O problema vem de longe
Ninguém pode criticar o Governo paulista, os governos de outros Estados atingidos pela seca, o Governo Federal: todos foram surpreendidos pela falta d’água (se houvesse processo, os dirigentes diriam, em coral, o famoso “eu não sabia”). Foi mesmo uma surpresa. Amélia Guida Costa, assídua leitora desta coluna, comprovou que o alerta foi recente demais. Encontrou no jornal Correio Paulistano de 9 de novembro de 1867 uma notícia sobre a falta d’água com a seguinte abertura: “É facto importantíssimo o estado de penuria em que andam os habitantes da Capital a respeito d’agua potavel. A julgar pela antiguidade e pertinácia do mal, é difficil de saber-se quando há de vir o necessario remedio. Se não falham nossas recordações, começou elle à preocupar à atenção dos governos provinciaes desde a presidencia do conselheiro Saraiva (…)”
José Antônio Saraiva governou São Paulo de 1854 a 1855. Como nossos atuais governantes poderiam trabalhar sabendo dos fatos com tão pouca antecedência, de apenas 160 anos?
Clique http://www.brickmann.com.br/index.php e veja a nota de 1867.
O problema vai longe
Mas não enfrentamos apenas as omissões do passado. Bem pertinho da represas do Sistema Cantareira, que estão quase vazias, há desmatamento de 20 mil m², em área de proteção de mananciais. O mais surpreendente é que os desmatadores têm licença para desmatar, embora a mata seja nativa, embora esteja em área de proteção de mananciais. Houve denúncia ao Ministério Público de Mairiporã, SP, que determinou à Polícia Ambiental que fizesse cessar imediatamente o desmatamento. Demorou um pouco – e, quando os policiais chegaram, a turma da motosserra já tinha ido embora.
Se o Governo estadual, preocupado com a falta d’água (ou restrição de disponibilidade hídrica, em bom tucanês), quiser tomar providências, pois a esperança é a última que morre, o endereço é Av. Belarmino Pereira de Carvalho nº 6.777, antiga Estrada da Roseira, Mairiporã, em frente ao Projeto Meu Guri – que, a propósito, é do Governo tucano de São Paulo.

“A única coisa transparente em algumas prefeituras é a calcinha da secretária do prefeito.” (Mim)

“A pressa no trânsito engorda coveiros.” (Limão)

O CONFISCO DA VERDADE

O CONFISCO DA VERDADE
Por Ricardo Noblat, publicado em seu blog no site de O Globo
Ricardo-NoblatQuem disse: “[A recente campanha eleitoral foi] a mais suja. Aquela em que nossos adversários utilizaram as piores armas para tentar nos derrotar. Tentaram fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de comunicação para manipular, distorcer e falsear”?
Aécio Neves? Fernando Henrique Cardoso? Dilma? Lula?
Claro, Lula, no aniversário de 35 anos do PT. Quem mais ousaria tanto?
A metamorfose ambulante, como um dia Lula se apresentou, teve a cara de pau de dizer mais. Do tipo:
- O PT nasceu para ser diferente. A verdade é que foi o governo deles que tentou destruir a Petrobras. E foi o nosso governo que a resgatou, retomou os investimentos que levaram à descoberta do pré-sal e fizeram da Petrobras a maior produtora mundial de petróleo entre as empresas de capital aberto.
Sobre a corrupção na Petrobras, nem um pedido de desculpas.
Como a vingança veio a galope, Lula, Dilma e o PT foram obrigados a amargar, um dia depois de se reunirem em Belo Horizonte, os resultados da primeira pesquisa de opinião pública aplicada, este ano, pelo Datafolha.
Despencou a popularidade de Dilma reeleita pelo “partido que veio para repelir a mentira”, segundo Lula. Dilma alcançou a pior avaliação de um presidente desde 1999.