quinta-feira, 1 de março de 2018

SEM LUZ VERMELHA

UM HOMEM, UMA CADEIRA


Um homem, uma cadeira. Vinte anos se passaram. Um homem, uma cadeira, um cargo. Um homem, uma cadeira, muitos conchavos, muitas mordomias e desvios. Uma cadeira, uma bunda colada, um sindicalista. Pois foi necessária uma junta médica para destronar o sacripanta. E houve choro e ranger de dentes, também presentes algemas e um delegado. Restou uma cadeira vazia aguardada por nádegas ansiosas.

ACONTECEU EM CUBA


No silêncio do cemitério ouviram-se gritos: tirem-nos daqui! Tirem-nos daqui!- O vigia passou a procurar de onde vinham e demorou um bocado para localizar. Descobriu que era do túmulo de um feroz dirigente comunista cubano que os gritos provinham. Rapidamente tirou a tampa do caixão e para sua surpresa uma enormidade de vermes pularam fora do esquife pedindo educadamente um lugar para vomitar.

TUPI


Tupi era um cão muito fino que diariamente levava seu homem chamado Lúcio para passear. Muito belo o homem, de roupinha colorida, coleira de prata e tudo mais. Porém senhor Tupi nunca levava o kit cocô e o seu homem de estimação era pródigo em defecar nos gramados e calçadas. Faz alguns meses seu Tupi andava só por uma dessas calçadas de sua rua quando resvalou num cocô, bateu a cabeça e morreu. Que lástima! Lúcio triste e com sentimento de culpa entrou em depressão. Deixou de comer e até de mostrar a língua. No momento o pobre Lúcio mora num Homil para homens loucos.

MANUEL


Manuel artesão sempre adorou fabricar brinquedos de madeira, era sua vida e alegria. Não se casou, não tinha filhos ou parentes vivos. Homem magro e pequeno, quando morreu aos oitenta anos foi enterrado dentro de um bilboquê.

DONA IOLANDA


Dona Iolanda sempre foi uma mulher reservada, mulher difícil. Demorou em aceitar o sexo. Quando aos setenta anos teve o primeiro orgasmo morreu de alegria.

OS RATOS


Os ratos atacam a família. Os ratos atacam o bolso dos cidadãos. Os ratos atacam o ensino de qualidade. Os ratos bloqueiam a porta que leva ao futuro e à modernidade. Os ratos roem as bases das instituições democráticas. Os ratos urinam e defecam sobra a Constituição. Os ratos têm muito espaço na mídia, não deveriam ter, pois já sabemos e estamos cansados de tanto rói e rói. Ou destruímos os ratos ou eles destruirão o pouco que nos resta.

INSIGNIFICÂNCIA


Embarquei nos meus sonhos
E fui morar na lua
Além de viver em absoluta solidão e silêncio
Visitei outros planetas
Abracei estrelas
Cavalguei em meteóricos cavalos
Conheci infinitas galáxias
Mundos tão dispersos e diferentes
Que ao acordar
Apenas reiterei a opinião da insignificância do homem diante do universo.


PODER E SABER


Não há porque ser arrogante
No poder e no saber
Pois mesmo todo o poder
Nem tudo pode
A morte que o diga
E quanto ao saber
Por mais que o ser o tenha em abundância
Ele é um pomar que não para de dar frutos.


RECALQUE


Os estupradores da verdade
Também da liberdade
Do fato provado e consumado
Tentam fugir da história
E vender um paraíso na América do Sul
No planeta foram mais de 100 milhões de vítimas
Sem contar os que se tornaram loucos
E os que ainda estão aprisionados em campos de tortura
Que diabo de regime bom é este que se impõe pela força
Limitando o direito de ir e vir e de se pensar diferente?
Que droga é essa
Que faz o pensante ser igual ao bronco?
Que faz do ato de dedurar uma arte rotineira?
Só posso pensar que admirar e querer para si tal estúpido regime
Quando não fruto do desconhecimento histórico e da ingenuidade
É desejo forjado em anos de recalque.



MORTE


Vai-se o sopro
Cessa o coração
Tomba a cabeça
Fecham-se os olhos
E mais um se junta aos bilhões de esquecidos que por aqui passaram.


DEPUTADO ARNALDO COMISSÃO


“Sempre fui da turma dos corruptos. Mas era cada uma na sua, não tinha esse negócio atual que funciona tipo uma associação, um sindicato.” (Deputado Arnaldo Comissão)

DEPUTADO ARNALDO COMISSÃO



“Como ser feliz? Qualquer propinazinha de alguns milhões e já pensam em nos encarcerar. Vejam só o caso do coitado do Wagner.” (Deputado Arnaldo Comissão)

MESTRE YOKI


“Mestre, eram os deuses astronautas?”
“Eram. E eu sou a Madre Tereza.”

MESTRE YOKI, O BREVE


“Mestre, qual seu prato preferido?”
“Preferencialmente o prato limpo.”