segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

IMB- Um capitalismo de filantropos

Filantropia é o amor pelo gênero humano. Filantropia é lutar pacificamente para transformar a sociedade em um lugar melhor para se viver.

São muitos aqueles que, incorretamente, acreditam que esse amor ao gênero humano é incompatível com o capitalismo: de acordo com essa visão de mundo, o interesse pessoal sempre estará em desacordo com o bem comum, de modo que é impossível uma pessoa levar em consideração o bem comum se ela estiver pensando apenas em seu benefício empresarial.

E há pessoas que vão mais além e dizem que, não apenas filantropia e capitalismo são âmbitos completamente separados, como também são inimigos irreconciliáveis. Economistas como Christian Felber[Nota do IMB: uma estrela internacional que quer criar uma economia voltada para o bem comum, e quer a abolição dos lucros] defendem a necessidade de "reprogramar" o capitalismo para que os empresários deixem de buscar a maximização dos benefícios monetários e passem a perseguir uma "concepção de bem comum verdadeiramente enriquecedora".

A esse respeito, é comum responder dizendo que muitos capitalistas são acima de tudo pessoas de carne e osso como nós, também preocupados com o bem-estar de seus semelhantes, o que pode ser percebido quando direcionam uma parte de seus lucros para a ajuda dos mais favorecidos: esse seria o caso de Bill Gates, que, por meio da Fundação Gates, já destinou 28 bilhões de dólares a atividades caritativas; ou de Warren Buffett, que se comprometeu a entregar 99% de sua fortuna (aproximadamente 73 bilhões de dólares) à filantropia (em grande parte à própria Fundação Gates). Em minha terra natal, a Espanha, a Fundación Amancio Ortega também destina anualmente dezenas de milhões de euros a diversos projetos educativos e caritativos.

Em todos esses casos, fala-se da "filantropia de capitalistas" (filantropia paga e protagonizada por grandes capitalistas).

No entanto, a filantropia dentro do capitalismo não se limita a como os capitalistas reinvestem socialmente a riqueza que acumularam por meios não-filantrópicos, mas também a como eles geraram suas riquezas por meio de seus empreendimentos. Os capitalistas, quando tentam maximizar seus lucros, podem fazê-lo por meio de um projeto empreendedorial que atenderá ao bem comum de maneira muito mais efetiva do que qualquer iniciativa puramente filantrópica.

Por exemplo, é evidente que a principal contribuição de Thomas Edison para o gênero humano foram suas invenções, especialmente a lâmpada elétrica, e que nenhuma obra filantrópica que eventualmente realizasse em toda a sua vida poderia sobrepujar o impacto desta inovação empreendedorial. Igualmente, é um tanto óbvio que Henry Ford não teria legado à humanidade maiores benefícios caso houvesse se dedicado integralmente à assistência social em vez de inventar o automóvel para as massas.

Do âmbito empresarial, portanto, também é possível promover o bem comum por meio do desenvolvimento de produtos, tecnologias e inovações que melhorem de maneira definitiva o padrão de vida de bilhões de pessoas. Nesse caso, estaríamos falando não da filantropia de capitalistas, mas sim de um capitalismo de filantropos: ou seja, um capitalismo protagonizado por filantropos visionários, por grandes criadores de valor que não apenas se preocupam em enriquecer pessoalmente (objetivo de todos nós), mas também, e acima de tudo, em ampliar os horizontes da humanidade.

Um dos capitalistas filantropos mais notáveis destes primeiros quinze anos do século XXI é, sem dúvida nenhuma, Elon Musk. Seria difícil explicar os interesses empresariais de Musk sem antes levarmos em conta sua preocupação com o bem-estar da humanidade: o desenvolvimento de carros elétricos não-poluentes pelaTesla Motors, a ambição aeroespacial da SpaceX de chegar a Marte, e o barateamento e consequente popularização de painéis solares da SolarCity são projetos visionários que, como dito, dificilmente podem ser compreendidos se ignorarmos uma vocação profundamente filantrópica que complementa a legítima busca pelo lucro de Musk.

E quem fez tal reconhecimento foi ninguém menos que o co-fundador da Google, Larry Page, que, em meados de 2014, afirmou que caso morresse repentinamente preferiria doar toda a sua fortuna para capitalistas com ânsia de melhorar a humanidade, como Elon Musk, do que para instituições de caridade. Segundo Page, Musk possui ideias empreendedoriais revolucionárias não para sua conta bancária, mas para o gênero humano: "Isso é uma empresa e também uma filantropia", disse Page.

Com efeito, Musk tenta transformar o mundo em um lugar melhor para ser habitado. Se é válido dizer que muitas pessoas amam a humanidade e demonstram esse amor por ela colaborando com ONGs ou prestando serviços voluntários à sua comunidade, então também é válido dizer que Musk ama a humanidade e direciona esse amor a ela utilizando suas empresas e seus investimentos. Musk não é um filantropo apesar de ser um capitalista; ele é um filantropo por ser um capitalista.

Durante muito tempo, o estado sempre quis monopolizar as ideias e as práticas de "bem comum" e de "interesse coletivo". Se somente os estados poderiam se preocupar com o bem-estar de todas as pessoas — não obstante suas recorrentes guerras, suas anti-humanitárias barreiras à migração, sua destruição do poder de compra da moeda, seu sistemático controle bovino da população, ou sua captura e aparelhamento por grupos de interesse e lobistas —, então a onipresente coerção que tais estados infligem sobre os cidadãos estaria justificada: qualquer oposição aos desmandos do estado seria motivada puramente por interesses egoístas, sectários e anti-sociais.

No entanto, tão logo nos damos conta de que todos, inclusive os capitalistas, podem almejar o bem comum de uma sociedade atuando desde os mais variados e heterogêneos âmbitos de sua rotina diária, então o intervencionismo estatal deixa de ser justificável.

Não há motivos por que políticos e burocratas devem controlar a vida das pessoas e deter o monopólio do "bem comum". A maior ajuda que eles podem oferecer à humanidade é abolindo barreiras burocráticas e tributárias que impedem que cada indivíduo realize neste mundo sua particular concepção de bem comum.



Juan Ramón Rallo é diretor do Instituto Juan de Mariana e professor associado de economia aplicada na Universidad Rey Juan Carlos, em Madri. É o autor do livro Los Errores de la Vieja Economía.

IMB- Um breve comentário sobre Thomas Piketty

É realmente impressionante como acadêmicos marxistas conseguem sempre — sempre! — enganar a mídia e os incautos: eles são vistos como possuidores de um alto padrão moral ao mesmo tempo em que defendem a ideologia responsável que prega a chacina e a obliteração da civilização humana, e que foi responsável direta pela morte de centenas de milhões de pessoas ao longo do último século.

O mais recente "herói" entre os acadêmicos marxistas é Thomas Piketty, um economista marxista francês que escreveu aquele que ele próprio considera ser uma versão atualizada de Das Kapital, de Karl Marx. Seu livro,O Capital no Século XXI, recebeu elogios rasgados de ideólogos esquerdistas de todos os cantos do mundo, especialmente de seu fã mais delirante, Paul Krugman.

O roteiro é sempre, e inacreditavelmente, o mesmo: a "desigualdade" de renda é horrível, e por isso o estado deve confiscar mais dinheiro da classe produtiva para redistribuí-lo à classe parasítica — ao mesmo tempo em que, obviamente, deve pagar polpudas comissões a consultores econômicos como Piketty, que fazem o trabalho de "justificar" a necessidade de todo esse esbulho.

As ideias de Piketty podem ser resumidas no seguinte silogismo:

1) O socialismo sempre se revelou um colossal desastre em todos os locais do globo em que foi implantado;

2) praticamente todas as pessoas do mundo sabem disso;

3) por isso, precisamos de ainda mais socialismo, pois o socialismo que foi tentado não foi o correto.

Piketty diz que o "problema" do capitalismo é que o capital investido gera retornos mais altos do que os ganhos do trabalho. Eis a solução para esse "problema": corte radical de impostos, desestatização, abolição de tarifas protecionistas e desregulamentação de todos os setores da economia. Essas quatro medidas imediatamente criariam mais liberdade econômica, mais liberdade de entrada, mais concorrência e, por conseguinte, menores lucros e uma menor taxa de retorno sobre o capital investido.

Haveria mais liberdade para que trabalhadores comuns se tornassem empreendedores e capitalistas, gerando uma necessária concorrência para os setores já estabelecidos.

Se o mundo for inundado por mais empreendedores capitalistas, a taxa de retorno do capital — que é o grande pecado do capitalismo, segundo Piketty — seria instantaneamente diminuída.

Quando isso ocorrer, pode contar com o futuro surgimento de um novo Thomas Piketty, que agora escreverá um livro de mil páginas sobre como os malefícios do capitalismo levaram a uma diminuição da taxa de retorno dos empreendedores, que agora estão com dificuldades para ter lucro. E como o governo deve intervir para aumentar a taxa de retorno dos empreendedores.



Nota do IMB: o governo francês recuou e aboliu a recém-implementada alíquota de 75% do imposto de renda após as receitas adicionais — contrariamente ao que foi previsto por Piketty — terem se revelado ínfimas. Não prenda a respiração na expectativa de que isso abalará a credibilidade de Piketty.



Thomas DiLorenzo é professor de economia no Loyola College, em Maryland e membro do corpo docente senior do Mises Institute. É o autor dos livros The Real Lincoln, Lincoln Unmasked, How Capitalism Saved America: The Untold History of Our Country, From the Pilgrims to the Present e, mais recentemente, Hamilton's Curse:How Jefferson's Archenemy Betrayed the American Revolution - And What It Means for Americans Today..

Tradução de Leandro Roque

O velho quebrado

Após sete horas viajando nos confortáveis ônibus da Unesul,trajeto Porto Alegre -Chapecó só não me doem os cabelos, pois não os tenho. Mais apertado só mesmo rato em guampa. Putz! Espero arranjar dinheiro para viajar de avião, ou ainda acabo indo a pé, pois meu carro é um idoso e não suporta esforço.