sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

A CONVERSA FIADA DA LIBERAÇÃO DAS DROGAS por Percival Puggina. Artigo publicado em 04.01.2018



A relação direta de causa e efeito entre o consumo de drogas e a criminalidade gera, quase necessariamente, a ideia da legalização. Seus defensores sustentam que se o consumo e o comércio forem liberados, a maconha, a cocaína, a heroína e produtos afins serão formalmente disponibilizados, inviabilizando a atividade do traficante. Extinto o comércio clandestino, dizem, cessariam os lucros que alimentam o crime organizado e se reduziria o nível de insegurança em que vive a população. Muitos alegam, ainda, que a atual repressão agride o livre arbítrio. Entendem que os indivíduos deveriam consumir o que bem entendessem, pagando por isso, e que os valores correspondentes a tal consumo, a exemplo de quaisquer outros, deveriam ser tributados para gerar recursos ao setor público e não ao mundo do crime. A aparente lógica dos argumentos tem um poder muito forte de sedução.

No entanto, quando se pensa em levar a teoria à prática, surgem questões que já levantei em artigo anterior e não podem deixar de ser consideradas. Quem vai vender a droga? As farmácias? As mesmas que exigem receita para uma pomadinha antibiótica passarão a vender heroína sem receita? Haverá receita? Haverá postos de saúde para esse fim? Os usuários terão atendimento médico público e serão cadastrados para recebimento de suas autorizações de compra? O Brasil passará a produzir drogas? Haverá uma cadeia produtiva da cocaína? Uma Câmara Setorial do Pó e da Pedra? Ou haverá importação? De quem? De algum cartel colombiano? O consumidor cadastrado e autorizado será obrigado a buscar atendimento especializado para vencer sua dependência? E os que não o desejarem, ou que ocultam essa dependência, vão buscar suprimento onde? Tais clientes não restabelecerão fora do mercado oficial uma demanda que vai gerar tráfico? A liberação não aumentará o consumo? Onde o dependente de poucos recursos vai arrumar dinheiro para sustentar seu vício? No crime organizado ou no desorganizado?

A Holanda, desde os anos 70 vem tentando acertar uma conduta que tolerância restritiva. É proibido produzir, vender, comprar, e consumir drogas. A liberação da maconha recuou 30 gramas para apenas 5 gramas nos coffeeshops, que acabaram sendo municipalizados para maior controle e diversos municípios se recusam a assumir a estranha tarefa. Bélgica se tornou a capital europeia da droga. Um plebiscito realizado na Suíça em 2008 rejeitou a liberação, mas autorizou trabalhos de pesquisa que envolvam a realização de estudos e testes com usuários de maconha. O país, hoje, fornece, com supervisão de enfermagem, em locais próprios para isso, quotas diárias de heroína para dependentes...

O uso da droga, todos sabem, não afeta apenas o usuário. O dependente químico danifica sua família inteira e atinge todo seu círculo de relações. Ao seu redor muitos adoecem dos mais variados males físicos e psicológicos. A droga é socialmente destrutiva, e o poder público não pode assumir atitude passiva em relação a algo com tais características.

"Qual a solução, então?", perguntou-me um amigo com quem falava sobre o tema. E eu: “Quem pensa, meu caro, que todos os problemas sociais têm solução não conhece a humanidade”. O que de melhor se pode fazer em relação às drogas é adotar estratégias educativas e culturais que recomponham, na sociedade, valores, tradições, espiritualidade, disciplina, dedicação ao trabalho, sentido da vida e vida de família, para fortalecer o caráter dos indivíduos e os afastar dos vícios. Mas, como se sabe, é tudo intolerável e "politicamente incorreto". Então, resta ampliar o que já se faz. Ou seja, mais rigor legal e penal contra o tráfico, mais campanhas de dissuasão ao consumo, menos discurso em favor da maconha, menos propaganda de bebidas alcoólicas, e mais atenção aos dependentes e às suas famílias.

Alguém aí acredita que, legalizado o tráfico e vendidas as drogas em farmácia ou coffeeshops, todos os aparelhos criminosos estruturados no circuito das drogas se transmudarão para o mundo dos negócios honestos? Que os chefões das drogas se tornarão CEOs de empresas com código de ética corporativa e política de compliance? Que os traficantes passarão a bater ponto e terão carteira assinada? Pois é.


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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

ENTREGAR DE VEZ O PAIS AOS PATIFES?


OS FAZEDORES DE CABEÇA E O ASSASSINATO DA HISTÓRIA


ABUTRES


“O socialismo é o fim da família e de caros valores. A ideologia vale mais que pai e mãe, que qualquer coisa. Os socialistas são os abutres do ser como indivíduo.” (Eriatlov)

DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- domingo, fevereiro 27, 2011 RELIGIÕES E CHOCOLATES

Ateu, sou um estudioso de religiões. Penso que jamais entenderemos o mundo se não entendermos as religiões. Os homens morrem e têm medo da morte. Apelam então a ilusões para combater a intempérie metafísica. Karen Armstrong é minha historiadora das religiões predileta. Conhece os textos religiosos como poucos. Muito aprendi com ela, tanto em Uma História de Deus como em A Bíblia. Comecei há pouco a leitura de Em Defesa de Deus. (Voltarei ao livro, quando chegar ao ponto final).

Já na introdução, a autora escreve: "não praticamos e, por isso, perdemos a aptidão para a religião". Como a natação, religião exigiria um aprendizado e uma prática. Ora, não vejo a coisa por esse lado. Assumir uma religião implica crer em um deus. Existe ou não existe? Se não existe, de nada adianta nadar. A proximidade da morte mexe com os mortais. É espantoso ver como pessoas inteligentes apelam a acrobacias intelectuais para partir numa boa. Minha concepção de religião coincide com a de Fernando Pessoa, em "A Tabacaria":

Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.


Sou um estudioso de chocolates, portanto. Penso que o estudo desta peculiar chocolataria - ou chocolatria, como quisermos - deve interessar a todo homem culto. Leio na Folha de São Paulo que 98 mil colégios no Brasil, públicos ou privados, oferecem esta disciplina, segundo censo da educação básica do MEC. "O que são as histórias da Bíblia? Fábulas, contos de fadas?", pergunta uma professora do 3º ano do ensino fundamental. "Não", respondem os alunos. "São reais!"

Aqui começa a enganação. Só crianças, em sua insciência, conseguem engolir potocas, tipo o mito da criação do universo em sete dias, do pecado, Eva e a maçã, dilúvio universal, Moisés dividindo as águas do mar, Josué parando o sol, sem que a terra desse sequer um solavanco. Segundo Armstrong, na maioria das culturas pré-modernas havia duas formas de pensar, falar e adquirir conhecimento. Os gregos as chamavam de mythos e logos. Ambas eram essenciais e não se considerava uma superior à outra; elas não conflitavam, mas se complementavam.

Segundo a teóloga, o mito nunca pretendia ser o relato preciso de um acontecimento histórico. Era algo que, de algum modo, aconteceu. Mas acontece o tempo todo. “No entanto, para o mito ser eficaz, não bastava que se acreditasse nele. O mito era, essencialmente, um plano de ação. Podia colocar o indivíduo na postura espiritual ou psicológica correta, porém cabia a ele dar o passo seguinte e fazer da ‘verdade’ do mito uma realidade em sua vida”.

Armstrong, ex-freira, recidivou. Considera o mythos tão importante quanto o logos. Ora, mythos é a mentira institucionalizada. Aqui começa o problema do ensino de religiões nas escolas. Segundo a Folha, o fundamento deste ensino está na Constituição, que determina que a disciplina deve ser oferecida no horário normal da rede pública, embora seja opcional aos estudantes. Escolas particulares não precisam oferecê-la, mas, se assim decidirem, podem obrigar os alunos a assistirem às aulas. No entanto, a lei proíbe que seja feita propaganda religiosa e as queixas devem ser feitas aos conselhos de educação.

Sempre defendi o ensino de história das religiões na escola. Mas atenção: de história das religiões e não de religião. Quem impedirá, no entanto, um papista de ensinar o mythos e não o logos? Para ensinar religião, geralmente são chamados os padres católicos e estes, é claro, puxam brasa para seus assados. O professor mais adequado para falar de religiões seria, a meu ver, um ateu. Que expusesse com isenção as diferentes doutrinas e deixasse aos alunos o direito de optar por uma delas. Ou por nenhuma.

Um rabino diria: Deus é um só e fim de papo. Já o papista ajuntaria: Deus são três em um só, Cristo é o filho mas também o pai, isso sem falar no Espírito Santo. Ao impor a Igreja de Roma o dogma da Trindade, Constantino criou um problema póstumo para a Maria. Mãe de deus ou mãe de Jesus? Mãe de Jesus, disseram alguns. Mas Jesus é Deus. Então mãe de Deus. Mas Deus, o velho Jeová, precede Maria. Como pode ser a filha mãe do pai? É o velho problema da Teotokos – mãe de Deus – que tanto perturbou os teólogos do medievo.

Mas divago. Falava do ensino religioso. Leio na Folha que em 1997, meses antes da visita do papa João Paulo II ao Brasil, o governo federal retirou da lei dispositivo que proibia o Estado de gastar dinheiro público com o ensino religioso. Em 2008, nova polêmica surgiu quando o Brasil assinou com o Vaticano acordo que previa que "o ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental".

A controvérsia teria sido a menção explícita ao catolicismo, vista por alguns como privilégio a uma única religião. Em verdade, quem domina o ensino religioso no Brasil é a Igreja de Roma. Que não vai admitir de bom grado que se ensine nas escolas outros mitos que não os seus. Sem falar que, fosse esta idéia aceita, o cerebrinho dos adolescentes viraria geléia. Imagine um aluno tendo de ouvir pregações de católicos, evangélicos, protestantes, espíritas ou umbandistas.

Ou talvez não. A existência de tantos deuses é a prova cabal de que nenhum existe.

EM DÓLARES É MUITO DIFÍCIL


“Descobri que a turma de cima e do meio são quase incorruptíveis em reais. Já em dólares ninguém se aguenta.” (Eriatlov)

NOSSOS CORRUPTOS


“Nossos corruptos são piores que os corruptos dos outros. Em alguns lugares quando pegos eles se matam. Aqui na maior carantonha juram inocência e desafiam a justiça.” (Eriatlov)

MARIDO


“Não penso em arrumar um marido que tenha dinheiro. Só quero um marido que não queira tomar o meu.” (Josefina Prestes)

DESILUSÃO


“A vida no convento foi para mim pura desilusão. Não tinha nem mesmo um padre para me oferecer balas de menta”. (Josefina Prestes)

BUNDA LISA


“Tenho algumas varizes e os calcanhares rachados, mas a bunda ainda é lisa.” (Josefina Prestes)

MULHER SÉRIA


“Sou uma mulher muito séria; não rio durante a cópula.” (Josefina Prestes)

VERDADE DO DIA


“O Brasil é uma construção sem base. Quando sobe um pouco desmorona.”

“A salvação do Brasil está na cachaça. Estamos esperando que ela leve para o além o maior tralha.” (Pócrates)

LULA ADÃO-DILMA EVA


No paraíso Lula é Adão e Dilma é Eva. Deus pergunta:
-Quem comeu o fruto proibido?
-Eu não sei de nada- diz Lula.
-Eu não sei de nada- diz Dilma.
Deus irritado manda os dois para o inferno para sempre.
*Em tempo, a serpente era o Zé Dirceu.

IDEOLOGIA


“Quando a ideologia suplanta a lei a democracia está morta.” (Eriatlov)

SOCIALISMO É ATRASO NA CERTA


“O melhor de qualquer regime socialista acontece quando ele termina. Quem provou do veneno quando ele acaba faz festa.” (Eriatlov)

PERGUNTA DO DIA

Não estaria na hora do J.P. Stédile do MST arrumar um emprego e fazer algo de útil? Vai morrer sem trabalhar? 

OBAMA TINHA RAZÃO


“Obama tinha razão. Lula é o cara. Cara de bunda.” (Eriatlov)

VIDA INTELIGENTE


“Em alguns países há vida inteligente entre eleitores.” (Eriatlov)