quarta-feira, 25 de abril de 2018

A BOA SOPA


Genésio apreciava o restaurante do Sebastian e toda semana aparecia lá, pois Sebastian servia uma sopa de vômito que ele adorava. Mas de repente deixou de frequentar o estabelecimento sem explicação. Ficamos sabendo por terceiros que ele encontrou um cabelo na sopa.

FLORISBELA


Florisbela nasceu formosa asa de xícara, porém seu acalentado sonho era ser asa de avião, nem que fosse de um teco- teco. Tendo idade suficiente para isso então foi falar com o Ser Supremo para qual nada era impossível. Ele lhe respondeu que segundo seus desígnios ela estava fadada a ser para sempre asa de xícara, e não convinha  ficar questionando o Supremo. Florisbela não aceitou  tal destino e revoltada jogou-se da pia tendo morte instantânea.

A CONTORCIONISTA


Giselda é uma contorcionista sensacional, não há na parecido com ela no planeta. Então treinando para um novo número em sua casa conseguiu entrar numa caixa de fósforos; dureza total, quase ficou presa.  Sair depois ela saiu, mas já faz um mês que anda com a cara nos pés e as nádegas no lugar do rosto. Nunca vi ninguém ganhar tantos ois e beijos na bunda.

RONALDO CAÇADOR


Ronaldo foi caçar na África e seu sonho era comer carne de antílope. O azar dele foi cruzar antes com um leão que tinha o sonho de comer carne humana.

ESCARAMUÇAS


Muita coisa não é de domínio público, muitos acontecimentos permanecem ainda no limbo. Conto que na história da humanidade certa vez Uns e Outros se uniram com Beltranos e Sicranos para fazer guerra contra os Coisas Nenhumas e a tribo dos Pouca Bosta. Após muitas escaramuças mataram-se todos e no planeta só restaram os Encardidos e os Desgraçados. Após duas décadas de paz eles também entraram em litígio e feneceram, deixando cidades e campos para Vermes e Baratas que até o presente ainda vivem em paz, ainda, pois os inseticidas e outros exterminadores já estão de olho.



O GATO JOEL


O gato Joel era supersticioso. Lia o horóscopo antes de sair de casa; de maneira alguma passava sob escadas; andava pelas ruas arrastando trinta e quatro amuletos da sorte, entre eles doze patas de coelho e seis ferraduras. Em frente a cemitérios e igrejas fazia o sinal da cruz três vezes. Mesmo com todas essas garantias teve vida curta o nosso querido Joel. Ao desviar de uma escada encostada num obra em construção deu de cara com um Pitbull nervoso e adeus tia Chica.

“Rodeado de moscas. Isso lá é vida?” (Leão Bob)

MACIO


“Ontem devorei um canibal. Sujeitinho macio.” (Leão Bob)

SÓ OSSOS


“Essa coisa de corpo perfeito já está enchendo o saco. Tenho pegado alguns turistas, carne e gordurinha nada, só ossos.” (Leão Bob)


LEÃO EVANGÉLICO


“Tenho um irmão que agora é evangélico. Antes de devorar qualquer animal ele faz uma oração.” (Leão Bob)

CARNE RUIM


“Mandem o Lula aqui pra savana que eu darei um jeito nele. Estou acostumado com carne ruim.” (Leão Bob)

NÃO SELETIVOS


“Nós leões não somos seletivos quanto a religiosos. Comemos também muçulmanos com grande prazer.” (Leão Bob)

DIA RUIM


Ele acordou dentro do ataúde fechado. Acendeu o isqueiro e viu que relógio havia parado. Droga de relógio falsificado! Ninguém mandou fazer economia, ralhou consigo mesmo. Que horas serão? Dia ou noite? Apanhou uma bala de hortelã para dar um lustro no bafo que estava horrível. Bateu o pó do smoking, fechou os botões e foi abrindo a tampa do caixão bem devagar. Percebeu que era noite e respirou aliviado. Foi à geladeira para tomar seu copo de sangue diário. Porra! Sangue azedo! Faltara energia, a geladeira estava descongelada. Cuspiu diversas vezes querendo tirar o gosto, mas por azar cuspiu em cima do sapato novo. Irado, transformou-se em morcego e foi batendo asas rumo ao Banco de Sangue em busca do desjejum. Saiu esbravejando:
- É uma merda ser vampiro!

O ROUBO


Por dias os quatro ladrões espreitaram para entrar na casa dos Oliveira Brandão . Fizeram revezamento no monitoramento. Hora de saída, hora de entrada, quantas pessoas, guardas, alarmes, câmeras e cães. Todos os passos dos proprietários foram devidamente mapeados. Finalmente chegou o dia de invadir e roubar. Renderam os guardas, acalmaram os cães com medicamentos e desligaram com eficiência o sistema de segurança. Os três larápios entraram na residência cientes de fariam um grande trabalho; muita grana e joias. Seria o golpe do ano, depois sim muitas viagens e festas mundo afora. Armas em punho entraram na casa para o assalto tanto planejado. Foram então surpreendidos por mais de vinte homens na sala, todos bem armados e posta uma banda de música que à recepção ao grupo entoou a canção San Quentin, de Johnny Cash.




RATOS NA CASA VAZIA


Os ratos foram aos poucos chegando, conhecendo o terreno e invadindo a casa vazia. Magrelos, vinham da casa de um aposentado da iniciativa privada. Encontraram as prateleiras da despensa abarrotadas de queijos e outras guloseimas. Quando viram àquela abundância chamaram também os tios e primos que estavam nos arredores. O proprietário fora generoso: havia saído de férias, mas deixou um bom rancho para eles. Naquele mês os ratinhos encheram seus buchinhos e ficaram gordos como patos. Festança todos os dias, alegria geral. Quando o dono da casa retornou seu gato ficou encantado com tantos ratos fofinhos. Em todos os cantos da casa estavam eles arrotando sem cerimônia. Os roedores de tão obesos não conseguiam mais correr e o bichano foi então papando todos com paciência. Eram tantos que até reservou alguns para comer no natal.
Moral da história: Quem precisa correr para sobreviver não deve engordar.