Um grande mago brasileiro irritou-se e fez todos os
homens terem o tamanho físico de sua moral. Grandes mudanças ocorreram. Agora num porta níqueis se carrega
tranquilamente vinte políticos, uma
dúzia de artistas da Globo e apertadinho até uma dezena de juízes.
sexta-feira, 29 de junho de 2018
A SOLUÇÃO
Teodoro e Anita, sua mulher. Já quinze anos de
abuso de todos os tipos. Teodoro, áspero
nas palavras, empurrões, surras e humilhações. Anita submissa, temerária não
querendo morrer jovem como outras duas amigas, Selma e Edna que apodrecem num
cemitério. Algumas queixas, separação de
corpos, justiça lenta, a polícia não consegue ser onipresente, novas agressões.
Teodoro dorme bêbado, uma marreta que cai sobre seu crânio, a solução. Anita
respira aliviada.
RAINHA DELMA
Ano 1750 no reino da Ignomínia. A Rainha Delma prendeu na masmorra do seu castelo a bela serva Iraci, doente de ciúmes diante da beleza da moça. Mandou a rainha servir na masmorra apenas água, nada mais que isso. Viajou por um ano e voltando de sua longa jornada fez uma visita de surpresa para sua prisioneira. Encontrou-a feliz, fofa e corada. Não acreditou no estava vendo, impossível. Mas ao ver o Rei Elmo seu marido de apenas quarenta anos, beiço caído, andando amparado por servos, pesando pouco mais de cinquenta quilos, compreendeu tudo. Seu último ato em nome da dignidade real foi atirar-se pela janela dentro do fosso dos crocodilos.
EREMITA
Numa grota perdida no sertão de Tocantins viveu
recluso por trinta anos Anselmo Berg. Viveu todo o tempo de frutas, raízes e
pequenos animais, sem contatar humanos. Ontem apareceu na capital, Palmas. Deus
uma voltas, leu jornais e voltou
correndo para sua grota.
CAIXA
Numa manhã de sábado apareceu naquela rua de macadame uma pequena e enigmática caixa de madeira marrom. Não possuía brilho, opaca, acordou encostada ao meio-fio. Muitos moradores e até estranhos tentaram ergue-la ou abri-la, mas ninguém conseguiu. Nem mesmo usando ferramentas foi possível. Ficou lá por muito tempo até desaparecer numa noite de tempestade. Que caixa era aquela? O que poderia ter dentro? Quando a velha e sábia Noninha morreu deixou uma cartinha explicando o que a caixa continha. A caixa carregava o peso das consciências dos habitantes da cidade e dentro dela todos os seus segredos mais bem guardados.
NO CARTÓRIO
O cartorário pergunta:
-Como vai se chamar o menino?
-Gilmar Mendes?
-Não faz isso, é ruim pra criança.
-Tem nada não.
-Como tem nada não?
-O bichinho aí é filho da puta da minha irmã.
POLIGLOTAS
Numa época não muito distante os ratos Mis e Nis
aprenderam a falar além do português, também o inglês e o espanhol. Então
resolveram que tendo tais aptidões deveriam dominar o mundo. E diante dos
outros animais falavam em língua estrangeira dos seus planos, deixando todos de
boca aberta e rindo da parvoíce dos demais. Falavam abertamente- “primeiro
iremos dominar o reino animal, depois os humanos.” Tudo caminhava bem não fosse
o intrometido do gato Siamês Luca, belo e poliglota, que diante dos fatos
largou da ração e comeu os dois.
ASSUSTADOR
Brasilino Almeida caminhava distraído por uma rua
escura quando se abriu um buraco no chão e ele caiu diretamente no canal do
esgoto. Um fedor dos diabos, escuridão total e guinchar de ratos. Ouviu vozes
então gritou “Quem está aí?” A resposta: “Não fique assustado, é o PT.” Como
não? Brasilino assustou-se sim e caiu
seco.
PAPO NO BECO
Dois mendigos embriagados aconchegados num beco, um deles rabiscando num velho
caderno emporcalhado.
-Está escrevendo o que aí?
-Estou elaborando o projeto do novo homem.
-Nono homem?
-Novo homem.
-Como será ele?
-Sem defeitos, mas será surdo/mudo para não ouvir e
nem falar asneiras. E virá com um chip que poderá ser trocado.
-E as mulheres?
-Igual ao homem só que com duas vaginas. Uma para o
marido e outra para os vizinhos, isso para evitar encrencas e todos em paz
satisfeitos.
-O que mais já tem aí no projeto?
-Todo líquido que o novo homem expelir poderá ser
bebido naturalmente, tipo cachaça.
-Isso é muito bom!
-Quando estiver tudo pronto ficará sensacional,
coisa especial de primeira.
-Acredito que sim. Mas qual seu nome colega?
-Deus.
-Prazer, meu nome é Rafael.
Então apresentados saíram lentamente para caçar um
rango, pois Deus mancava.
MADRUGADA
Gosto da madrugada
A madrugada nos subúrbios
Quase silenciosa
Não fosse pelos cães
Gatos
Galos
E alguns bêbados voltando
para casa
A madrugada é o sono
profundo da noite
E paradoxalmente é a
companheira dos insones.
NOITE DE LUA CHEIA
Noite de lua cheia
Luz de prata abraçando o todo
Pirilampos brincam
Violeiros tocam na varanda
Sonhadoras suspiram
Sapos coaxam
Meteoritos caem
Corujas caçam
Morcegos acordam
E lobisomens namoram.
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