sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O MEDO DELES

“Penso que o grande medo dos fundamentalistas islâmicos é ver liberdade praticada no ocidente migrando para dentro dos seus países. Imagine só as mulheres muçulmanas poderem estudar livremente ou escolher seus maridos? Transitarem pelas ruas sem a burca? Saírem sozinhas? Que tal igrejas cristãs do mundo ocidental disputando fiéis em territórios islâmicos, mostrando uma visão diferente?  Ter liberdade de escolha, eis o grande inimigo dos fundamentalistas.” 

IMB-Dilma promete mais “direitos” e governador petista privatiza supermercado estatal

Em seu discurso de posse, Dilma falou que não pode dar passos atrás, e nem tirar direitos.  Que os direitos devem ser sempre mais.
Ao dizer isso, a presidente ecoa as convicções de muita gente bem-intencionada.  Já eu, que suspeito das boas intenções como que por instinto, penso que a criação de direitos — isto é, coisas boas que a lei determina que sejam estendidas a todos — é um obstáculo para a qualidade de vida geral.
Entendo que esse é o modo petista de medir o sucesso: pelo esforço gasto; pelo papel gasto.  Se está lá no papel que o salário mínimo subiu, ou que domésticas agora têm direitos trabalhistas, isso é bom em si, posto que é o justo; e tudo que está fora disso é inaceitável, mesmo se o salário mínimo maior não fizer os trabalhadores mais ricos, e mesmo se as novas leis de domésticas tiverem dificultado muito encontrar postos de trabalho nessa função.
O efeito que o discurso de direitos tem na mentalidade é também deletério.  Se algo é um direito, ele deveria estar vigorando para todos os casos.  Se não está, então uma injustiça foi feita.  E se uma injustiça foi feita, temos que encontrar o culpado: alguma classe que não contribui como deveria, alguma instância do governo que é corrupta ou lenta, o egoísmo da cultura em geral, "todos nós que jogamos papel de bala no chão" etc.
Isso serve para gerar raiva e indignação, sentimentos que levam à impotência, posto que nada podemos fazer contra as gritantes injustiças de todo um sistema.  Em nada ajudam a encontrar soluções criativas que melhorem efetivamente aquilo que consideramos ainda insatisfatório.  Encontrar culpados e bater o pé no chão para que "algo seja feito" roubam os esforços que deveríamos dedicar a fazer algo.
O direito também fossiliza nossa concepção sobre como o mundo deve ser.  Direitos trabalhistas eternizaram relações de trabalho que estão cada vez mais datadas.  Mas como o estado não é capaz de aceitar seus próprios limites, ele precisa exigir que todas as outras relações se pautem pelos critérios que ele estabeleceu.  O resultado cultural disso é gente jovem em pleno século XXI sonhando com carteira assinada ou — o que é a lógica dos direitos levada a seu extremo — o funcionalismo público.  Trabalho assegurado, bem remunerado, fácil, de baixa intensidade e com amplo tempo livre.
O mesmo vale para outros campos: o direito à educação nos internalizou a ideia de que todos necessitam de 11 a 15 anos de estudo formal em salas de aula, com conteúdos pré-determinados pelo estado e sendo submetidos a constantes avaliações, seguindo um modelo muito particular de educação que se universalizou como sendo o único possível.
O direito à saúde nos fez todos adotar a ideia de que serviços de tratamento devem estar prontamente disponíveis e gratuitos a todas as pessoas.  O que, com o aumento da tecnologia e da longevidade, revela-se uma impossibilidade técnica.
E, mais do que isso, associou-se "direito à saúde" a tratamento, e não à prevenção ou à busca de uma vida saudável.  Se esses crescerem em importância na cultura, a velha ideia do direito à saúde irá se enfraquecer — principalmente agora que até o próprio governo federal encara os planos de saúde privados como o melhor jeito de diminuir seus próprios custos com os cuidados à população.
O direito legal tenta materializar uma instância fictícia da nossa imaginação: o dever ser.  As pessoas "devem" ter saúde, educação, lazer, cultura etc.  Mas ele não faz nada para criar e manter esses bens desejados socialmente.  Nada além de instilar um vago sentimento de obrigação, justamente o pior tipo de motivador da conduta.
Pensando nisso, minha dica para 2015 a todos que querem um mundo melhor é que gastem menos tempo lutando para colocar direitos no papel, menos tempo exigindo que direitos que já existam sejam concretizados, e mais tempo pensando, criando, produzindo e espalhando as coisas boas que queremos ver sendo difundidas. 
Que o eterno "dever ser" ceda espaço para um "é" cada vez melhor.
Na Bahia, ainda existia um supermercado estatal
Cesta_do_Povo_4464700401-636x395.jpg"Não há sentido em tirar dinheiro da saúde e da educação para sustentar um supermercado". É com essas palavras, racionais, simples, límpidas, que o governador eleito da Bahia, Rui Costa,anuncia a privatização (se parcial ou total, ainda não se sabe) da rede de supermercados Cesta do Povo, única rede de supermercados estatal do Brasil.
A estatal foi criada, vejam só, por Antônio Carlos Magalhães nos anos 1970.  A esquerda privatizando a estatal da direita.
Esquerda e direita não descrevem a realidade, apenas nomeiam grupos rivais em luta pelo poder.  E em face de um supermercado estatal que só no ano passado custou 15 milhões de reais aos cofres públicos, não há partidarismo que discorde: é preciso vender.
Quando o governador diz que a rede não tem como competir com a agilidade e liberdade de negociação das empresas privadas, ele está dizendo a mais pura verdade. O Cesta do Povo tem um sistema pra lá de antiquado para encontrar e admitir novos fornecedores, e adota uma política de preços que segue conveniências políticas, mas que, ao mesmo tempo, não oferece preços muito mais baixos que a concorrência. Por que a diferença?
O Cesta do Povo, como a maioria das empresas estatais, vê-se numa encruzilhada: por um lado não pode ser apenas mais uma empresa maximizadora de lucro (pois pra isso o estado não é necessário); por outro, precisa de mecanismos que impeçam que os recursos públicos que o sustentam sejam desviados em esquemas de corrupção.
A empresa não tem um dono, não tem acionistas e não tem doadores voluntários que se sentiriam lesados caso gastasse mal seu dinheiro, e que portanto têm todo o incentivo para torná-la mais eficiente.  Em vez disso, ela conta apenas com os procedimentos burocráticos de qualquer atividade estatal, que por um lado são engessantes e não permitem mudanças bruscas ou inovações sem longas diligências e licitações, e por outro são facilmente burláveis.
Ao mesmo tempo, ninguém ali dentro tem incentivos para melhorar a empresa, torná-la mais eficiente, inovar.  Se ela der lucro ou prejuízo, a vida de seus gestores não muda em nada.  E já que é bem mais fácil ser ineficiente…
"O Cesta do Povo não é capaz de concorrer com as redes privadas de supermercado. As grandes do setor têm agilidade na hora de negociar e definir preços, muito diferente de uma empresa pública", justificou Costa.
A rede chegou a fechar em meados da década passada, e foi reaberta pelo governador Jaques Wagner, também do PT, em 2007, que encontrou aquela massa falida e apostou que ela era viável se gerida com mais eficiência e menos corrupção. Agora o sonho acabou. Para o contribuinte baiano, o pesadelo.  
O lampejo de lucidez de Rui Costa foi além do mero reconhecimento de que a rede não tem condições de se viabilizar no mercado; ele toca, talvez sem que o próprio perceba, em um ponto mais importante: o da prioridade do gasto estatal.
Vamos aceitar por um segundo a premissa utópica de que o estado serve, ou visa a servir, o bem comum.  As pessoas dizem isso e se contentam com um estado que promove — e gasta recursos com — uma série de causas e atividades boas.  Em um mundo de recursos escassos (dica: como o nosso), só isso não é o suficiente.  Que algo seja bom, desejável, não é critério suficiente para concluir que o estado deva investir naquilo.  Precisamos ir uma pergunta além: aquele gasto traz o melhor retorno possível em termos de bem comum? O real ali investido produz o máximo bem para o maior número de pessoas? Se não, que seja cortado.
O estado da Bahia, que já sofre com uma segurança pública em frangalhos e com desempenhos muito ruins na educação (mesmo para a média brasileira), não pode se dar ao luxo de esbanjar recursos para subsidiar um supermercado.
Se aceitarmos essa lógica — e parece impossível não aceitá-la —, nossa forma de encarar o governo muda.  Não é porque algo é desejável que ele deve ser subsidiado com dinheiro público.  Não basta ser bom; tem que saber utilizar da melhor maneira possível os recursos escassos.  E isso o estado já demonstrou que não sabe fazer.
Pensando assim, pode ter certeza de que há muitos "Cestas do Povo" por esse Brasil aguardando nosso corte.

Joel Pinheiro da Fonseca é mestre em filosofia, editor da revista Dicta&Contradicta e escreve no blog Ad Hominem.


Somos todos franceses (V)


Somos todos franceses (V)

Coluna fala da The New Yorker, mas não resiste a esta capa acima
Coluna fala da New Yorker, mas não resisti à capa acima
Debate político é muito caricaturado, com rótulos distribuídos com profusão sobre o que é ser de esquerda ou de direita (liberal ou conservador no jargão americano). Eu mesmo não resisto e muitas vezes pego os atalhos retóricos para gerar algum frisson. Nada como um frisson causado por surpresas. A revista The New Yorker é um baluarte dos liberais americanos (esquerda caviar, no rótulo brasileiro). Para mim, é leitura obrigatória, o bagel nosso de cada segunda-feira. A surpresa está no texto publicado no seu site por George Packer sobre o massacre de 12 pessoas em Paris na quarta-feira, um intento de massacrar a liberdade.
Packer fulmina: a chacina em Paris não resultou do fracasso da França para assimilar duas gerações de imigrantes muçulmanos das antigas colônias. Não foi uma reação ao atual papel militar francês no Oriente Médio ou à anterior invasão americana do Iraque. O ato de terror não foi parte de uma onda geral de violência niilista no Ocidente que sofre na economia e está socialmente atomizado. Tampouco dever ser racionalizado como uma resposta ao desrespeito à religião por cartunistas irresponsáveis. Charlie Hebdo é iconoclasta nos seus insultos. Não poupa cristãos e judeus. No entanto, apenas muçulmanos reagiram com ameaças e terror.
O ataque contra Charlie Hebdo foi apenas a última salva de uma ideologia que tenta conquistar o poder por décadas através do terror. A mesma que foi ao encalço do escritor Salman Rushdie a mando da teocracia iraniana, a mesma que matou três mil pessoas nos EUA em 11 de setembro de 2001, a mesma que assassinou Theo van Gogh nas ruas de Amsterdã em 2004 por fazer um filme, a mesma que pratica decapitação e estupro na S íria e Iraque, a mesma que massacrou 132 crianças e adultos em uma escola em Peshawar, no Paquistão, em dezembro. E como observa Packer, é a mesma que mata nigerianos com tanta regularidade, especialmente jovens, a que o mundo mal presta atenção.
No seu texto, Packer elabora que muitos tentam distanciar esta ideologia terrorista do islamismo. Outros se esforçam para colocar a culpa inteiramente no conteúdo teológico do islamismo. Quero enfatizar um ponto. Para Packer, o islamismo inclui hoje uma “substancial minoria” de seguidores que aceitam, isto quando não empreendem, um grau de violência na aplicação de suas convicções, algo que é singular hoje em dia entre as religiões.
E o que fazer? Não basta condenar. Tampouco ajuda alienar os milhões de muçulmanos que repudiam o que está sendo feito em nome de sua religião. A resposta deve ser cuidadosa e talhada para circunstâncias particulares. No caso da França, há uma urgência sobre como impedir que jovens cidadãos franceses e muçulmanos se entreguem a esta ideologia assassina, fazendo “estágio” terrorista no Oriente Médio para depois colocar as lições em prática dentro de casa. Quem deve ser tratado como herói para esta juventude não é um clérigo extremista ou algum líder jihadista psicopata, mas Mustapha Ourrad, o revisor do semanário Charlie Hebdo, de origem argelina, e uma das 12 vítimas da chacina.
Eu ia lendo Packer à espera de uma grande sacada estratégica no combate ao terror islâmico (há textos instigantes dele sobre o papel americano no Oriente Médio). No entanto, ele termina de forma comedida, embora correta. Diz que os assassinos de Paris são soldados em uma guerra contra a liberdade de pensamento e de expressão, contra a tolerância, o pluralismo e o direito de ofender. Os cartunistas morreram por uma ideia. Assim, para George Packer, “todos nós devemos ser Charlie não apenas hoje, mas todo dia”.

JABUTI INFLACIONÁRIO- Inflação do Brasil fecha 2014 em 6,41%, bem próxima do teto

PARA ALEGRIA DO PAPAI?- Roseana Sarney deixa dívida de R$ 1,1 bilhão no Maranhão

Cioran fala das prostitutas

“A verdade é que eu fui muito um grande amante no tratamento com as prostitutas. As de antigamente, na minha juventude pelo menos, tinham uma espécie de sabedoria, uma experiência da vida que não encontrei em nenhuma outra parte. Eu frequentava-as muito na Romênia, e aprendi muito, porque me agradava falar com elas. Bem, não só falar, é claro! Em minha breve temporada como professor de instituto falava a meus alunos que não queria vê-los pelos bordéis a partir das nove da noite: nesta hora começava o turno dos professores… Certa noite, uma disse-me que seu marido acabara de morrer. Era jovem, bonita. Disse-me que quando fazia amor com alguém via o cadáver do marido na cama, a seu lado. Deve-se ir aos bordéis para escutar coisas tão profundas! Por mais duvidoso que seja esse romantismo, sempre se aprende algo.”

Emil Cioran (Rășinari, 8 de abril de 1911 — Paris, 20 de junho de 1995) foi um escritor e filósofo romeno radicado na França. Em 1949, ao publicar "précis de decomposition", passa a assinar E.M. Cioran, influenciado por E.M. Forster -esse "M" não tem nenhuma relação com outros nomes do filósofo (como Michel, Mihai, etc.)
Um dos melhores conhecedores da obra de Cioran é o filósofo espanhol Fernando Savater

Wikipédia

“Os comunistas tentam de todas as maneiras subjugar a individualidade criativa fazendo parir a idiotice coletiva.” (Eriatlov)

“Tive mãe, mas fui adotado por uma vaca.” (Climério)

“Tão bom quanto dormir é acordar.” (Filosofeno, o filósofo que dorme sobre o capim)

“Os maiores exploradores da ignorância estão nos púlpitos e nos partidos políticos. Às vezes estão juntos.” (Filosofeno)

“Desconfie daqueles que te prometem o paraíso. Na maioria das vezes eles não sabem nem quando é noite ou dia.” (Filosofeno)

“Dormir em má-companhia a gente nem percebe. O duro é ficar acordado.” (Mim)

“Acostume-se! Sempre haverá pedras, espinhos e falsos amigos em nosso caminho.” (Mim)

“Quando morrer gostaria de ser cremado. Não estou preparado mentalmente para viver-morto num cemitério para cachorros.” (Bilu Cão)

“Fui atacar um cavalo branco e saí com a boca cheia de tinta. Putz! Era uma zebra disfarçada.” (Leão Bob)

“Acordo todas as manhãs pensando em viver até cem anos. Mas aí eu penso nos impostos, no preço dos remédios pra ereção, nas rugas....” (Nono Ambrósio)

Dilma não demite Graça Foster porque as duas são cúmplices

O jornalista Ricardo Noblat escreve no seu blog que um dia ainda será desvendado o mistério da ligação para a vida ou para a morte entre a presidente Dilma Rousseff e a presidente da Petrobras, Graça Foster – a Graciosa. Por enquanto, ele desenvolve sua própria teoria para explicar o casamento. Leia:

Conhecedor das entranhas do que já foi apurado até agora sobre a roubalheira na Petrobras, o Procurador Geral da República recomendou a demissão de Graça e dos demais diretores da empresa.

Elegante e diplomático como sempre, o vice-presidente Michel Temer procedeu da mesma forma. Por sinal, não há um só político com juízo que pense diferente disso. E, no entanto... Sobrou para Moreira Franco, ministro da Secretaria de Aviação Civil, que havia sido escalado por Dilma para permanecer no cargo durante seu segundo governo. Moreira teve um bom desempenho na Secretaria.

Repórteres de O Globo, Simone Iglesias e Geralda Doca apuraram que Dilma resolveu mandar Moreira embora por que ele, em uma reunião do PMDB, defendeu a demissão de Graça. Amizade apenas não justifica o empenho desmedido de Dilma em manter Graça na presidência da Petrobras. Graça está bichada. 

Na melhor das hipóteses, foi incompetente por desconhecer o que se passava ao seu redor. O comportamento de Dilma alimenta a suspeita de que ela e Graça agiram juntas para acobertar o esquema de corrupção da Petrobras montado ainda no governo Lula. Nesse caso, como ela poderia largar Graça de mão?



. Dilma não é Lula. Que largou de mão José Dirceu para que uma cabeça rolasse em pagamento pelo escândalo do mensalão.

Do blog do Políbio Braga

JABUTI APOSTA NA MANUTENÇÃO DOS BURRALDOS- Ministério da Educação é o mais afetado por corte de gastos

Pasta sofreu uma limitação extra mensal de 586,83 milhões de reais em despesas não obrigatórias, segundo decreto publicado pelo governo nesta quinta-feira.

GENTE DE DIÁLOGO- Boko Haram mata ao menos cem pessoas em massacre na Nigéria

COM CARINHO, DA DILMA PARA VOCÊ- Conta de luz pode ter reajuste extra em 2015, diz ministro

“Se me derem casa, comida, roupa, estudo, tudo em troca de tutela, da minha liberdade, eu digo: Deixem-me nu na beira da estrada!” (Eriatlov)

“Quando os cadafalsos estiverem prontos será que os omissos perguntarão qual é a finalidade deles?” (Eriatlov)

CÓPULA ESTATAL

“A mediocridade reinante adora fazer filhos para o estado sustentar. Com o passar do tempo a preguiça tende a aumentar e quem sabe pedirão para o estado também fazer a cópula.” (Mim)

“Pobre povo que tem um ogro como governante.” (Mim)

“Nunca acreditei em lendas; Saci-Pererê e outros. Mas agora sei que Mula-Sem-Cabeça existe. Vive em Brasília.” (Mim)